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Forum Cinema em Cena

Alexei

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Everything posted by Alexei

  1. Muitas das coisas que você escreveu eu concordo, Ruby. Outras ainda não me desceram pela garganta. As caricaturas a que eu me referi se devem ao unidimensionalismo dos personagens. Os poucos lados deles que aparecem no filme são ampliados até dizer chega, ainda que o filme tenha tido oportunidades de mostrá-los sob outras perspectivas. Me pareceram caricaturas mesmo. O perdedor que se acha vencedor, o adolescente problemático, o coroa porra-louca... Mas é como eu disse, isso nem me incomodou muito, pois serve ao propósito satírico e aí vale quase tudo. Os temas sérios e a falta de tratamento adequado a eles, como se desimportantes fossem, é o que me incomodou. Veja só, a abertura do filme com a palestra dos nove passos tem um recado bem óbvio dos diretores sobre a incerteza do que é ser winner ou loser, mas algum tempo depois, o que eles fazem? Rotulam Marcel Proust de loser, a despeito de tudo o que ele fez, segundo um dos próprios personagens. Colocam a conceituação americana de loser em cheque mas depois a confirmam. Não coincidentemente é justamente a cena que você menos gostou. Cara, humor negro ali é pouco... A coisa toda é sádica porque a gente não ri tanto das situações, mas sim da própria condição da família Hoover, e o filme deixa claro que eles definitivamente não queriam ser assim. O que aflige os Hoover também maltrata muita gente por aí, de forma involuntária. Isso eu achei meio pesado e torna o filme bem indigesto pra mim. Daí a expressão que abriu meu primeiro post: "gostar dele, mais complicado ainda"... Sobre o concurso, concordo plenamente contigo. O elenco é maravilhoso, como havia dito. Já os diálogos ligeiros foram um elogio mesmo. Eles são geralmente bons, principalmente os do personagem do Steve Carell, que é, insisto, uma das melhores coisas do filme. Talvez a melhor. Legais os seus comentários. Será que eu pedi mais do que o filme poderia oferecer? Hmm...
  2. Ei Graxa, porque você não se candidata para a defensoria de Crash? Seria interessante. Você iria precisar de sorte, pois não vejo como defender aquilo... Os muitos erros estéticos e conceituais de Crash foram apontados no próprio tópico. E, discordando dos parágrafos aí em cima, Crash não é apenas forçado e piegas como justificativa para atacar o preconceito. O filme é conformista e reforça estereótipos. É, portanto, preconceituoso à sua maneira.
  3. Analisar esse filme é complicado. Gostar dele, mais complicado. Falar que os personagens são caricaturas é chover no molhado e apenas parte do problema. O filme mostra seis pessoas cuja existência é não menos que miserável, em um final de semana ainda mais miserável no qual todos viajam em uma Kombi velha para que a caçula da família participe do Concurso Little Miss Sunshine. Tem seqüências incrivelmente engraçadas, mas um dos seus problemas - talvez o principal deles - é o fato de que a plataforma sobre a qual se apóiam os diálogos ligeiros e o humor pastelão é muito séria: falência familiar, auto-estima como imposição social, preconceito, culto ao kitsch. Nada disso é verticalizado no filme e isso aponta para escolhas muito erradas do roteiro. Há outros pontos desfavoráveis, como algumas seqüências de mau gosto involuntário e a alternância humor - momento emoção/revelação - humor - momento emoção/revelação e assim vai, bem feijão com arroz. Pior ainda: o personagem mais rico e interessante do filme é o que menos tempo tem na tela e parece ser descartado de forma quase gratuita. Se tem aspectos positivos? Tem. O elenco sustenta a pobreza do roteiro com bravura, principalmente o Alan Arkin, a Toni Collette (ótima, dá uma dimensão de humanidade que o personagem implorava e o roteirista teimou em não conceder) e o melhor deles, Steve Carell, que é quem melhor passa a impressão de que seu personagem tem uma vida e uma história no mundo além-Kombi. A garotinha Abigail Breslin interpreta muito bem uma criança de verdade, como são as de hoje: com uma certa maturidade emocional e neuras dos adultos que vão se instalando de forma insidiosa mas, ainda assim, crianças. Falei do mau gosto involuntário porque todos os pecados do filme são amenizados no final, tão hilário quanto chocante. Quando a gente acha que os Hoover são o fundo do poço humano, o concurso Little Miss Sunshine subverte tudo como um espetáculo tão dandesco que parece de um outro mundo - mas infelizmente é real. É a pobreza estética orgulhosa de si própria, sinalizando que a cultura americana não tem mais salvação. Com rompantes de brilhantismo e um elenco de primeira, Dayton/Faris parecem apreciar que a platéia ria debochadamente da desgraça alheia. Mas esse é um humor que tem efeito rebote e o saldo acaba sendo inferior ao que poderia ser.Alexei2006-10-23 12:42:09
