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Forum Cinema em Cena

domeniconi

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  1. Dessa vez me senti obrigado a discordar do Villaça. "Leões e Cordeiros" é um filme muito bom, muito bom mesmo. Segundo Villaça, "o longa escrito por Matthew Michael Carnaham freqüentemente apela para simplificações históricas e lugares-comuns, falhando ao não apresentar uma única argumentação original em seus 88 minutos de falatório ininterrupto" Até concordo em partes com essa afirmação, mas vamos a alguns pontos. Em primeiro lugar, todo filme necessariamente apresenta simplificações históricas, filme não é historiografia, são linguagens diferentes, são construídos de formas diferentes, e possuem objetivos também distintos. Também concordo que o filme não apresenta nenhuma argumentação original, mas acredito que a originalidade do filme não está na argumentação, mas em reunir todas essas argumentações em uma única narrativa. O que considero sim um mérito. Através das três "frentes narrativas", o filme apresenta algumas possibilidades e principalmente dificuldades de atuação política na sociedade norte-americana atual, mas pode ser extendida a muitas outras sociedades atuais. Todos os diálogos, todos os personagens, tudo no filme está ligado por duas questões: O engajamento político é importante? Qual a melhor forma de fazê-lo? Os personagens, que Villaça chama de estereotipados, representam grupos sociais importantes nessa discussão: um professor universitário (se não me engano) de política, que de certa forma tem como função desenvolver uma consciência política crítica em seus alunos, um aluno, "estudante brilhante, mas perdido", que apesar do tom irônico do Villaça possui questionamentos muito comuns nas universidades de hoje (pelo menos no Brasil), o poítico, ou seja, aquele que está diretamente envolvido nas questões discutidas, a jornalista, acho que ninguém tem dúvida em relação ao papel da imprensa nesse assunto, e o latino e o negro, que foram didáticamente escolhidos como representantes dos grupos sociais explicitamente excluídos da política. Todos esses personagens são apresentados de forma dúbia, o filme não insinua o caminho certo da atuação política ou o caminho errado, ele apenas apresenta as dificuldades desses caminhos. Não pretendo detalhar cada um desses personagens e a forma que eles se inserem na discussão, afinal isso não é uma crítica do filme, mas como exemplo, vamos lembrar do diálogo entre o "republicano ambicioso" e a jornalista. O político não nega seus erros do passado que levaram a aquela situação delicada na guerra, seu ponto é: erros foram cometidos, mas isso é passado e deve ser esquecido, a questão é o presente, como resolver isso agora? Simplesmente acabar com a guerra e retirar as tropas poderia ser catastrófico, os atacados agora buscariam vingaça a todo custo, vale a pena por a população civil em risco? Ou da jornalista, ávida por respostas, indignada com a situação da guerra, mas que se sente totalmente desarmada ao ser questionada pelo político sobre o apoio da imprensa à guerra no momento em que o ocorreram os ditos erros. Frente a tudo isso, como deve agir a imprensa? E o político, como reverter essa situação delicada? Muitas outras questões são levantadas no diálogo, apenas simplifiquei um argumento dos dois para percebermos como o filme articula a discussão. Há também mais outros pontos da crítica que não concordo, mas como esse post já está muito grande deixo isso para depois. Dessa forma, se Villaça acha que o filme pretende ser "politicamente relevante quando, na realidade, faz pouco mais do que funcionar como clipping das discussões sobre a política externa dos Estados Unidos", acho que dessa vez (insisto no dessa vez pois quase sempre concordo com as análises do editor), a "linha mestra" da narrativa passou batida. Abraços
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