Jump to content
Forum Cinema em Cena

Moviolavídeo

Members
  • Posts

    9695
  • Joined

  • Last visited

Everything posted by Moviolavídeo

  1. A saga de Júlio Cesar prossegue no terceiro volume da série O Imperador – Campo de Espadas de Conn Iggulden e mais uma vez Júlio Cesar vê-se frente a frente com inimigos valentes e sanguinários na defesa dos interesses de Roma como pretor da Espanha. Fica neste cargo por longos quatro anos juntamente com seu amigo inseparável Marcos Brutos até que lhe chegam notícias das eleições para novo Cônsul e então resolve voltar para sua pátria e candidatar-se ao cargo máximo. Ao chegar precisa enfrentar uma grande batalha com os gauleses e alguns mercenários liderados pelo senador Catilina que pretendem tomar o poder e assim exterminar o senado. Júlio Cesar sai mais uma vez vitorioso com a sua legião Décima e a incorporação de milhares de soldados para a sua tropa. Eleito Cônsul faz um acordo para administrar o Império através de um triunvirato onde Crasso assume os negócios comerciais, Pompeu a administração de Roma e Júlio Cesar a conquista da Gália. Conn Iggulden descreve de forma vibrante as batalhas que Júlio Cesar enfrentou durante dez anos contra as inúmeras tribos da Gália que foram liderados por Vercingotórix e onde perdeu mais de um milhão de legionários, mas escravizou mais de um milhão de pessoas para levar para servirem a Roma e ao seu império. Narra ainda às estratégias e acordos que o líder romano teve que realizar para conquistar as inúmeras tribos da região. Algumas tribos Júlio Cesar conseguiu conquistar e torná-las vassalos de Roma e outras só a morte foi a palavra final. O frio, a fome, a miséria e a morte de vários amigos e de milhares de soldados foram extremamente dolorosas para todos, inclusive para o grande General. Mas a conquista da Gália foi fundamental para tornar Júlio Cesar o grande soldado e líder da grande nação romana. Agora é preciso voltar à pátria e desfrutar seu poder militar, e assim tornar-se imperador do grande Império Romano que construiu durante todas as batalhas que participou e venceu. Sua última batalha será travada na sua amada cidade e terá que enfrentar, mais uma vez, as legiões residentes em Roma e colocar soldados a lutar contra sua própria gente. Já bastante debilitado pela guerra e com soldados já exaustos de levantar espadas por tantos anos seguidos sabe que esta é a batalha mais importante de sua vida e que não poderá perder. Agora é questão de honra, prestígio e poder e tornar-se imperador de Roma é a única saída que tem pela frente. Ou a morte pela espada de Pompeu e seus homens. Mas isso só vamos tomar conhecimento no último livro da série.
  2. A história de Júlio César e Marcos Brutos prossegue neste segundo volume intitulado A Morte dos Reis da obra O Imperador, de Conn Iggulden lançado pela editora Record cujo texto narra, de forma contundente e vibrante, os primeiros passos daquele que se tornaria o grande imperador romano de todos os tempos. Os fatos se sobrepõem aos personagens e ambos precisam enfrentar grandes batalhas para tornarem-se os homens reconhecidos séculos depois de suas mortes. Júlio Cesar enfrenta uma turba de piratas em sua jornada e, vencido, é sequestrado e fica a mercê de Celso líder dos inimigos do grande império. Durante vários meses é prisioneiro vivendo nas escuras galés náuticas com alguns soldados e com seu inimigo de infância Suetônio (a quem terá que enfrentar num futuro próximo). Pago os respectivos resgates os prisioneiros são libertados e Júlio César resolve vingar-se e recuperar o ouro da sua família começando então a recrutar soldados para sua legião nas ilhas próximas e assim poder exterminar a força inimiga. Após recuperar seu ouro e aniquilar o líder pirata cria um novo exército e avança para enfrentar a força de do líder grego Mitrídates retornando a Roma como líder. Enquanto isso Marco Brutos fica em Roma administrando os interesses de seu amigo e recrutando igualmente soldados para criar mais uma vez a heróica legião Primogênita que tinha sido extinta quando da batalha dos Exércitos de Sila e Mário pelo poder em Roma (batalha esta descrita no primeiro volume). Após estes conflitos Júlio Cesar e Marco precisam agora enfrentar outros inimigos do país e defender os seus interesses particulares e principalmente da unificação das forças que Júlio Cesar trouxera consigo com a Primogênita de Marco. Em mais uma revolta dos escravos todo o poderio militar é convocado para a guerra e só a vitória poderia manter Roma como um grande império. Liderados por Espártaco os escravos conseguem movimentar todo o poderio militar dos generais Craso e Pompeu numa batalha sangrenta de resultados imprevisíveis. Uma das legiões deixa livre um de seus flancos com soldados tentando fugir da batalha e, por alguns instantes, permite que os escravos vislumbrem a possibilidade de vitória e matam seu líder covarde. Por sua bravura nesta batalha e por ter conseguido manter na batalha a legião que quase fez o exército de Roma perder a guerra Júlio Cesar teve a honra de criar, em pleno campo de batalha, a famosa Legião Décima. Com o assassinato de sua esposa Cornélia enquanto estava liderando seus homens na batalha contra Espártaco Júlio Cesar percebe que Roma precisa muito mais que generais gananciosos por poder e riquezas para manter o poderio romano no mundo. Vislumbra a possibilidade de que é preciso uma forte liderança e espírito de união por um país forte e poderoso uma vez que os senadores estão mais interessados em seus interesses particulares deixando a nação em segundo plano. Começa a surgir assim a personalidade de Júlio Cesar que a história conheceu.