  4. Ah...The Hunger, esse é ótimo. Vi no cinema em uma mostra de filmes dos anos 80, aqui em Brasília. Vampiros esqueléticos habitando em tumbas pútridas? Não, aqui eles são modernos e sofisticados e moram bem, de igual só a fome. O filme abre com um clip da banda Bauhaus anunciando que Bela Lugosi estava morto...nada mais apropriado já que o filme é ao mesmo tempo uma ruptura com os filmes do gênero e uma espécie de rendição à atmosfera sombria a que estamos acostumados, com uma trilha recheada de clássicos (Bach e Schubert) ironicamente esta estréia do irmão do diretor Ridley, Tony Scott foi um fracasso retumbante de bilheteria, mas viria a se transformar em um filme cultuado até hoje. Grande pedida. Ah, eu não comentei que tem uma cena entre Catherine Deneuve e Susan Sarandon, daquelas de fazer o Drácula vagar pelos becos completamente perdido? Pois é, tem. Que texto inspirado, não? Eu me sacudia ao som de Bela Lugosi is Dead (e também com Love Will Tear Us Apart do Joy Division, Lorelei do Cocteau Twins e The Boy With The Thorn in His Side, do vocês-sabem-muito-bem-quem) e até hoje o faria, se tivesse a oportunidade. Bons tempos aqueles. Nostalgia pura!
  5. Ontem, pra variar, eu tive insônia e fiquei navegando à deriva pela rede até entrar no sítio da Slant Magazine, que eu visito regularmente pelos seus excelentes comentários sobre cinema e música. O editor da Slant é o Ed Gonzales, o único crítico de cinema da atualidade cujos textos eu faço questão de ler, como já havia afirmado isso em outros tópicos. Bingo! Ed havia escrito uma crônica sobre A Paixão de Cristo, ainda em 2004, que eu não conhecia. Meus sentimentos sobre o filme são quase idênticos aos dele (como de costume), com a diferença do excepcional uso de palavras que ele faz. Esse cara não é menos que brilhante. Esse texto, traduzido e transcrito abaixo, sintetiza tudo o que eu penso sobre a Paixão (minha imagem é um pouco pior que a dele, na verdade). A superficialidade psicológica, a catequese a fórceps, a subestimação do espectador, está tudo aí. Mais ainda, demonstra de uma maneira que eu não havia conseguido o quão preconceituoso e misógeno Mel Gibson se revelou com este filme. Deu um trabalhão traduzi-lo (o original em inglês vem logo em seguida) e ainda assim ficou muito aquém do material original, mas vale a pena postá-lo aqui, mesmo com todos os pontos de reputação que provavelmente vão me tirar (mais que os já retirados) talvez em razão de eu supostamente estar questionando a fé cristã - o que é absurdo, pois ela não se confunde com sua interpretação para o cinema e este sim é o debate. Deleitem-se. O Cristo Embriagado de Amor de Mel Gibson*<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /> Há uma cena na Paixão de Cristo de Mel Gibson na qual a multidão do lado de fora do palácio de Pôncio Pilatos deve decidir entre um Jesus Cristo livre ou um assassino beijoqueiro de língua e enlouquecido que poderia muito bem ser um parente distante do diabo da Tasmânia. Em certos momentos o filme lembra um esboço de comédia ruim, com os atores tentando desesperadamente transcender seus respectivos personagens unidimensionais, mas apenas nesta única cena tal luta transcende a cartunesca representação do bem do mal feita por Gibson. Esta educativa e primitiva representação do quão profundo o ódio por Jesus atingiu evoca a singela atratividade das histórias bíblicas com as quais eu fui criado em minha infância. Lamentavelmente, isto é algo que não se leva para o resto do filme: um inumano, pornográfico e masoquista instrumento de tortura - um produto da agressiva culpa católica que, ao invés disso, deveria ter nascido do amor. A Paixão é uma perigoso agrupamento de indicadores políticos e estereótipos. Satã é representado no filme como uma mulher andrógina e seus asseclas são crianças deformadas de diferentes idades. Herodes é um Calígula flamejante. Os judeus são maldosos e sedentos de sangue. Isto é algo que não pode ser ignorado, e eu digo isso porque o filme não vive e respira Jesus tanto quanto o faz em relação às neuras do seu verdadeiro autor (seu Criador, se você preferir): Mel Gibson. O Nazarin de Luis Buñuel veste a bagagem espiritual de seu diretor de maneira similar, mas também é um estudo ousado e humanista do mesmo masoquismo