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Forum Cinema em Cena

SergioB.

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    SergioB. reacted to Jorge Soto in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Opa...valeu pela lembranca desse filme, Serjao! Tinha ate esquecido dele.... vou baixar esta semana.  Curto esse tipo de filmes ou docs...nem que seja pra me lembrar de uma saudosa e inesquecivel mochilada que fiz durante um ano pela America do Sul, na virada do milênio..😄
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    (294)
    Assisti a esse pouco falado documentário de Werner Herzog, de 2019, "Nômade: seguindo os passos de Bruce Chatwin". É uma produção que homenageia o escritor de viagens inglês Bruce Chatwin, que foi muito próximo do diretor, a ponto de Herzog adaptar para as telas um de seus romances em "Cobra Verde", e dedicar a ele uma ficção, "No Coração da Montanha", cujo protagonista é sua persona. Mais uma homenagem aqui portanto, um documentário.
    Mas não é biográfico exatamente. É mais sobre a amizade dos dois, e sobre o amor que ambos têm pelo chamado nomadismo. Os dois amigos compartilhavam suas paixões pelos extremos da Terra, e pelos povos que estão em desaparição.
    O doc começa no primeiro lugar do mundo que fascinou Bruce, a Patagônia chilena e argentina, onde ainda no século XX eram encontrados facilmente peles e esqueletos de preguiças-gigantes, e outros dinossauros, bem como descendentes de tribos muito particulares, muito exóticas. Depois, estamos na Austrália Central, na qual o homenageado buscou coletar canções misteriosas dos aborígenes a fim de que elas não se perdessem no tempo. Depois, o doc segue os passos dele por regiões montanhosas da Europa, ou por sua Inglaterra natal.
    No comecinho, eu estava achando um projeto bem acanhado, bem pessoal, apenas uma licença do diretor para prestar mais uma vez seu louvor ao amigo, que morreu de AIDS em 1989. Mas depois fica nítido como o cara era realmente muito legal, tinha uma alma especial, e que as histórias aqui mostradas realmente têm um valor antropológico significativo. Amei, particularmente, as fotos antigas dos habitantes da Patagônia. Pintavam-se de uma forma muito louca, assustadora, misteriosa.
    O ser humano é muito louco. O mundo é (era) muito louco. Herzog filma o fim dessa riqueza. E lamenta estarmos todos padronizados em cidades, e com um mesmo hábito de vida, que, ironicamente, põe a vida de todos em perigo.
    Lembrando que este diretor, desbravador, nômade, não tem um Oscar. 

     
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    Sempre fazem questão...
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    SergioB. reacted to Jorge Soto in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Acho que nao, Serjao.. a atuacao dela é boa mas nao pra tanto. E acredito que a atriz nao faz questao de indicacao porque ja garfou a almejada estatueta no século passado, com Os Filhos do Silêncio.😁
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    SergioB. reacted to Jorge Soto in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Respect é uma boa cinebiografia de, no caso, a grande Aretha Franklin e que eu esperava ser em meia boca diante das crìticas mas acabei curtindo em termos. É um filme bem convencional, mas pra melhor do que pior, diga-se de passagem. Sim, é um filme feito pra Oscar e por isso é meio que requentado como o do Queen, Bohemian Rapsody, onde muita coisa relevante da cantora fica de fora e se dá ênfase as coisas “boas”, se é que me entende. Mas se a pelìcula tem defeitos eles todos sao bem mascarados pela estupenda atuacao da Hudson no papel tìtulo, pois ela carrega o filme nas costas facilmente. Ah, e as mùsicas também. No entanto, ainda a de ser feito um filme a altura da cantora, mas ainda assim è muito melhor que o horroroso filme do David Bowie, Stardust. 8-10


     
    Coda é um delicioso filme familia que trata de independência e amadurecimento teen com muita originalidade, carisma e simpatia. Sim, é quase uma versao ianque do ótimo francês Familia Belier com algumas sutis modificacoes. Os problemas da garota normal numa familia de surdos sao elevados á enèssima potência quando junto vem os prolemas tipicos aborrescentes e tal, mas o melhor deste filme que é previsivel (sim, ate o sabugo da unha) é seu empenhado e desconhecido elenco que faz com que nos identifiquemos imediatamente com todo mundo e que aqueles sejam pessoas próximas á gente, íntimas até. Filme família ideal pra matinê e futuro candidato guti-guti a Sessao da Tarde, sem sombra de dúvidas, pra sair com sorrisao no rosto no final. 9-10