  3. O relógio desperta e, como sempre acontece, você acorda assustado e com raiva deste mecanismo diabólico que o acorda sempre no melhor dos sonhos. A lua ainda está soberana no céu com alguns raios de sol a pedir passagem para dominar a paisagem. Você coloca os pés em mais uma segunda-feira e pensa nos inúmeros problemas, aflições e a estafante rotina de uma semana novinha em folha que precisa ser trilhada com algum esforço e chateações de toda ordem. Segue para o banheiro ainda sonolento e toma aquele banho reparador, veste sua roupa limpa e dirige-se a cozinha para o café da manhã. Na parada estão seus velhos conhecidos esperando o momento de embarcar no ônibus que os levarão aos seus destinos e seus respectivos empregos. No escritório encontra novamente aquele chefe pentelho que vive só para atazanar sua vida e atulhá-lo de obrigações acima de suas forças ou compreensão. Encontra ainda aqueles colegas que desejaria estivessem em outras galáxias e o deixassem em paz com seus afazeres. Na hora do almoço aquela comida de sempre e aquelas conversas informais que você já sabe de cor e salteado ou como diria seu melhor amigo “de cabo à rabo”. As mesmas piadas e aquela discussão sobre se foi ou não pênalti naquele jogo de domingo à tarde. Depois de um breve descanso é hora de recomeçar o batente e você pensa que será a parte mais difícil e longa do dia. O tempo pára e os problemas vão se acumulando e a cada minuto você olha para o relógio da parede e pensa que os ponteiros estão fazendo greve e pararam de trabalhar já que o tempo estacionou naquela marrenta segunda-feira. As semanas se sucedem nesta rotina estafante e nestes compromissos profissionais que não levam a lugar algum e sua vida parece que não tem sentido e que você é apenas mais um número nesta estatística macabra de trabalhar-comer-dormir e novamente trabalhar-comer-dormir e assim até o fim dos tempos. Você pensa nas contas a pagar no fim do mês e no contracheque que não condiz com suas obrigações; nos cachorros do vizinho que o acordam pela madrugada; na dificuldade do relacionamento com seu filho adolescente e aquele trabalho que não lhe dá a menor satisfação em fazê-lo, mas precisa do pouco dinheiro que ele lhe paga. Além é claro daquela dor no peito que o acompanha algum tempo. - Preciso ir ao médico você pensa. Mas como sempre acontece vai adiando, ou empurrando com a barriga, porque remédios custam caro. Assim você vai levando a vida da melhor forma possível e, para animar os ânimos, acredita que tem sorte que ainda existam sábados, domingos e alguns feriados durante o ano para curtir um pouco um cineminha com a família, passeios no parque e ir ao zoológico levar pipoca aos macacos até que o relógio o desperta para mais uma segunda-feira. É só trabalhar para comprar comidas e roupas para poder manter-se em pé para trabalhar mais ainda. Quantos problemas você tem, não? Isto porque você ainda não leu o livro Muito Longe de Casa, de Ishmael Beah que conta sua infância como menino soldado na guerra civil de Serra Leoa. Aos doze anos perdeu sua família na guerra e viveu sozinho na floresta por vários meses comendo somente frutas e tomando água dos rios numa corrida desesperada para fugir dos rebeles e manter-se vivo. Aos onze já tinha visto mais cadáveres pelo caminho que um coveiro, mais corpos destroçados e sangue que ambulância do morro favela acima, e aos treze já era soldado com rifle e granada na mão e mais cicatrizes pelo corpo que Rambo. Matou muita gente e vingou-se dos rebeldes que mataram sua família e as famílias de tantas outras crianças inocentes. De forma brutal e animalesca enterrou seis pessoas vivas com tiros no pé como havia visto fazerem os rebeles nas aldeias por onde passou. Saqueou e incendiou inúmeras aldeias e fumou todas as maconhas e cheirou todas as cocaínas que o exército permitiu que fumasse e cheirasse. Perdeu a infância, a razão e o espírito de ser um ser humano. Sentia e vivia um mundo só de violência, morte, maldade e dor. Uma criança vivendo no inferno com poucas lembranças de uma vida feliz em família e brincadeira com sues amigos. Ishmael Beah relata esta vida como menino soldado de forma crua, sem piedade ou intenção de ser herói ou bandido. Simplesmente conta-nos suas experiências e a lavagem cerebral que sofreu como massa de manobra nessa guerra civil de um país em constante conflito entre tribos pelo poder de Serra Leoa. Felizmente foi tirado deste pesadelo pela UNICEF que o acolheu e o reabilitou para um mundo mais humano. Após meses de reabilitação e desintoxicação das drogas e curado das feridas do corpo (exceto as da alma) pode finalmente contar suas dolorosas experiências como conferencista juvenil nas Nações Unidas. Amante do Hip Hop e de boa literatura conseguiu superar sua dor e fugir de Serra Leoa (após outra guerra na capital do país) e escrever estas dolorosas memórias. Confesso que foi difícil ler esta história e pensar que ao acordar segunda-feira, sempre penso que será uma longa semana de trabalho e inúmeras chateações esquecendo-me do sofrimento que milhares de pessoas enfrentam mundo a fora por apenas um pouco de água e uma porção de arroz no prato. Ou de crianças, que neste exato momento que escrevo estas linhas, estão deixando sua infância de arma em punho lutando por causas absurdas por um poder que não lhes pertencem. Ler esta história me deu a perspectiva exata da minha condição de ser humano privilegiado e a valorizar cada segundo do estilo de vida que agora usufruo. Tenho comida à mesa, uma família unida e maravilhosa que me ama, roupas limpas para vestir e um dia inteiro para viver em paz, realizando um trabalho honesto, tendo alguns trocados no bolso, boa saúde e um sorriso no rosto. Bastam apenas alguns gestos de boa vontade e agradecer a Deus por não ter que enfrentar uma guerra e a bestialidade humana que muitos povos enfrentam dia a dia. Desejo, sinceramente, que Ishmael Beah supere suas lembranças e pesadelos e tenha uma vida feliz já que lhe roubaram a infância nesta infame guerra.