que permanece sem referência no filme de Gibson (sem mencionar como ele continua a comer a Igreja Católica por dentro). Será a Paixão anti-semita? Cristãos irão se voltar para os Evangelhos para se defender de tal acusação, e os judeus vão relembrar as maneiras pelas quais as representações da paixão vem sendo utilizadas para oprimir seu povo ao longo da história. Eu acho que a resposta está num meio-termo. No filme os judeus são carniçais, e apesar da Paixão não inspirar explicitamente a violência contra eles, a qualidade masoquista das imagens de Mel Gibson é algo completamente diferente. Tenho problemas com o tom raivoso de retribuição que é pano de fundo de todas as imagens do filme, esse sentimento de recompensa do tipo “você vai ter o seu” que ameaça romper o tecido do tempo e espaço bem no momento em que a morte de Jesus desperta a ira de seu Pai. Para mim, os momentos finais da Paixão são implicitamente vingativos e há uma espécie de “hurra!” na maneira pela qual o Cristo sai da tumba que sugere uma Paixão de Cristo: Máquina Mortífera. Eu não estou tentando ser desagradável. Não tenho problemas com o verdadeiro Jesus – ele era todo amor. É sua representação esquemática que me causa problemas, e com isto fica óbvio que Gibson tem sua própria cruz para carregar. Martin Scorsese celebrou a humanidade de Cristo em seu duro, porém tocante, A Última Tentação de Cristo. Ele é o Filho de Deus ou está sendo testado pelo Satã? O subtexto do filme era o próprio complexo messiânico, e desta forma a jornada de Jesus era de aceitação – ao final do filme, ele aceita não só seu papel como homem, mas também seu papel como salvador. No filme de Scorsese, o Diabo tenta Jesus sob a forma de uma criança loira e ariana – um símbolo enganador de pureza intocada. Gibson sequer entende o caráter sedutor da tentação. Não apenas o Diabo é uma mulher, mas uma que fala como um homem (mistura de gêneros = ruim) e leva no braço um anão deformado (deformidade = muito ruim). A vida é sexy, misteriosa, confusa, mas onde Scorsese e Buñuel fazem o Cristo trabalhar pela sua iluminação, Gibson torna as coisas fáceis para ele**. Seu simbolismo é grosseiro e dolorosamente óbvio. Ao invés de seduzir Jesus com algo belo porém venenoso por dentro, ele o tenta com o que é explicitamente letal e acaba fazendo todo o trabalho por Jesus. Você fica com a sensação, ao ver o filme, que Gibson açoitaria cada um de nós se isso nos trouxesse para mais perto de Deus. É a iluminação espiritual através da dor. Gibson não chama por nós como seres espirituais, nem tenta nos tocar de maneira intelectual ou filosófica, como Andrei Tarkovsky e Pier Paolo Pasolini fizeram <?:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" />em Andrei Rublev e O Evangelho Segundo São Mateus, respectivamente. Ele apenas nos soca no estômago. Esteticamente o filme é podre até a medula e eu culpo por isso os anos e anos que Gibson gastou fazendo filmes ruins: as pequenas crianças demoníacas (alguém lembrou do Come to Daddy do Chris Cunningham?), a câmera lenta desnecessária (só faltou um tiroteio ao estilo Matrix) e a equivocada imagem de Satã. O problema em apresentar um filme sobre o contexto da santidade** de Jesus (desculpe, mas flashbacks espúrios à última ceia não contam) é que você cria um filme sem dimensões humanas. Eu esperei, até me preparei, para uma obra extremista e livre de contexto, fruto do fundamentalismo. Exceto por uma memorável passagem que evoca o fracasso de Maria em proteger Jesus da maneira que ela fazia quando este era uma criança, não há amor na Paixão. Gibson tem dito em entrevistas que ele queria “chocar” a audiência, e desta maneira a Paixão se desdobra como uma fumaça artística** para a ladainha fundamentalista do ator/diretor. Isso não é algo necessariamente ruim, exceto pelo fato de eu achar que existem formas mais saudáveis e mais profundas de conectar os cristãos com a morte de seu salvador. Eu entendo a necessidade, para alguns cristãos, de defender A Paixão. Sei que esse é um filme que algumas pessoas precisam, mas também não é um filme que apela para o espírito humano, e sim paras as noções básicas, primitivas, de verdade crua** e retribuição, não muito diferente do anti-católico e agitador The Magdalene Sisters*** de Peter Mulan. A Paixão parece ter sido feita para aqueles que acreditam que Deus é uma divindade raivosa e vingativa, e desta forma eu exorto os cristãos a rejeitar esse filme e acolher algo como o devastador O Filho, de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne. É um testamento profundamente tocante ao perdão