Como eu sempre digo, o Cinema é um professor de geografia. Que maravilha ver um filme do Lesoto, aquele reino dentro do território da África do Sul! E mais contente pelo filme ser bom, e estar muito bem qualificado para adentrar na pré-lista dos candidatos a Melhor Filme Internacional.
"Isso não é um enterro, É uma Ressurreição" trata de uma comunidade atingida pela construção de uma barragem. A protagonista é uma senhora de 80 anos, viúva, cujo filho, trabalhador de mina, morre, enquanto ela o espera naquelas terras. Ela fica sem ninguém, e desejosa de morrer também, e ser enterrada entre os seus. Porém, vê-se alarmada, quando corre a notícia de que todos serão removidos, inclusive o cemitério, para a construção da tal barragem. Fará de tudo para não profanarem a sua terra.
Não vou mentir, a primeira meira-hora é estranhíssima. Há um narrador, meio folclórico, contando a história, por meio de parábolas. Mas a partir daí o filme engrena. É filmado em razão de aspecto 4:3, dando um ar de fotografia antiga; foca muito o perfil dos personagens; e é dono de uma trilha sonora com - como ser educado? - muita "cor local".
O melhor é a atuação da senhorinha, de resistência local, não pelo discurso propriamente, mas pelo exemplo. A cena final é a síntese de tudo isso. Muito corajosa e bonita.
Ganhador de muitos prêmios internacionais, o filme conta também com um carinho pela sua origem diversa, contudo, não o vejo ficando entre os 5 melhores da categoria (embora por um tempo estivesse na minha lista de previsões).