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Festival Hitchcock!


silva
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todos são excelentes. Mesmo que algum não atinja esse nível de excelencia  está longe do medíocre ou ruim.

 

É verdade, Cinéfila. Dos 21 filmes dele que eu já vi, não teve nenhum que eu tenha achado menos que acima da média. E pelo menos uns 6 são magníficos. Por isso ele é meu diretor preferido03
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todos são excelentes. Mesmo que algum não atinja esse nível de excelencia  está longe do medíocre ou ruim.

 

É verdade' date=' Cinéfila. Dos 21 filmes dele que eu já vi, não teve nenhum que eu tenha achado menos que acima da média. E pelo menos uns 6 são magníficos. Por isso ele é meu diretor preferido03
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Eu vi um pouco mais: 29 filmes, e nenhum na minha avaliação recebeu menos que 7,5/10
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Boa Tarde pessoal!! Tive alguns probleminhas hoje de manhã e, por isso, a sexta lista do "Festival Hitchcock" teve um pequeno atraso. Aliás, como já estamos na reta final desse pequeno, mas nem por isso menos interessante, Festival, não custa nada fazer propaganda de um outro Festival. Sim, por quê o Cineclube está a todo vapor.

 

Em abril, seguindo com os Festivais voltados para grandes diretores, teremos o "Uma Quinzena com Kubrick", capitaneado pelo ltrhspm (mais conhecido por essas bandas como It ou Sopa), onde teremos vários participantes (eu incluído), cada um comentando sobre um filme desse diretor. Por enquanto ainda temos oito filmes do Kubrick que não foram escolhidos (A Morte Passou por Perto, O Grande Golpe, Glória feita de Sangue, Spartacus, Lolita, 2001, Barry Lyndon e O Iluminado), mas ainda tem tempo. Escolha um dos filmes aqui citados e comunique ao Sopa via MP ou no tópico do Festival:

 

 

Bom, propaganda feita, é hora da sexta lista. Essa lista é de um usuário que, mesmo tendo visto poucos filmes dele (seis, segundo o próprio), já se tornou fã dele. E um dos usuários da "velha guarda" daqui do fórum, e o filme que ele escolheu para a crítica é um dos meus preferidos também. A propósito, ao contrário do que você disse em um dos seus posts, não acho que você ficará com o último lugar, pelo contrário, acho que você têm boas chances de ser um dos primeiros. No momento ele se encontra "confinado", mas já deu o ar de sua graça por aqui. Com vocês, a lista do....

 

jrcp1xh4.png

 

Jailcante

 

LISTA E CRÍTICA

 

5 – Os Pássaros (The Birds, 1963)

Tensão numa pequena cidade atacada por Pássaros. Cenas e personagens bem explorados por Hitch.

4 – Janela Indiscreta (Rear Window, 1954)

Com basicamente um único cenário, Hitch faz muito mais que muitos que tem vários recursos nas mãos.

3 – Um Corpo que Cai (Vertigo, 1958)

Uma aula de cinema.

2 – Psicose (Psycho, 1960)

Norman Bates é um dos maiores vilões do cinema.

1 – Frenesi (Frenzy, 1972)

Crítica (Cuidado - Spoilers)

Não sei exatamente porque considero Frenesi como o melhor do mestre Hitchcock. Mesmo tendo assistindo poucos filmes deles (seis somente), mas já tenho na minha lista de filmes vistos, "mais-que-clássicos" como Psicose, Um Corpo que Cai e Janela Indiscreta. O motivo principal talvez seja que Frenesi traz tudo o que o mestre fez antes, só que, digamos, de forma "compacta", num único filme, e de maneira igualmente magistral como antes, e como sempre. Nesse penúltimo filme dele, temos o genuíno humor hitchcockiano, personagens curiosos e alguns até bizarros, ângulos de câmeras bem elaborados, técnica arrojada, diálogos ricos, e como não poderia faltar, muito suspense, com cenas de deixar o público colado na tela.

 

03.jpg 

Num momento totalmente inspirado, o mestre nos apresenta uma Londres onde mais um serial killer anda atacando mulheres na cidade. Somos apresentados à essa situação, logo no início do filme, onde num discurso de um político para um pequeno público (reparem que o próprio Hitch é uma das pessoas na multidão), à beira de um rio, aparece uma das vítimas. Uma mulher nua, morta, boiando no rio e com uma gravata no pescoço, a mesma que foi usada pelo assassino para estrangulá-la. Ficamos logo sabendo que ela não foi a primeira. Outros casos semelhantes ocorreram com outras mulheres na cidade, por isso, o maníaco acaba sendo chamado por todos como "O Assassino da Gravata". Paralelos com o famoso caso de "Jack, o Estripador", são feitos. O filme não deixa de citar o famoso caso, e montar esses paralelos, mostrando a reação das pessoas ao clima de insegurança que surge na cidade depois dos assassinatos, como talvez tenha acontecido de maneira semelhante na época dos assassinatos de Jack.

 

01.jpg 

O importante num filme do Hitch são os personagens e aqui temos dois personagens principais: Richard Ian Blayne e Robert Rusk. Os dois são amigos de longa data e de certa forma "inversos" em suas personalidades. Na vida social, Richard é um cara abandonado pela própria sorte. Divorciado, alcoólatra, mal educado. Insociável de forma geral. Já Robert é o contrário. Um bom filho, boa praça, amigável e atencioso com todos que passam no seu caminho. Mas não só nisso, o ponto chave é que os dois também são "inversos" na vida amorosa. Richard mesmo sendo violento, e agressivo, sabe como tratar as mulheres e não "ultrapassar limites". Ele tem uma ex-mulher, Brenda, que comenta que mesmo agressivo, ele nunca chegou a bater nela, e que fica nítido também que ela ainda gosta dele, apesar de todos os problemas que tiveram. E ele ainda namora uma garçonete, chamada Barbara Mullingan, que o ajuda e confia nele.