cristão, que filosófica e empaticamente estuda a violência ao invés de utilizá-la como um ato de opressão cultural das massas. * Mel Gibson's Punch Drunk Christ, no original, como referência ao filme do Paul Thomas Anderson. ** A tradução foi difícil nestas passagens, só pude improvisar. Consultem o original e me corrijam, se for o caso. *** Não me lembro do título do filme em português. Mel Gibson's Punch Drunk Christ There is a scene in Mel Gibson's The Passion of the Christ where the crowd outside Pontius Pilate's palace must choose to free Jesus Christ or a tongue-smacking, raving killer who might as well be a distant relative of the Tazmanian Devil. At times the film recalls a bad sketch comedy, with actors trying to desperately transcend their respective characters' singular dimensions, but only during this one scene does this struggle transcend Gibson's cartoonish representation of good and evil. This educational, primitive evocation of how deep the hatred for Jesus went evokes the simple-minded allure of the Bible stories I was raised on as a child. Sadly, this is something that doesn't carry into the rest of the film: an inhuman, pornographic, masochistic torture mechanism—a product of aggressive Catholic guilt that should have been born out of love instead. The Passion is a dangerous accumulation of political signs and stereotypes. Satan is represented in the film as an androgynous woman and her minions are deformed children of different sizes. Herod is a flaming Caligula. The Jews are leering and blood-thirsty. This is something that can't be ignored, and I say this because the film doesn't live and breathe Jesus as much as it does the hang-ups of its true auteur (its Creator, if you will): Mel Gibson. Luis Buñuel's Nazarín similarly wears its director's spiritual baggage, but it's also a daring, humanist study of the very masochism that remains unaddressed in Gibson's film (not to mention, how it continues to eat away at the Catholic church). Is The Passion anti-Semitic? Christians will turn to the Gospels to defend this accusation, and Jews will recall the way passion plays have been used to oppress their people throughout time. I think the truth lies somewhere in the middle. The Jews in the film are ghouls, and though The Passion doesn't explicitly inspire violence against them, the masochistic quality of Gibson's images is another thing altogether. I'm troubled by the angry tone of retribution that underscores every image in the film, this feeling of "you'll get yours" recompense that threatens to crack the matrix of time and space well before Jesus' death summons the ire of his father. To me, the final moments of The Passion are implicitly vindictive, and there's a "boo-yah!"-ness to the way Christ exits the tomb that suggests The Passion of Christ: Lethal Weapon. I'm not trying to be snide. I have no problems with the real Jesus—he was all about love. It's this high-octane representation that troubles me, and it's obvious that Gibson has a cross to bear. Martin Scorsese celebrated Christ's humanity and teachings in his clunky but moving The Last Temptation of Christ. Is he the Son of God, or is he being tested by Satan? The meta of the film was the very first Messianic complex, and as such Jesus' journey becomes one of acceptance—by film's end, he accepts not only his role as a man, but his role as a savior. In Scorsese's film, the Devil tempts Jesus in the form of a blonde, Aryan child—a deceptive symbol of untainted purity. Gibson doesn't even understand the seductive allure of temptation. Not only is the devil a woman, she talks like a man (gender-bending = bad) and holds a deformed midget in her arms (deformity = really bad). Life is sexy, mysterious, confusing, but where Scorsese and Buñuel make Christ work for his enlightenment, Gibson makes things easy for his stick figure. His symbolism is thick and woefully obvious. Rather than seduce Jesus with something pretty but poisonous inside, he taunts him with what is obviously lethal, and in essence does all the work for Jesus. You get a sense while watching the film that Gibson would flog each and every one of us if it brought us closer to God. This is spiritual enlightenment via pain. Gibson doesn't appeal to us as spiritual beings, nor does he attempt to touch us intellectually or philosophically, like Andrei Tarkovsky and Pier Paolo Pasolini did in Andrei Rublev and The Gospel of St. Matthew, respectively. He merely punches us in the gut. Aesthetically, the film is rotten to the core, and I blame the years and years Gibson spent making bad movies