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    SergioB. reacted to Jailcante in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Os Halloween melhores são 1, 2, 4 e 2018. 
    O H20 fica só na homenagem ao original, mas quem gosta dos slashers dos anos 90 (que vieram depois do Pânico) pode gostar mais desse.
    O Halloween III (o que não traz a história do Michael Myers) pode agradar quem gosta dos filmes do John Carpenter ali do começo dos anos 80 como Bruma Assassina, Fuga de NY e Enigma de Outro Mundo. Ele tem um clima/ambientação  bem similar a esses filmes (apesar de ser bem mais trash tanto na história como nos efeitos especiais).
    E os 2 Halloween do Rob Zombie vai agradar quem gosta dos filmes do Zombie. Somente.
    Basicamente, é isso.
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    SergioB. reacted to Questão in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Vi sim. kkkkk. Mas o 4º filme (que na verdade é o terceiro, já que o HALLOWEEN iii é uma história independente não relacionada com Myers) vale a pena. O resto dá pra passar mesmo
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    (290)
    Emendei com o "Halloween II", no Brasil, com o subtítulo de "O Pesadelo Continua", de 1981. Continua é a palavra, pois segue imediatamente onde o primeiro parou. Dá-se o trabalho de relembrar a plateia, mostrando novamente os últimos instantes do primeiro filme, exceto, vejam bem, a breve aparição do rosto e olho machucado de Michael Myers, aqui, eliminados.
    Embora o novo diretor, Rick Rosenthal, emule a câmera subjetiva do primeiro filme, com o Myers rondando a vizinhança, depois o filme muda bastante, a meu ver. Muito mais sangue, muito mais mortes, outros temas sonoros em cenas de perseguição...Apesar de manter as loiras peitudas que  a gente gosta de ver (que nenhuma mulher militante venha me bater aqui!), e a ideia vaga de punição da sexualidade. Aprovado!
    No mais um filme, com mais orçamento, mais personagens, mais ação...E menos sustos.
    O principal do filme: A revelação da motivação de Myers ao perseguir Laurie. Informação caída do espaço, mas que no entanto se ajusta coerentemente à história.
    Como já falei, gostei muito do filme de 2018. E espero a chegada do novo "Halloween Kills", agora em 2021.
    Os do meio, oh, não dá! Passo! Acho que só o nosso amigo @Questãodeve ter visto todos.

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    SergioB. reacted to Muviola in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Aqui um artigo interessante sobre isso https://www.plough.com/en/topics/culture/art/two-identities-one-faith
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    (288)
    Éric Rohmer está se tornando o meu cineasta favorito no ano. Conhecia seus filmes, gostava, mas não tinha me aventurado pelo seu cinema menos conhecido, e agora tô assim...flutuando...apaixonado por tudo. Aquele amor que tava na cara, na prateleira, pronto para ser degustado. Este "O Amigo da Minha Amiga", de 1987, é mais ou menos assim.
    Numa simplificação, quatro amigos, e troca de casais. Não é bem assim. Mas é quase isso. Não são exatamente amigos entre si. As duas mulheres acabam de se conhecer, tornam-se colegas, confidentes. Uma é uma profissional bem-sucedida, mas solitária; a outra é uma jovem estudante mais sexy e direta. A jovem tem um namorado, com quem não tem identificação de gostos. Por sua vez, ele mostra ter muita afinidade com a amiga recente da namorada. Ele tem um amigo galanteador, engenheiro, que pega todas, o arquétipo do homem perfeito, cuja a protagonista, solitária, sonha com, mas não consegue conquistar.
    É um bololô, um rebuceteio (essa palavra criativa do mundo lésbico). Em nenhum momento, se fala propriamente em traições, a modo latino-americano. São franceses demais para isso. O importante é discutir a equivalência entre amor e amizade entre homens e mulheres. Frequentemente, nos damos melhor com pessoas por quem não sentimos atração. Mas e se por acaso tentássemos? Tentássemos fazer dar certo com aquela pessoa, que estava na cara, na prateleira, esperando por uma oportunidade? E se essa pessoa estiver comprometida com alguém querido por nós?
    Além do texto excelente, como sempre, urbano, cotidiano, coloquial; as qualidades de montagem "espacial", em que cada transição é um lugar diferente, continuam me fazendo suspirar pela sua elegância e joie de vivre. Mas o grande destaque técnico aqui é o figurino, com as amigas e os amigos vestindo azuis, ou verdes, em peças trocadas. Se em uma festa, uma das amigas está de saia azul, e camisa branca; a outra está de camisa azul,e  saia branca...Uma coisa muito sutil, e bela, nada forçado. E assume função dramatúrgica, uma brincadeira do ver. Um sinal de que estamos em uma comédia, uma comédia moral.
    Na única cena de sexo, corte para a copa das árvores tremulando. Como em "Call me By Your Name".
    Tudo lindo na França da classe média. Piscinas públicas, parque, museus, cafés, festas...A juventude é um sol. 
    Ai, ai!

