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Forum Cinema em Cena

Oscar 2017: Previsões


SergioB.
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Serve a um bom exercício comparativo confrontar o excelente "Fire at Sea" e este excelente "4.1 Miles". O que um evita, o outro explicita. O que é relato diuturno, no outro é imagem flagrante do real. A diretora indicada, Daphne Matziaraki, é uma jovem grega, que ganhou com o curta o prêmio estudantil da Academia em 2016.

 

Dramático, comovente, agoniante. Ia escrever "urgente", mas sinto que a pauta do mundo mudou. embora o problema não tenha fim. 

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"Silence" separa os homens dos meninos.

 

"É longo"; "é cansativo"; "poderia ter 40 minutos a menos", "muito parado", "chato", "zzzzzz".

 

O processo de imbecilização da sociedade pode ser constatado quando nos deparamos com esse tipo de reação. O cinema agora só é bom quando é agil, dura menos que duas horas, e é feito de cortes mil. Filmes de 161 minutos como "Silence" são encarados como desafios à rotina (cada geração tem um "Sátantangó" que merece). Afinal de contas, ninguém tem tempo a perder. 

 

Como acompanho Oscar há muito tempo, sempre temi pelo lançamento tardio de qualquer filme jogado para os confins de dezembro. "Silence" não foi visto, como prova sua bilheteria, nem teve tempo para ser discutido, estimado, ou ser suficientemente embalado pelo marketing. No início das previsões, era meu virtual papa-Oscar. Trouxa eu? Sim, sempre. Subestimei seu aspecto pouco americano, seu tema indigesto, sua profundidade incomunicável.

 

Pois é, ele é duro, é complexo, é agoniante. É difícil, also, de ser gostado. Como sempre ressalto, "gostar tem muitos caminhos". Assim como Deus. Que a genial Hilda Hilst tratava por "D_us", assim mesmo, como uma letra faltando. Porque é na falta, ou no silêncio, que ele está. 

 

Roteiro fidelíssimo ao livro; com um show de atuação dos atores japoneses; um Andrew Garfield dando conta do recado (embora não esteja excepcional. Implico com os vários movimentos de cabeça em negação dele - o que para este filme - é um gesto que não cabe bem) em um papel muito difícil; uma fotografia naturalística ( não exatamente o aspecto técnico que mais me encantou); um trabalho de som excepcional - dada a ausência de música- que valeu-se do som de cigarras, chuva, mar, pássaros; um design de produção que limou a opulência artística japonesa para privilegiar a esterilidade da forma; enfim, eu, como ateu, adorei o filme (E ainda tem "risada amalucada", gênero de cenas que eu coleciono).

 

E é o meu ateísmo que me faz entender muito bem o que é a perseguição, o que é a resignação, e o que é o silêncio.

 

Martin Scorsese, louvado seja!

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O Gust84 postou ontem um vídeo que destaca o papel da linguagem no cinema. Como indica a conhecida frase do Lacan: "Il n`y a pas de hors-texte", "não há nada fora do texto". Lacan quer dizer que somos seres textuais: não é que a linguagem expressa o pensamento; não, a linguagem faz mais que isso, ela constitui o pensamento! Daí meu apreço cada vez maior por "Arrival", pela sua compreensão semiótica da comunicação.

 

Este nariz de cera é só pra dizer que entendo a profundidade de "20th Centurry Women" para além dos limites de uma simples comédia bem feita, e para além da questão feminina. "Manchester By the Sea" e este novo filme de Mike Mills trabalham a linguagem no diapasão do Realismo do jeito que eu mais amo: sem usar palavras de alarde. Na verdade, "Manchester by The Sea" faz isso em sua inteireza, por isso meu voto em Roteiro Original seria para ele. Não há frases de feito. Todas as frases são mundanas, do jeito que uma pessoa comum falaria, e não como um sábio, ou um ilustrado falariam. Em "20 Century Women", é preciso que haja frases de efeito pois quer-se mostrar a originalidade, a excentricidade, e a inteligência daquela mãe e daquela família. De todo modo, Lonergan e Mills são superescritores, os dois verdadeiras bênçãos na indústria, profissionais prosadores. Sim, muita gente poderia dizer que eles são "poetas", como uma forma de elogio. Mas querendo ser gentis, estarão errados. A unidade do poeta é a palavra, a unidade do prosador é a frase. Eles são prosadores da melhor qualidade, além de organizarem a ação dramatúrgica muito bem ( função basilar do roteiro). Pensem na cena da Michelle Williams, sim, naquela cena, "a" cena: não há nenhuma palavra espetaculosa naquele diálogo; ao contrário, ele é poroso, quebrado, não há nenhum vocábulo tirado do fundo de um dicionário, que feche o filme com efeito de 5 minutos. Ao contrário, tudo é banal, convincente, e realista.

