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  1. Pablito deu 5 estrelas.. (É preciso dizer que este texto traz spoilers do filme e que só deveria ser lido por quem já o viu? Bom, estou dizendo de todo modo.) As hipérboles me incomodam na crítica cinematográfica. Em 25 anos de carreira, posso contar nos dedos de uma mão o número de vezes em que usei, em um texto, expressões como “um dos mais (blábláblá) da história do Cinema” ou “nunca vimos nada como (blábláblá)”. No entanto, ao avaliar o resultado alcançado nos últimos 11 anos pela Marvel – sob comando do executivo Kevin Feige, que já colocou seu nome entre os grandes da profissão -, não consigo lembrar de outro projeto que tenha envolvido 22 filmes divididos em várias franquias que, convergindo aqui e ali, finalmente se encontram em um longa final que inclui todos os personagens (e numa batalha em que todos desempenham funções específicas!). Trata-se de uma narrativa tão ambiciosa que chega a ser difícil conciliá-la com o início promissor, mas comparativamente humilde, de Homem de Ferro ainda em 2008. A trajetória até aqui, claro, não foi sempre notável: enquanto a DC tropeçava ao tentar emular a atmosfera sombria, crua e eficiente concebida pelo Batman de Christopher Nolan (alcançando bons resultados apenas ao se afastar desta em Mulher-Maravilha e Aquaman), a Marvel abraçou sem reservas a fantasia e a leveza – mesmo que em boa parte de seus longas os heróis sofressem perdas irreparáveis. Porém, relendo meus textos sobre o Universo Estendido Marvel da última década (ou apenas ao tentar lembrar de cada um de seus “capítulos”), percebo como vão se misturando na memória em função da falta de diversidade estética entre os filmes individuais – com exceções importantes como os dois Guardiões da Galáxia, Thor: Ragnarok e Pantera Negra, por exemplo -, o que me parece uma oportunidade desperdiçada. Por outro lado, estas três horas finais da história que traz Thanos (Brolin) transformando metade do universo em cinzas abraçam sem reservas o tom sombrio que o tema exigia, abandonando as cores vivas que as precederam e substituindo-as por uma atmosfera melancólica e fatalista que se torna mais eficaz até mesmo pelo contraponto criado com a década anterior. Aliás, se um dos problemas recorrentes dos longas anteriores (até mesmo dos melhores) residia na sugestão de que a Marvel parecia determinada em transformar cada episódio em um trailer do seguinte, em Vingadores: Ultimato o estúdio se mostra empenhado em amarrar o maior número possível de pontas deixadas nos arcos de boa parte dos personagens – e, neste sentido, os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely se beneficiam do fato de terem que lidar com um número consideravelmente menor de indivíduos graças ao estalar de dedos de Thanos no capítulo anterior. O grande atrativo de Ultimato, por sinal, reside precisamente na dinâmica entre seus personagens e na maneira como estes são desenvolvidos de um ponto de vista dramático, já que creio não haver muitas dúvidas acerca do sucesso do grupo em desfazer as ações do vilão* (e foi justamente isso que, diga-se de passagem, diminuiu – ao menos, para mim – o impacto emocional que o desfecho do longa anterior poderia ter provocado, já que era óbvio que a Marvel não eliminaria heróis que atualmente ancoram algumas de suas franquias mais lucrativas). O resultado – admirável – é que boa parte das três horas de duração de Ultimato mantém o foco nos personagens, não em suas ações, investindo em um tom triste, sombrio e carregado de silêncio que deixa claro como, para aquelas pessoas, a ação de Thanos parece tragicamente definitiva, já que, ao contrário do espectador, não sabem estar no meio de uma franquia multibilionária. Aliás, quando as sequências de ação chegam (e é claro que chegam), sua força tem origem, em parte, no investimento emocional do público, que compreende como tudo aquilo é urgente para os heróis – e os irmãos Joe e Anthony Russo, que aos poucos se tornaram os condutores oficiais da série, conhecem bem o universo no qual estão trabalhando e não desperdiçam nenhuma oportunidade de explorar os momentos que sabem icônicos e que, exatamente por isso, podem soar como mero fan service (o que são em parte) embora sejam impactantes e, por isso, inevitáveis (pensem no instante com o martelo de Thor ou naquele em que o Capitão América diz uma frase que esperou 