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Pop Reverso

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    Pop Reverso reacted to SergioB. in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Forte candidato ao Oscar de  Melhor Curta de Ficção, "Brotherhood" se passa na Tunísia rural, lugar em que muitos homens jovens têm sido recrutados para o exército do ISIS, a contragosto das famílias - já quem o povo da Tunísia nem é tão religioso assim, como no resto do mundo árabe - mas é uma forma fácil de ganhar dinheiro, por meio do mercenarismo.
    A diretora Meryam Joobeur, passando de automóvel pela região, se deparou com dois irmãos na estrada, cortando uma ovelha, e pediu para tirar uma foto deles. Que recusaram. Com o rosto marcante dos rapazes - completamente sarapintados - na cabeça, e a temática política muito clara em sua mente,  ela escreveu um roteiro - um drama familiar, que pergunta-se sobre como se dá a volta para casa depois do conflito na Síria -  que vem chamando a atenção no mundo todo. Voltou à região e fez o filme, não só com os dois irmãos mais velhos vistos na estrada, mas com o irmãozinho caçula deles. 
    Magistralmente fotografado, muito bem atuado, e uma dose grande de tristeza. Contei o background, pois acho que o contexto faz a admiração pelo filme crescer ainda mais.
    Gostei muito.
    25 minutos.

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    Não é de hoje que os filmes de guerra caíram num lugar-comum, seja pelas exibições de um patriotismo descabido ou pelas épicas contemplações sobre as futilidades da batalha. Recentemente, o controverso “Dunkirk” (de Christopher Nolan) elevou o gênero a um novo patamar de urgência e imersão. E agora, no filme “1917” (2019), o diretor Sam Mendes não apenas se inspira nessa fresca abordagem como a amplifica nos quesitos de intensidade e alma.
    A história se passa na Primeira Guerra Mundial, na qual os soldados britânicos Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman) precisam atravessar o território inimigo para levar um aviso sobre uma armadilha a um enorme grupo de soldados. Aqui, a boa e velha “corrida contra o tempo” ganha um ar de proximidade e perigo iminente graças à acertadíssima opção do diretor em idealizar tudo como um longo e angustiante plano-sequência. Muito além do mero exercício de estilo, o roteiro é hábil, bem construído, e equilibrado entre a ação incansável e os quase sombrios momentos de “respiro”.
    Os personagens são realistas e estabelecem uma bela simbiose no meio do caos, sendo possível entende-los com o pouco que nos é apresentado. Os jovens soldados interpretados com competência por MacKay e Chapman se destacam em uma provação que parece ter durado anos e anos... numa narrativa que engloba aproximadamente um exaustivo dia. Já os veteranos Colin Firth, Mark Strong e Benedict Cumberbatch fazem papéis menores que se tornam marcantes no sentido de transmitir nas entrelinhas o cansaço e frieza adquiridos após uma longa experiência com a guerra.
    Além da excepcional fotografia e da incisiva trilha sonora, as várias cenas de ação podem nos causar arrepios legítimos. Destaco a tensão claustrofóbica de um momento que se passa num abandonado refúgio subterrâneo, os desdobramentos ocorridos em uma cidade destruída que é quase a representação do inferno, e a já memorável sequência na qual um soldado desarmado precisa correr pelo centro de uma batalha em andamento. Daria um capítulo à parte a análise de elementos e até reviravoltas que ficam de fora do nosso campo de visão...
    “1917” não é um filme para quem prefere os velhos padrões grandiosos e melodramáticos dos antigos clássicos de guerra. Essa é uma história de abordagem quase íntima, sobre o que mais importa em uma guerra que não leva a humanidade a lugar algum: a mera sobrevivência do indivíduo e de suas memórias, em meio a um horror que é efêmero e cíclico ao mesmo tempo. Sam Mendes não mediu esforços para entregar uma obra que também possa sobreviver ao teste do tempo, e acertou o tiro em cheio!
    Nota: 10

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    Não é de hoje que os filmes de guerra caíram num lugar-comum, seja pelas exibições de um patriotismo descabido ou pelas épicas contemplações sobre as futilidades da batalha. Recentemente, o controverso “Dunkirk” (de Christopher Nolan) elevou o gênero a um novo patamar de urgência e imersão. E agora, no filme “1917” (2019), o diretor Sam Mendes não apenas se inspira nessa fresca abordagem como a amplifica nos quesitos de intensidade e alma.
    A história se passa na Primeira Guerra Mundial, na qual os soldados britânicos Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman) precisam atravessar o território inimigo para levar um aviso sobre uma armadilha a um enorme grupo de soldados. Aqui, a boa e velha “corrida contra o tempo” ganha um ar de proximidade e perigo iminente graças à acertadíssima opção do diretor em idealizar tudo como um longo e angustiante plano-sequência. Muito além do mero exercício de estilo, o roteiro é hábil, bem construído, e equilibrado entre a ação incansável e os quase sombrios momentos de “respiro”.
    Os personagens são realistas e estabelecem uma bela simbiose no meio do caos, sendo possível entende-los com o pouco que nos é apresentado. Os jovens soldados interpretados com competência por MacKay e Chapman se destacam em uma provação que parece ter durado anos e anos... numa narrativa que engloba aproximadamente um exaustivo dia. Já os veteranos Colin Firth, Mark Strong e Benedict Cumberbatch fazem papéis menores que se tornam marcantes no sentido de transmitir nas entrelinhas o cansaço e frieza adquiridos após uma longa experiência com a guerra.
    Além da excepcional fotografia e da incisiva trilha sonora, as várias cenas de ação podem nos causar arrepios legítimos. Destaco a tensão claustrofóbica de um momento que se passa num abandonado refúgio subterrâneo, os desdobramentos ocorridos em uma cidade destruída que é quase a representação do inferno, e a já memorável sequência na qual um soldado desarmado precisa correr pelo centro de uma batalha em andamento. Daria um capítulo à parte a análise de elementos e até reviravoltas que ficam de fora do nosso campo de visão...
    “1917” não é um filme para quem prefere os velhos padrões grandiosos e melodramáticos dos antigos clássicos de guerra. Essa é uma história de abordagem quase íntima, sobre o que mais importa em uma guerra que não leva a humanidade a lugar algum: a mera sobrevivência do indivíduo e de suas memórias, em meio a um horror que é efêmero e cíclico ao mesmo tempo. Sam Mendes não mediu esforços para entregar uma obra que também possa sobreviver ao teste do tempo, e acertou o tiro em cheio!
    Nota: 10