for that: the little demon children (Chris Cunningham's "Come To Daddy" anyone?), the needless slow-mo (all that's missing is a Matrix-style, bullet-time F/X show), and the misguided Satan imagery. The problem with presenting a film about Christ sans context (sorry, but spurious flashbacks to the Last Supper don't count) is that you create a film without human dimensions. I expected, even welcomed, an extremist work of context-free, literalist fundamentalism. Except for a startling montage that evokes Mary's failure to take care of Jesus the way she used to when he was a child, there's no love in The Passion. Gibson has said in interviews that he wanted to "shock" audiences, and as such The Passion unravels as a high-art snuff film for the actor/director's fundamentalist choir. That's not necessarily a bad thing, except I think there are healthier, more profound ways of psychologically connecting Christians to the death of their savior. I understand the need for some Christians to defend The Passion. I know this is a film some people need, expect this is not a film that appeals to the human spirit, but to primitive, base notions of aesthetic truth and retribution, not unlike Peter Mulan's anti-Catholic agitprop The Magdalene Sisters. The Passion is a film that appears to have been made for those who believe God is an angry, vengeful deity, and as such I challenge Christians to reject this film and embrace a film like Jean-Pierre Dardenne and Luc Dardenne's devastating The Son instead. It's a profoundly moving testament to Christian forgiveness, which philosophically and compassionately studies violence instead of using it as an act of mass-cultural oppression. Ed Gonzalez © slant magazine, 2004. (editado para corrigir alguns erros de digitação e tornar o texto mais fluido, sem prejuízo da correspondência ao original)Alexei2006-10-21 17:34:07
  6. Cruzes (essa foi uma interjeição apropriada, não acham?). Eu havia dito que aquele seria meu último post, mas tô me sentindo afundando numa areia movediça. E vou ter que me contradizer, postando de novo. Tudo o que foi escrito até agora tem seu percentual de subjetividade, em maior ou menor grau. O flagelo mostrado por Gibson, por exemplo, eu considero de mau gosto. E isso independe de ser verídico ou não, até porque aqueles que, de fato, presenciaram o calvário não tiveram o dúbio privilégio dos zoons e slow motions com que Gibson encharca o filme. Porque voce rotula de "subjetivo", como se isso tirasse a força da argumentação, apenas quando não concorda? Está faltando congruência da sua parte, afinal seus Oks também são subjetivos. A boa atuação da Maya Morgestern é fato ou opinião? Opa, você concordou, então é fato (não carece de prova). Mas que coisa, hein? Possivelmente eu não sei para que serve a páscoa, mas você deve saber. O que me ensinaram é que ela evoca a ressurreição do Cristo, por obra divina. Eu a celebro como a vida nascendo da morte, entre tantas coisas ruins que aconteceram no passado e acontecem no presente. De uma forma ou de outra, não tem nada a ver com culpa, por isso me ilumine com seu conhecimento. Não preciso de provas, quero saber a sua verdade. Tenho certeza de que o homem foi à Lua, mesmo sem ter visto um pedregulho sequer tirado dela. O curioso é que o meu maior desgosto com o filme foi omitido em seu quote. Por que? P.S.: Não seja deselegante, eu não adoro ninguém e não preciso de reconhecimento externo para validar minhas opiniões, do Dook ou de quem quer que seja. Sim, eu acho que o Dook contribui muito para esse fórum, independentemente de eu concordar com ele ou não. Já havia afirmado isso publicamente muito antes desta discussão começar e repito se for necessário. É muito humilhante para você?
  7. Caro Deadman, volte no tópico. Estamos discutindo incongruência e oportunismo; um monte de posts já foram feitos nesse sentido. Agora, se formos discutir os aspectos artísticos do filme, é outra história... A coisa pode ficar pior, pois o Dook já apontou várias escolhas erradas que foram feitas nA Paixão, como a pieguice excessiva e o negligenciamento dos dilemas morais. Eu concordo plenamente. Repito o que havia dito antes: a fotografia é maravilhosa (que palheta de cores, hein? Deschanel é brilhante, aquele azul do começo é inesquecível), Caviezel e Morgestern estão ótimos. O que mais temos nesse filme? Os méritos eu reconheço, mas os deméritos são tantos...
  8. Muy grato, Dook! Mas não está adiantando muita coisa, afinal está difícil fazer entender a contradição presente nas atitudes do diretor. Melhor aguardar a decisão do Júri mesmo.
