Em relação ao que o SAPO vem falando:
Não acho que funcionou. Aliás, nem ferrando. O Harvey Dent foi muito bem mas o Duas Caras foi muito, muito besta. Agiu como um vilãozinho de quinta. Mesma coisa sobre o espantalho, que já era ruim no primeiro e continuou aqui. Foram vilões que não marcaram, que apenas passaram...
Será que não funcionou? O ponto forte do filme, o final, assim se faz graças ao personagem Duas Caras.
Reduzir o Duas Caras proposto neste filme a um simples vilãozinho, é reduzir a visão de Nolan sobre o personagem. Duas Caras, antes de tudo, representa todo o desespero de Dent ante sua tragédia. Ele simplesmente não aceita seu destino, posto que não foi justo. E se tudo na vida é uma questão de sorte, acaso, se nada é certo e justo, por que a justiça dos homens não deveria ser dessa forma? Essa é sua "filosofia" que o guia na sua loucura. A morte, no caso, foi um alívio para ele, como foi para o personagem de Al Pacino em Insônia por exemplo. Por isso de sua passagem pelo filme ser curta. O sofrimento do personagem tinha de terminar ali.
Então, mas nada ameaçador ou elaborado. Quando precisou pegou um revolvinho mesmo. Fora que achei corrido. Tipo, o cara leva 2 horas pra virar vilão e morre em 1/2 hora.
Se você acha que um personagem que decide qualquer vida, aliás, até o próprio suicídio (como quase acontece no fim do filme) jogando uma moeda, não é algo marcante, ameaçador ou elaborado.... infelizmente, não tenho mais argumentos para você.
Quanta transformação que você considera repentina, que tal um pouco de vida real? http://www.tudonahora.com.br/noticia.php?noticia=16535 Certas coisa são da noite para o dia mesmo...
São os mistérios da alma humana, de todo o jeito, voltemos para o filme: Fica bem claro desde o começo a personalidade vingativa e justiceira (que atrai a admiração de Bruce Wayne) bem como o comportamento impulsivo de Dent. Que promotor reagiria como ele em um tribunal? (Cena do soco) Que promotor arrastaria um bandido por conta própria e faria tortura psicológica apontando uma arma na cabeça de um bandido? São sugestões que Nolan deixa de seu temperamento.
Aliás, quanto a isso, o Coringa é o "psicólogo" do filme, como bom conhecedor da alma humana só erra uma vez em sua leitura dos comportamentos, que é no caso dos barcos. Fora isso, só tiros certeiros: antecipa a traição de Lau, os medos e ambições dos bandidos de Gotham, alerta Batman sobre a hipocrisia da população que pode julgá-lo como herói ou vilão de acordo com as conveniências, e no final, quando Batman faz questão de salvá-lo da queda (numa atitude contraditória a que tomou em realção ao Ra's al Ghul, no Batman Begins) classifica aquela atitude como falso-moralismo. Por fim profetiza sobre Dent, quando diz que a loucura, assim como a gravidade, só precisa de um "empurrãozinho"....
Revolvinho? O que você queria? Uma metralhadora? Métodos cruéis? O Coringa mesmo por vezes usava uma "faquinha"... heheheh Tudo bem, a tortura que você queria não era física, mas psicológica, entendo. Entretanto, existe um diferença entre os personagens: o Coringa, por trás de todo o caos que propõe, é um jogador, age racionalmente. Enquanto que o Duas Caras agia por puro sentimento de vingança e revolta perante a vida, ou seja, agia de maneira extremamente emocional, e portanto simples.
Não teria sentido ele ter muito tempo para pensar nisso e ser tão caprichoso como o Coringa que, no próprio filme, diz gostar de “experimentar todas as sensações” de sua vítima. Aliás esse será o problema de se fazer uma sequência sem o Coringa. O personagem é tão carismátio que todos vilões paracem ter a obrigação de ser um coringa... é só ver o que Joel Schumacher tentou fazer o Charada.
Você concorda em se usar um vilão desses como "de ocasião"?
Vilão, como já disse, seria uma palavra muito pobre para o que Nolan propôs. A proposta foi maior que isso, foi de alguém dividido. Vilão sugere alguém convicto para o mal. Vilão de ocasião, como sugerido pelo colega, seria mais apropriado mesmo, posto que no fim do filme fica claro o conflito de personalidade do personagem. Há um pouco de arrependimento, ainda que sutil, tanto que Dent, em um gesto auto-destrutivo, tenta o suicídio. A moeda é quem o salva. Sua duração naquele estado teria que ser curta mesmo, pois todas as suas ações estavam sendo condicionadas pela raiva e pela dor da recente perda da namorada. Não faria sentido ele ficar daquele jeito até o fim da vida (pelo menos não na proposta de Nolan para o personagem) Dent não era aquilo que estava fazendo como Duas Caras. Ficou tudo muito coerente dentro desta visão. Ele é um pouco vítima da violência da cidade, só que não aguentou, e entrou em desespero.
Mas sei lá, vocês estão meio cegos, como aconteceu com Begins. É só deixar a poeira baixar que vocês perceberão defeitos
Esse filme é superior ao Begins, mais maduro e profundo, mantém o mesmo conceito e ainda consegue suprir suas carências. Tudo isso sem contar com a força do personagem Coringa. Esse filme pode ser considerado "perfeito" sim, pois não há lacunas dentro do que se propôs. Todos os personagens foram abordados de maneira intensa e coerente, dentro de cada universo particular. Em suma, no que Nolan propôs, tudo ficou coerente e "amarrado". Agora sempre vai haver quem diga: eu faria assim, eu faria assado etc... Isso não interessa, é pura vaidade pessoal! Quem vai decidir o que deve ou não deve ser abordado para certos detalhes? Existem milhares de possibilidades para se construir o roteiro e debater isso soa muito infantil. A pergunta que pode ser feita é: o que faltou para o filme que o tornou incoerente? E a resposta é uma só: nada. Foi alcançado o que se propôs e isso é que deve ser objeto de avaliação. Se alguém quer criticar este filme tem que desconstruir de antemão toda visão proposta por Nolan e recriar tudo de novo. Nesse caso, o problema não estaria no filme em si mesmo.
leoJoker2008-07-23 21:15:49