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    Pop Reverso reacted to Gust84 in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Primeira revira de alguém que gostou de verdade do filme que vejo. 
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    Tai um remake de seriado que não me desperta interesse. O seriado em si já não era aquelas coisas e nunca fui fã, a refilmagem com a menina do Et sequer fiz questão de ver... e está versão aqui com a mina do Crepúsculo então passo fácil. Meu, com tanto cineasta indie promissor pedindo chance, Hollywood reboota um remake que sequer esfriou. Agora o remake da Ilha da Fantasia to curioso de conferir. ?
     
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    Quando se fala de empoderamento feminino, a divertida franquia de ação “As Panteras” ainda podia ser considerada discutível, tanto em sua série original de TV (dos anos 1970) como em sua primeira encarnação cinematográfica (da década passada). Agora, a diretora Elizabeth Banks tomou as rédeas de uma saga que sempre foi abordada sob um ponto de vista um tanto masculino, e fez do seu “As Panteras” (2019) um produto dos tempos atuais, ainda que tenha oferecido uma mistura de erros e acertos no resultado final.
    A história é uma continuação dos exemplares anteriores, e nos apresenta toda uma geração internacional da agência Townsend. Aqui, as três “Panteras” do momento precisam impedir que um dispositivo de melhoria ambiental seja usado de forma letal por terroristas e afins. Como é deduzível, o novo filme é moderno em alguns pontos ideológicos e ambientais, mas aposta em um formato de escalada investigativa batida que não traz frescor àquelas reviravoltas envolvendo agentes duplos e coisas do tipo.
    Na composição de personagens, as coisas também se mostram um pouco trôpegas. A Elena da Naomi Scott é de uma ótima imponência em postura e ação, mas tem personalidade ainda indefinida. Ella Balinska traz indefinição ainda maior para a sua Jane, ao variar de momentos inteligentes para outros de uma ingenuidade cômica bastante forçada. Já Kristen Stewart brilha em tela, fazendo da sua Sabina uma personagem com estilo malandro e com alguma profundidade. Dos vários coadjuvantes, destaco dois “Bosleys”, feitos respectivamente por um Patrick Stewart divertidíssimo e por uma Elizabeth Banks cheia de confiança e segurança.
    Claro, também devemos falar sobre o principal: a ação bombástica! Ao contrário das duas obras anteriores, essa aqui leva a tríade “tiros/pancadarias/explosões” a um inesperado nível de economia e sobriedade, um acerto que seria ainda maior se ao menos resultasse num genuíno senso de perigo. A comédia também possui lá uns acertos engraçadinhos. E o elemento feminista atinge o ápice na rima narrativa efetivada entre o início e o desfecho do filme, uma sacada que arrepiará e emocionará qualquer mulher que seja adepta da sororidade.
    Apesar dos clichês e irregularidades de execução, o novo “As Panteras” é levemente superior aos dois anteriores, e é bacana o bastante para um fim de semana regado a pipoca. Seu discurso também deverá ser cada vez mais incorporado em grupos de mulheres fortes do presente e futuro, enquanto Kristen, Naomi e Ella estiverem refinando sua química em possíveis continuações dessa saga ainda influente de porrada, estilo e bom humor. Se tudo der certo, elas poderão chutar mais traseiros de homens conservadores por aí...
    Nota: 6

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    Filmes do segmento de drama esportivo tendem a cair no formulaico, especialmente aqueles norte-americanos que são baseados em fatos reais. Ainda assim, em raros casos, podemos ser surpreendidos com uma exímia e abrangente execução dos elementos que já vimos em milhares de outras obras. Esse é o caso de “Ford vs Ferrari” (2019).
    O filme conta a história do designer automotivo Carroll Shelby (Matt Damon) e do piloto Ken Miles (Christian  Bale), que trabalham juntos em uma disputa da Ford contra a Ferrari, nas pistas de corrida. O diretor James Mangold empregou aqui o melhor das suas habilidades no sentido de providenciar um drama que é acessível, identificável e bem-humorado a ponto de nunca se transformar em mera masturbação automotiva.
    Além da disputa representada pelo próprio título da obra, temos também o eterno embate entre o corporativismo e o elemento humano, e entre as ambições pessoais e a necessidade de adaptação ao trabalho em equipe. Em paralelo a tudo isso, há uma bela mensagem sobre uma amizade que é desenvolvida através da paixão que dois homens possuem por carros velozes.
    Christian Bale faz do seu Ken Miles um piloto energético, intuitivo e às vezes esquentado, numa composição pitoresca que é uma das mais interessantes de sua carreira. E Matt Damon faz do seu Carroll Shelby um contraponto mais sensato e centrado, mas que também possui seus momentos de intensidade. A química entre os dois é excepcional, e move a trama de tal forma que às vezes ofusca os outros personagens, ainda que Caitriona Balfe se saia bem como Mollie Miles (esposa de Ken) e Tracy Letts ofereça uma boa dimensão a Henry Ford II.
    O roteiro possui algumas gordurinhas, mas é muito bem desenvolvido. Mangold também parece ter atingido aqui o seu ápice em termos de precisão técnica, especialmente na sua imersiva e convidativa recriação – visual e cultural - dos anos 1960. Destaque ainda maior para o último ato do filme, que unifica todos os seus subtextos através de uma corrida que é eletrizante, extenuante (no bom sentido), e provida de algumas reviravoltas levemente inesperadas.
    “Ford vs Ferrari” é pura velocidade e ritmo, tanto dentro quanto fora das pistas. É um drama que se mostra otimista, caloroso, e quase sempre munido de uma boa dose de diversão e loucura por parte de Bale e Damon. De brinde, ele nos faz pensar sobre como podemos encontrar a verdadeira visão em pessoas que estejam longe de uma sala cheia de burocratas. Talvez a própria Hollywood dos tempos atuais precise refletir mais sobre isso, não acham?
    Nota: 9