  9. Duas respostas em uma. Tenho uma opinião um pouco diferente da sua. Talvez isso se deva ao fato de que eu não vi a versão do diretor (me lembro que você afirmou ter visto), nem sei da história da produção do filme. A torpeza humana foi abordada em todos os integrantes da série, por isso acho que, nesse aspecto, Fincher não fez mais que a obrigação dele ao preservar tais elementos. E nisso a vantagem do primeiro filme está na sutileza e no sabor de novidade. Independentemente disso, eu gosto do Alien3. Acho que ele começa de maneira incrível, sob um viés até então ignorado, o da Ripley como uma pessoa de carne e osso, com inseguranças e fraquezas. Vê-la descendo do pedestal e fazendo outras coisas que não correr ou exterminar aliens - sofrendo com a perda de Newt ou criando outros laços afetivos, por exemplo - é ótimo. Do meio pro final, mais ou menos após a Ripley descobrir que também será mãe, a coisa desanda: aquele alien canino começa a matar todo mundo e aí o filme se reduz a um jogo de gato e ratos, com o agravante de haver elementos muito quadrados no roteiro (é uma prisão masculina, convenientemente pra estória só há armas brancas - ou seja, palitos de dentes pro alien - e por aí vai). A sensação que ficou é de um bom filme, visualmente excelente (a assinatura visual do Fincher é marcante), que deve ter sofrido sérios problemas de divergências artísticas durante sua produção. Até o meio, um ótimo filme autoral, com muita personalidade; daí até o fim, uma filmagem pra cumprir tabela. Agora um interlúdio em nossa sessão de horror, com o Alien repaginado pelos hilários bunnies: http://www.angryalien.com/0704/alienbunnies.html É de chorar de rir!
  10. (com spoilers) Vi Alien pela primeira vez no cinema. Tinha uns 12 anos de idade, mais ou menos, e não fazia a menor idéia do que estava por vir. Nenhum filme me deu tanto medo quanto esse e duvido que algum outro o supere no futuro. Vê-lo na telona é uma experiência inesquecível. Considero Alien o filme de terror definitivo. Ele lida com o medo em vários patamares - o medo do desconhecido, o medo da impotência, o medo do redimensionamento (pois aqui o todo-poderoso e tecnologicamente avançado ser humano vira uma incubadora, e descartável!) e, é claro, o medo da morte também. Tudo nele funciona bem - a fotografia, com o amarelo doentio se mesclando com o cinza frio; a cenografia, com o bicho se camuflando no meio daqueles tubos nojentos; a edição de imagens e o elenco. No meio de tantos pontos fortes duas coisas devem ser destacadas, a edição de som (que não precisa aumentar o volume para causar sustos) e o melhor de tudo, o roteiro. Uma das coisas que mais apavora em Alien é o sentimento de inevitabilidade. A gente sabe que tudo aquilo vai acabar mal, que os tripulantes vão se ferrar, que não têm nenhuma chance contra o intruso. E isso contrasta com a relativa lentidão com que a estória se desenvolve. Nesse sentido, Alien parece um atropelamento filmado em câmera lenta e sem som. Não há muito o que fazer, apenas esperar pelo pior. O instinto de competição e de predação é inerente a quase todos os seres vivos conhecidos. Em Alien vemos o que seria o topo da atividade predatória, representada por duas espécies distintas. A primeira delas é real, o homem. O ser humano é retratado em Alien nas suas piores facetas - ganância, covardia, egoismo, crueldade. A coisa é tão podre que uma das virtudes mais nobres que nós temos, a compaixão, é utilizada para fins escusos sem nenhum escrúpulo, duas vezes - quando os tripulantes descem no planeta acreditando em uma mentira, pensando que o sinal é de socorro quando se trata de um alerta, e quando Dallas insiste em desrespeitar a regra básica da quarentena na esperança de salvar Kane. E se houver uma Ripley, uma pessoa que, em situações críticas, acertadamente pensa na coletividade em detrimento da individualidade, um andróide dá conta do problema. Programado pelo homem para agir assim, é claro. E do outro lado do ringue o que temos? Uma espécie ficcional, o próprio alien. Uma criatura que, para nascer, tem que necessariamente matar (o que parece coerente, sob a perspectiva biológica; porque não eliminar a concorrência já a partir do seu nascimento?), e que não pensa em outra coisa a não ser a sua própria sobrevivência e a continuidade da espécie. Seus impulsos não sofrem desvios em momento algum e seus objetivos - dilemas morais à parte - são totalmente justificáveis. O alien não escolhe quem mata nem tem propósitos prejudiciais aos seus semelhantes. Sua agressividade existe para garantir o sucesso no cumprimento de sua tarefa. Quem é o monstro aqui?