  4. Idas e Vindas do Amor. Uma comédia Romântica para elevar, às alturas, seu nível de açúcar no sangue. Vale a pena assistí-lo se você estiver bem acompanhado, claro! O texto na íntegra você poderá lê-lo no meu blog. http://wp.me/pRyAh-8S
  5. Os Crimes do Mosaico, de Giulio Leoni é uma história interessante sobre mistérios, assassinatos e, evidentemente, algumas charadas que devem ser decifradas para se chegar ao ponto final da trama ambientada na Itália pré-renascentista do século XIV. Agora imagine o poeta Dante Alighieri (aquele mesmo que escreveu a Divina Comédia) atuando como um investigador ao estilo do simbologista Robert Langdon (o personagem de Anjos e Demônios e O Código Da Vince). Sim, porque nesta história também existem símbolos e números a serem decifrados bem como assassinatos a serem esclarecidos. Na Florença de 1300 um grande artista é brutalmente assassinato e o prior Dante Alighieri é chamado para esclarecer este crime e, nas suas investigações, vai encontrar um grupo de amantes das artes denominados o Terceiro Céu, deparar-se com a misteriosa dançarina Antilia e terá ainda que decifrar o enigma do número cinco que percorre todas as páginas do suspense. Em uma narrativa repleta de descrições ambientais e históricas Giuliano Leoni nos transporta para a efervescente Florença e os domínios do Papa Gregório que buscava, naquela época, o poder absoluto. Mas diferente de Umberto Eco, autor de O Nome da Rosa, o livro não chega a comover ou a entusiasmar muito já que os personagens são inverossímeis e quase abstratos nas suas motivações ou personalizações. Até mesmo a tal bailarina não consegue cativar um leitor mais atento. Os diálogos são fracos e Dante, na pele de um Sherlock Holmes não convence muito. Até porque, ele é intratável e arrogante, apesar de ser um poeta muito inteligente. A descrição ambiental e histórica da Itália pré-renascentista compensa a pouca relevância da psique dos personagens e o leitor terá que ter boa vontade para prosseguir na leitura. As motivações dos crimes, seus responsáveis e a forma dedutiva de Dante são por vezes um peso a que temos que superar para chegar à última página. De qualquer forma, vale à pena a leitura para os amantes de livros com pano de fundo histórico nos idos dos anos 1300. Segundo consta, Dante será personagem de outros três volumes que espero, sinceramente, sejam melhor que este.
  6. Finalmente terminei de ler os 4 volumes da série O IMPERADOR de Conn Iggulden. O Imperador - Os Deuses da Guerra (Vol. IV): http://wp.me/pRyAh-7T Moviolavídeo2010-05-13 20:48:23
  7. O Imperador - Campo de Espadas - Vol. III de Conn Iggulden http://wp.me/pRyAh-7K Moviolavídeo2010-05-09 19:37:25
  8. Jamais pensei que este tópico fosse trilhar tanto e vastos caminhos... Quem diria que estaríamos falando sobre Pedofilia em um tópico sobre Touradas??!!
