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Forum Cinema em Cena

Bombardeando Um Filmaço!


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Poderia ser como' date=' Mr. Enxak? Desenvolva... [/quote']

 

Hm...Vi o filme acho que no início de 2006,faz um tempinho...Mas do que me lembro,lembro que me incomodou bastante o personagem do Eastwood,aquele ar meio Karate Kid no filme,sabe? Só que com um peso melodramático maquiado por uma excelente fotografia.Me cansou também o Morgan Freeman,que já faz o mesmo personagem,em todos os filmes em que participa,há alguns anos...E o que mais? Deixa eu lembrar...Acho que só isso basta né?

 

Como poderia ser? Focar mais a vida da personagem da Hillary,sem apelar para aquele drama besta da família ingrata dela,só pra ficarmos com mais pena da coitada.Ela era velha para começar a lutar,certo? Isso poderia ser tão melhor aproveitado...Mas tem razão quem diz que filmes são o que são,e não o que queríamos que eles fossem.Sendo assim,é só um filme de bonzinho pra médio.
Enxak2007-03-20 12:44:01
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Superestimado não quer dizer ruim. Eu gosto de As Pontes de Madison e sou muito fã do Clint como ator. Só acho que se os critérios de um diretor começam a cair' date=' isso é sinal de que ele não tem mais nada a acrescentar. Insistir em trabalhar com o Haggis, que é absolutamente 0% de criatividade, demonstra um certo desleixo do Clint, o que o faz perder muitos pontos comigo, a ponto de não fazer nenhuma questão de conferir os filmes dele. Uma queda de qualidade tão brusca, PARA MIM, deve ser entendida como fim de carreira.
[/quote']

 

A grande questão aqui é: sabemos pq ele insiste em trabalhar com Haggis? Quem nos garante que não é alguma imposição contratual do estúdio ou aqueles 'acordões' do tipo 'te libero mais grana, mas a condição é trabalhar com o Haggis'?

 

Acho precipitado dizer que é 'desleixo' desconhecendo os comos e porquês da 'parceria'...

 

Em tempo: já viu Cartas de Iwo Jima?
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Boa Noite é documental. Não há como apreciar o filme e a atuação do David <FONT face=Arial>Strathairn se vc não souber do que e de quem ele trata. [img']smileys/03.gif" height="17" width="17" align="absmiddle" alt="03" />

 

 

 

em parte eu concordo....eu não sei nada sobre o tema do filme e tal, mas todo filme tem que ser meio que auto explicativo, tipo o filme quando é documental, tem que fazer você ganhar mais conhecimento sobre o tema, conhecer sobre o tema, etc...

 

 

 

Eu acho que o filme é superficial, não é profundo em nada, chega a tratar do tema superficialmente, e sem contar que é ruim de assistir, ele é bem chatinho, não desperta interesse.

 

 

 

Mas eu teria que rever para fazer um comentario melhor hoje, pois vi o filme faz tempo.

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Exatamente Scarlet. É por isso que não gostei do filme.... Por conhecer bem o assunto retratado. E sinceramente... Essa momento da política americana (Senador Joseph McCarthy e Caça às bruxas) é extremamente enfadonho. Ao invés do Clooney se esforçar para deixar interessante, ele faz o contrário... Trata do assunto de maneira mais enfadonha ainda. Lógico. É uma história real... Mas creio que seja um filme americano para americanos. Aliás, a política americana é MUITO chata. 18

Concordo. A atuação do Strathairn é excelente... A cinematografia encanta. Mas é cinema chato. Cinema sem emoção. E até Clooney percebeu isso. Pois, retratou um momento tão delicado em apenas 1 hora e 20 minutos.

 

E o The_Cube está certo. MUITO superficial.
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Superestimado não quer dizer ruim. Eu gosto de As Pontes de Madison e sou muito fã do Clint como ator. Só acho que se os critérios de um diretor começam a cair' date=' isso é sinal de que ele não tem mais nada a acrescentar. Insistir em trabalhar com o Haggis, que é absolutamente 0% de criatividade, demonstra um certo desleixo do Clint, o que o faz perder muitos pontos comigo, a ponto de não fazer nenhuma questão de conferir os filmes dele. Uma queda de qualidade tão brusca, PARA MIM, deve ser entendida como fim de carreira.
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A grande questão aqui é: sabemos pq ele insiste em trabalhar com Haggis? Quem nos garante que não é alguma imposição contratual do estúdio ou aqueles 'acordões' do tipo 'te libero mais grana, mas a condição é trabalhar com o Haggis'?