12.jpg 

Já Robert é o contrário de Richard nisso também. Sem uma namorada, esposa, ou uma ex-mulher, por perto, é aparentemente solitário, e não é só isso... Numa excelente cena entre ele e Brenda, temos a revelação que ele é o "Assassino da Gravata". Ele é o maníaco sexual que ataca as mulheres pela cidade de Londres. Robert, por não sabe tratar das próprias mazelas sexuais, tem como única forma de obter algum prazer o assassinato das mulheres. Então, o filme lida com esses homens "inversos" no seu comportamento, mas amigos. E o desenrolar do caso do Assassino da Gravata é que vai por em cheque a amizade deles.

 

16.jpg 

Como Frenesi é um filme de Hitchcock, então temos que ter grande cenas ou grandes momentos. As duas cenas de assassinato que Robert comete são magistrais. Não tão lembradas como a do chuveiro em Psicose, mas igualmente memoráveis. Uma se passa no escritório onde trabalha Brenda Blayne, a ex-mulher de Richard Blayne. O incomodo que a personagem tem ao ver Robert, mesmo sem saber que ele é o assassino, é nítido e isso acaba passando para o público, onde cada vez mais a repulsa dela por ele vai aumentado, a partir do momento que ele vai se revelando cada vez mais, até o ponto onde ela, e todos nós, descobrimos que ele é o assassino da gravata. E a outra cena de assassinato, é mais um desses momentos únicos que só podemos ter no cinema, principalmente no cinema de Hitchcock. Barbara Milligan, atual namorada de Richard, inocentemente acaba por aceitar um convite de Robert para passar a noite em seu apartamento. E nada mais é mostrado depois que ela entra lá. A câmera justamente vai se afastando da porta do apartamento, desce as escadas do prédio até chegar na rua. Tudo simples, tudo silencioso. Só um mestre pra fazer assim. 

 

25.jpg 

E nem posso deixar de citar outros grandes momentos, só que mais leves, e com bom humor. E que não servem só pra relaxar da tensão do filme, mas para passar algumas informações importantes. Como a cena no caminhão de batatas, onde o assassino se atrapalha ao esconder um cadáver e acabamos por torcer para que ele não seja pego. Além de leve a cena serve para mudarmos o ângulo de visão de Robert, que antes se mostrava implacável e sagaz, mas aqui, vemos ele humanizado, e passível de erros. E outro momento mais leve e que é sempre um prazer ver e rever são os diálogos do Oficial Oxford, responsável pela investigação dos crimes, com sua mulher. Aqui Hitch aproveita para explicar melhor a psique do assassino, mas também nos brinda com a situação do policial que não agüenta mais a comida da mulher depois que ela resolveu aprender pratos exóticos, como pés de porco e codornas com uvas. Impagável e imperdível.

33a.jpg 

O final, ao contrário de vários filmes de suspense atuais onde se tenta ter uma revelação final ou uma grande reviravolta, é simples e tenso, como só Hitch fazia. Ele nunca precisou de finais surpresa para seus filmes serem o que são, e a frase de Oxford: "Mr. Rusk... You’re not wearing your tie." traduz tudo isso: Direto no ponto. E fim.

Frenesi, infelizmente, no meio de tanto filmes consagrados do mestre acaba sumindo no meio deles, e não é tão lembrado como outros. Uma injustiça. Mas a julgar uma filmografia tão rica e ampla de Hitch, é fácil compreender porque um filme excelente desse fique "escondido". O melhor é cada um mesmo descobrir essa jóia rara. Assim como Indiana Jones achou um grande artefato arqueológico numa floresta tropical em Os Caçadores da Arca Perdida, eu descobri Frenesi na filmografia de Alfred Hitchcock. E obrigado por isso!

Alfred Hitchcock pode ser considerado como "O Mestre do Suspense"?? Por Quê???"

Sim. Porque os filmes deles continuam situações da mais alta tensão, mistérios que vão aos poucos sendo solucionados, e situações intrigantes, personagens misteriosos e etc... Enfim, tudo o que faz um filme de suspense ser um ótimo filme de suspense da mais alta qualidade. Mas Alfred não era só o mestre do suspense. Ele era mestre em cinema. Seus filmes duram até hoje não porque são simplesmente "suspenses eficientes". Eles são muito mais que isso, são obras primas, que dignificam a arte cinematográfica. Ao se fazer um filme, o mestre tinha a visão ampla para explorar todos os lados das histórias, principalmente, os personagens. E toda apuração técnica para tal. Todos que apareciam em seus filmes era bem explorados dentro daquela situação que se apresentava. E ele, só ele, sabia como fazer o público ficar preso naquela situação. Não acompanhamos as histórias dele "só pra saber o que acontece no fim do filme", como muito se acontece em filmes de suspense hoje em dia. Não! Nós estamos lá porque nos envolvemos completamente com os personagens e com as histórias. Queremos saber cada detalhe e não só o final. Isso era o um filme de Hitchcock.

silva2007-03-06 13:03:45
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Valeu pela propaganda, silva! Vocês precisam me salvar! Socorro. 06 Enfim, semana que vem; deverei fazer uma semana de Hitchcock, pois encontrei uma excelente locadora (recém-lançada) aqui na Tonga. E ela tem muitos filmes do Hitchcock, desta forma, poderei comentar as listas. O meu top é este (do Hitchcock, por hora):

 

1. Vertigo

2. Rear Window

3. To Catch a Thief

4. North By Northwest

 

O primeiro é "quase OP" (não gosto de romances em filmes d esuspense, questão subjetiva mesmo...). Os outros três são bons; exceto Intriga Internacional, reveria os outros com prazer para julgá-los melhor.
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Ninguém citou A Sombra de uma Dúvida 13

 

Caaaaalma cocada! Nem todas as listas foram publicadas... ainda... aguarde surpresas!