  11. Não há problema algum em ganhar dinheiro como cineasta ou produtor. A questão é que vender cravos e cruzes em miniatura, ou sei lá o que mais, não se coaduna com o que prega a fé cristã. Foi banalizada a imagem e a história daquele que, segundo o próprio diretor, pagou pelos pecados de seus semelhantes. Gibson divulgou o filme como um ato de fé realmente, uma homenagem a Jesus Cristo, mas na prática o tratou como se fosse um produto de mercado como outro qualquer. Agindo dessa forma ele atirou no próprio pé.
  12. Também vi Estranhos Prazeres. É realmente muito interessante, com a Angela Basset, o Ralph Fiennes e a Juliette Lewis no elenco, se não me engano. Altamente recomendável por ter um roteiro esperto. Despretensioso, porém interessante. Infelizmente não vi Quando Chega a Escuridão. Parece ser muito bom.
  13. Bacana esse post, Enxak. Eu tô acompanhando seus trabalhos por aqui e no Pablito também, e compreendo a sobrecarga que você se referiu. Relaxa, seu perfilzinho não é nada infame e pode ser o pontapé inicial para boas discussões. É só maneirar nas aspas, OK? Heheh Eu queria ter aguardado a crítica oficial, por assim dizer, do Alien, para expor minhas discordâncias quanto ao texto que você tirou da rede, mas não resisti quando vi aquelas barbaridades. Esse é um dos filmes da minha vida e se eu deixasse passar aquilo, nunca mais iria me perdoar... Se qualquer um aqui fosse neófito na mitologia do Alien e recebesse informações erradas, teria toda razão de reclamar. Eu faria o mesmo. Só pra não perder o fio da meada, até onde eu sei, o Moebius, que tem um lápis ótimo, desenhou os trajes espaciais dos tripulantes da Nostromo. É do designer suíço H. R. Giger - um sujeito que, além de completamente insano, também é um pintor e escultor de primeira - a concepção estética do alien e também da nave abandonada (que de útero não tem nada), onde está a primeira vítima conhecida dos bichinhos, e não é humana.
  14. Valeu pela correção, Deadman. Sim, a vampira é do outro mundo - literalmente - de tão bonita. Agora, sobre o texto do Alien. Quando há méritos, estes devem ser reconhecidos e eu sempre faço isso, quer seja buddy meu, quer não. Mas também não tenho nenhum pudor de reclamar de bobagens quando são escritas. A análise em questão deixou de considerar aspectos essenciais do filme e interpretou outros de maneira pobre. O tempo inteiro Scott informa ao público que o Alien não é uma criatura necessariamente maligna. Pelo contrário, está buscando sua sobrevivência e a continuidade da sua espécie. O fato de que, para aqueles seres, a vida só pode nascer da morte é um elemento de sua própria natureza como tantos outros. E rico em significados que não foram explorados no comentário transcrito. Os humanos do filme (e não o reducionismo obtido a partir da expressão "militares") é que são outra história. Colocam em risco a vida dos seus semelhantes, mentem, enganam e matam despudoradamente. O homem como o lobo do homem é o elemento mais importante de Alien, além da relativização da dicotomia bem/mal. Traços que são sutis nesse filme e foram mais escancarados no resto da série. Fazer uma análise sem abordar isso, mesmo que de passagem, é como ir a uma churrascaria e não se importar se a carne está no ponto, bem ou mal passada. Forrou o estômago, já tá bom. Há conceitos misturados aqui, pois a Mãe não se confunde com a Nostromo e a nave encalhada no planeta em nenhum momento pareceu um útero. Moebius? Não era o H. R. Giger? Nada contra sua iniciativa, Enxak, e espero que você não me leve a mal, mas creio que o filme merecia um texto mais à sua altura. Apesar de ter muito mais coisas, como o uso inadequado de aspas, vou parar por aqui ou os colegas vão me considerar ainda mais chato do que já devem achar que sou. Mas se eu compactuasse com o erro ou com a mediocridade estaria me violentando. Se isso acontecer alguma vez por aqui, podem chamar a polícia, pois é alguém tentando se passar por mim.
  15. Disponha! Essa do beijo final eu não sabia. O filme é repleto de referências, mais literárias do que cinematográficas, mas eu nem lembrava dessa... É interessante como o diretor consegue transmitir a idéia de que Alex e Kate têm muita química quando Reeves e Bullock têm tão pouco tempo juntos na tela. Fora aquela seqüência muito bonita da dança e do beijo, ele só se encontram ao final mesmo. Mas passam, o tempo todo, a sensação de que foram realmente feitos um pro outro. Méritos não só do diretor, mas dos atores também. O filme é muito charmoso. E seu comentário está concorrendo ao prêmio Pablito de Ouro. Votei nele.
