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Forum Cinema em Cena

Jack_Kundeiner

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  1. Estas discussões têm sempre como pano de fundo interpretações literais da Bíblia e a intransigência dos "crentes" em desmistificar a "palavra de Deus" e conseguir compreender a Bíblia além de seu significado religioso e como, também, produto de um contexto (aliás, vários) sociocultural específico.
  2. A Bíblia é tomada também como fonte histórica, não há motivos para não fazê-lo. Entretanto, os evangélicos em geral são mesmo apologéticos, mas não vejo uma forma de não serem, afinal devem defender sua crença...
  3. Para o sangue, realmente COMER não é a mesma coisa que injetar. Um paciente necessita de transfusão de sangue por dois motivos básicos: ou o paciente está com déficit volumétrico (por exemplo, em uma hemorragia ou em um procedimento cirúrgico onde se preveja grande perda de sangue) ou possui alguma condição clínica que justifique a transfusão, pq funcionalmente o sangue não está cumprindo bem seu papel de transportar oxigênio (como, por exemplo, em anemias profundas, aplasias medulares, estados falciformes, etc). No primeiro caso, o déficit de volume pode ser corrigido por suplementos ou derivados. Já no segundo caso, tem que ser SANGUE mesmo e injetado, pois as hemácias seriam destruídas no processo de digestão... As pesquisas sobre substitutos do sangue estão evoluindo muito, mas ainda estamos muito longe de conseguirmos um transportador de oxigênio que seja perfeito como a hemoglobina é... Sem incluir glóbulos vermelhos, fica difícil resolver algumas condições clínicas... Eu acho q a discussão aqui, apesar de haver "descambado" para o lado doutrinal, não se refere, ao meu ver, ao uso ou não do sangue, nem às coisas que justifiquem uma ou outra posição. Acho que está em questão a lei divina versus a lei humana... Está em questão qual destas leis deve ter primazia. E reitero a minha posição: eu acho, sinceramente, se o sujeito não quer receber transfusão, isto é problema dele. Não consigo derivar desta decisão nenhum dano significativo à sociedade. Considero errado apenas que esta decisão seja tomada por outrem... no caso, por exemplo, de um menor que não é autorizado pelos pais a receber sangue... Aí acho que deve prevalecer a coercitividade do Estado para garantir a tutela especial deste sujeito, visto que pode não haver um desejo intrínseco, autônomo do sujeito que norteie esta decisão. Mas em se tratando de um adulto, com suas faculdades mentais preservadas, que decide, por ele mesmo, não se transfundir, é direito dele isto. Assim como é direito, por exemplo, decidir transar sem camisinha, fumar, beber, não fazer um tratamento de câncer, etc... O sujeito, na minha opinião, deve ter o direito de, no mínimo, deliberar sobre o próprio corpo, sobre sua própria vida e até mesmo sua morte, porque não?
  4. Calvin e Rafal... vcs estão tentando resolver a tragédia de Antígona????? Quando conseguirem, mandem uma mp... Esta é uma discussão entre as fontes válidas do direito ou o a priori do direito... Vale mais o direito q está posto ou aquele q é intrínseco, subjetivo, determinado pela vontade autônoma do indivíduo ou de outra vontade ao qual este indivíduo esteja submetido por tradição????
  5. A máxima da terapêutica: a grande diferença entre veneno e remédio está na DOSE. Lembrando, claro, que o parâmetro é SEMPRE a pessoa, pois as PESSOAS tem doses, não as substâncias. Quanto ao julgamento ético do uso, é um tanto óbvio que os fins podem justificar os meios... A talidomida, por exemplo, VENENO para grávidas e único fármaco capaz de tratar com excelência a peste e alguns tipos de câncer...
  6. As listas e a resenha deverão ser postadas diretamente aqui no dia, né? Ou devo passar mp pro nacka?
  7. Má educação... A cena de sexo entre a traveca e o cara... fui ver este filme com um amigo travadíssimo para estes assuntos gays... E tinha um casal de velhinhos ao lado da gente no cinema... Na hora que a bicha passa cuspe nos dedos e leva a mão ao "rabo", eu quase morri de vergonha... dava a impressão que o cinema inteiro sabia que eu era gay... foi osso!
  8. "Não é que vivo em eterna mutação, com novas adaptações a meu renovado viver e nunca chego ao fim de cada um dos modos de existir. Vivo de esboços não acabados e vacilantes. Mas equilibro-me como posso, entre mim e eu, entre mim e os homens, entre mim e o Deus." Clarice Lispector
  9. Mas é de bom tom contribuir com a manutenção das igrejas, pelo menos eu acho isto. São instituições que não possuem renda, a não ser a doação de fiéis (apesar que a igreja católica teve OUTRAS fontes de enriquecimento).