 

050505

 

Aeeeeeee16, hehehe!

 

Optei por não ler a crítica do Jailcante, pois não assisti a Frenezi e não quero ler os spoilers.
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É, acho que dei um tiro no próprio pé. Só quem viu Frenesi é que pode ler a crítica e como poucos aqui assistiram...04 Pensando bem, vou usar essa mesma estratégia na minha resenha do Cineclube!1906

 

Silva, ficou legal como você colocou as fotos, cada uma correspondendo ao que eu estava falando. Enfim, gostei da minha crítica. Mesmo sabendo que não vou ganhar, mas valeu a pena tê-la feito. Frenesi foi representado no Festival, e Ponto!16

 

Off Topic: Dook, brigado, por causa de você, peguei o anjo da semana. Você não deve ter a mínima ídeia do que estou falando, mas obrigado assim mesmo!0606

 

Anjo da Semana no BBBCeC

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É' date=' acho que dei um tiro no próprio pé. Só quem viu Frenesi é que pode ler a crítica e como poucos aqui assistiram...04 [/quote']

 

Até vou procurar nas locadoras, mas a chance de eu encontrar é quase nula. Uma pena...

 

Filmes assim prefiro comprar, mesmo que não tenha visto ainda, e, em se tratando dos filmes do "Mestre" nunca me arrependi !03
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É' date=' acho que dei um tiro no próprio pé. Só quem viu Frenesi é que pode ler a crítica e como poucos aqui assistiram...04 Pensando bem, vou usar essa mesma estratégia na minha resenha do Cineclube!1906

 

Silva, ficou legal como você colocou as fotos, cada uma correspondendo ao que eu estava falando. Enfim, gostei da minha crítica. Mesmo sabendo que não vou ganhar, mas valeu a pena tê-la feito. Frenesi foi representado no Festival, e Ponto!16

 

Off Topic: Dook, brigado, por causa de você, peguei o anjo da semana. Você não deve ter a mínima ídeia do que estou falando, mas obrigado assim mesmo!0606

 

Anjo da Semana no BBBCeC

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Nem tanto, Jail. Eu vejo como uma oportunidade de, quem não viu o filme, se interessar por esse filme pouco conhecido do Hitch. Você sempre foi um defensor ferrenho desse filme, não imaginaria outro filme para a sua crítica.

Aliás, foi exatamente com esse intuito, de aguçar a curiosidade de quem ainda não assistiu, que eu coloquei as fotos dessa maneira, assim, quem, por acaso, ler a sua crítica, poderá "visualizar" o filme. Espero que dê certo...Como você mesmo disse: "Frenesi" foi representado no Festival!!!!!16
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Jailcante, sua crítica de Frenesi está muito boa. A cena no caminhão das batatas é ao mesmo tempo tensa e hilária.  Filme excelente, merecia mesmo ser representado aqui. Abaixo segue a lista dos filmes do Mestre q já tive o privilégio de assistir, e q tb fazem parte da ,minha amada coleção de filmes.

 

Alfred Hitchcock

Agente Secreto

DVD

Alfred Hitchcock

Assassinato

DVD

Alfred Hitchcock

Chantagem e Confissão

DVD

Alfred Hitchcock

Correspondente Estrangeiro

DVD

Alfred Hitchcock

Cortina Rasgada

DVD

Alfred Hitchcock

A Dama Oculta

DVD

Alfred Hitchcock

Disque M Para Matar

DVD

Alfred Hitchcock

Festim Diabólico

DVD

Alfred Hitchcock

Frenesi

DVD

Alfred Hitchcock

O Homem Errado

DVD

Alfred Hitchcock

O Homem que Sabia Demais

DVD

Alfred Hitchcock

Interlúdio

DVD

Alfred Hitchcock

Intriga Internacional

DVD

Alfred Hitchcock

Janela Indiscreta

DVD

Alfred Hitchcock

Ladrão de Casaca

DVD

Alfred Hitchcock

Marnie, Confissões de uma Ladra

DVD

Alfred Hitchcock

Pacto Sinistro

DVD

Alfred Hitchcock

Os Pássaros

DVD

Alfred Hitchcock

Pavor Nos Bastidores

DVD

Alfred Hitchcock

O Pensionista

DVD

Alfred Hitchcock

Psicose

DVD

Alfred Hitchcock

Rebecca - A Mulher Inesquecível

DVD

Alfred Hitchcock

O Ringue

DVD

Alfred Hitchcock

Sabotador

DVD

Alfred Hitchcock

Sabotage

DVD

Alfred Hitchcock

A Sombra de uma Dúvida

DVD

Alfred Hitchcock

Suspeita

DVD

Alfred Hitchcock

O Terceiro Tiro

DVD

Alfred Hitchcock

Topazio

DVD

Alfred Hitchcock

A Tortura do Silêncio

DVD

Alfred Hitchcock

Trama Macabra

DVD

Alfred Hitchcock

Um Barco e Nove Destinos

DVD

Alfred Hitchcock

Um Corpo que Cai

DVD

Alfred Hitchcock

 

 

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Ainda posso participar' date=' Silva? Fiz uns comentários bem divertidos, estilo comercial na lista. 06[/quote']

 

Até pode, só não vai concorrer aos prêmios. Se quiser publicá - la, fique a vontade.