  9. ANTES QUE ELES CRESÇAM Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos. É que as crianças crescem. Independentes de nós, como árvores, tagarelas e pássaros estabanados, elas crescem sem pedir licença. Crescem como a inflação, independente do governo e da vontade popular. Entre os estupros dos preços, os disparos dos discursos e o assalto das estações, elas crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância. Mas não crescem todos os dias, de igual maneira; crescem, de repente. Um dia se assentam perto de você no terraço e dizem uma frase de tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura. Onde e como andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê aquele cheirinho de leite sobre a pele? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços, amiguinhos e o primeiro uniforme do maternal? Ela está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil. E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça. Ali estão muitos pais, ao volante, esperando que saiam esfuziantes sobre patins, cabelos soltos sobre as ancas. Essas são as nossas filhas, em pleno cio, lindas potrancas. Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão elas, com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros ou, então com a suéter amarrada na cintura. Está quente, a gente diz que vão estragar a suéter, mas não tem jeito, é o emblema da geração. Pois ali estamos, depois do primeiro e do segundo casamento, com essa barba de jovem executivo ou intelectual em ascensão, as mães, às vezes, já com a primeira plástica e o casamento recomposto. Essas são as filhas que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias e da ditadura das horas. E elas crescem meio amestradas, vendo como redigimos nossas teses e nos doutoramos nos nossos erros. Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos. Longe já vai o momento em que o primeiro mênstruo foi recebido como um impacto de rosas vermelhas. Não mais as colheremos nas portas das discotecas e festas, quando surgiam entre gírias e canções. Passou o tempo do balé, da cultura francesa e inglesa. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas. Só nos resta dizer “bonne route, bonne route”, como naquela canção francesa narrando a emoção do pai quando a filha oferece o primeiro jantar no apartamento dela. Deveríamos ter ido mais vezes à cama delas ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de colagens, posteres e agendas coloridas de pilô. Não, não as levamos suficientemente ao maldito “drive-in”, ao Tablado para ver “Pluft”, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas merecidas. Elas cresceram sem que esgotássemos nelas todo o nosso afeto. No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, comidas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscinas e amiguinhas. Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de sorvetes e sanduíches infantis. Depois chegou a idade em que subir para a casa de campo com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma aqui na praia e os primeiros namorados. Esse exílio dos pais, esse divórcio dos filhos, vai durar sete anos bíblicos. Agora é hora de os pais na montanha terem a solidão que queriam, mas, de repente, exalarem contagiosa saudade daquelas pestes. O jeito é esperar. Qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso, os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável afeição. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto. Por isso, é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que elas cresçam.
  10. Loucura, de Lupcínio Rodrigues http://wp.me/pRyAh-7A
  11. Terminei de ler: O Imperador - A Morte dos Reis - Volume II de Conn Iggulden. Comentários na íntegra em: http://wp.me/pRyAh-7y
  12. Júlio Cesar foi um dos maiores monarcas de todos os tempos e muito se escreveu a respeito de suas façanhas e conquistas e no mundo inteiro todo aluno algum dia teve que escrever no caderno o nome deste homem e aprender algo a seu respeito. A sétima arte não deixou de fora este personagem ilustre e também está repleta de filmes sobre seu período como imperador de Roma e dono do mundo. Agora esta era de conquistas, batalhas, intrigas palacianas e luta pelo poder supremo está de volta com o lançamento, pela Editora Record, do romance “O Imperador” de Conn Iggulden obra esta que foi dividida em quatro volumes intitulados: Os Portões de Roma (vol. I), A Morte dos Reis (Vol. II), Campo de Espadas (Vol. III) e Os Deuses da Guerra (Vol. IV) e já é um grande sucesso editorial e recebeu críticas favoráveis de Bernard Corwell (autor de O Andarilho e da trilogia As Crônicas de Arthur). No primeiro volume (Os Portões de Roma) Conn Iggulden nos transporta para o passado em uma propriedade rural nos arredores de Roma onde vivem o jovem Caio e seu inseparável amigo Marco. Lá estes dois companheiros aprendem a arte da batalha, da retórica e todos os conhecimentos para se tornarem homens fortes e guerreiros para preservarem o poderio do império Romano. Naquela época a juventude terminava cedo e era preciso dar mostras de valentia e coragem e estes dois jovens foram colocados à prova muito cedo com as revoltas na cidade e a morte do pai de Caio. Com a responsabilidade de defender sua propriedade e a integridade de sua mãe doente (o autor não diz textualmente, mas suponho tratar-se de epilepsia) Caio enfrenta a turba de escravos na grande revolta que caiu sobre Roma e fazendas da região. Seu amigo de infância Marco o ajuda nesta batalha já que sempre foi tratado com respeito e igualdade por Júlio Cesar, Pai de seu companheiro de brincadeiras e aprendizagem. Muitas outras batalhas enfrentam nossos jovens guerreiros nesta trama repleta de aventuras, violências de toda ordem, sangue em demasia e ganância por riqueza e poder. É preciso crescer rápido e aprender a lutar e defender a pátria, a família e seus bens e não sucumbir ou morrer na ponta de uma espada inimiga ou mesmo de algum conterrâneo disposto a usurpar suas propriedades e títulos. Em uma narrativa vibrante com mistura de fatos históricos e ficcionais o autor consegue transportar-nos para aquele ambiente romano repleto de batalhas sangrentas, intrigas de toda a ordem e, acima de tudo, a luta por riquezas e poder no grande império. Caio e Marco são os personagens principais deste romance que, apesar da juventude, precisam enfrentar seus medos e superar inúmeros desafios para tornarem-se homens e valorosos soldados. Amigos inseparáveis na infância e juventude vêem-se, por inúmeras circunstâncias, a necessidade de enfrentar suas batalhas individuais e cada um segue seu caminho. Marco parte para países distantes para lutar e defender o poderio do vasto Império Romano e Caio fica na cidade para aprender a arte da retórica política e tornar-se um grande legislador. Mas o destino muda drasticamente a vida de ambos e será preciso enfrentar outras batalhas e vencer inumeráveis inimigos fora e dentro de Roma. Já adulto e membro do senado Caio casa com a bela Cornélia e passa a adotar o nome de seu falecido pai e por séculos será lembrado pela história simplesmente como Júlio Cesar. Marco agora um Centurião também terá seu nome lembrado por historiadores como Marco Brutos e muitas batalhas ambos enfrentarão e o destino os manterá sempre ligados um ao outro (para o bem ou para o mal). Mas este é só o primeiro volume…
