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Forum Cinema em Cena

Tatu

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  1. Em primeiro lugar não sei se fui mal entendido aqui, mas eu tb achei a crítica boa (e não só a crítica como a nota da mostra de cinema de SP tb). Apenas discordei do tom assumido no final. Acho difícil ver o final de um filme dos Coen com tom pessimista. Mesmo no final de “The man who wasn’t there” o tom não é pessimista. E, particularmente, o final de NCFOM me recorda mto o final de “Raising Arizona”. Como de costume, acho que os tanto símbolos quanto os pontos técnicos estão mto bem analisados. Qto à utilização de sons, acho tb digno de nota a ausência completa e total de música que não seja do ambiente (e a única música que me lembro do filme é a dos mariachi mexicanos, confere?). Pelo que me lembre, o único filme digno de nota a utilizar a mesma estratégia foi “The Birds”, confere? E em birds Bernard Herrmann é citado na música, da mesma forma que Burwell é citado em NCFOM. Concordo que, embora não seja muito comprometedor, “old men” é um título mais preciso para o filme do que “fraco”. Vale lembrar que o narrador do filme, e que se sente sem lugar é Ed Tom Bell. No entanto, aqui a estrutura do filme fica de certa forma dúbia, na medida em que o narrador em off não é o ser onisciente, porque, como no livro, se intercala o foco da narração entre o personagem e o narrador onisciente ausente da história (Se não me engano essa forma de narração tb estava presente em “The man who wasn’t there”). Mas entendo o título mais do ponto de vista do narrador Ed Tom Bell, principalmente pelo monólogo inicial, qdo fala dos xerifes antigos que não carregavam armas. Se não me engano, inclusive, no livro ele chegava a se questionar se Chigurh não seria de uma nova espécie, de ser sem alma. Acho que isso não foi reproduzido no filme. O título tb se aplica à decisão final de Ed Tom Bell em se aposentar por não encontrar mais lugar, ao que, no meu ponto de vista, os sonhos no final dão uma resposta reconfortante. Qto à natureza de Chigurh, o pôster do filme ainda me incomoda mto. Mesmo podendo assumir que o rosto de Chigurh no céu dê uma imagem de sua “grandeza” em relação a Moss correndo a terra, ainda me incomoda mto Moss saindo da “boca” de um Chigurh no céu que coincide com o sol nascente. Deixo para alguém mais esperto que eu dar a opinião final.
  2. Infelizmente o tom da crítica se ateve ao pessimismo frente “What’s comin’?” (questão que perpassa o filme como um todo e talvez a obra dos Coen como um todo). Se é verdade que existe a escuridão, o frio e, principalmente, a incerteza (tema principal e recorrente em toda a obra dos Coen), o filme deixa claro que também existe o Pai na noite escura e fria, carregando a tocha, e que passa à nossa frente para termos certeza de que haverá uma fogueira pra onde quer que a gente vá. Ver o final de forma tão pessimista me parece guardar a moeda que acabou de salvar sua vida no bolso, junto de todas as outras, de forma que ela se misture e se reduza a uma simples moeda, o que de fato ela é. Como diz Tom Bell, há sempre um sentido nos sonhos de quem é a parte interessada. Desprezar o sonho é como negar que Deus tenha aparecido na vida de Ed Tom Bell, ao invés de limitarmo-nos à humildade da ignorância de Ellis de não sabermos o que Ele está pensando. E isso logo depois de termos tido a sorte(?) de entre duas portas escolhermos justamente aquela atrás da qual não está o assassino. É perder também o dinheiro (os talentos na parábola bíblica?) que o Pai nos deu. É nos considerarmos extremamente orgulhosos para afirmarmos que estamos com tudo sob controle como o policial no início do filme logo antes de ser brutalmente assassinado. Se tem algo que salva e sempre salvou os personagens dos Coen é sua inocência, é não saber o que está acontecendo de uma forma completa, desde Francês McDorman em Blood Simple até Irmã Hall em Ladykillers e agora TL Jones, que teme colocar a alma em risco, e perceba que a palavra utilizada é a pouco conhecida “Hazard” ao invés de “risk” justamente para dar idéia da probabilidade de ocorrência de eventos em um jogo. E se a estrada que vc vem seguindo te trouxe até aqui, foi de alguma serventia? Acho que não! Limitar a natureza da pessoa de Chighur ao mal encarnado, como limitar a natureza da pessoa de Charlie Meadows de Barton Fink ao mal encarnado, é negar que até mesmo Deus, e aqui vale a pena lembrar (sem nenhum anti-semitismo) a origem judaica dos Coen, pode se zangar e ser vingativo e chegar a uma hora que o máximo que pode propor é poupar a esposa caso se entregue o dinheiro imediatamente, já que ele não pode mais ser poupado. É verdade que Moss é o personagem mais humano de toda história e é humano justamente por seu erro, e por pensar que pode se safar desse erro de forma impune. E se Ed Tom Bell é a voz da razão, é a voz de uma razão imperfeita, limitada e com informação incompleta, como na realidade é nossa razão! O que me fica no semblante de Ed Tom Bell ao final do filme é tranqüilidade, com um pouco de frustração e noção de ter desperdiçado seus dons, com certeza (não é à toa que Ellis; talvez o melhor personagem do filme questione sobre sua decisão de se aposentar), mas enfim, encarando com tranqüilidade what’s comin’.
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