  10. King, sugiro que você estude um pouco mais da história das profissões, da história da profissionalização, da sociologia das profissões. De onde veio a medicina? Uma profissão com mais de 2000 anos de história... As disciplinas que hoje constituem o curso médico aparecem ANTES ou DEPOIS da própria profissão? Antes das universidades, como se fazia um médico??? O que eu estou falando está absolutamente fundamentado... (aliás, minha grande produção científica no mestrado foi justamente um artigo sobre profissionalização médica e farmacêutica). Com relação ao ESCOPO de conhecimentos que compõe a GRADE curricular de um curso superior contemporâneo, é tanto verdade dizer que, CONSIDERANDO APENAS O CONHECIMENTO ACADÊMICO, NENHUM profissional poderia atuar no ramo do outro, pois OS DIFERENTES CURSOS SE DIFERENCIAM POR MEIO DE SUAS RESPECTIVAS GRADES CURRICULARES. Ou seja, você trai seu próprio argumento, qdo diz que "PARA UM MÉDICO, SERIA POSSÍVEL EXERCER A FARMÁCIA" - e repito: considerando APENAS as suas formações acadêmicas. Isto é ABSOLUTAMENTE inverossímil. Suponha que eu pegue um médico que nunca entrou em um laboratório, por exemplo, de produção de fármacos e peça que ele sintetize e purifique, hum, o ácido acetilsalicílico... Ele não vai sair do lugar... Ou que produza um gel-creme não-iônico, por exemplo... idem! Agora, se este mesmo médico, por algum motivo, seja lá qual for, houver TRABALHADO e houver sido INSTRUÍDO em laboratórios de produção de fármacos ou medicamentos, ele poderia realizar, talvez estas duas ações! A institucionalização dos saberes nas universidades é um processo social que, historicamente, vem DEPOIS do surgimento destas duas profissões. É perfeitamente possível que QUALQUER ser-humano seja treinado a praticar QUALQUER profissão e ISTO VAI ALÉM dos saberes formais institucionalizados nas universidades... Vai muito além! O que acontece especificamento no caso medicina-farmácia é que OS SABERES ADQUIRIDOS PELA EXPERIÊNCIA DO FARMACÊUTICO PODEM SER UTILIZADOS EM DIAGNÓSTICOS REALIZADOS POR ESTE MESMO PROFISSIONAL. Devemos lembrar que os farmacêuticos são procurados por parte da população justamente para este fim. E o que barra o profissional no sentido de não ultrapassar sua área de atuação profissional, geralmente, não é o conhecimento acumulado (seja ele formal ou empírico) e sim a regulamentação das profissões. Isto não significa que a medicina também não tenha campos de atuação altamente dependentes de técnica especializada (como, por exemplo, suturas e cirurgias). A recíproca já não será verdadeira... Nenhum médico, SE NÃO TREINADO, seria capaz de produzir dez cápsulas de qualquer medicamento... Estou dizendo que é mais fácil para o farmacêutico APRENDER COM A EXPERIÊNCIA que "sudorese, febre alta >38º, dor torácica ventilatório-dependente, tosse produtiva com escarro amarelo-acastanhado" são indicativos de pneumonia bacteriana do que um médico saber sintetizar e purificar um hormônio esteroidal, por exemplo. O conhecimento é muito mais prático no primeiro caso que no segundo, onde são necessários conhecimentos formais e técnicos altamente especializados, que não virão com a "experiência" diária do médico apenas. Quando o farmacêutico opta não DIAGNOSTICAR e TRATAR este pneumonia ele não o faz não porque não possui CONHECIMENTO que o respalde (mesmo porque qualquer farmacêutico saberia qual antibiótico indicar em um PNM comunitária - ao contrário da grande maioria da classe médica, altamente corrompida pelos "mimos" da indústria farmacêutica). Ele não faria isto em respeito ao limite estabelecido legalmente entre as diferentes atuações profissionais. Eu prefiro dizer, "olha, o senhor possivelmente está com uma pneumonia, mas o senhor deve ir ao médico, porque este diagnóstico deve ser confirmado por um hemograma e um Rx torácico." Eu, como farmacêutico, FIZ o diagnóstico, mas não tenho métodos para CONFIRMAR OU REFUTAR a hipótese - entra aí o médico. E continuo: "além do mais, gostaria de informar que só o médico, LEGALMENTE, pode lhe indicar um ATB" - desta forma, eu não me responsabilizo, ILEGALMENTE, por esta tomada de decisão. Acho que a farmácia é uma área do conhecimento que incomoda tanto a classe médica justamente por isto... é possível ao farmacêutico aprender o atendimento primário ao paciente unicamente com sua experiência... E não é possível ao médico aprender, por exemplo, a fabricar um determinado medicamento unicamente em sua própria experiência profissional.