 

Acho precipitado dizer que é 'desleixo' desconhecendo os comos e porquês da 'parceria'...

 

Em tempo: já viu Cartas de Iwo Jima?

 

Não. O único cinema onde o filme estava passando colocou-o em horários surreais. Deixei para o DVD, mas tenho vontade de ver sim. Li coisas boas a respeito e ainda tem o Ken Watanabe que é um baita ator.

 

Sobre as questões contratuais: well, se ele é tão babado assim, não era de esperar que a vontade dele fosse quase imperativa dentro do estudio? Porque se ele não tem prestígio para escolher o roteirista com quem quer trabalhar, então nada do que ele fez até hoje teve algum valor.
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Exatamente Scarlet. É por isso que não gostei do filme.... Por conhecer bem o assunto retratado. E sinceramente... Essa momento da política americana (Senador Joseph McCarthy e Caça às bruxas) é extremamente enfadonho. Ao invés do Clooney se esforçar para deixar interessante' date=' ele faz o contrário... Trata do assunto de maneira mais enfadonha ainda. Lógico. É uma história real... Mas creio que seja um filme americano para americanos. Aliás, a política americana é MUITO chata. 18

Concordo. A atuação do Strathairn é excelente... A cinematografia encanta. Mas é cinema chato. Cinema sem emoção. E até Clooney percebeu isso. Pois, retratou um momento tão delicado em apenas 1 hora e 20 minutos.

 

E o The_Cube está certo. MUITO superficial.
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Huumm...será que o seu problema é com o filme ou com a premissa dele? Veja que há uma situação parecida quanto a Batman Begins e algumas pessoas aqui no fórum. Quer dizer... se vc vai ao cinema sabendo que o Nolan vai tratar o personagem com o maior teor de seriedade possível e vc é radicalmente contra esse ângulo de análise, o que vc foi fazer lá?09

 

BNBS não é um filme divertido ou um grande entretenimento, mas cumpre seu objetivo que é informar o espectador fazendo uma montagem de época fidelíssima, ajudada pela interpretação magistral do David Strathairn, que é o ponto mais alto do filme e por quem já vale a assistida.03
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Sobre as questões contratuais: well' date=' se ele é tão babado assim, não era de esperar que a vontade dele fosse quase imperativa dentro do estudio? Porque se ele não tem prestígio para escolher o roteirista com quem quer trabalhar, então nada do que ele fez até hoje teve algum valor.[/quote']

 

Hmmm... não necessariamente. Talvez ele tenha mesmo o raciocínio apontado pelo sapo...
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Exatamente Scarlet. É por isso que não gostei do filme.... Por conhecer bem o assunto retratado. E sinceramente... Essa momento da política americana (Senador Joseph McCarthy e Caça às bruxas) é extremamente enfadonho. Ao invés do Clooney se esforçar para deixar interessante' date=' ele faz o contrário... Trata do assunto de maneira mais enfadonha ainda. Lógico. É uma história real... Mas creio que seja um filme americano para americanos. Aliás, a política americana é MUITO chata. 18

Concordo. A atuação do Strathairn é excelente... A cinematografia encanta. Mas é cinema chato. Cinema sem emoção. E até Clooney percebeu isso. Pois, retratou um momento tão delicado em apenas 1 hora e 20 minutos.

 

E o The_Cube está certo. MUITO superficial.
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Huumm...será que o seu problema é com o filme ou com a premissa dele? Veja que há uma situação parecida quanto a Batman Begins e algumas pessoas aqui no fórum. Quer dizer... se vc vai ao cinema sabendo que o Nolan vai tratar o personagem com o maior teor de seriedade possível e vc é radicalmente contra esse ângulo de análise, o que vc foi fazer lá?09

 

BNBS não é um filme divertido ou um grande entretenimento, mas cumpre seu objetivo que é informar o espectador fazendo uma montagem de época fidelíssima, ajudada pela interpretação magistral do David Strathairn, que é o ponto mais alto do filme e por quem já vale a assistida.03

Primeiramente, não sou contra esse período histórico. Só o acho enfadonho. Mas, se retratado de um jeito interessante, pode resultar em algo produtivo.