Sem problema, acabei de mandar.

 

Não tem nem um isqueirinho, não?06

Aproveitando o ensejo: "só porque eu ia ganhar" 06
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Boa Noite a Todos!!! Estamos chegando na reta final desse festival. Amanhã publico a penúltima lista desse festival, e na segunda publico a última, e aí eu e alguns usuários do fórum escolhidos a dedo me ajudarão a escolher os vencedores. Mas hoje temos uma pequena supresa. Temos uma lista fora de competição!!!!

Bom, como vocês viram, o filmesking acabou de me mandar uma lista com 10 filmes fundamentais do mestre na opinião dele, mas uma crítica (na verdade uma pequena dissertação sobre o que caracteriza o Hitch como "Mestre do Suspense"). particularmente eu gostei muito da lista dele, e acho que ela incrementaria o nosso festival. Sendo assim, com vocês a lista (fora de competição) do...

 

 

scenery_water_mountains.jpg

 

filmesking 

 

Lista

 

1. Um corpo que cai- Meu primeiro e preferido filme do mestre...Ahm, Hum, éeeeeeeeee.............17<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><?:NAMESPACE PREFIX = O />

2. Psicose- Vc já sentiu medo do lobo...ops, da vovózinha? Poisé, vai sentir.

3. Festim diabólico – Um filme inspirado, sem dúvida, em crime e castigo, e que possui, também indubitavelmente, a mesma grandiosidade em termos cinematográficos que o primeiro teve em literários. (Por que Hitch não filmou Crime e Castigo ?)

4. Janela indiscreta- Um homem faz de sua rotina observar a rotina dos outros. O suspense começa quando uma pequena alteração na rotina destes causa uma grande, na daquele; e uma maior ainda, na sua.

5. Frenesi - veja abaixo

6. Pacto Sinistro- Vc já jogou pela sua vida? Esqueça jogos mortais(06), por favor, porque isso é muito mais amargurante. E, caraca, que cena é aquela do isqueiro que me deixou literalmente arrancando os cabelos?

7. O homem errado- Vc acha que prisão é brincadeira? Então, assista a esse filme que descobrirá que ela não é apenas um cubículo, mas algo muito pior.

8. Os pássaros- Nem tudo na vida tem explicação, até mesmo os bichos mais inofensivos podem se tornar perigosos no filme mais forte e tenso de Hitchcock.

<?:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" /><?:NAMESPACE PREFIX = ST1 />9. A dama oculta- No filme mais divertido, mas nem por isso menos tenso, Hithcock nos introduz a dupla que melhor funcionou em seus filmes.

10. Topázio – Espionagem? Esqueça 007.06

 

Crítica

 

Antes de tudo, gostaria de dizer que isso não é propriamente uma crítica, porque a última é voltada às pessoas que não assitiram ao filme, contendo sinopses que, embora até agradáveis de ler, já se tornaram sacais para mim. É com isso em mente que escrevo o que  é mais um comentário acerca da razão do Hitchcock ser um mestre e de como isso foi identificado por mim em determinado filme.

 

062.jpg

 

Alguém já conseguiu adivinhar o que aconteceria em algum filme do senhor Hitchcock? Deixem-me responder essa pergunta com uma negativa e ainda afirmar que tal façanha é praticamente impossível, não existe ser que não seja ludibriado pelo mestre das sutilezas e do suspense. Sim, mestre das sutilezas primeiro, pois sem este o último não seria possível ou, pelo menos, não teria tanto apelo.

 

079_1964.jpg

 

O que foi dito acima não é nada exagerado, muito menos, difícil de perceber, mas só fui me dar conta agora ao assistir a “Frenesi”. Não que eu o considere o melhor filme do Hitchcock, mas porque podemos identificar muito claramente os perfeitos traços traçados(dando uma de Saramago aqui) pelo diretor, de modo a manipular com sucesso o espectador.

 

077.jpg

 

Um exemplo é a cena em que vemos o personagem principal olhar de maneira estranha ao dinheiro que tentaram tirar de seu bolso em um dormitório. Alguns podem estar se perguntando porquê isso é espetacular, todavia esses não assistiram ao filme; caso contrário, saberiam que esse simples ato passa a impressão de que ele matou a sua ex-esposa. Mas essa idéia é por demais óbvia e logo é descartada por nós espectadores, por isso o mestre, logo em seguida, mostra-nos a esposa sã e salva em seu escritório, o que nos causa a impressão de que o ex-marido a roubou, mas isso também é falso, como é constatado, para nossa surpresa, em alguns minutos a mais da película.

O filme também mostra, entre várias outras coisas, a crua indiferença do mundo, com a facilidade de fazer a câmera partir em retirada; o quão pode ser prejudicial a extrema racionalidade humana, com um divertido diálogo à mesa de jantar; e o egoísmo humano, sendo este último desnecessário ou não muito bem executado, na minha humilde opinião.