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    eu ja acho que essa franquia agora ta com destino sombrio mesmo...?
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    Já se passaram 35 anos desde que o diretor James Cameron sacudiu os gêneros de ficção científica e ação bombástica, através do primeiro filme da extensa franquia “O Exterminador do Futuro”. Após três sequências que não trouxeram resultados tão satisfatórios quanto o dos dois primeiros exemplares, o diretor Tim Miller (de Deadpool) uniu forças ao próprio Cameron para criar toda uma nova história que se passa após o segundo filme. Com isso, temos “O Exterminador do Futuro - Destino Sombrio" (2019), o “terceiro” capítulo da saga.
    Na história, Sarah Connor (Linda Hamilton) e a ciborgue Grace (Mackenzie Davis) tentam impedir um novo Exterminador (Gabriel Luna) que veio do futuro para matar a importante humana Dani (Natalia Reyes). Os subtextos continuam sendo aqueles sobre os perigos da tecnologia, e sobre os paradigmas de um futuro distópico dominado pelas máquinas, além de alguns papos sobre escolha e destino. O roteiro repete vários elementos dos dois primeiros filmes, e se alterna entre acertos e erros de execução: por um lado, há consistência em determinadas explicações, e do outro, ainda traz as típicas falhas lógicas sobre viagens no tempo, além de apresentar algumas reviravoltas e decisões que soam aleatórias.
    Linda Hamilton continua sendo a mesma Sarah ‘badass’ e cínica do segundo filme, e brilha em cada um dos seus momentos em tela. Arnold Schwarzenegger, o epicentro da franquia, ressurge como o T-800 num contexto que não apenas funciona em termos narrativos como nos leva a apreciar as novas facetas do seu personagem. Mackenzie Davis e Natalia Reyes são muito bem-sucedidas em suas atuações, num roteiro que traz total importância para as suas personagens. E o vilão feito pelo Gabriel Luna é ameaçador o bastante, e tem lá suas próprias sutilezas.
    A direção de Miller está longe de ser única e marcante a nível estético ou sonoro, mas é de tirar o fôlego nas empolgantes e incansáveis cenas de ação, as quais surgem sem nunca ofuscar o também extenso lado dramático da história. Destaque para a já memorável perseguição numa estrada do México, além dos tiroteios e pancadarias envolvendo Hamilton ou Schwarzenegger, momentos em que você fará uma viagem no tempo para o cinema “brucutu” dos anos 80 e 90.
    Sim, “Destino Sombrio” conseguiu exterminar com sucesso as três continuações de qualidade discutível da franquia “Exterminador do Futuro”, mesmo sem possuir uma quantidade tão significativa de novos elementos. De toda forma, a alma dos primeiros filmes foi recapturada com dignidade, o senso de diversão pipoca com algum conteúdo voltou em grande estilo, e a representatividade feminina é bacana. Estaremos bem servidos se a franquia seguir uma clássica frase que, nesse filme, foi proferida pelo Arnold de forma diferente: eu não voltarei.
    Nota: 7
     

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    Quem não gosta de um bom filme que misture ação bombástica, drama, ficção científica e Will Smith? Em “Projeto Gemini” (2019), novo trabalho do consagrado diretor Ang Lee, temos essa fórmula em versão duplicada, visto que o protagonista é apresentado como dois personagens: o indivíduo original e o seu jovem clone. Porém, ao contrário de outros exemplares semelhantes dos gêneros supracitados, o resultado aqui é bastante irregular em termos narrativos.
    Na história, Henry Brogan (Smith) é um veterano assassino de elite que tenta se aposentar, mas logo se torna o alvo de um jovem clone seu, o qual se mostra um agente igualmente habilidoso e fatal. De forma inesperada, o diretor Ang Lee entrega ótimas, empolgantes e bem editadas cenas de ação – com destaque para o extenso e arrepiante confronto inicial entre os “dois” protagonistas. E Will Smith faz uma atuação cativante, intensa, e com nuances específicas de personalidade para as suas duas versões, o que gera uma aura hipnótica nos bons momentos de interação entre os dois personagens.
    No mais, temos uma trama que desenvolve com desinteresse alguns subtextos batidos, como as conspirações de espionagem, e os perigos da biotecnologia para uso militar. Para piorar, é exigido do espectador um nível absurdo de suspensão de descrença, especialmente quando devemos acreditar que um clone nascerá com o mesmo dom do indivíduo original. De sobra, a personagem de Mary Elizabeth Winstead tem poucos momentos de força e destaque, e Clive Owen faz um vilão que falha na tentativa de ser um Tommy Lee Jones “sensível”.
    Na parte emocional, há alguns competentes momentos daquele bom e velho Ang Lee dramático, quando este aborda as consequências psicológicas e familiares de um emprego que envolve frieza absoluta. E, ainda que o roteiro se torne previsível a partir de certo ponto, a conclusão dos arcos dos dois personagens é levemente satisfatória... e pode ser até comovente, para alguns espectadores.
    No fim, “Projeto Gemini” é um clone clichê de outros filmes – em especial, das grandes obras ‘blockbuster’ dos anos 90 que também foram produzidas pelo Jerry Bruckheimer. Mesmo assim, ele é de uma diversão razoável e otimista para um fim de semana regado a bastante pipoca. Se for possível ignorar as várias falhas de roteiro, aprecie o seu visual impecável, os momentos da tríade “tiros/porradas/explosões”, a trilha sonora marcante, os incríveis efeitos especiais de “rejuvenescimento”, e cada um dos momentos de Will Smith e Will Smith em tela.
    Nota: 6