Não acredito que uma atuação consiga 'segurar' um filme. Sou contra essa política.

 

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Sobre as questões contratuais: well' date=' se ele é tão babado assim, não era de esperar que a vontade dele fosse quase imperativa dentro do estudio? Porque se ele não tem prestígio para escolher o roteirista com quem quer trabalhar, então nada do que ele fez até hoje teve algum valor.[/quote']

 

Hmmm... não necessariamente. Talvez ele tenha mesmo o raciocínio apontado pelo sapo...

 

Ou não. 08

 

Acho que fechamos, certo?03
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  • 2 weeks later...
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Pois bem, a discussão foi encerrada e eu nem acompanhei o embate. Que pena... mas só pra dar uma última pincelada, gostaria de colocar um texto bastante interessante do Ruy Gardnier sobre o filme, que faz uma leitura riquíssima, não só de MENINA DE OURO como obra individual, como do cinema de Clint Eastwood e suas características mais recorrentes e fundamentais.

 

"O que é hoje o rosto de Clint Eastwood? Uma figura em contraluz, escurecida, da qual se vê apenas alguns pedaços parcialmente iluminados. Um rosto opaco, de pequenos gestos, que no mais das vezes só refletem as ações de outros rostos ou corpos, se abismam, se impressionam, se mostram aterrados com o que vêem: aterrado ao ponto da falta de gestos. Esse rosto de pedra, Eastwood soube sempre usar de forma inigualável, desde a empáfia em seus primeiros western-spaghettis à figura cheia de rugas e culpas de seus últimos filmes. O rosto de Eastwood é um rosto que problematiza seu próprio envelhecimento dentro de uma indústria de cinema que geralmente conjura seus artistas sexagenários para fora das telas ou reduz sua participação a pequenos papéis secundários cheios de nobreza. Em Eastwood, esse envelhecimento tem de nobreza muito pouco, mas muito de dignidade: uma dignidade de meias furadas, sonhos frustrados, olhos cegos e falhas de caráter. O cavaleiro pálido dos tempos áureos se transforma em cético escuro.

A parceria com o diretor de fotografia Tom Stern a partir de Dívida de Sangue dá ao cinema de Clint Eastwood em geral um clima escurecido, soturno, como se o universo cotidiano participasse de um estranho complô de filme de terror vivido à luz do dia. E Menina de Ouro, o bebê também envelhecido - para a idade de uma boxeadora em começo de carreira - de um milhão de dólares, acrescenta mais tons de negro à paleta eastwoodiana, fazendo casa perfeitamente para a tragédia meta-familiar que está para acontecer aos personagens.

Porque o cinema de Eastwood, ao menos desde Os Imperdoáveis (1992), parece circular por dois pólos ao mesmo tempo diferentes e complementares: o corpo que envelhece – Cowboys do Espaço como tratado ontológico e vários outros, de Os Imperdoáveis a Dívida de Sangue, como variações – e a paternidade transversa. Seus protagonistas são familiares - quase sempre pais - falidos, que tentam criar elos de ligação familiar fora da filiação sangüínea (Um Mundo Perfeito e Crime Verdadeiro sendo apenas os casos mais evidentes, pois até em Meia-Noite no Jardim do Bem e do Mal e em Sobre Meninos e Lobos são estruturas de paternidade que permitem fazer existir todo o relato). Existe sempre um elemento subversivo nessa substituição trans: um homem que vem de longe para fazer da mulher de outro a sua (As Pontes de Madison), uma criança que se adota para fazê-la ter a infância que não se teve (Um Mundo Perfeito), um amigo a quem se deve confessar quando o padre foi incapaz de dar ouvidos à confissão protocolar (talvez a cena chave de Menina de Ouro). É uma substituição que sutilmente engaja seus personagens para fora dos circuitos de deus, família e propriedade, e os obriga a uma reconstrução do sentido da vida muito longe daquilo que é o discurso oficial sobre ela.