 

136.jpg

Vc está achando pouco? OK, mas considere que essas pequenas grandes tiradas acontecem durante todo filme, e aí está a razão por esse ser mais um exemplar do brilhantismo desse grande diretor.

silva2007-03-06 12:38:21
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Bom Dia a Todos!!! Como eu disse ontem, hoje publicaremos a penúltima lista desse Festival!! Desde já agradeço a todos que prestigiaram esse tópico antes e durante a exibição das listas. Isso prova que ainda temos pessoas interessadas em um bom cinema, além de mostrar que o Cineclube, mesmo sem o seu "mentor e criador" Nacka, ainda terá muita lenha para queimar!!!16

 

Essa penúltima lista é de um usuário que já mostrou a que veio em um outro Festival, tanto é que já ganhou um DVD graças a esse festival!!! Será que ele ganha de novo??? Pelo menos ele já adotou a mesma tática: dizer que não têm chances de ganhar...06 Com vocês, a lista do....

 

dn1pr1.jpg

 

Rubysun

 

Bom, aqui estou eu.. <?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

 

Lista:


01. Psicose (1960)

02. Os Pássaros (1963)

03. A Sombra de uma Dúvida (1943)

04. Intriga Internacional (1959)

05. Pacto Sinistro (1951)

 

Eu preferi variar nas citações; a bem da verdade, são poucos os que negam que naquele período entre 58 e 63 o Hitch estava mesmo com a macaca, fazendo obras como Um Corpo Que Cai, Psicose, Os Pássaros, além de ter feito Janela Indiscreta em um curto tempo antes. A bem da verdade eu não vi tantos filmes do Mestre quanto eu gostaria (quem dera, com uma filmografia curta como a dele 06), mas Psicose e Intriga Internacional são interessantes para se ver a narrativa dele, um pouco mais normal e lenta no primeiro e no segundo uma completamente surtada e frenética; Os Pássaros e A Sombra de uma Dúvida são interessantes em se estudar as maneiras como Hitch cria o suspense. Pacto Sinistro é mais ou menos uma mescla dos dois aspectos... além do mais, esse tem duas das cenas mais bem filmadas pelo Hitch (o assassinato e a cena final), e é junto com Intriga Internacional, o filme mais fácil de se localizar a ponta do diretor. 06

 

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Crítica: Psicose (1960)

 

Janet Leigh tomando banho, relaxando em um motel, sozinha, escondendo-se de um roubo. O que vem a seguir é provavelmente a cena mais famosa da história do Cinema. Se você nunca viu/ouviu falar nela, considere-se alguém de, hum, sorte, pra ver o filme. 06 Porque esse é o tipo de coisa que foi tão difundida que você já nasce sabendo, ou seja, você pode até não saber, mas quando ver você falará: a-há, é isso! 06

 

 

19.jpg 

[a partir daqui, spoilers]

 

Essa cena significa muito mais do que um susto daqueles, com o brilhantismo icônico do compositor Bernard Herrmann por trás. O filme mesmo tem cenas muito mais assustadoras que essa. Ela é um twist dos mais bem-feitos, e sedimenta a característica do filme não ter protagonistas. Até aquele momento, o filme falava sobre uma mulher (talvez uma vagabunda qualquer, uma primeira dúvida fica no ar) que tinha seus problemas, roubou dinheiro e fugiu. Depois, com uma segurança de dar inveja, o foco da história muda, corte para a irmã da ex-protagonista procurar um detetive e ir investigar o caso. Isto, a maestria do storytelling já se dá na primeira metade, e Hitch vai dando os fatos de maneira a usar já seus artifícios de suspense, como se aquilo fosse o principal (o que é filmado na hora em que Leigh dirige o carro, a tensão já está lá, mas não está nem começando). E Herrmann mostrando que a trilha é muito mais que violinos estridentes.

 

07.jpg 

Anthony Perkins. Por mais que Hitchcock tratasse seus atores como gado, não há como não dizer que eles não desempenham um papel importantíssimo em seu filme (e olha que não é nem uma estrela à la James Stewart, por exemplo). Perkins está perfeito em seu papel. Nas diversas aparições do assassino, você percebe que as roupas que usa são, claramente, de uma mulher. Porém não há suspeitos além do dono do Motel Bates, e seu Norman tem um comportamento aparentemente normal, mas que Hitch sutilmente vai mostrando (em alguns planos em que ele está de costas para a pessoa na qual ele conversa, por exemplo, em que ele dá aquele olhar de psycho killer), que esse comportamento nem é tão normal. Mas você nunca suspeitaria que era ele vestido de mulher. Quer dizer, pelo menos por mim. Mas a dúvida no momento é que constrói a sensação de suspense, a dúvida sobre o que é verdade ou não, de como aquelas imagens estão te enganando aparentemente. Você não tem a clara noção, que vai sendo esclarecida mais pro final, mas a sensação na primeira assistida é simplesmente desnorteadora. Coisa de gênio.

 

66.jpg 

É nisso aí que ele vai compondo o rocambole de sua trama: o espectador fica desconfiado sobre o que são aquelas conversas de Norman Bates com sua mãe, que deveria estar morta, e a vitalidade com que isso é feito (pelos atores e pelas imagens que Hitch seleciona para mostrar e editar) constitue na graça da dúvida e na sensação de suspense que vai te sufocando durante o filme inteiro.

 

57.jpg 

Apresentando coisas cada vez mais bizarras; a morte do Inspetor Arbogast, a cena na escadaria da mansão, a verdadeira aparição da Sra. Bates. Aliás, tenho plena certeza de que o Hitchcock se divertiu à beça com essa cena, que chega a quase ter um apelo camp nos dias de hoje. Seria a cena em que você realmente descobre o assassino, e vem aquilo da maneira que é. Não tem como não ser proposital, e ainda assim é terrivelmente assustadora. É o clímax do filme, e na hora em que aparece Norman Bates com as roupas de sua mãe é como se o espectador finalmente pudesse respirar e parar para descansar depois de quase duas horas de tensão pura, na maior simplicidade macabra que a direção do Hitch pode te causar.