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    SergioB. reacted to Jorge Soto in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Bale ganha disparado...mas nesse quizz eu colocaria tambem o 50 Cent, que perdeu mais de 30kg no pouco conhecido A Luta de um Campeão, de 2011..

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    (285)
    Minha homenagem mental a Jean-Paul Belmondo, falecido hoje aos 88 anos, foi rever "Pierrot le Fou", no Brasil, com o insólito título de "O Demônio das Onze Horas". Quando soube da morte dele, pensei no icônico final deste filme, lógico. Mas, depois, pensei foi no início. Com ele, fumando, e lendo na banheira para a filha. Aliás, por causa de sua boca, com aqueles lábios marcantes, toda cena de ele fumando caía bem para a câmera.
    Neste complexo filme de 1965, temos ele e Anna Karina revivendo um amor do passado, abandonando as famílias, abandonando a sociedade, fugindo de uma quadrilha de gângsteres, para se isolarem no sul da França, perto do mar e do sol. No caminho, pequenos roubos, uma cantoria na floresta, uma encenação política humorada da guerra do Vietnã, a acusação de tráfico de armas da França para a Argélia, e muitas, muitas pensatas sobre o cinema. 
    É como se os personagens abandonassem a vida linear, familiar, socialmente organizada, e, semioticamente, literária, para viverem uma vida de cinema. Vida de cinema na qual há muita emoção, roubos, brigas simuladas em postos de combustíveis, musicais, traições, "uma garota e uma arma" ( a frase famosa de Godard: "Tudo que você precisa para fazer um filme é de uma garota e uma arma"!) e uma das mais maravilhosas cenas sobre a importância do som no cinema, quando Belmondo encontra o personagem de  Raymond Devos no cais do porto. O que é aquilo? É um lacre aquela cena! Um profissional do som precisa ver essa cena todos os anos.
    Era o melhor ator do mundo? Não. Mas é a cara masculina da Nouvelle Vague. Isso é tudo.
    Bravo!

     
     
  13. Like
    SergioB. got a reaction from Big One in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    (284)
    Vi o adolescente "Ele é Demais", de 2021, da Netflix. Uma atualização do megasucesso "Ela é Demais", de 1999 - que eu vi repetidas vezes naquele ano. Só que dessa vez a aposta é entre meninas, e o garoto é que será transformado.
    O filme em si é terrível. Muito mal dirigido, falso, superescrito. No campo moralista, acrescento, promove tudo aquilo que tenta denunciar, como a superficialidade, o consumismo, a vontade de status. Mas o pior são os atores. Todos bem ruins, a começar pela tik toker Addison Rae. O garoto é ruim, mas estraga menos as coisas. Kourtney Kardashian tem um papel ridículo, e está canhestra em cena.
    Deu dó ver Rachel Leigh Cook, estrela do filme de 1999, agora como a mãe da adolescente. Cruel, o tempo é cruel.
    Um filme pra atingir os novos adolescentes, os adolescentes de hoje. Pelo sucesso no streaming, devem ter conseguido.
    Já os antigos adolescentes cresceram e não gostaram, não.