  13. Realmente meu caro bispo... Mas faz parte do debate e surgiram perspectivas e divergências interessantes.
  14. A narrativa do livro é feita a partir das memórias da própria heroína do romance, que no momento presente, está com sessenta anos de idade e sente que a morte esta a espreita para lavá-la para junto dos seus. Através das memórias que vai escrevendo (ou ditando para a filha) vamos conhecendo Inés Soaréz (1507-1580) que foi assim descrita nos livros de história: “Espanhola, nascida em Plasencia, que viajou para o Novo Mundo em 1537 e participou da conquista do Chile e da fundação de Santiago. Teve grande influência política e poder econômico”. Por algum tempo Inés Soaréz carregou nas costas a fama de ser “Viúva das Índias” uma vez que seu marido Juan de Málaga a abandonou e seguiu viagem para novas terras em busca de ouro e riqueza. Mas esta mulher não poderia ficar em casa costurando e assando empadas a vida inteira esperando por seu amante aventureiro. Resolveu então mudar seu destino e juntou suas traças e uma sobrinha de quinze anos e, após meses de espera, conseguiu autorização do governo e da igreja para ir atrás de Juan. Claro que isso era só uma desculpa para conseguir a tal autorização porque o que ela buscava mesmo era sua liberdade e, acima de tudo, ser dona de seu nariz e construir seu futuro. Em uma viagem conturbada de três meses em um navio onde só havia homens, Inés conseguiu chegar ao seu destino mantendo-se íntegra e forte. Desembarca na Venezuela com a sobrinha e já em terra firme tem que mostrar sua coragem porque não era fácil ser mulher na Espanha, muito mais difícil ainda seria em terras estrangeiras repleta de conquistadores a procura do novo “Eldorado”. Assim, enfrenta seu primeiro desafio para defender sua honra na luta com um marinheiro muito atrevido que encontra a morte na ponta da sua faca ao tentar estuprá-la na sua cabana improvisada de casa. Precisa então fugir para outras terras e embarca para o Peru deixando para trás a sobrinha que se apaixonara por outro viajante. Para sobreviver no Novo Mundo faz o que sempre fez na Espanha: Costurar e cozinhar empadas. Não encontra Juan em parte alguma, mas encontra alguém que mudaria sua vida para sempre: o guerreiro Pedro de Valdívia. Para provar sua coragem e ousadia já na segunda noite de amor com este herói diz: “De agora em diante você tem as costas cobertas por mim, Pedro, de modo que pode se concentrar em suas batalhas de frente”. Promessa cumprida com a determinação que só as mulheres fortes sabem cumprir. Mas não pense que ela foi sombra deste fundador de cidades, porque ela lutou lado a lado com ele na caravana que seguiu do Peru para o Chile e teve importância vital na travessia do decerto do Atacama já que foi a responsável por encontrar água no deserto. Não fosse isso e não teríamos esta história para ler e o Chile não seria o que é hoje. Após instalarem-se no vale fundaram a cidade de Nova Extremadura (que posteriormente ficou conhecida como Santiago). A vida no início do povoado não foi nada fácil porque a fome era grande, a miséria maior ainda e a guerra com os índios, principalmente com a tribo dos Mapuches, decepava muitas vidas e a força de trabalho só diminuía aumentando ainda mais o sofrimento. Foram lutas árduas e sangrentas e muita gente morreu de ambos os lados. Enquanto Pedro de Valdívia explorava e fundava outras cidades pelo Chile era Inés quem ficava no povoado para ajudar a construir as casas para aquela gente toda; erguer o hospital para cuidar dos enfermos; costurar e cozinhar para todos. Era também a responsável pela plantação e a colheita nos campos; de criar e alimentar os animais além é claro de administrar a todos com afeto e mão de ferro. Como se vê, esta mulher não só acompanhou Pedro de Valdívia, mas construiu, com as próprias mãos, os destinos daquela gente. O título que ostentava de “governadora” não era mera retórica e tinha o respeito e admiração de todos. Em uma das muitas batalhas sangrentas que participou, decepou a cabeça de sete caciques que estavam presos sob sua responsabilidade e as jogou para cima de seus agressores para evitar que milhares de índios da tribo Mapuches exterminassem o povoado. Ao vislumbrar tamanha valentia os índios puseram-se a correr com medo daquela “bruxa” sanguinária e louca e assim, mais uma vez, salvou sua cidade e seu povo do extermínio completo. Espanhola de sangue quente aprendeu e viveu intensamente os três amores que conheceu na vida: Com Juan de Málaga (seu primeiro marido) conheceu os prazeres do sexo e da sedução, com o amante Pedro de Valdívia sentiu aflorar uma paixão avassaladora e aprendeu o valor do companheirismo na luta pela sobrevivência e com Rodrigo de Córdoba (segundo marido) experimentou um amor mais sereno e definitivo num relacionamento que durou mais de trinta anos. Ler Inés de Minha Alma foi gratificante por duas razões: A primeira foi conhecer a história da colonização do Chile e da fundação de Santiago. Em segundo lugar por ter aprendido a respeitar e a valorizar o trabalho fantástico de uma grande mulher que viveu por seus ideais e pela valorização da força criadora feminina.