Todo esse parêntese é necessário para dar conta do que é Menina de Ouro, um filme que ao mesmo tempo é a confirmação de uma nova fase na carreira de Eastwood (que começara, sem nos darmos conta, com Dívida de Sangue, e os indícios são mais do que a troca de fotógrafo) e o momento culminante de um percurso coerente e homogêneo a toda obra, que aqui assume ares de "arte poética", tamanha a frontalidade da temática. Nova fase porque o herói não é mais aquele que vem do mundo das trevas para iluminar o nosso (O Estranho Sem Nome), mas é o próprio e muito nosso mundo que é o mundo das trevas. Trevas porque o máximo a fazer é reconhecer a impotência diante das reviravoltas do mundo: deixar o assassino à solta (Sobre Meninos e Lobos), apressar a chegada da morte (Menina de Ouro), conviver com um terceiro personagem maculado para a vida inteira, sem chances de recuperação (Morgan Freeman em Menina de Ouro, Tim Robbins em Sobre Meninos e Lobos). Seus filmes mais recentes abandonam a limpidez clássica de suas obras-primas dos anos 90 e preferem submergir em águas nebulosas de existências doloridas.

A trama sai de um trauma. A filha sempre ausente é a mácula de Frankie Dunn, veterano treinador de boxe. Ela é a instância recalcada, que volta em vários momentos de sua vida, mas cujo rosto jamais aparece na tela (curiosa similaridade com a esposa de Kevin Bacon em Sobre Meninos e Lobos): nas visitas à igreja, nas cartas que ele escreve e que sempre voltam, e por fim no convívio com seus pupilos. Segundo trauma: quando trabalhava como segundo, seu mágico poder de estancar sangramentos causou a Scrap a perda de um olho e a conseqüente aposentadoria. O que faz com que Dunn seja um homem maculado e precavido, paternalizante ao ponto de não querer fazer com que seus tutelados corram riscos: um pai hiperprotetor com seus filhos. Do outro lado, está Maggie, oriunda da típica família white trash do interior, velha demais para começar, mas que vê o boxe como a única expectativa de vida minimamente diferente daquela que viveu (e que odeia). Mais força do que talento, mais aplicação do que gênio, Maggie gruda na figura de Frankie como sua única esperança de ser bem sucedida.

Questão de família, ou de familiaridade. Todas as tentativas de constituição de laço familiar, seja com Frankie ou com Maggie, são frustradas: as cartas de Frankie voltam, a família de Maggie rejeita sua nova atividade e reclama da casa que ela comprou para eles (que eventualmente poderia fazer com que a mãe perdesse a pensão de seguro social). A própria vida de Frankie é composta de filhos-estepe, de quem ele sente a necessidade de cuidar e proteger: Scrap, o lutador sensação Big Willie Nelson. Uma proteção sufocante: Big Willie é o enésimo a trocar Dunn por um manager que consiga para ele a luta pelo título. Os filhos que desaparecem são o eterno retorno de Frankie Dunne. Mas essa paternidade transversa não é uma remissão recalcada da paternidade ausente originária, mas a chance para novos agenciamentos. Assim como em Um Mundo Perfeito, a relação de paternidade transversa entre Frankie e Maggie em Menina de Ouro não está lá para substituir uma outra impossível, mas para existir no presente da vida de cada um deles. É só numa familiaridade fora da família – e, no caso de Frankie, numa religiosidade fora de deus – que eles conseguirão exprimir seus sentimentos: Menina de Ouro é povoado de órfãos, abandonados, desgarrados, vivendo numa comunidade que, no limite, é mais forte ou deveria ser mais forte que o sangue (Mo Cuishle).