 

32.jpg 

A ressalva fica pra explicação mastigadinha do psicólogo, sobre as intenções do Norman Bates, depois da cena no porão. Quer dizer, nem chegou a me incomodar de verdade, de tão fascinado que eu estava com o resto. Ouvi dizer que era o fim do contrato do AH com a Universal - tanto que era o primeiro filme em preto-e-branco dele desde um tempinho já - e talvez precisasse de alguém pra dizer pro grande público quais eram as motivações do serial killer.

 

12b.jpg 

Mas isso é compensado, por um Norman Bates na camisa-de-força e aquela cara de psycho killer, pensando alto para os espectadores. A trama do filme nem é nada complexa (o rocambole que eu disse lá atrás é mais porque eu acho a palavra engraçada 06), pra falar a verdade é bem simples: uma mulher é assassinada e vão investigar. Ah vai, no meio tem a questão dela ser uma fugitiva, e o desenvolvimento da questão do serial killer (o personagem é um dos que Freud explica). Mas o que vale é o desenvolvimento pouco usual (talvez um rocambole light aqui se aplica), do suspense 'normal' criado no começo, ser descartado com umas facadas no chuveiro pra dar lugar para o suspense da desconfiança (e um psycho man massa), em que você fica o tempo todo perguntando o que é verdade e o que é mentira - uma das essências do cinema, talvez, manipulação talvez. E Hitchcock é um dos maiores manipuladores, tem a platéia na mão, pelo menos foi que essa obra-prima fantástica que é Psicose, funcionou para mim.

 

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Por que Hitchcock é conhecido como o Mestre do Suspense:


Sei que escrever um texto integral pode ser muito mais completo, mas preferi organizar assim e ser mais dinâmico (aka mais rápido de ler 06)

 

a) porque a persona dele era muito excêntrica; e combinava vários fatores como ego, qualidade com o público, suposta arrogância e ser recluso; ter 1m70 e 150 quilos... além de seus famosos cameos; todo filme tinha uma ponta, nem que por um segundo, do gorducho aparecendo na tela.


B) é autor de muitas teorias clássicas como a da bomba:

"Estamos conversando e a conversa é banal ... De repente, BUM, uma explosão. O público fica surpreso, mas antes lhe foi mostrada uma cena absolutamente sem interesse. Agora, examinemos o suspense. A bomba está debaixo da mesa e o público sabe... O público sabe que a bomba irá explodir a uma hora. Há um relógio no cenário que mostra que são quinze para uma. A mesma conversa desinteressante torna-se de repente interessantíssima por que o público participa da cena. No primeiro casa oferecemos quinze segundo de surpresa no momento da explosão. No segundo nós lhe proporcionamos quinze minutos de suspense. A conclusão disto é que é preciso informar o público (torná-lo cúmplice) sempre que possível, a menos que a surpresa seja um twist, isto é, quando o inesperado da conclusão constitui a graça da anedota."

(vista em A Sombra de uma Dúvida, deixando o thriller ainda mais intenso justificando o resto do filme em apenas um travelling no início com Joseph Cotten olhando para os dois caras que o perseguem; o que cria toda a expectativa em torno da identidade do personagem), além do termo do McGuffin, visto em Psicose, na trama inicial do roubo e os surpreendentes 4 protagonistas. O que seria mais ou menos uma subtrama inicial, que parece principal, mas que é conduzida de maneira que ela passe a ser secundária, num pequeno toque, ou twist.


c) a maneira na qual ele trabalha: perfeccionista, atores são como gado, e "when an actor comes to me and wants to discuss his character, I say, 'it's in the script.' if he says, 'but what's my motivation?, ' I say, 'your salary''' ("quando um ator vem à mim e quer discutir seu personagem, eu digo 'está no roteiro'. se ele diz, 'mas qual é a minha motivação?', eu digo, 'o seu salário'"). a estética visual do Hitchcock era o principal motivo, a meu ver, de seu sucesso, mas ele exigia que tudo estivesse pronto - roteiro, cenários - antes de ele entrar no set. e o perfeccionismo, alternado com a relevância que o diretor tinha em Hollywood atribuía mais à sua persona excêntrica


d) em termos de filmografia ele é um dos mais completos de todos os tempos; cinéfilos correm atrás de todos os seus filmes e a cada 40 filmes, geralmente desgostam de no máximo 3. além de seus filmes serem um sucesso; o subtítulo Alfred Hitchcock's nos filmes era suficiente para encher algumas salas de cinema.


e) o mais óbvio: seus filmes são legais! :D
silva2007-03-06 12:48:08
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Boa tarde a todos!!! Hoje será publicada a última lista desse Festival!! mais uma vez quero agradecer a todos que colaboraram com o sucesso desse Festival, seja mandando as listas, seja comentando - as, ou até mesmo simplesmente entrando nesse tópico e lendo as resenhas publicadas. Até o final desse mês, publicarei o resultado final com os vencedores desse Festival. Enquanto isso, aqueles que participaram poderiam postar aqui qual o filme do mestre que gostariam de receber....

 

E esse Festival terminará em grande estilo!!! A última lista é de um usuário antigo (talvez um dos mais antigos do fórum)!! Ele já foi moderador, é reconhecido por não ter papas na língua e coleciona desafetos por aqui pelo seu estilo agressivo. Com vocês, a lista do...