  15. Eu estou lendo neste momento: Inés de Minha Alma, de Isabel Allende e Ícone, de Frederick Forsyth
  16. É outra coisa sim Mr. A humanidade é carnívora desde os homens das cavernas ha milhares de anos e era uma questão de sobrevivênci. Claro que naquela época a morte dos animais era só pra consumo imediato e não como meio lucrativo dos abatedouros. Mas ai também é outra história... Usar touros nestes espetáculos é recente. Segundo pesquisa realizada pela superinteressante consta: O registro mais antigo de algo semelhante às touradas atuais só aparece em 1135, como parte dos festejos da coroação de Afonso VII, rei de Leão e Castela.
  17. Matar touro só pelo privilégio de mostrar força e "inteligência" perante uma platéia é cultura até posso tentar compreender, menos aceitar. Mas isto não quer dizer que devemos praticar tal atrocidades por milênios. O ser humano evolui social e culturalmente e hoje esta prática não é mais aceitável pela grande maioria dos povos (ou não deveria pelo menos). Mas enfim... Até os circus hoje em dia não possuem mais espetáculos que usam animais (veja o caso do sucesso do Cirque de Soleil que faz espetáculos só com a criatividade humana). Devemos erradicar tais práticas porque hoje o homem está mais conscientes de sua condição neste planeta e que todos os seres vivos merecem repeito. Leva tempo é claro e eu tenho de me redimir porque também não abri mão do meu bife ao almoço. Mas vamos combinar que é outra situação. Só para salienter: SOU CONTRA ESPETÁCULOS QUE UTILIZEM ANIMAIS PARA SACRIFÍCIO OU QUE SACRIFIQUEM ANIMAIS PARA O NOSSO DIVERTIMENTO.
  18. Ah sim... também sou contra briga de galos ou qualquer outra espécie de espetáculo que se usem animais, inclusive circense. Aliás, desde criança nunca gostei de ver elefante equilibrando-se, com uma perna só, naquele banquinho minúsculo. Sempre ficava imaginando as "lições" se recebia para fazer tal malabarismo e saia mais angustiado que feliz do circo (mas isto é outra história...). Se o homem deseja satisfazer seus atos sanguinolentos que briguem entre sí. Tem luta de boxe pra isso. Que se engalfinhem, torturem e matem-se uns aos outros. Porque cada lutador tem o privilégio de escolher se quer ou não sofrer dores atrozes e morrer na arena. Ao touro não é dado este privilégio!
  19. Só pra constar: Não sou a favor que se matem crianças ou adultos em uma tourada!! Assim como não sou a favor que se matem touros para simples prazeres de sádicos (mesmo que se escondam atrás de um manto cultural secular). O touro foi caçado, alimentado e sofreu toda espécie de maldade para tornar-se violento unica e exclusivamente ser sacrificado depois. Ele não teve escolhas e agiu por instinto de auto-defesa. Se atacou seus agressores foi para defender sua vida. O garoto e o pai dele estavam lá só pela maldade em si. O espetáculo todo é montado só para matar o animal e mostrar o quanto o ser humano é "superior em inteligência e força". Não vou para uma tourada para ver o touro matando seu algoz porque não quero e não desejo a morte de ambos. Mas havendo este espetáculo horrendo sempre vou estar ao lado do touro. Porque ele age por instinto de preservação e não por sadismo. O toureiro muito antes pelo contrário. Por pura maldade. Tomara que os touros sempre ganhem esta batalha. Quem sabe assim esta cultura idiota acabe.
  20. Foi manchete em vários sites da internet a notícia do menino de doze anos que foi atacado pelo touro em um espetáculo na Colômbia. A multidão estava ali reunida para assistir ao grande espetáculo do mirim sanguinário matar o grande touro selvagem. Além é claro de infligir no animal inúmeras estocadas com sua espada afiada e deixar o valente quadrúpede exausto, humilhado e finalmente caído ao chão sem vida. Mas não foi isso que o público sádico assistiu. Felizmente. O touro reagiu e deve ter pensado lá na sua cabeça de touro que sofrer esta crueldade e ser executado por um pirralho de doze anos já era humilhação demais e partiu furioso para o ataque. Só não deu fim a este pequeno monstrinho porque o pai do exibido “herói” atirou-se na arena para defendê-lo. Mas o touro achou por bem dar uma lição no monstro/pai e também o colocou a correr com o rabo entre as pernas com escoriações e alguns ferimentos. Digo em alto e bom som, ou melhor, em Caps Lock: BEM FEITO! O Touro deveria ter dado cabo nestes dois para dar o exemplo aquela platéia de sádicos sanguinários. Não queriam ver sangue e morte? Pois teriam duas mortes para alegrarem seus corações e seus instintos perversos. No livro “O Fim da Inocência” de Arthur C. Clark descreve uma cena interessante que deveria sair das páginas ficcionais e tornar-se realidade. Quem sabe assim os espectadores destes espetáculos pensassem duas vezes antes de realizarem tamanha insanidade. Arthur C. Clark conta-nos que em um estádio lotado o público aguardava a grande execução de um touro pelo seu algoz fantasiado de herói público. No momento em que o toureiro desferiu seu golpe com sua espada afiada nas entranhas do animal a platéia, em uníssono, gritou e sentiu, na própria carne, a dor que o animal também sentia. Um silêncio caiu como