Mas, como em todo filme de Clint Eastwood, o tema da paternidade evoca sempre o da responsabilidade. Uma responsabilidade que há muitos anos não é mais a do caubói moderno Dirty Harry, mas a das incertezas diante das decisões a tomar, ou da indiscernibilidade em relação a elas. A "coisa a fazer" não é "a coisa certa" nos filmes de Eastwood há muito tempo: o que agride demais em seus filmes é a constatação da lacuna existente entre a impossibilidade da ação "correta" e a inaceitabilidade dos atos que se tem que empreender (o fim de Poder Absoluto, nos termos da diegese e nos termos das próprias convenções do gênero ao cortar para pai e filha no momento clímax; a estupidez da decisão absurda do xerife em Um Mundo Perfeito; a escolha final de Tommy Lee Jones em Cowboys do Espaço). Em Menina de Ouro, temos um cenário um pouco diferente: toda a intriga da responsabilidade se situa diretamente em função da relação transversa de pai e filha. Ao contrário da costumeira metáfora pai/lei (Sobre Meninos e Lobos, Meia-Noite no Jardim do Bem e do Mal), é diretamente nas atribuições de pai ou tutor que o circuito da responsabilidade funciona. Frankie Dunn é aquele que não ouve, aquele que sempre sabe e que não dá opções de escolha a seus pupilos; seu percurso como personagem deverá ser o aprendizado da liberdade do outro. Mas é aí que o próprio aprendizado fere: quando Maggie faz uma escolha absurda de percurso para uma luta em outra cidade (ir de avião, voltar de carro), achamos que o percurso estava constituído; será só no final, no entanto, que a posição de Frankie será posta à prova, no momento limite de fazer para Maggie algo que ele mesmo jamais faria e, assim, concomitantemente, mais uma vez repetindo seu eterno retorno.

Menina de Ouro tem vários movimentos, vários ritmos diferentes. Cineasta especulativo e moralista (no sentido de colocar em jogo temas morais) que é, Eastwood não tem o mínimo pudor em jogar com gêneros a seu bel prazer, fazer um estudo de personagem cambalear para um autêntico filme de boxe e depois se transformar abruptamente num melodrama em sentido estrito. Talvez o único senão do filme seja uma certa falta de equilíbrio entre os ritmos, a última parte sendo de longe a mais pungente, e de ritmo mais detido. É, também, o momento em que os atores, todos excelentes, se superam em seus papéis, Hilary Swank se referindo a seu cachorro de estimação, Morgan Freeman aconselhando seu parceiro ou Eastwood na igreja, indeciso sobre seu comportamento. E, convenhamos, só mesmo Clint Eastwood para fazer de um embate moral com raízes teológicas – o direito à eutanásia – uma confrontação pessoal de responsabilidade. Quando Frankie Dunn vai à igreja, ele não está se deparando com a justiça divina, mas com uma tomada de decisão muito pessoal entre abrir mão da vida da única pessoa que faz sentido na sua própria vida, ou deixá-la existir de forma egoísta e contra a própria vontade dela. Tanto que a lógica do transverso em Eastwood faz com que, à cena da igreja, siga-se a cena da conversa entre Scrap e Frankie, em que Scrap assume, sempre de forma transversa, a função que deveria ser a do padre: o consolo na decisão difícil. Essa operação sutil de desteologização da problemática, de fazer das decisões o palco de questões mormente humanas e humanamente frágeis, de muito sub-repticiamente quebrar as regras de expectativa clássica no cinema narrativo para transformar a intriga em cenários do dilema humano é o que é tão admirável e comovente na obra de Eastwood, e em Menina de Ouro em particular. Um cinema que, como a obra de Otto Preminger, reside nos meandros não explicados pelos protocolos, não subsumidos pela lógica narrativa, não resolvidos pelo mínimo denominador comum. Um cinema que se interessa antes de tudo pelo fator humano.


bullet_seta.gif Ruy Gardnier "

 

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Comparação infeliz essa sua, Nobre Sr. Amfíbio.03

O que eu quis dizer é que a riqueza do filme está na fidelidade com que o Clooney reconstrói o cenário e os personagens (todos reais). Para quem não conhece os fatos e pessoas a que ele se refere, fica mais difícil reconhecer o grande trabalho do diretor e a atuação primorosa do Strathairn, que consegue soar exatamente como o radialista retratado, sem ser, em nenhum momento, excessivo ou caricato. HQ é outro papo...são dois formatos de mídia totalmente diferentes (cinema X literatura) e qualquer comparação é pífia, pois esbarra nas limitações do processo de transposição. No caso de BNBS, o modelo de mídia é muito próximo, logo fica interessante colocar a história real e a adaptação do George Clooney lado a lado. Savvy???01
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