  11. Like
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    Quem não gosta de um bom filme que misture ação bombástica, drama, ficção científica e Will Smith? Em “Projeto Gemini” (2019), novo trabalho do consagrado diretor Ang Lee, temos essa fórmula em versão duplicada, visto que o protagonista é apresentado como dois personagens: o indivíduo original e o seu jovem clone. Porém, ao contrário de outros exemplares semelhantes dos gêneros supracitados, o resultado aqui é bastante irregular em termos narrativos.
    Na história, Henry Brogan (Smith) é um veterano assassino de elite que tenta se aposentar, mas logo se torna o alvo de um jovem clone seu, o qual se mostra um agente igualmente habilidoso e fatal. De forma inesperada, o diretor Ang Lee entrega ótimas, empolgantes e bem editadas cenas de ação – com destaque para o extenso e arrepiante confronto inicial entre os “dois” protagonistas. E Will Smith faz uma atuação cativante, intensa, e com nuances específicas de personalidade para as suas duas versões, o que gera uma aura hipnótica nos bons momentos de interação entre os dois personagens.
    No mais, temos uma trama que desenvolve com desinteresse alguns subtextos batidos, como as conspirações de espionagem, e os perigos da biotecnologia para uso militar. Para piorar, é exigido do espectador um nível absurdo de suspensão de descrença, especialmente quando devemos acreditar que um clone nascerá com o mesmo dom do indivíduo original. De sobra, a personagem de Mary Elizabeth Winstead tem poucos momentos de força e destaque, e Clive Owen faz um vilão que falha na tentativa de ser um Tommy Lee Jones “sensível”.
    Na parte emocional, há alguns competentes momentos daquele bom e velho Ang Lee dramático, quando este aborda as consequências psicológicas e familiares de um emprego que envolve frieza absoluta. E, ainda que o roteiro se torne previsível a partir de certo ponto, a conclusão dos arcos dos dois personagens é levemente satisfatória... e pode ser até comovente, para alguns espectadores.
    No fim, “Projeto Gemini” é um clone clichê de outros filmes – em especial, das grandes obras ‘blockbuster’ dos anos 90 que também foram produzidas pelo Jerry Bruckheimer. Mesmo assim, ele é de uma diversão razoável e otimista para um fim de semana regado a bastante pipoca. Se for possível ignorar as várias falhas de roteiro, aprecie o seu visual impecável, os momentos da tríade “tiros/porradas/explosões”, a trilha sonora marcante, os incríveis efeitos especiais de “rejuvenescimento”, e cada um dos momentos de Will Smith e Will Smith em tela.
    Nota: 6