22 filmes para ser pronunciada). Além disso, os dois cineastas resgatam bem sua experiência com a comédia (adquirida em séries como Arrested Development e Community) e criam várias passagens genuinamente engraçadas que extraem seu humor de maneira orgânica a partir da personalidade dos personagens. (Aqui abro parênteses para comentar um instante breve, mas importante - aquele em que todas as super-heroínas se agrupam e atacam o exército liderado por Thanos (além do próprio) em uma espécie de “pelotão do empoderamento”. Considerando os protestos dos incels (involuntary celibataries ou, em bom português, “virjões”) diante do ativismo feminista de Brie Larson ao divulgar Capitã Marvel, é inevitável enxergar esta passagem como uma resposta à misoginia de parcela de seus fãs - mesmo que simultaneamente possamos apontar certo cinismo por parte do estúdio, já que estamos falando de poucos segundos em meio a horas e horas de filmes, mas ainda assim… é algo, um movimento na direção certa. Bem mais irritante é a insistência da Marvel em se vangloriar por incluir um personagem anônimo (vivido por um dos diretores) que menciona brevemente o namorado, como se isto fosse um imenso avanço na representatividade homoafetiva na franquia.) Contando com um roteiro sólido que já toma uma decisão fundamental no primeiro ato ao incluir uma elipse de cinco anos após o estalar de dedos de Thanos, Ultimato atira, nesta simples escolha, um peso colossal sobre os ombros dos heróis, que se veem obrigados a lidar com as consequências de seu fracasso por um período de tempo considerável, o que oferece aos realizadores a oportunidade de imaginar como cada um deles lidaria com algo assim e o que estas escolhas revelam sobre seus temperamentos. Assim, o Arqueiro (Renner) se torna um assassino impiedoso que desconta em foras-da-lei sua dor pelo desaparecimento da família (e não, Brasil de 2019, isto não é aceitável); a Viúva Negra (Johansson) se concentra em tentar manter em atividade algum vestígio dos Vingadores, que assumiu como sua família; Tony Stark (Downey Jr.) tenta construir uma nova vida como marido e pai; a Capitã Marvel (Larson) se converte numa espécie de deus ex marvel, surgindo quando é conveniente para o roteiro (sim, isto é um problema); Bruce Banner/Hulk (Ruffalo) por fim alcança um equilíbrio entre suas duas personas (e esta é a versão digital mais convincente do personagem até hoje); o Homem-Formiga (Rudd) mal pode disfarçar sua empolgação por fazer parte do grupo; e Thor (Hemsworth)… bom, basicamente rouba o filme (e isto é tudo que direi). Já o Capitão América (Evans), sempre a bússola moral dos companheiros, agora tenta fazer alguma diferença em micro-escala (já que a macro se desintegrou), retornando aos grupos de apoio para tentar ajudar os civis em seu processo de luto e aceitação (e, claro, ele tampouco consegue evitar certo otimismo ao observar como a natureza parece estar reagindo bem à ausência de metade da humanidade). O que nos traz a Thanos, o responsável por toda esta convulsão galáctica e que segue uma figura fascinante: megalomaníaco, mas sem planos de dominância universal, ele jamais se torna um vilão genérico com voz distorcida digitalmente que o faria soar como a maioria dos demais vilões do Universo Estendido (e também da DC); em vez disso, ele se recolhe a uma espécie de fazenda planetária para aproveitar a aposentadoria depois de passar toda a vida tentando - do seu ponto de vista - salvar a galáxia de si mesma. É interessante, por exemplo, como ele destrói as joias do infinito para evitar “ceder a tentações”, o que evidencia certo caráter - mesmo que os diretores não resistam a submetê-lo ao ridículo através de um ruído metálico desajeitado quando ele tenta estalar os dedos novamente no clímax da projeção (e que, ok, é uma escolha perfeita). Inteligente ao empregar o recurso da viagem no tempo para revisitar momentos-chave de diversos filmes anteriores (o que, por si só, já evoca nostalgia nos fãs), Ultimato ainda traz uma solução elegante para o retorno de Gamora (Saldana) sem que isto soe como trapaça - e ainda com o bônus de recuperar a tensão sexual entre esta e Quill (Pratt). Além disso, reforçando o foco da narrativa sobre os personagens, estas viagens permitem reencontros relevantes dramaticamente entre Stark e o pai (Slattery), Thor e a mãe (Russo) e o Capitão e sua amada. Mas, no fim das contas, Vingadores: Ultimato gira em torno essencialmente dos dois personagens que representam lados opostos (e complementares) da filosofia do grupo: Tony Stark e Steve Rogers - oferecendo um desfecho impecável para ambos. Por um lado, Stark percorreu um longo e intrigante arco que o levou do egocentrismo absoluto à capacidade de colocar outros à sua frente (e é brilhante como a mesma frase - “Eu sou o Homem de Ferro” - assume conotações completamente diferentes no filme original e aqui, já que lá expunha sua vaidade enquanto, agora, indica seu reconhecimento de que seu papel é servir ao mundo); por outro, o Capitão América, depois de sempre se sacrificar em prol do interesse coletivo, finalmente teve sua esperada e merecida recompensa. E é revelador que, depois de 22 filmes recheados de ação e efeitos visuais, esta versão do Universo Espandido opte por encerrar sua longa narrativa com um momento intimista e de doçura - e que o Capitão decida mantê-lo para si, sem dividi-lo com os demais, é um testemunho não só de seu caráter, mas do respeito que os próprios realizadores têm para com um herói pelo qual eu confessadamente nutria imensa antipatia e passei a admirar nos últimos anos. 07 de Maio de 2019 * Se você considerou “spoiler” a sugestão de que a Marvel não mataria metade de seu elenco... bom, nem sei o que posso dizer a não ser que admiro sua ingenuidade. Capitão véio.. ?
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  2. Quais são os três principais valores da vida? A franquia cinematográfica John Wick nos dá a resposta: porrada, tiroteio e perseguições! O gênero de ação andava carente de filmes com um apreço maior a sutilezas narrativas, produção elegante, e uma coragem de abraçar a própria essência sem grandes pretensões em seus subtextos. Felizmente, o diretor Chad Stahelski entregou em seu “John Wick 3: Parabellum” (2019) um nível de qualidade não muito distante dos dois filmes que o antecedem... A história continua do ponto em que o segundo filme havia terminado... e agora o grande assassino de aluguel John Wick (Keanu Reeves) precisa se salvar após sua cabeça ser posta a prêmio. Temos também a introdução da “Alta Cúpula”, que é responsável por manter um senso de ordem e controle em cima de todos os nossos queridos fora da lei... Como se pode deduzir, este terceiro filme ainda fala sobre regras e leis que devem ser levadas às últimas consequências. O pequeno diferencial está na lição “Se você quer paz, se prepare para a guerra”, algo que guia a motivação do nosso protagonista por caminhos diferenciados. Ao longo dessa jornada, somos brindados com “danças” de ação frenéticas e eletrizantes, das quais eu destaco a criativa - e quase cômica - luta envolvendo diversos objetos cortantes, e o apoteótico confronto em belíssimas áreas internas do Hotel Continental... Além do brilhantismo de Keanu Reeves na composição de um protagonista “bruto, mas com alguma sensibilidade”, temos vários outros personagens interessantes: o imprevisível Winston (Ian McShane), a multifacetada Sofia (Halle Berry), o hipnótico Rei Sombrio (Laurence Fishburne), o carismático Zero (Mark Dacascos) e uma misteriosa e sistemática vilã (Asia Kate Dillon). Stahelski é habilidoso em extrair o melhor de cada ator, além de fornecer alguma importância narrativa para personagens que, em sua maioria, possuem pouco tempo em tela. A única falha fica por conta da necessidade de deixar pontas soltas para mais continuações desse pequeno grande universo (“Wickverso”?), de tal forma que o último ato acaba trazendo os primeiros sinais de possível cansaço e previsibilidade para a saga. Seja como for, “Parabellum” é um filme que mantém a escala do segundo exemplar, além de nos lembrar dos clássicos heróis “silenciosos” (Steve McQueen, Charles Bronson, entre outros) e do cinema oriental de ação. Chad Stahelski se mostra plenamente capaz de nos entreter com suas cores fortes, e com planos que nos deixam a par de cada detalhe visual e sonoro. E o melhor de tudo: podemos perceber que cinema de gênero também é arte. Aguardemos pelos próximos “tiros e porradas” que fazem nossa vida ter algum sentido... Nota: 8
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  3. Se essa do Camaleão se confirmar ta começando a se montar o sexteto sinistro pra um possível fim de trilogia: Abutre, Escorpião, Mysterio, Camaleão - espaço vago - e Octopus ou Norman pra liderar o ataque.