 

Mas, voltando ao foco, "20th Century..." requer frases estupendas! Senão a família especial não seria especial. E é preciso dizer que aqui é outro acerto, um acerto que vem desde "Begginers": a elaboração de uma nova forma de família - sem núcleo, sem árvore genealógica, família antiBolsonaro, família de laço de afeto. E é numa reunião à mesa, como convém às famílias, que a palavra menstruação nunca mais será a mesma no cinema. Que cena! E o que é a frase na boca do ator certo: Billy Crudup, Greta Gerwig, o rapazinho, putz, arrasaram. Cadê esse povo no SAG de elenco? Mais uma vez o lançamento tardio prejudica a carreira de um filme.  Mas o filme não seria espetacular se não fosse "la" Bening! Dei risada de um carinha que berrou na internet: "Justice for Annette!!!" É bem isso. Daqui pra frente, além de "LulaPresoAmanhã", este será um lema a proferir-se. Que atuação! É claro que...qualquer atriz daria um banho com esse personagem. Grande parte do mérito cabe ao Roteiro. Mas ela conseguiu passar toda a humanidade da personagem. As cenas de dança me encantaram. É uma enciclopedia de gestos e expressões. Como é que essa mulher não tem um Oscar, gente? "Justice for Annette!!!".

 

É preciso escrever isso em letras garrafais. Vamos colar pôsteres nos muros. Contratar um avião para fazer propaganda na praia. Inserir em biscoitos da sorte. Justice for Annette!

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Deixei "Life, Animated", para o finzinho, pois achei que seria bobo, e - Nu!!! - que coisa maravilhosa! Fiquei emocionado. Sério que não tem chance? Ganhou o prêmio de direção em Sundance. Li algumas declarações de voto hoje, e todos votaram nele para documentário, pois o consideraram o mais otimista. Essa categoria todo ano me deixa sem saber o que fazer das mãos e dos pés. É muito talento, é muita história bonita, é muita história importante, é muita coragem.  Que montagem é essa? Profunda simbiose dos momentos da vida do cara com os desenhos da tela.

 

Este doc é do primeiro negro (e gay) a ganhar um Oscar de Direção, Roger Rosso Williams. Foi na categoria curta de documentário.

 

Minha única preocupação foi verificar se a Disney entrou como produtora, pois aí seria um pouquinho complicado, mas até onde pesquisei, não.

 

Ponto negativo: A presença da câmera, de per si, torna algumas situações mais auspiciosas do que realmente seriam caso não estivesse lá. Por exemplo, a entrevista de emprego. Não acuso de ser "armado", mas é quase artificioso. 

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"Borrowed Time", curta de animação: menos de 7 minutos, 5 anos de trabalho. Uma situação-limite, com a categoria ímpar dos profissionais da Pixar, embalada pela trilha do Gustavo Santaolalla, 

 

Primeira indicação dos animadores Andrew Coats ("Brave", Inside Out") e Lou Hamou-Lhadj ("Brave", "The Good Dinosaur"), e, segundo as palavras deles: foi feita pensando nos adultos. Para mostrar que qualquer história pode ser feita pela técnica de animação. Ninguém tem mais dúvida. O esqueleto do cavalo no final me impressionou. Mais dramaticidade do que muita coisa por aí.

 

Sensacional.

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"Blind,Vaysha", curta de animação: pouco mais de 8 minutos.

 

Chega a ser tenebroso pensar que todos nós olhamos o mundo, ou melhor, somos cegos, como Vaysha. A premissa batida da relação passado-presente-futuro sai rejuvenescida pelo trabalho desse búlgaro (embora a produção seja canadense) Theodore Ushev (primeira indicação).

 

 A animação parece um cordel. Um sombrio cordel.

 

 Maravilhoso!

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"Pear Cider and Cigaretes", outra produção canadense, é o mais diferente dentre os indicados em curtas de animação. Pra começar, é o mais longo, 35 minutos. Não conta a história através da animação, pois é narrado. Se por acaso a voz sumisse, não seria possível entendê-la adequadamente através do desenho. É dizer: a animação apenas ilustra o que é dito.

 

A respeito dos traços, parece uma HQ! Uma HQ que foi filmada. 

 

É legal, a música é ótima, é "indie" o suficiente para me entreter, mas...como cinema...não sei se seria merecido ganhar. 

 

 Robert Valley, primeira indicação. 

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Esqueci de colocar...

 

WINNERS ANNOUNCED FOR THE 19TH CDGA (COSTUME DESIGNERS GUILD AWARDS)

 

Excellence in Contemporary Film
La La Land – Mary Zophres

Excellence in Period Film
Hidden Figures – Renee Ehrlich Kalfus

Excellence in Fantasy Film
Doctor Strange – Alexandra Byrne

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 Que difícil comentar "The Salesman"!

 

 Com tudo do Farhadi, é complexo, é inteligente, é cheio de tramas e subtramas. É maravilhoso como ele consegue mostrar o irã como um país moderno (mais moderno do que julgamos), e, simultaneamente, caindo aos pedaços (neste ano, de fato, um dos edifícios mais icônicos de Teerã desabou). Mas por mais que o plot seja ótimo, simplesmente não é crível que AQUELA pessoa seja responsável por AQUILO!  

 

 Os atores, todavia, dão um show - lembrando que o protagonista foi premiado como melhor Ator em Cannes.