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    O Coringa é possivelmente o vilão mais apreciado do grande universo do Batman, seja nos quadrinhos ou nas adaptações cinematográficas do herói. Seu anarquismo e sua insanidade o colocaram num patamar de misticismo que, até então, dispensou a necessidade de uma história de origem bem detalhada. Agora, finalmente temos uma imaginação bastante humanizada dessa origem, representada no tenso e dramático filme “Coringa” (2019).
    A história se passa na Gotham City dos anos 1980, e nos apresenta o Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) como um comediante fracassado que tenta se sobressair em meio a seus problemas psicológicos, e em meio a uma sociedade que o rejeita. Alguns elementos da graphic novel “A Piada Mortal” são usados, mas o diretor Todd Phillips cria seu próprio universo hermético, com várias cenas e elementos narrativos que não escondem nem um pouco as influências dos filmes “Taxi Driver” e “O Rei da Comédia” (ambos de Martin Scorsese).
    O tom geral da obra é muito mais melancólico do que irreverente, como representação da falta de talento cômico do protagonista. Há um estudo intrigante sobre depressão, inseguranças, traumas familiares, esquizofrenia, e sobre como podemos adquirir um cinismo e egocentrismo perigosos quando notamos a total falta de empatia que nos rodeia diariamente. Phillips evoca um desconforto que transforma a experiência em algo bastante claustrofóbico, seja através de suas cores fortes, ou por sons que dialogam com o estado mental do personagem.
    Sim, tudo gira em torno de Arthur Fleck, que é interpretado aqui por um Joaquin Phoenix intenso, multifacetado, e digno de Oscar! Ele caminha por uma Gotham que é tão suja quanto Nova York, e vai chafurdando gradualmente em sua própria sujeira, à medida que acumula fracassos e frustrações. Sua mãe, interpretada por uma misteriosa Frances Conroy, não chega a ser memorável mas possui utilidade narrativa. E Robert De Niro, divertidíssimo, faz aqui um apresentador de televisão que acaba sendo o catalisador de algumas reviravoltas importantes...
    No fundo, “Coringa” não romantiza a psicopatia e o crime, e nem apela para o ‘fan service’ em torno da personalidade final do personagem. É um drama violento sobre um ser humano ainda oscilante e instável, rumo a um destino que nos trará a seguinte reflexão moral ambígua: será que ele se perdeu, ou se encontrou? O ato final do filme é excepcional, gera um gostinho de “quero mais”, e faz valer até algumas redundâncias de autopiedade no roteiro. Talvez a vida tenha que ser mesmo uma comédia, afinal.
    Nota: 9
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    O Coringa é possivelmente o vilão mais apreciado do grande universo do Batman, seja nos quadrinhos ou nas adaptações cinematográficas do herói. Seu anarquismo e sua insanidade o colocaram num patamar de misticismo que, até então, dispensou a necessidade de uma história de origem bem detalhada. Agora, finalmente temos uma imaginação bastante humanizada dessa origem, representada no tenso e dramático filme “Coringa” (2019).
    A história se passa na Gotham City dos anos 1980, e nos apresenta o Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) como um comediante fracassado que tenta se sobressair em meio a seus problemas psicológicos, e em meio a uma sociedade que o rejeita. Alguns elementos da graphic novel “A Piada Mortal” são usados, mas o diretor Todd Phillips cria seu próprio universo hermético, com várias cenas e elementos narrativos que não escondem nem um pouco as influências dos filmes “Taxi Driver” e “O Rei da Comédia” (ambos de Martin Scorsese).
    O tom geral da obra é muito mais melancólico do que irreverente, como representação da falta de talento cômico do protagonista. Há um estudo intrigante sobre depressão, inseguranças, traumas familiares, esquizofrenia, e sobre como podemos adquirir um cinismo e egocentrismo perigosos quando notamos a total falta de empatia que nos rodeia diariamente. Phillips evoca um desconforto que transforma a experiência em algo bastante claustrofóbico, seja através de suas cores fortes, ou por sons que dialogam com o estado mental do personagem.
    Sim, tudo gira em torno de Arthur Fleck, que é interpretado aqui por um Joaquin Phoenix intenso, multifacetado, e digno de Oscar! Ele caminha por uma Gotham que é tão suja quanto Nova York, e vai chafurdando gradualmente em sua própria sujeira, à medida que acumula fracassos e frustrações. Sua mãe, interpretada por uma misteriosa Frances Conroy, não chega a ser memorável mas possui utilidade narrativa. E Robert De Niro, divertidíssimo, faz aqui um apresentador de televisão que acaba sendo o catalisador de algumas reviravoltas importantes...
    No fundo, “Coringa” não romantiza a psicopatia e o crime, e nem apela para o ‘fan service’ em torno da personalidade final do personagem. É um drama violento sobre um ser humano ainda oscilante e instável, rumo a um destino que nos trará a seguinte reflexão moral ambígua: será que ele se perdeu, ou se encontrou? O ato final do filme é excepcional, gera um gostinho de “quero mais”, e faz valer até algumas redundâncias de autopiedade no roteiro. Talvez a vida tenha que ser mesmo uma comédia, afinal.
    Nota: 9
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    Se você não esteve alheio aos gêneros de suspense e terror psicológico nos últimos anos, deve ter assistido a "Hereditário" ou pelo menos ouviu falar no nome do seu promissor diretor, Ari Aster. Em seu novo filme, intitulado "Midsommar: O Mal Não Espera a Noite" (2019), somos levados a uma jornada hipnotizante e macabra de redescoberta pessoal, familiar e espiritual, juntamente com reflexões sagazes sobre sexualidade.
    A história gira em torno de Dani, que após uma tragédia pessoal, vai com o namorado Christian e um grupo de amigos até a Suécia para participar de um festival interiorano de verão, onde acabam presenciando um culto sinistro. Apesar deste filme pertencer a um subgênero chamado "horror rural", Aster coloca o drama e mistério em primeiro plano, o que traz um ótimo senso de unidade e linearidade para uma trama que lida com problemas de relacionamento (familiares e amorosos) e a necessidade de encontrar novas perspectivas a partir disso tudo.
    Florence Pugh entrega uma intensidade excepcional para a sua complexa personagem Dani, que é a força motriz do filme. E Jack Reynor faz do seu Christian um tipo babaca que, de forma funcional à história, nos faz ter algum ódio do seu personagem desde o início. Os outros personagens possuem lá seus momentos - incluindo passagens que beiram o humor negro -, mas acabam tendo funcionalidades que não vão muito além do episódico.
    Aster não economiza nos simbolismos, alguns deles óbvios e outros impenetráveis para quem não entende de paganismo e afins. Ainda assim, é fácil encontrar referências cinematográficas que vão de “O Homem de Palha” a “Dogville”, em cima de uma ambientação que gera o sombrio a partir de um céu de claridade quase total. Os excelentes aspectos técnicos de som e imagem também nos causam arrepios em cenas memoráveis, como por exemplo: a que mostra um pós-tragédia, as de rituais com desfechos tensos, ou a de um sexo bem esquisitão.
    Apesar de algumas pontas soltas e certa previsibilidade - além de não ser tão assustador quanto “Hereditário” -, o fato é que "Midsommar: O Mal Não Espera a Noite" é um ótimo filme sobre rupturas psicológicas, paradigmas de gênero, e necessidades de pertencimento. É uma narrativa que, lenta e gradualmente, vai te puxando para um pequeno universo bucólico que vai assombrar o seu imaginário durante um bom tempo. Todos nós passamos pelo inferno pessoal de Dani vez ou outra, logo alguns expurgos extremos acabam sendo bastante convidativos...
    Nota: 8

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    Pop Reverso reacted to SergioB. in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Não é minha vibe, nem nunca foi. Porém, admito que esse "Brinquedo Assassino" de 2019 tem uma premissa - vejam, bem, premissa - legal, que substitui o misticismo barato do primeiro filme pela falha tecnológica. No mais, o roteiro não apresenta mais tantas novidadades, talvez apostando um pouco mais no humor do que no terror/gore.
    O que eu não gostei mesmo foi da estética do boneco. Lembrou-me o Whinderson Nunes, em alguns ângulos. Prefiro as versões clássicas, especialmente a com cicatriz de "A noiva de Chucky".
    Pra ver com amigos, ou com pré-adolescentes.