 

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Dook

 

FILMES HITCHCOCK<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><?:NAMESPACE PREFIX = O />

 

1) VERTIGO (1958) – A obsessão de um detetive por uma loira é uma projeção do próprio Hitch que, segundo as más línguas, tentou transformar as loiras com que trabalhou na loira dos seus sonhos: Grace Kelly que acabara de abandonar sua carreira no auge para se casar com o príncipe de Mônaco e morrer misteriosamente duas décadas depois. James Stewart é o alter-ego do mestre nesta obra prima que mostra o amor sob uma faceta sombria e obsessiva. Hitch manipula o expectador com maestria ao mesmo tempo em que entrega uma direção povoada de cenários saídos de um pesadelo. Assustador em um nível completamente diferente do tradicional, principalmente ao percebermos o quanto o protagonista se deteriora emocionalmente em virtude de um amor obsessivo, Vertigo é um desses filmes que revela uma nova faceta a cada revisitada.

 

2) PSICOSE (1960) – Um filme com narrativa simples (como era o costume do mestre), feito com orçamento reduzidíssimo, porém extremamente poderoso, complexo e elegante. É também o mais macabro e bizarro do Mestre. Mistério, psicologia e repressão sexual juntos num só pacote naquele que é o filme mais conhecido e amado de Hitchcock. Ideal para quem quer começar a se aventurar pela filmografia do gordinho.

 

3) JANELA INDISCRETA (1954) – Tido por muitos como a maior obra prima do mestre, Janela Indiscreta é, acima de tudo, um achado técnico, uma concepção cinematográfica irrepreensível. Mas acima de tudo o filme mexe com a nossa vontade intrínseca de bisbilhotar a vida alheia da forma mais sorrateira e mordaz possível.  O apelo do filme com o seu público vem justamente pelo fato de todos nos vermos ali, na situação do ocioso e desagradável personagem de James Stewart, um fotógrafo ‘de molho’ depois de um acidente que só reclama da vida, se sente desconfortável (sem motivos) com seu relacionamento com a deusa Grace Kelly e, graças ao ócio que rege os seus dias, dedica seu tempo precioso em observar a vizinhança. Uma hora a coisa engrossa e o Mestre coloca suas garrinhas de fora e nos faz contorcer na cadeira.

 

4) PACTO SINISTRO (1951) – Uma obra prima que dosa de forma brilhante, suspense e humor negro na história da ‘troca de crimes’ e, mais uma vez, no tema ‘homem inocente acusado injustamente’. A exemplo do apuro técnico de Janela Indiscreta, Hitch aqui mostra mais uma vez que o cinema é a arte da imagem e poucas imagens na história do cinema são tão arrebatadoras quanto aquela envolvendo um óculos em primeiro plano revelando uma imagem distorcida a qual não direi qual é para não estragar a surpresa de quem viu. E, para completar o banquete, o Mestre nos leva ao carrossel para nos dar um de seus melhores finais. Desse jeito, não há unhas que resistam!

 

5) A SOMBRA DE UMA DÚVIDA (1942) – Aquele que é considerado o filme preferido de Hitch é, a exemplo de Psicose, um filme simples em sua estrutura, porém elegante e emocionalmente complexo. Além de ser mais uma aula de técnica, mais uma aula de suspense, A Sombra de uma Dúvida é sobre o amadurecimento. Sobre o momento em que todos deixamos definitivamente de sermos ingênuos para percebermos que a vida nos ensina as coisas na base da porrada e que o mundo vai além do nosso quarto, onde fazemos questão de criarmos uma realidade própria e alternativa, nos fechando numa espécie de bolha de plástico. É exatamente o que acontece com a Charlie (a lindíssima e saudosa Theresa Wright) quando a sua família recebe a visita do Tio Charlie (Joseph Cotten). É a chance para Charlie girl sair do marasmo de sua vida ao voltar a conviver com o tio que é ‘o espelho’ dela... Entretanto o que ela recebe é uma lição de vida, emoldurada no velho estilo de suspense tenso que só o mestre sabe desenhar. Simplesmente obrigatório.

 

 

 

Crítica - PSICOSE (1960)

Com: Anthony Perkins, Vera Miles, John Gavin, Janet Leigh, Martin Balsam.

 

Depois que assisti Um Corpo que Cai, vi que Psicose tinha perdido seu primeiro lugar no top de best viewed Hitchcock films. A complexidade da história do detetive com acrofobia que calha de ficar obcecado pela loira suicida esposa de seu amigo me cativou por completo, em detrimento da simplicidade temática de Psicose. Pelo menos foi assim que pensei na época.

 

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Entretanto, ao ver inúmeros outros filmes do Mestre para o Festival, fui percebendo aos poucos o quanto Psicose era elegante e um achado único na filmografia hitchcockiana. Tecnicamente o filme é um desbunde, planos maravilhosos, mcguffin soberbo ocupando quase metade do filme todo (ousado para época), trilha sonora estupenda e atuações contidas e sublimes, fugindo do exagero teatral que as atuações cinematográficas tinham naquela época (e que em 1960 já estava meio em desuso).

 

Mas Psicose não é apenas um technical achievement. Embora Hitchcock não se projete neste filme como fez em outros, ele trata de assuntos fortes, nominalmente a MÃE e o SEXO, duas coisas completamente antagônicas que se chocam aqui resultando num filme perturbador.