  14. Sad
    SergioB. reacted to Jailcante in Obituários (in memoriam)   
    Jean-Paul Belmondo, famoso atore francês, morre aos 88 anos.
     
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    SergioB. reacted to Muviola in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Fazia muito tempo que queria ver este segundo longa de Peter Weir, baseado num livro que pode ou não ter se baseado numa história real.
    Na Austrália de 1900, um internato de garotas vai ter um piquenique especial referente ao Dia de São Valentim. Nessa excursão, três garotas e uma professora desaparecem sem deixar qualquer rastro. Isso gera uma grande comoção, seja pelas buscas e investigações, seja pela forma como afeta alunas, professoras, diretora da instituição e pessoas que estiverem presentes na ocasião do desaparecimento. 
    A primeira influência a se pensar é na A Aventura, de Antonioni, por olhar menos para a investigação e muito mais para as reações. Além dele, vejo uma forte influência do Southern Gothic americano, pela atmosfera ambivalente e desconcertante; um cenário que traz uma forte conotação de decadência; a influência de diferenças de classes, principalmente no que tange Europa x Novo Continente e, por fim, a repressão sexual como elemento catalisador de alienação. 
    Servindo como um template para boa parte da filmografia de Sofia Coppola, Peter Weir tentaria fazer uma versão masculina em Sociedade dos Poetas Mortos, mas tendendo muito mais ao melodrama.
     

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    (282)
    Vou ficar uns 15 dias na correria máxima, e acho que vou ter que lamentavelmente sacrificar o Cinema. Ou escolher umas coisas rápidas. Vi "Bethânia Bem de Perto", que tem um subtítulo, em algumas consolidações, como, somado", "A propósito de um Show". É de 1966, e trata-se da segunda entrada na carreira de Júlio Bressane. 
    Um curta de documentário que acompanha os passos de Maria Bethânia, estouradassa, logo após sua estreia no Show Opinião. Nele vemos Bethânia na intimidade, cercada de músicos e amigos, como Jards Macalé, Wanda Sá, Rosinha de Valença, Suzana de Moraes, Anecy Rocha, conversando a respeito de música, e em tratativas contratuais para fazer shows na Europa.
    A parte mais engraçada é ela, muito menina, de cabelo curto, bebendo e fumando, e dizendo sinceridades como não aguentar a música do "Barquinho" ("Não gosto nem de ouvir que Barquinho exista");  ou falando que não conhece pessoalmente Roberto Carlos, mas que sabe que ele é uma boa pessoa, no entanto  "Quero que Vá Tudo pro Inferno" é de uma pobreza total. Explicável àquela altura, era muito menina, recém-chegada da Bahia, gostava era de samba-canção, coisas antigas do rádio, não estava muito na onda da Bossa Nova ou da Jovem Guarda.
    É um doc filmado sobretudo em close. "Bem de perto" mesmo, para capturar o máximo da intimidade.
    Vale mais como curiosidade história, ou tietagem. Para mim, a obra-prima "O Desafio", de Paulo César Saraceni, é muito mais valiosa, pois registra inteiramente a performance dela no próprio Show "Opinião", incorporando-a à narrativa do próprio filme.
    Dos vários documentários sobre ela, o que eu mais gosto é "Música é Perfume", de 2005.

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    (281)
    Da fase americana de Jean Renoir, "Amor à Terra"/ "The Southerner", de 1945, que rendeu ao francês sua única indicação ao Oscar de Direção. 
    Adaptado de um romance, acompanha a história de uma pobre família de trabalhadores rurais, que inicialmente recolhe algodão em uma plantation, e depois decidem ter eles mesmos sua roça. Lá, enfrentam toda sorte de problemas, desde um vizinho truculento, até as dificuldades inerentes ao ciclo da natureza. Mas mantêm o sonho de progresso, e de união familiar acima de tudo.
    Não somos bobos, veio na onda do colossal "Vinhas da Ira", que é de 1940. Mas aqui sem socialismo. O adversário não é "o sistema", é o tempo, a Natureza. Não se pensa politicamente em nenhum momento a condição da pobreza rural. Reforça-se a mensagem do esforço, e do trabalho. A ética americana, portanto. Não a ética comunista.
    Dito isso, o filme é bem bonito, terno, delicado, amoroso. Daquele tipo no qual as marcações do tempo são as páginas do calendário. Vai nessa linha bem antiquada. Em certo momento, quando a família enfrenta uma grande escassez, caça-se um gambá. Eles o preparam, e na hora da mesa, a nobre esposa e mãe serve a ela e a filha por último, "pois são mulheres". Inclusive, depois do cachorro, que capturou o pobre do gambá! Fiquei de cara.
    O pai é vivido pelo ótimo Zachary Scott, que naquele ano também brilhou pelo excelente "Mildred Pierce"/"Alma em Suplício".