manto sobre a arena e um a um o público presente deixou o estádio envergonhado por tamanha barbaridade que faziam aos touros indefesos. Infelizmente esta cena nunca vai ocorrer na vida real, mas fico feliz quando leio notícias em que o touro colocou a correr seu carrasco e provocou também muitas dores e algumas sequelas nestes heróis de araque (ou melhor, figuras carnavalescamente fantasiados). Não sei o que me deixou mais fulo nesta história toda: Se foi o guri de doze anos enfrentando uma fera e exibindo-se todo garboso para o público sádico ou foi saber que esta crueldade juvenil enlouquecida toda, foi obra ensinada por seu pai todo orgulhoso. Em pleno século vinte e um e ainda existe “espetáculo” bárbaro desta magnitude e selvageria. E ainda tem gente que paga para ver tal coisa. Bando de sanguinários. BEM FEITO! Pergunto-me o que um pai tem na cabeça ao ensinar uma coisa destas para uma criança e levá-la ao perigo fatal só para exibir-se de sua proeza e valentia. Tudo bem que é uma questão cultural que tem séculos de existência e tudo mais. Mas chega desta crueldade medieval e sem propósito! Existem outras formas culturais que se possa ensinar aos nossos filhos e orgulharmo-nos de suas façanhas como seres humanos e não como bestas irracionais. Poderia estar este pai agora ao túmulo a chorar pelo filho. Ou a família a chorar por ambos. Eu, de minha parte, estaria a aplaudir e dar vivas ao touro!
  21. Estou lendo Inés de Minha Alma de Isabel Allende. Baseado em fatos históricos do Chile. Minha homenagem a um amigo muito especial. O LIVRO: http://maisde140caracteres.wordpress.com/2010/04/23/homenagem-a-um-amigo-muito-especial/ Moviolavídeo2010-04-23 14:31:55
  22. Pedi ao Big a gentileza de colocar no texto acima as figuras correspondentes do Homem Amarelo, A Mulher de Cabelos Verdes e Farol O sistema não permitiu que eu colocasse os links ou as reproduções correspondentes. Aguardem, por favor. Depois é só deletar este post aqui.
  23. “Eu tinha 13 anos, e sofria porque não sabia que rumo tomar na vida. Nada ainda me revelara o fundo da minha sensibilidade [...] Resolvi, então, me submeter a uma estranha experiência: sofrer a sensação absorvente da morte. Achava que uma forte emoção, que me aproximasse violentamente do perigo, me daria a decifração definitiva da minha personalidade. E veja o que fiz. Nossa casa ficava próxima da educada estação da Barra Funda. Um dia saí de casa, amarrei fortemente as minhas tranças de menina, deitei-me debaixo dos dormentes e esperei o trem passar por cima de mim. Foi uma coisa horrível, indescritível. O barulho ensurdecedor, a deslocação de ar, a temperatura asfixiante deram-me uma impressão de delírio e de loucura. E eu via cores, cores e cores riscando o espaço, cores que eu desejaria fixar para sempre na retina assombrada. Foi a revelação: voltei decidida a me dedicar à pintura”. Anita Malfatti Sorte a nossa esta menina ter sobrevivido à experiência tão dramática e transformado suas cores em arte apresentando-nos, tempos depois, o “Homem Amarelo”, “A Mulher de Cabelos Verdes” e tantos outros trabalhos de grande importância para as artes plásticas brasileiras. Anita Malfatti nasceu com atrofia no braço e na mão direita. Aos três anos de idade foi levada pelos pais a Lucca, na Itália, na esperança de corrigir o defeito congênito. Os resultados do tratamento médico não foram animadores e Anita teve que carregar essa deficiência pelo resto da vida. Voltando ao Brasil, teve a sua disposição Miss Browne, uma governanta inglesa, que a ajudou no desenvolvimento do uso da mão esquerda e no aprendizado da arte e da escrita. Mas tinha outra pedra no caminho da artista: Monteiro Lobato. Um escritor já famoso resolveu implicar com seus quadros e lascou, sem dó nem piedade, uma crítica nada elogiosa para a época: “Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas e em consequência disso fazem arte pura… Se Anita retrata uma senhora com cabelos geometricamente verdes e amarelos, ela se deixou influenciar pela extravagância de picasso e companhia – a tal chamada arte moderna…”. Foi um desastre que não deixou de ter sua importância na vida desta mulher já tão calejada. Pouco depois jovens artistas e escritores, possuídos pelo desejo de mudança que as obras de Anita suscitaram, uniram-se a ela, como: Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida no que ficou conhecido como a Semana da Arte Moderna. Nascia assim , em 1922 a arte puramente brasileira sem copismo estrangeiro com Anita Malfatti líder e inspiradora deste movimento. Big One2010-04-20 00:33:40
  24. Eu realmente gostaria de ver estas mulheres depois de alguns meses. Seria interessante saber como elas lidaram com o fim do sonho de cinderela. Se a pessoa vai sabendo que é só um programa de tv e que depois a vida continua na mesma tudo bem. Mas depois de se vestir, maquiar e ser tratada como madame será? E quem disse que a mulher tem quer ser linda como a Gisele ou ter o estilo de Constanza Pascolato para ser feliz? Rótulos e armadilhas que muitas pessoas caem só para serem outra pessoa. Quando o que vale mesmo é a própria personalidade e seu estilo.