  16. Terrível esse filme. É uma tentativa de catequização a fórceps, sangue e lascas de carne, ou um reforço da fé pela culpa, algo que não entra na minha cabeça e jamais teria sucesso comigo. Mas a fotografia do Caleb Deschanel é muito bonita. A Maya Morgenstern e o James Caviezel defendem bem os seus papéis. Outros méritos nesse filme, sinceramente, não consigo ver.
  17. Só porque ele não fez como você queria, significa que seja ruim? A cena do jantar na casa dos Linscott parece uma imersão em outra realidade. Tudo e todos ali são distorcidos, fora do seu lugar, deturpados. Quase dá para sentir o cheiro da podridão. O olhar enviezado me pareceu perfeito pra transmitir a sensação de que aquele é um lugar de normalidade aparente e perversão profunda. Para chegar ao âmago dos Linscott e entendê-los, era necessário distorcer seus próprios pontos de vista também.
  18. Piper Laurie rocks! Sabe ser intensa sem ser exagerada. Ela e a Sissy Spacek duelam nesse filme soberbo.
  19. Eu penso que tem mais coisa ali. O tema principal não é o mundo da moda não, inclusive porque a atriz principal e o centro narrativo do filme é o personagem da Anne Hathaway. O foco do Prada é o assédio moral mesmo, e aí eu acho que ele se desenvolve admiravelmente bem, acrescentando algumas dimensões interessantes a esse conceito.
  20. Somos dois. Mas eu estou sempre disposto a aprender. Tô com muuuuito sono agora, passei só pra ver como andava o Cineclube de uma maneira geral. Entrei aqui e olha só que coisa boa, o tópico está cumprindo o que prometeu, e com folga! A crítica do Silva sobre o Extermínio está excelente. Mais concisa que a que ele fez para Os Pássaros, e com mais observações que aumentam o foco sobre o filme do que o comentário acerca dO Enigma do Outro Mundo. Mas essas duas dão conta do recado também. Extermínio só desponta mesmo a partir da chegada em Manchester, quando se torna muito intrigante, como o Silva observou. Até lá ele tem seus momentos, mas não deixa de ser um pouco feijão com arroz, ainda que bem preparado. E eu gosto demais do Cillian Murphy, mal posso esperar pra vê-lo em Café da Manhã em Plutão. Ouvi dizer que ele está simplesmente fantástico nesse filme do Neil Jordan. O Silva vem se aprimorando na escrita, principalmente na distribuição dos elementos nos parágrafos e na exposição das idéias de forma ordenada. Era boa, agora está ficando ótima! A notável percepção sobre cinema, isso ele sempre teve. Parabéns, colega. Quando o Cineclube nasceu, eu apostei num período de Renascença pro Fórum. Acertei nas previsões, não acham? P.S.1: Pessoal, não precisa ficar pedindo desculpas por algo que ainda não foi feito. Deixem rolar, OK? Se alguém não gostar de suas listas ou de suas críticas, paciência, não se castrem por isso. Os gostos são diferentes mesmo. Já pensaram o porre que seria se todos tivessem as mesmas opiniões por aqui? P.S.2: Tem um filme inglês que eu gosto bastante, o Força Vital (que já passou zilhões de vezes na TV). Ali tem muito mais coisa do que o belo traseiro da alieníena ou o tema do vampirismo em nova roupagem. Alguma chance de vê-lo comentado por essas praias? P.S.3: Essa biogafia sobre o Jason, transcrita e modificada pelo Enxak, foi tudo de bom. Será lida com mais calma amanhã, porque agora as pálpebras tão pesadas demais...
  21. Sinceramente, esse post foi maravilhoso. Agora fiquei triste de ver que você está cadastrada aqui desde 2004 e tem tão poucos comentários. Vou tomar a liberdade de colar sua crítica lá no armazem do CMJ, OK? Parabéns.
  22. Lembrem-se que a idéia do Cineclube é ver ou rever o filme em pauta para comentar seus acertos e desacertos, e não ficar esperando que apareça um filme que já tenhamos visto para só então participar. Vamos alimentar o tópico, pessoal, que é uma das melhores coisas do CeC atualmente porque estimula a cultura de cinema. Eu ainda estou em defasagem em dois, A Última Tentação e Fogo Contra Fogo. Assim que os revir, volto pra comentar. P.S.: Gago, faça um esforço. Não teve nada que eu li de você até agora que não tenha achado, no mínimo, interessante. Olhe nosso cardápio no índice que o Silva escreveu e sirva-se. Ou, quem sabe, candidate-se para a crítica seguinte.
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