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    SergioB. reacted to Muviola in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Filme não tão conhecido da carreira de Hitchcock, lançado entre duas de suas principais obras (Pacto Sinistro e Janela Indiscreta), "A Tortura do Silêncio" já começa ao seu melhor estilo, apresentando um crime e o executor, numa Quebec bastante provinciana. A ação seguinte do assassino, um auto-declarado "refugiado alemão sem pátria" é confessar o crime ao padre da Paróquia onde vive. 
    Em razão da natureza dogmática, o Padre mantém a confissão como segredo e por uma série de circunstâncias, ele mesmo passa a ser considerado suspeito.
    Esta é o principal conflito do filme: a justiça dos homens versus a vocação eclesiástica. Acho que Hitchcock acaba ficando no meio do caminho entre o noir e o melodrama. Penso no quanto seria incrivel se um Bergman ou até um Almodovar o filmassem.
    Apesar dessa indefinição, esteticamente me pareceu dos mais belos que já assisti de Hitchcock, tanto na composição dos quadros como na iluminação.
    Outra coisa a se destacar é Montgomery Clift (lindo). É até engraçado isso, pois Hitchcock notoriamente considerava que seus atores deveriam ser "gados" (sem conotação política aqui) e Montgomery Clift foi um dos atores que vieram do Método, da mesma leva de Brando, Paul Newman, James Dean. Deve ter sido bem conflitante esta relação, mas é bastante claro o componente metódico do ator; Clift compõe seu padre com as costas arqueadas e os ombros para frente, quase como se ele estivesse carregando sua própria cruz. 

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    SergioB. reacted to Jailcante in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Digam o que quiserem (Say Anything..., Dir.: Cameron Crowe, 1989) 2/4

     
    Cameron Crowe já teve seus anos de luz (entre Jerry McGuire e Quase Famosos, basicamente), mas anda meio sumido (últimos filmes dele meio passaram em brancas nuvens). Esse aqui é o primeiro filme que ele dirigiu, ainda nos anos 1980, antes da fama.
    Eu tive que rever esse filme, porque fiquei meio intrigado que não me lembrava absolutamente nada dele, e tinha visto alguns anos atrás, nem faz tanto tempo assim. Claro, que tem a famosa cena (que virou meme) do John Cusack levantando o som estéreo na frente da casa da menina (cena parodiada/referenciada em vários filmes/séries), sem falar da cena final num avião que foi paródia num episódio dos Simpsons (na época que o seriado ainda era relevante), mas nada me vinha na cabeça quando tentava lembrar de alguma coisa dele. 
    Agora revisto, eu achei ele meio imemorável mesmo, não teve nada que me chamou muito a minha a atenção. Na verdade, o começo dele achei interessante. Crowe tinha sido roteirista do 'Picardias Estudantis', no começo dos anos 1980, e esse aqui começa igual, mostrando um panorama geral dos jovens ali da época (já na reta final dos anos 1980). Uma cena numa festa, ele consegue mostrar a gurizada dali e o que eles faziam, mas, infelizmente, isso perde importância porque o filme não era sobre aqueles jovens, mas sobre só o personagem do John Cussack, aí todo mundo some e fica a história do romance dele com menina certinha do colégio.
    Ele é mais impulsivo e não tem ideia do que vai fazer na vida depois do colégio, ela é o contrário, mais regulada e sabe o caminho que vai seguir. O romance dos dois é só mais um romance, daqueles que os dois são meio diferentes, mas conseguem se entender. E depois, mais na frente surgiu um dilema com o pai da menina, e o filme acaba focando nisso. O romance do dois não tava conseguindo ter nenhum dilema forte aí, no fim o Cameron sacou uma história envolvendo o pai da menina pra ter algum conflito entre eles. Enfim.
    Considero que o filme tem sim aquele ar de 'Filme bunitinho do Cameron Crowe', e começa muito bem com a cena da festa, mas depois com o romance do casal e o 'dilema do pai', que não achei tão interessantes assim, e vai decaindo até sumir (talvez funcione melhor pra quem curta mais os personagens principais).
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    SergioB. reacted to Big One in Duna (⊃∪∩⪽ dir. Denis Villeneuve)   
    Poster para o Imax