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  4. Não li o livro, infelizmente, mas tenho carinho pelo filme de 1989 com suas camadas de Trash. Aqui ficou um pouco limpo demais, talvez; limpo na maquiagem e efeitos?! Limparam até o Ramones. ? A alteração importante do roteiro não me desgradou, como vi muitos reclamarem. O @Jorge Soto mencionou a cena icônica, e, de fato, ela foi muito bem feita. No campo das atuações, John Lithgow eleva o patamar de qualquer filme, mas saudade de Fred Gwynne com seu rosto particular. É assistível. É legalzinho. Nao vai mudar a morte - ops! - a vida de ninguém.
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  5. Callahan

    Shazam (2019)

    É daqueles filmes que você se diverte enquanto assiste, dá boas risadas, sai da sala com um sorriso no rosto. Mas no fim das contas é só um filme ok, mesmo. Eu que curto o personagem desde a fase do Ordway, também acho que dava pra fazer algo melhor. Não gostei de algumas adaptações, principalmente em relação aos pais do Billy. Poderiam ter pego um pouco da versão do Ordway, aqui... que eles fossem arqueólogos e tivessem morrido em um acidente... ao invés de dois lixos. Teria guardado a "Família Shazam" para uma continuação também... mas enfim... no final o filme é divertido, brinca de forma bem bacana com o universo expandido e é até corajoso em alguns aspectos (Sr. Cérebro lá no comecinho e na cena pós crédito foi muito legal). Não decepcionou, não surpreendeu... Ficou na média. Todo mundo sabe que o filme do ano da DC só sai em Outubro mesmo, então...
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  6. Tais Cristina

    Shazam (2019)

    Achei a cena do Superman sem cabeça meio meh, mas, de resto, gostei muito do filme. Me diverti pra caramba, mesmo, e a lição de moral dele é sensacional. Porque FAMÍLIA é quem tá com a gente, ou seja, laço de sangue nem sempre significa "família". E eu gostei muito de eles terem abordado isso. Um ponto que achei meio desconexo: o Billy Batson criança e ele como Shazam. Nem parecem que são a mesma pessoa. Porém... consigo arrumar uma justificativa: ele é uma criança e, ao se ver num corpo de adulto e ter responsabilidades de adulto, ele fica perdido, sem saber o que fazer, por isso age daquele jeito, meio (?) bobão e tal... Mas não me incomodou a ponto de não gostar porque o Zachary Levi é foda, bicho. No mais, sério, posso dizer que é o melhor filme do ano (e olha que gostei muito de Capitã Marvel)... por enquanto, claro, porque Vingadores: Ultimato vem aí e, bicho, aí já era pro Shazam. rs P.s.: Queria ter tido dinheiro pra comprar o meet&greet com o Zachary Levi na CCXP do ano passado, mas tive que escolher entre ele, o Sebastian Stan ou o Tom Welling, pois só tinha dinheiro pra um (e ainda foi suado). E, bom... acho que nem preciso dizer qual foi minha escolha, né? rsrs
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