 

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Hitch também fala de armadilhas. Em determinados momentos de nossa vida, parecemos estar presos em armadilhas particulares, como bem salienta Norman Bates em um determinado ponto do filme. Marion Crane tem a sua armadilha, Bates tem a sua armadilha, Lila tem a sua (que terá uma conclusão súbita <?:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" /><?:NAMESPACE PREFIX = ST1 />em Psicose II) e por aí vai.

 

Mas é na relação mãe e sexo que está a força de Psicose. Certa vez ouvi minha mãe falar que o primeiro modelo sexual do filho é a sua mãe. Naquela época, não concordei e tb não tinha visto o filme. Após vê-lo, revê-lo, analisa-lo, tudo ficou mais claro quando Norman diz ‘o melhor amigo de um menino é a sua mãe’. Existe uma relação de dependência, em um nível sexualmente inconsciente, entre os meninos e suas mães, considerando que elas nos amamentam por meses e quando crescemos e nos relacionamos com as mulheres qual é uma das coisas que queremos mais? Desbravar os detalhes dos seios de nossas namoradas/esposas. É o nosso relacionamento com as nossas mães que determinam muito de como iremos lidar com as mulheres lá fora.

 

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E é justamente esse complexo mosaico de fatores que piram Norman Bates e fazem dele um personagem tão fascinante e complexo na filmografia hitchcockiana. Um rapaz sensível (atrativo para as mulheres), simpático (atrativo para as mulheres), boa pinta (atrativo para mulheres), mas emocionalmente é um menino que ainda não desmamou e que não quer largar os mamilos da mamãe, ao mesmo tempo em que quer provar o gosto dos mamilos das outras mulheres lá fora... ‘Tira essa vagabunda da minha casa’ diz a mamãe furiosa... A mamãe não deixa de ter razão! Nossas mães viram verdadeiras Sra. Bates quando nossas namoradas nos deixam, nos trocam por caras com um carro do ano, conta bancária mais gorda ou, simplesmente, nos trocam por um outro cara que faz academia 3 vezes na semana ao invés de 1 vez a cada 5 anos como é o caso de muitos de nós.

 

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Psicose é, também, a batalha entre as mamães e as mulheres ‘do mundo’ que ‘pervertem os meninos’. Alguma mãe gosta de ver seu filhinho querido indo com os amigos para um prostíbulo? É o SEXO que tira os meninos de suas mães e os coloca nos braços (ou nas vaginas?) das mulheres ‘do mundo’. E aí gera-se o conflito. Impedir o sexo? Impossível. Quem ganha a parada? Aquela que tiver uma faca à disposição. No caso de Psicose, a Mãe levou a melhor.

 

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Essa questão sexo-mamãe foi tema de vários filmes, encontrando um derivado interessante no primeiro Sexta-Feira 13, mas é aqui que encontra-se a gênese da coisa toda. Norman precisa da mamãe, pois é ela que o protege do ‘mal’ lá fora... Mas Norman também precisa da ‘mulher do mundo’ para existir enquanto homem, enquanto macho de sua espécie. A mamãe vai deixar? Estaria a mamãe disposta a dividir o filhinho? Acho que cada um de nós, meninos, temos histórias para contar que corroboram a tese de que a mamãe não quer dividir o filhinho. Acho que muitos de nós (eu, incluído) também temos um pouco dessa figura perturbada e emocionalmente repreendida e imatura chamada Norman Bates. Nós também temos dificuldade em largar as mamães e irmos embora com as ‘mulheres do mundo’... Muitos de nós apenas trocam de fêmeas e a figura da mamãe é transferida da mamãe original para a atual namorada/esposa...

 

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Se Freud estivesse vivo, Psicose certamente lhe faria escrever todo um estudo sobre a nossa relação com as nossas mamães.

 

 

- POR QUE HITCH É O MESTRE DO SUSPENSE?

 

Existe uma anedota curiosa sobre o Hitchcock. Uma bela noite, sua esposa Alma estava assando um frango no forno novo que ambos tinham comprado há alguns dias. Hitch prostrou-se diante do forno e começou a demonstrar uma inquietação diante do funcionamento da máquina e isso despertou o interesse de Alma que lhe perguntou o que estaria fazendo ali. Hitch respondeu: ‘O que está acontecendo ali dentro? Como o frango entra cru dentro do forno e sai pronto para ser servido? Terminado o processo de assar o frango, Hitch se levantou e disse: ‘Vamos comprar um novo forno, desta vez com luzinhas lá dentro para eu poder ver o que acontece enquanto o frango é assado.’ Hitch não agüentou o suspense de não conseguir ver o que estava rolando com o frango dentro do forno.

 

Isso talvez explique a forma como Hitch contava suas histórias. Ele fazia conosco o que o forno fez com ele: instigou-o, deixou-o ansioso. Essa ansiedade, esse nervosismo, são as bases do suspense. Suspense não é terror, não é gore, não é violência. É tão somente a dilatação de um período de tempo em que uma coisa está prestes a acontecer e nunca acontece. Hitch era o mestre do suspense pq ele mesmo projetava nos seus filmes as suas ansiedades, ele queria que nós sentíssemos o mesmo que ele sentia. Hitch sabia que nós éramos como ele, que nós também nos contorcíamos para ver o que estava rolando dentro do forno.

 

É essa simbiose entre artista-e-público que fez de Hitch a figura tão popular e genial que era. E o maior legado está aí: seus filmes, muitos deles conseguindo sobreviver incólumes em uma arte que se modifica constantemente.

 

 

silva2007-03-06 12:54:45
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