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    (278)
    "N`um vou nem falar nada!!"
    O meio dos anos 1990 teve os Estados Unidos mergulhados no caso O.J.Simpson. Eu lembro de achar um saco aquela cobertura de imprensa enorme, detalhista, de um atleta que eu não conhecia, mas o caso em si realmente nos instiga, sobretudo diante do surpreendente veredicto. David Lynch, a meu ver, traduziu perfeitamente o zeitgeist, de um país fissurado por um homicídio passional, em seu maravilhoso "Estrada Perdida", de 1997.
    O filme tem uma atmosfera incrível, seja com as luzes, seja na condução das atuações gélidas num modernizado noir, seja com a seleção musical incrível de Angelo Badalamenti (com direito a Insensatez, de Tom Jobim), mas é a montagem perfeita, dessincronziada, que faz o filme ser um mistério, um enigma - nem tão difícil assim de elucidar.
    Já há dezenas de explicações na Internet, mas eu gostaria de ressaltar um aspecto que é a motivação do crime. O personagem de Bill Pullman é um cara ruim de cama, frustrado sexualmente. Isso está claro no início do filme. Faz todo sentido então, ele, já preso, imaginar-se como um mecânico (uma das taras mais recorrentes do mundo do pornô), um jovem atraente, e que satisfaz amplamente na cama a - agora - em sua imaginação - "esposa" do gângster. Em sua imaginação, ele agora pode dar o troco, por ter sido traído em sua vida real. Em suma, devolver o chifre.
    Uma aula de cinema, e de entender o momento espiritual de seu país.
    Só escrevendo isto é que fui me dar conta do quanto este filme influenciou "Caché", do Haneke. 

     
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    (277)
    Quando registrei aqui meu ranking Luis Buñuel, lembro de ter ficado em dúvida sobre a posição 5, se "A Bela da Tarde", ou "Tristana". Coloquei o primeiro, mais icônico. Revi o filme de 1970,"Tristana"/ "Tristana, uma Paixão Mórbida", e titubeei. Tem muita coisa boa, mas principalmente seu último ato.
    Sempre aclamado por ser um belo exemplo de filme com inversão de papeis, o que mais celebro é a sutileza que a coisa se dá. Não é Chan-wook Park; é gradual e também, em outro aspecto, político: Os jovens se vingando da velha espanha franquista e autoritária.  
    Fernando Rey, um atorzaço, está formidável como um homem áspero que recebe uma jovem orfã como um guardião e que aos poucos passa dos limites com ela ; um homem que odeia o casamento, a Igreja, a família, formalidades; para no final do filme sorver chocolate quente com os gananciosos padres de Toledo...E, ingenuamente, se casar (mesmo com a noiva vestida de preto). A Tristana de Catherine Deneuve é a bela virgem, vítima sexual; mas que dará o troco, se vingará, movida pelo ressentimento e pela inesperada ruína física.
    Indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro em 1971. 
    Um filme que veio de um romance "b", e que pelas mãos competentes do diretor, que driblou a censura da época, consegue se elevar a um status imenso.
    Só lamento não haver um animal em cena, posicionado surrealisticamente, dessa vez.