  11. King... (Oi tb, qto tempo mesmo!) O que eu quis dizer na parte que vc quotou é que o "quantitativo" é absolutamente do "qualitativo". Foi o que o moon reafirmou com o exemplo da física. A carga horária acumulada não é sinônimo de dificuldade... De forma alguma! Uma das disciplinas mais difíceis que eu vi na minha vida foi uma de 60 horas (síntese de moléculas orgânicas)! As provas chegavam a durar oito horas!!!!!!!! Não existe uma proporcionalidade direta entre horas curriculares e conhecimento acumulado: isto é desconsiderar a complexidade de determinadas disciplinas (o que o moon exemplificou muito bem) e é desconsiderar as diferenças entre os indivíduos, que aprendem em ritmos diferentes... Com relação a sua colocação sobre o médico poder atuar como farmacêutico ou vice-versa, na verdade QUALQUER profissional, no que diz respeito ao CONHECIMENTO efetivamente acumulado em sua formação poderia atuar como outro, independentemente deste conhecimento, desde que tivesse EXPERIÊNCIA para tal. É perfeitamente possível aprender a ser médico sem se formar médico, assim como é perfeitamente possível aprender a ser farmacêutico sem se formar farmacêutico, utilizando a observação e o apadrinhamento como métodos de aprendizagem. O que nos impede de atuar indiscriminadamente em qualquer área profissional é a INSTITUCIONALIZAÇÃO DO SABER e a REGULAMENTAÇÃO DAS ATIVIDADES PROFISSIONAIS, processos que nasceram BEM DEPOIS do nascimento destas duas profissões... (a primeira na idade média com o surgimento das universidades e a segunda com o avanço do ideal burguês-capitalista).
  12. Uma coisa que me impressionou na faculdade foi o fato de encontrar a possibilidade de enrolar o mesmo tanto quanto seria possível enrolar em qualquer outro nível inferior ao superior. Isto significa que a grande diferença, independentemente do nível ou curso, não é o nível ou o curso em si, mas QUEM O FAZ. Em qualquer curso, é possível fazer o curso passar sem sofrer, digamos. A carga horária é algo extremamente relativo. A maioria das pessoas vai mesmo cumprir o mínimo para alcançar o grau desejado... e só. Um ou outro vai ir fundo em qualquer coisa que fizer e não são as horas "oficiais" que dirão se este mesmo um alcançou prestígio ou excelência no entendimento de determinada questão. No que diz respeito ao comparativo das profissões, talvez não seria mais justo remunerar os profissionais por grau? O pessoal que forma em medicina ou faz medicina já toma de antemão a sua posição como sobreponente a todos os outros profissionais da área que tenham o mesmo grau. Eu não consigo enxergar o médico, enquanto profissional, como um agente diferenciado da saúde. Um hospital não funciona bem ou adequadamente sem a devida atuação de quaisquer dos profissionais de seu quadro pessoal. Se faltam recursos humanos da enfermagem, por exemplo, quem irá medicar os pacientes? Se a farmácia está desestruturada, como os equipamentos e medicamentos estarão disponíveis para o uso (e com qualidade), just-in-time, para o restante da equipe? Considero o tabu que cerca a medicina e os médicos como um entrave ao avanço das reivindicações profissionais de outras classes, assim como uma visão retrógada do processo saúde-doença e da terapêutica. Mudando de assunto, a questão da falta de recursos materiais em nossos hospitais está longe de ser um problema financeiro, como acha a grande maioria. Estudos recentes e bem desenvolvidos já têm demonstrado claramente que o maior problema do SUS, com relação a este problema, não é a ausência de recursos, mas a falta de métodos de gerenciamento, logísticos e de administração na melhor alocação e utilização dos recursos. Isto demonstra que a posição do "eu reclamo, mas não faço" é a posição mais comum entre todos os profissionais de saúde, o que inclui os médicos (dos quais poderia apontar zilhões de comportamentos absolutamente desrespeitosos no que diz respeito ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis nos hospitais, postos de saúde, UPAS e clínicas). Como profissão liberal bem estabelecida legalmente, não consigo entender o adjetivador "difícil" do tópico. Estamos falando de uma das profissões mais corporativistas que existe. Estamos falando de uma das profissões mais bem remuneradas do mercado. Sem dúvida, estamos falando de um profissional altamente orgazinado legalmente, juridicamente. Estamos falando de um profissional que utiliza o componente liberal de sua profissão como a "caixa-preta" capaz de justificar quase que a totalidade de suas ações... (devemos lembrar que o diagnóstico médico estará quase sempre respaldado pela "experiência" clínica do profissional). Soma-se a isto o status incomparável alcançado por este profissional... Não sei onde está o "difícil" aí... Se este adjetivo remete à contingencialidade do processo diário do profissional, devo lembrar que qualquer atividade profissional estará sujeita às suas dificuldades e contingências inerentes (que o digam os carteiros atacados por cães ferozes, os lixeiros em seus constantes acidentes com pérfuro-cortantes, os chefs com algum tempero ou outro desabastecido no mercado... até mesmo as prostitutas com seu alto risco de contrair DST´s). Nunca existirá profissão livre de dificuldades INERENTES a ela mesma... Impossível. Não acho que o médico seja assim tão sofredor quanto parece.
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