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    Pop Reverso reacted to Jorge Soto in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    The Third Murder é um ótimo thriller dramático japonês que trata de verdade, ética e culpa. A cosntrução é morosa mas interessante, te prende com as migalhas que vai entregando em doses homeopáticas pro final ficar a critério do espectador. As atuações estão muito boas, principalmente da dupla principal. É daqueles filmes de tribunal pra rever, perceber novos nuances e comentar com os amigos. 8,5-10

     
    The Intruder é o tradicional Supercine sabatino, mas bem feitinho, previsível e redondinho, sem mais. Os personagens são bem rasos e os interpretes idem. A exceção é o Dennis Quaid, que faz um delicioso vilão á moda antiga e carrega o filme facilmente nas costas, num formato de home invasion. Um filme pra rir das atitudes ilógicas e estúpidas dos protagonistas, pra deleite do sádico vilão. Passatempo esquecível, claro. 7-10

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    Pop Reverso reacted to SergioB. in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Vi no Canal Brasil, ontem à noite, essa cópia restaurada do filme de Cacá Diegues, assinando, então, 1976, Carlos Diegues.
    É uma comédia histórica barroca muito divertida, que ajudou a popularizar uma figura real do Brasil-colônia, transformando-a em mito popular. Pobreza técnica, desnível de atuações, mas...é assim que fazíamos, é assim que podíamos fazer, continua sendo intenção artística da melhor, é cultura, ora bolas.
    A cena de Xica da Silva se apresentando ao Comendador João Fernandes é excepcional, um brilho radiante de Zezé Motta, de resto uma das melhores cenas do cinema brasileiro. Bem como ela esfregando a carta de alforria na cara das pessoas, com um sorriso do tamanho do mundo. Mas, vamos ser claros, essas cenas em específico, esse filme no geral, não seriam 1/3 do que são se não fossem a música-tema de Jorge Ben composta exclusivamente para o filme. Vocal espontâneo, quase uma narração do próprio roteiro. Pérola da MPB.

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    Pop Reverso reacted to SergioB. in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Como eu queria que esse filme chegasse aos reais destinatários...
    A cada dia, me torno mais orgulhoso do meu ateísmo, e cada dia mais agradecido por ser filho dos Três Pais da Descrença: Darwin, Nietzsche, e Freud.
    "Divino Amor" tem um roteiro em que o pensamento daqueles pais da descrença fracassou, e o fanatismo religioso, ao contrário, triunfou magistralmente em um Brasil do Futuro. Distopia das boas, e sabemos que ela é boa, quando o futuro é um alerta para o presente.
    Design em azul e rosa (cores de bebês); Figurino quase de um armário da Record; duas antológicas cenas de sexo para ensinar o povo careta a transar...
    Gabriel Mascaro é necessário, no Brasil atual, no cinema atual. Antes que tudo termine em uma rave gospel cheia de gente hipócrita vendo uma luz que não existe.
    Amei!

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    Pop Reverso got a reaction from GilsonDee in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Como seria uma realidade sem a música dos Beatles (e, por tabela, sem coisas como Coca-Cola e a banda Oasis)? Pior ainda: como seria a atualidade se, após um apagão no planeta todo, apenas um músico frustrado lembrasse da existência das canções? E se esse músico se apropriasse da autoria de todas essas canções? Essa é a história fantasiosa e quase fabulesca de "Yesterday" (2019), novo filme do consagrado diretor Danny Boyle.
    Além da sua trama básica, temos também um lado forte de comédia romântica envolvendo os dois protagonistas: o desajeitado cantor Jack Malik (Himesh Patel) e a sua fofa amiga Ellie Appleton (Lily James). Apesar da boa química entre os dois, há alguns clichês e situações forçadas do gênero ao longo do filme, o que nos faz perceber como o roteiro seria ainda mais forte se trouxesse maior detalhamento nos desdobramentos musicais e nos seus subtextos sobre desonestidade e falta de personalidade.
    Por sinal, essa hipotética realidade evoca a questão "talento vs. mediocridade", visto que nem todo mundo possui o dom para compor obras épicas - algo intensificado pelas ótimas piadas depreciativas em cima das aparições do cantor Ed Sheeran na história. Há ainda alguns geniais momentos que exploram o anacronismo que existe numa atualidade fictícia em que essas canções nasceram tão afastadas de sua época e contextos originais (preste atenção nas cenas de “Hey Jude”, “Back in the USSR” e do “White Album”, por exemplo).
    Boyle continua empregando classe em sua direção, mesmo em uma narrativa que não se arrisca e não ousa tanto em suas reviravoltas e questões morais. No geral, ele se mostra econômico em seus habituais maneirismos de cores e montagens, além de fazer com que a certa falta de carisma do ator Himesh Patel seja ironicamente funcional para a história e sua mensagem. Some-se a isso a dose de simpatia fornecida pela atriz Lily James e alguns outros...
    “Yesterday” é, no fundo, uma bela homenagem à universalidade das canções dos Beatles, em que somos presenteados com uma nostalgia reverente e ideal para uma boa sessão ao lado da família ou dos amigos. A comédia é bem sacada, elegante e nada apelativa – em especial durante as (re)criações das músicas -, e o lado dramático pode te extrair pequenas lágrimas em uma ou duas cenas... Temos aqui um estado de inocência não muito distante do que sentimos ao escutar os sons dos garotos de Liverpool. All You Need is Love!
    Nota: 8