     
  23. Thanks
    SergioB. got a reaction from Big One in Cry Macho (Clint Eastwood)   
    Houve muita especulação humorística sobre qual título dariam a este filme no Brasil, e taí cristalizada a fixação por subtítulos genéricos. 
    "Cry Macho" é de difícil tradução, realmente, seria algo como "Resmungão". 
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    SergioB. reacted to Jorge Soto in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Free Guy é outro blockbuster pipoca que só não curti mais do que deveria porque não sou muito chegado em games (aliás, odeio!) e este filme é basicamente o ótimo Show de Truman feito pra cultura gamer, e tudo elevado á enéssima potência! Sei lá, não consegui me envolver com tudo (muito bem feito, diga-se de passagem) mostrado da tela, justamente por não ser o público-alvo. Atuações ok e tudo bem feitinho, creio que me empolguei mais com a atuação do Taika Waititi que a do personagem título principal, feita pelo Reynolds. Enfim, um filme que so vou recomendar aos meus sobrinhos ou quem seja chegado em jogos virtuais pois as referências e tudo mais passei boiando tudo.. 7-10

     
     
    Reminiscence é um bom thriller scy-fy noir que bebe de várias fontes: desde futuro distópico de Blade Runner, a dualidade Nolesca realidade/fantasia de A Origem e as incursões temáticas de Westworld. Aqui o Wolverine Hugh Jackman dá uma de detetive Dekkard num mistério que vai tendo várias reviravoltas até seu desfecho corajoso. Muito bem produzido e com desenho de produção impecável, aquela Terra distópica mostrada é bem plausivel de rolar daqui a pouco, fora a fotografia e a trilha sonora, envolventes. As atuações estão ok, com destaque disparado pra femme fatalle Rebeca Fergunson. Tem defeitos e cacoetes de blockbuster, mas se destaca na média geral por ousar nem que seja um pouco mais. 8,5-10

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    SergioB. got a reaction from Muviola in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    (275)
    Tô in love com o cinema de Carlos Reichenbach, de quem sempre fui fã, mas desde o ano passado fui vendo os filmes mais antigos dele, e só aumentou minha admiração. Este "Audácia!", de 1970, foi filmado em conjunto com Antônio Lima, mas Carlão filmou dois dos três episódios que o compõem, e, claro, os dois mais cativantes para a minha mente.
    No episódio intitulado "Prólogo", ele faz uma espécie de curta documentário, filmando a Boca do Lixo, em São Paulo, que era a zona do meretrício, a zona boêmia, e a zona em que os cinestas paulistanos ( e de outras glebas) se encontravam para falar de cinema. Tem imagens de Saraceni, Glauber, dele mesmo, e ainda a documentação da filmagem de um filme de Maurice Capovilla (morto em maio deste ano). O que ele quer mostrar é os cineastas de então fazendo cinema no Brasil, mesmo remando contra a maré, que exigia chanchada, nudismo à toa, gangsterismo.
    Nisso, corta-se rapidamente para o segundo episódio, também filmado por Reichenbach, um episódio de ficção, no qual uma jovem cineasta está tentando rodar seu primeiro filme, justamente usando os lemas daquela turma: algo direto, "anti-intelectual", como ela diz, livre, e sem medo da censura. Quando o dinheiro inicial acaba, a cineasta será tentada por produtores a incluir em seu filme gangsterismo do sertão, e nudismo, pois é o que vende ingresso, o que dá retorno. Além de tudo, uma amiga da onça da Imprensa a desestimula, enquanto um puxa-saco maníaco [ spoiler] a mata. 
    O terceiro episódio de Antônio Lima é também a tentativa ficcional de se rodar um filme. Mas não um filme crítico como o da cineasta acima. Um filme tal qual se fazia aos montes naquela época: machista, retrógrado, no qual os produtores, o diretor, e o fotógrafo, usam as mulheres que anseiam em aparecer na tela grande, fazem teste do sofá com elas, tudo bem misógino, podre, e sem consciência de cinema. Do nada, há uma bandinha estilo Jovem Guarda, no cenário, cantando uma música fuleira. Uma ironia aos filmes bobos de Roberto Carlos.  É um filme, portanto, que imita o que se fazia à epoca.
    "Audácia!" não é muito bem concebido, falta dinheiro, falta apuro técnico. Mas é muito instigante. E desafia a censura de frente. Os cineastas em dado momento discutem como vão se livrar da - usam a palavra - Censura, ao rodarem uma cena de sexo, e prometem dar um jeito. 
    Audacioso!
     

     
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