  25. Existem na televisão brasileira alguns programas que se propõem a fazer a transformação visual de tele-espectadores. Globo, SBT e Record produzem shows nesta linha. Em um destes, a dupla de apresentadores chega ao extremo de rasgar algumas peças de roupas e até a jogá-las no lixo para desespero da pessoa que participa do tal reality show. Tudo em nome da moda e de um novo visual de Cinderela. Pelo que se vê nestes programas, a pessoa recebe roupas de grife adquiridas em boutiques da moda cujos modelos, sapatos, bolsas e acessórios custam pequenas fortunas; tratamento de beleza em salões frequentados por quem tem uma boa conta bancária; assessoria de maquiadores, cabeleireiros, consultores de moda, etc… etc… Enfim, todos os profissionais envolvidos em transformar uma pessoa simples em uma top model. A pessoa que recebe este tratamento de pop star se sente importante e é claro que vai desfrutar, por alguns dias, a sensação de ser especial, linda, maravilhosa e com a ilusão de que tem uma conta bancária milionária para sustentar todo este luxo. Mas aquela história infantil de gata borralheira que se transforma em cinderela não é mera coincidência: A fantasia tem hora para terminar. E, em alguns casos, antes do badalar da meia-noite. Fico me perguntando: O que ocorre com estas pessoas (mulheres principalmente) quando a tintura do cabelo começar a descolorir, os sapatos gastarem e a maquiagem terminar? Como usar a tal roupa elegante que não é compatível com o tipo de serviço que executam diariamente? Onde usar tais vestidos e acessórios de grife sem parecer estranho no ninho já que o ambiente que freqüentam não condiz com a roupa que a maioria usa? Isto sem levarmos em conta que a tal vestimenta de grife vai desbotar sair de moda ou mesmo virar pano de chão em algum momento. Quando tais circunstâncias aparecem, o que elas fazem? Dinheiro para repor o guarda roupa, comprar novas maquiagens e fazer tratamento de beleza não existe. Os profissionais da beleza e da moda não trabalham de graça e a produção televisiva não vai arcar com tais despesas vida a fora. Citando o poeta Carlos Drumond de Andrade : “a festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você?” Seria interessante reencontrar estas mulheres, meses depois, e verificar como resolveram esta questão da falta de dinheiro para manterem o mesmo nível “social” e o mesmo estilo de vida a que foram levadas a usufruir. Sentiram frustração em não poder manter este mesmo padrão de vida? Que prejuízos morais e éticos sofreram ao perceberem que seus status eram apenas um Ibope televisivo de momento e que a vida real e diária não condiz com a mulher no espelho? E seus maridos, namorados ou companheiros que receberam uma top model de presente, e agora vivem com aquela mulher que sempre conheceram? Todo mundo merece ser feliz, claro. Quem não gostaria de ser lindo (a), elegante e rico (a)? Os programas de televisão realizam estes sonhos por alguns dias e não se propõem a fazer algo mais permanente. O que não deixa de ser cruel na medida em que a rotina é bem diferente e o dinheiro não chega fácil. Valeu a pena eu pergunto, esta ilusão de querer ser uma modelo de beleza e se submeter a esta ditadura da moda que a todos pasteuriza e uniformiza? E a personalidade e o histórico de vida do indivíduo não conta? Ter a falsa ilusão de ser o que não é e ter o que de fato não tem, evidentemente tem um preço. É preciso sonhar e realizar alguns sonhos, claro. Todo mundo merece ser feliz. Mas neste caso em particular, parafraseando o poeta: E agora? Seria mais salutar dar condições a estas pessoas para que a tal transformação fosse mais duradoura e não só aparente. Porque não um programa de televisão que financiasse um curso profissionalizante para que a pessoa tivesse oportunidade de um emprego com melhores salários e assim ter condições de comprar, com seu próprio rendimento, melhores roupas para si e sua família? Ou um programa que custeasse um tratamento médico para pessoa com alguma debilidade motora para que ela não tivesse que depender de terceiros para viver com dignidade? Talvez uma cirurgia plástica para corrigir alguma deformidade facial que isola pessoas em suas casas e assim as libertarem para também, através do próprio labor, adquirir seus bens. Enfim, programas que estivessem mais preocupados em transformar, não só a aparência ou o modo de vestir, mas dar condições e ferramentas para que o próprio indivíduo possa transformar a sua vida através do próprio trabalho e esforço. Ana Maria Braga, em seu programa Mais Você fez uma transformação valiosa neste particular. Pegou um casal de drogados que vivia em baixo da ponte e internou-os em uma clínica de reabilitação. Conseguiu, através dos seus patrocinadores, um emprego decente a cada um deles e ainda vai financiar, do próprio bolso, uma casinha para que possam viver como seres humanos. E periodicamente se propôs a fazer o acompanhamento do tratamento a que o casal está fazendo para abandonar o vício. Isto sim é uma transformação. Porque transformou a vida e deu-lhes a chance de viverem por seus próprios meios financeiros e, acima de tudo, deu-lhes objetivos de vida e um horizonte de perspectivas novas.
×
×
  • Create New...