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    Pop Reverso got a reaction from SergioB. in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Todos nós sabemos que Quentin Tarantino é um eterno apaixonado pela sétima arte. De forma tão ousada, e às vezes irresponsável, o diretor sempre fez dos seus filmes uma verdadeira salada ácida de gêneros, referências e homenagens ao universo "pop". No seu novo filme “Era Uma Vez em... Hollywood” temos sua versão mais humana, sutil e amadurecida, em cima de uma história agridoce que merece tal abordagem.
    A trama gira em torno do ator decadente Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) e seu amigo dublê Cliff Booth (Brad Pitt), dupla que tenta se adaptar a uma Hollywood que passa por mudanças sociais e culturais, às vésperas de uma tragédia (esta ocorrida na vida real) que foi orquestrada pela “família Manson”. Tarantino nos coloca numa corda bamba emocional, oscilante entre a inocência cinematográfica daquela "terra dos sonhos", e o inevitável cinismo que começa a surgir após seu lado obscuro começar a ganhar forma...
    Los Angeles é retratada com cores quentes, as quais se entrelaçam com o calor humano fornecido pelos personagens. Não à toa, as performances de Leonardo DiCaprio e Brad Pitt são hipnotizantes e recheadas de nuances, tanto nos momentos cômicos como nos momentos dramáticos – e arrisco dizer que Pitt chega a quase roubar o filme para si. E Margot Robbie interpreta a saudosa atriz Sharon Tate de forma quase lúdica, como uma representação da imagem romantizada que temos de Hollywood. Há ainda uma galeria de personagens “secundários” que, de forma um tanto episódica, deixam sua marca pitoresca na tela.
    Porém, nem tudo é perfeito, pois há um exagero na quantidade de homenagens cinematográficas que “apenas os fortes entenderão”. Os diálogos também não atingem sempre a genialidade trivial que costumava nos prender em cada cena da filmografia do diretor. Após alguma irregularidade narrativa, entramos no último terço do filme, no qual a tensão e suspense dominam de vez as nossas expectativas, e no qual temos também uma memorável e audaciosa cena dentro de uma casa – uma pequena obra prima por si só, “directed by Quentin Tarantino”.
    Pequenas falhas à parte, “Era Uma Vez em... Hollywood” é um filme diferenciado de um diretor que costuma ser acusado de se repetir nas suas obras. Da comédia ao drama e suspense, passando pela declaração nostálgica de amor ao cinema, Tarantino faz deste o seu filme mais homogêneo e menos exagerado... e possivelmente, uma alusão tocante a qualquer pessoa que esteja prestes a entrar na fase mais decadente da vida. De alguma forma, podemos nos identificar com a tristeza de Rick Dalton, e podemos ver também a face real de Hollywood.
    Nota: 7

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    Pop Reverso got a reaction from Big One in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    A franquia "Velozes & Furiosos" se expandiu de tal forma que, poderíamos prever até umas continuações envolvendo viagens espaciais, viagem no tempo e multiversos... e com carros munidos de inteligência artificial e questionamentos existenciais. Por ora, temos o derivado "Hobbs & Shaw" (2019), um filme de menor escala, e que se mostra bem sucedido na arte de colocar em seu caldeirão um pouco de 007, um tanto de Missão Impossível e... esteroides!
    A história é simples: O policial Luke Hobbs se junta ao fora da lei Deckard Shaw para combater um megalomaníaco terrorista, numa tentativa de eliminar um vírus que pode mudar o rumo da humanidade. Típica trama de espionagem moderna, recheada de perseguições, tiroteios e porrada, além de bons momentos cômicos – incluindo referências aos clichês do próprio gênero. O diretor David Leitch continua hábil na área da pancadaria estilizada – e muito bem colorizada -, para nos mostrar que certos elementos de “John Wick” e “Atômica” ainda seguem atuais...
    Dwayne Johnson e Jason Statham brilham como Hobbs e Shaw, com uma inesperada química à la “buddy cop versão brucutu”, e numa trama que também aborda questões familiares do passado dos seus protagonistas. E Idris Elba faz um vilão que transita bem entre a agressividade e a elegância. Já Vanessa Kirby, que faz a irmã de Shaw, não atinge grande destaque além da sua importante função na narrativa. De brinde, Helen Mirren e mais dois atores "misteriosos" (sem spoilers) fazem pontas engraçadíssimas, e nos deixam com um gosto de “quero mais”...
    A ação é de um deleite visual e sonoro que são superiores à maioria dos ‘blockbusters’ atuais, o que pode ser confirmado em duas hipnotizantes cenas de perseguição: uma nas ruas de Londres, e outra envolvendo caminhões e um helicóptero. A montagem também gera boa fluidez nas viagens realizadas pelos personagens. Por outro lado, a história fica um pouco “cansada” na segunda metade do filme, especialmente por ser de uma ação mais... “família”, digamos assim – outro exemplo de como uma classificação baixa pode cortar a liberdade artística de uma obra.
    Em “Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw”, podemos dizer que David Leitch conseguiu “tirar leite de pedra”, no sentido de trazer alguma elegância cinematográfica a uma trama que, não apenas é bastante batida, como também repete o caráter episódico e “leve” que se tornou obrigatório em filmes da marca “Velozes & Furiosos”. Temos aqui uma diversão acima da média, e que não deixa de ser um dos melhores e mais bem dirigidos filmes dessa longa e irregular franquia. Hobbs e Shaw estão bem desenvolvidos agora, e prontos para novas aventuras em dupla.
    Nota: 7

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    Pop Reverso reacted to SergioB. in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Gostei demais!!!
    Na verdade, a primeira hora estava bem morna pra mim, mas, depois da reviravolta na história, o filme cresceu demais pra mim em interesse. 
    Tom Holland, desde "The Impossible", quando defendia sua indicação ao Oscar de Ator Coadjuvante, provando o quanto é carismático. Adoro o fato do roteiro teimar em deixá-lo como adolescente, com conflitos da idade, sendo essa fricção com a fase adulta justamente um dos seus desafios como Herói. São as tais responsabilidades...
    Os Efeitos Visuais são impecáveis, estimulantes, um dos melhores CGI que eu já vi. Espero que seja indicado ao Oscar.
    Cenas pós-créditos que se justificam: ao mesmo tempo intrigantes e um presente nostálgico aos fãs.