 

 Gostei bastante, mas, tendo visto todos os indicados, meu voto seria de "Toni Errdmann", sem dúvida.

 

 Ninguém sabe o que vai acontecer em Filme Estrangeiro! Há bons argumentos para sustentar a vitória dos filmes suecos, alemão, ou Iraniano. A verdade é que só saberemos quando o envelope abrir. O sueco (o pior de todos pra mim) é o mais popular; o alemão é o mais premiado; o iraniano vem com a força do boicote à nova política de imigração Trumpista.

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"Watani: My Homeland", 40 minutos aproximadamente. Primeira indicação de seus diretores.

 

Não é o tipo de documentário que eu gosto (não sou fã de muitos depoimentos), mas é impossível não se sensibilizar com os depoimentos, centrados nas crianças sírias. Eu sou muito coração mole, vejo uma produção como essa, que, teoricamente, eu não iria gostar, e já passo a gostar...

 

Em todo caso, é lindamente filmado. Cada tomada maravilhosa!

 

Vale a pena ver todos os curtas de documentários! Fico contente de constatar que, a cada ano, mais e mais pessoas acompanham a categoria com interesse.

 

Meu voto seria para "4.1 Miles".

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Chegamos ao final da temporada, com mais dúvidas no ar do que seria esperado, já que sabemos todos qual filme é o megafavorito. Só que nessas últimas semanas, não podemos cravar quem será o ganhador em: Filme Estrangeiro, Ator, Roteiro Original, Roteiro Adaptado, Figurino, Fotografia, Ator Coadjuvante, e Curta Documentário. Tem favorito nelas? Não. Tem aquele com uma estreita possibilidade maior de vencer, mas não é certo. Só saberemos quando abrir o envelope mesmo.

 

Ator: Casey ou Denzel?

 

Ator Coadjuvante: Ali ou Patel?

 

Roteiro Original: Lonergan ou Chazelle?

 

Roteiro Adaptado: Jenkins, Davies, ou Heisserer?

 

Figurino: Zophres ou Fontaine?

 

Fotografia: Sandgren ou Fraser?

 

Curta Documentário: Joe`s Violin ou  White Helmets?

 

Foi um ano marcado pela reação ao #OscarSoWhite da temporada passada. As medidas de rejuvenescimento e globalização da Academia, bem como, dira eu, de conscientização sobre a necessidade imperiosa de diversificação da indústria, funcionaram! Os 9 filmes indicados têm o seu valor, e alguns deles, digamos, os principais, são maravilhosos. O Brasil passou em branco novamente, ao jogar fora sua maior chance em anos com um mimimi da pior espécie, de ambos os lados; bem feito, toma na cabeça!!

 

Abaixo segue meu ranking top 10, considerando só filmes que mereceram alguma indicação. Logo "L`avenir", "Sing Street", "The Handmaiden", "Aquarius", "Deadpool", "American Honey", que eu julgo excelentes, ficaram de fora.

 

As posições 1 e 2 poderiam estar lado a lado, pois são os filmes que mais me deram satisfação como cinéfilo. São estupendos naquilo que se propuseram a fazer. Mas, não vou ficar armando touca -na vida é preciso escolher - no final, o filme que realmente encheu o meu cérebro (encher o meu cérebro é pra mim até um critério amoroso), que me emocionou, que eu vi o cinema aplaudir num sábado, 26-11-2016, no shopping Patio Savassi em Belo Horizonte, é este aqui embaixo:

 

Ranking top 10:

 

1) Arrival

2) La La Land

3) Toni Erdmann

4) Manchester By the Sea

5) Silence

6) Zootopia

7) Moonlight

8) 20th Century Women

9) Elle

10) Lion

 

Menções Honrosas: "Hell or High Water", "Jackie", "Hidden Figures", "Fences"; "Tanna"; "Fire at Sea", "Borrowed Time", "4.1 Miles". 

 

Pior filme indicado: Suicide Squad!!!!

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Ranking das 10 melhores cenas* do ano:

 

10) A festa do cabide em Toni Erdmann

9) O final de Lion

8) A revelação do que aconteceu ao personagem do Casey Affleck no passado

7 ) A cena da piscina de La La Land

6) A abertura de La La Land

5) A cena do bicho-preguiça funcionário público em Zootopia 

4) A cena do restaurante em Moonlight

3) A cena de Greatest love of All em Toni Erdmann

2) A cena de Michelle Williams e Casey Affleck em Manchester By the Sea

1) A cena de revelação do mistério em  Arrival

 

 

Menções honrosas: Natalie Portman ensanguentada em "Jackie"; O primeiro contato de Amy Adams e os E.T. s em "Arrival"; Emma Stone e amigas dançando em "La La Land"; A apostasia final em "Silence"; A cena final de Denzel Washington com o taco de Baseball em "Fences"; O primeiro beijo em "Moonlight", Andrew Garfield descendo os companheiros em "Hacksaw Ridge".

 

Pior cena: A música SABOTAGE dos Beastie Boys salvando o universo em Star Trek: Beyond.

 

* cena no sentido atécnico.

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