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    Pop Reverso got a reaction from Big One in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Uma das formas mais depreciativas de se referir aos filmes de super-heróis do grandioso “Universo Cinematográfico Marvel” (‘MCU’) é no uso de argumentos como “filme episódico demais” ou “apenas um trailer para o capítulo seguinte”... palavras essas que foram caladas temporariamente após o fenômeno de “Vingadores – Ultimato”. Porém, por mais que tentemos evitar os argumentos supracitados, eles voltam à tona – para o bem e para o mal – quando falamos sobre o 23º filme da franquia: “Homem-Aranha - Longe de Casa” (2019).
    Essa nova aventura se passa em uma viagem escolar pela Europa, onde o Homem-Aranha é convocado por Nick Fury, juntamente com o enigmático Mysterio, para lidar com os vilões chamados de Elementais. Aqui, o diretor Jon Watts não se distancia muito da aura leve e despretensiosa da aventura solo anterior do aracnídeo, e entrega uma narrativa ágil, mais intensa na comédia, e que ainda investe em questões sobre amadurecimento e responsabilidade (#SddsTioBen), além de algumas sutilezas relacionadas a famílias e afins...
    As surpresas ficam por conta dos intrigantes jogos de ilusão proporcionados pelo Mysterio, que é um personagem multidimensional muito bem incorporado por Jake Gyllenhaal... embora previsível quanto à principal reviravolta do seu arco. Já o Peter Parker de Tom Holland continua com aquelas dúvidas e inquietações adolescentes de sempre, além de finalmente estabelecer uma química bastante peculiar com a MJ (Zendaya). E os outros personagens, em sua maioria, se alternam entre a acertada utilidade no roteiro e o mero alívio cômico.
    A ação é de um deleite para os olhos e ouvidos em sua parte técnica, mas não gera um real senso de perigo, possivelmente por causa do próprio enfoque de Watts em fazer deste um mero “filme ensolarado para as férias”. E, por mais bacana que seja a interação de Parker com mentores diferentes ao longo da narrativa (de Fury a Happy Hogan), é um pouco decepcionante constatar que sua evolução ocorre a passos lentos - e não à toa, o antigo mentor Tony Stark ainda é bastante citado.
    Seja como for, “Homem-Aranha - Longe de Casa” é um filme divertido, moderno e “retrô” ao mesmo tempo, e que une bem a ação, comédia e romance adolescente. Tudo bem que as duas inspiradas cenas pós-créditos acabam sendo mais memoráveis do que momentos isolados do filme em si, mas o fato é que a “fórmula MCU” ainda traz pequenas surpresas e gostinhos de “quero mais” em meio a elementos já utilizados à exaustão. Algumas vezes, só precisamos ser devidamente iludidos, seja nas mãos do Mysterio ou nas mãos de Kevin Feige e companhia...
    Nota: 7

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    Pop Reverso got a reaction from SergioB. in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    O enorme sucesso dos dois filmes de “Invocação do Mal” foi mais do que o bastante para que se estabelecesse um “universo expandido” dessa saga de suspense, a qual conta agora com a recém finalizada (será?) trilogia de Annabelle, a demoníaca boneca que já havia conquistado aquele pequeno capiroto que existe dentro de todos nós. Porém, esse “Annabelle 3: De Volta Para Casa” (2019) empalidece e cai no genérico, se comparado em especial ao segundo filme do seu próprio segmento...
    Cronologicamente, a história começa após o primeiro “Invocação”, quando os demonologistas Ed Warren (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga) tentam manter a boneca Annabelle trancada em seu porão... até que um grupo de jovens acaba liberando sua maldição mais uma vez. De novidade, temos novos espíritos que nenhum de nós pediu (mais filmes derivados em vista?), e que não assustam tanto quanto os já apresentados anteriormente. E o casal, ironicamente, sai de cena bem antes de a história começar a ficar medíocre...
    O diretor Gary Dauberman inicia a narrativa de forma acertada em seu diferencial, com um tom sutil e quase intimista, em que somos gradativamente apresentados às jovens que são as verdadeiras protagonistas da vez: Judy Warren (Mckenna Grace), Mary Ellen (Madison Iseman) e Katie Sarife (Daniela Rios). Além de serem personagens divertidas, elas são o ponto central da união entre o velho suspense de “casa assombrada” e questões sobre amadurecimento durante uma situação de terror claustrofóbico.
    Porém, a partir de determinado momento, Dauberman começa a “empilhar” suas ininterruptas sequências de terror, algo que não apenas muda o tom do filme, como também consegue transformá-lo num barulhento circo – e sim, esse “espetáculo” provoca risos, em meio a uns sustos bem bacanas. Há certa habilidade técnica do diretor, como em algumas empolgantes cenas que usam bons jogos de reflexo ou iluminação. Mas, seus acertos não tiram o nosso desprazer de ver até as protagonistas tomando algumas decisões previsíveis e estúpidas...
    Com erros e acertos, “Annabelle 3: De Volta Para Casa” não é um filme ruim... tampouco bom. Ainda existe apreço dos produtores pelo suspense que destaca o elemento humano, logo esse “universo invocado” ainda não está totalmente gasto. Mesmo assim, há uma pergunta esperta que foi colocada aos Warren no início desse filme: “será que não é melhor destruir a boneca de uma vez?”. E a resposta deles diz tudo sobre a demanda comercial que ainda existe por essa franquia: “se destruir, o efeito é pior”. Pois então, a “Invocação da Grana” continua...
    Nota: 5

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    Pop Reverso reacted to Jorge Soto in O Que Você Anda Vendo e Comentando?   
    Imaginei que fosse algo assim..valeu por partilhar seu parecer e assim eu economizar meus suados merréis em conferir esse trem na telona... ainda bem que existem os torrents pra conferir essa bagaceira sem custo algum depois, uma vez que sou fã incondicional do gênero... Fórum C&C também é utilidade pública!?
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