Perfeito:
De Vitor Birner
Tempo pedido, tempo dado
Esperei o tempo pedido por Ricardo Gomes para começar a cobrar
futebol do São Paulo
Desde então, a maioria de meus comentários tratavam do monte de
defeitos e erros da equipe.
Alguns torcedores reclamaram. Até me xingaram. Como sou teimoso e a
equipe vai muito mal em jogos decisivos, minha convicção de que estou
trabalhando direito só aumentou.
Os torcedores deveriam gastar suas energias cobrando do bando de
jogadores acomodados e ou egoístas, mais respeito pela camisa e
qualidade no futebol.
O elenco é forte, os jogadores têm potencial para formarem o time
campeão da América, todavia, na prática, a realidade tem sido bem
diferente.
Ganhar os clássicos? Quando o São Paulo vai empatar um?
Tirante comer, respirar e expirar, dormir, beber água e necessidades
vitais parecidas, o que mais fiz na vida foi ver jogos do São Paulo.
Ao longo dos meus 41 anos, acompanhei times do São Paulo ruins e
fortes, perdedores e vencedores, apáticos e guerreiros, todavia nunca vi
um tão fracassado em clássicos.
As derrotas nos 5 que disputou (se você considar o jogo diante da
Lusa também clássico foram 6), os 14 gols sofridos neles contra apenas 6
marcados (se contar contra a Portuguesa são 17 contra 7), a deplorável
atuação diante no Nacional-PAR, e as fracas frente Onces Caldas e
Monterrey quando os visitou, explicam a atual capacidade competitiva
deste grupo.
Eu não tenho como elogiar isso.
Limite na Libertadores
Está mais fácil se classificar que ser eliminado da Libertadores. A
trave e Rogério Ceni salvaram diante do Monterrey no México. O goleiro
já tinha feito isso no jogo de Assunção. No Morumbi, os mexicanos
utilizaram um mistão.
Não há nada de mais em chegar na fase seguinte. É a mínima obrigação.
De qualquer forma, acabaram as chances de recuperação. Ou joga bem na
Libertadores, dá um jeito de ganhar decentemente do Once Caldas e
superar as oitavas e quartas de final, assim poderá solucionar os
problemas durante a paralisação da Copa do Mundo, ou o primeiro semestre
será um desastre.
Ícones do fracasso e intocáveis
No início da temporada, escrevi um post “No Morumbi, reciclar é
preciso”. Tratei da necessidade de arrumar outros empregos para
Richarlyson, Dagoberto, André Dias e Hernanes.
http://blogdobirner.virgula.uol.com.br/2010/01/18/no-morumbi-reciclar-e-preciso/
Ou para a maioria deles.
O zagueiro saiu. Os outros 3, como acontecia com André Dias, parecem
intocáveis até pintar proposta do exterior. Seus lugares entre os
titulares sempre estão reservados.
Não importa se Richarlyson erra a marcação e os passes curtos,
abandona a posição, inventa inversões de bola que terminam em lances
perigosos para o rival, não acerta cruzamentos, comete faltas tolas
perto da área, além de sempre levar cartão.
Também é indiferente se Dagoberto repete as duas mesmas jogadas, é
fominha, chuta mal ao gol, serve poucas vezes o centroavante, toma
cartões bobos e nunca decide as partidas importantes do mata mata.
Na lateral, meio, zaga ou ataque, em algum lugar acabam jogando. E
quando saem, é por pouco tempo.
E pior: Ambos fazem uma baita média. O primeiro com Juvenal Juvêncio.
Uma rara atuação boa contra o Peixe certamente acabaria com entrevista
na saída do gramado dizendo que jogou pelo presidente.
O outro, de vez em quando, corre bastante. É o falso guerreiro.
Me pergunto se fica mais satisfeito quando recebe elogios e o time
perde, ou nas horas em que a equipe consegue os 3 pontos e ele não é
lembrado.
Tem fama de craque, contudo não recordo uma mísera jogada de
Dagoberto que lembre as de Neymar e Messi, atletas que justificam o uso
da palavra craque.
E pior: joga como se o time, por se achar craque, tivesse que
servi-lo.
Dos 3, Hernanes é o melhor. Chuta com ambos os pés, tem boa visão de
jogo e classe. Talvez ainda consiga pular do patamar de bom complemento
para o de atleta de referência que resolve partidas difíceis,
equilibradas e eliminatórias.
Nunca decidiu um mata mata complicado. Disputou os das Libertadores
de 2008 e 2009, além dos paulistinhas.
Jogo do Morumbi ilustrou o que penso
Na partida de ida contra o Peixe, a derrota por 3×2, é o exemplo mais
recente.
Na etapa inicial, até tomar o gol nas falhas de Junior Cesar, o São
Paulo se apresentava bem e tinha espaço para criar a jogada de gol.
Todavia, quem pegava a bola para dar o último passe, o chute da
entrada da área, ou tentar dribles e tabelas para chegar na cara do
goleiro, eram Hernanes e Dagoberto. Nada aconteceu.
Com um a menos, na etapa complementar, eles foram muito bem e
acabaram elogiados. O mundo se esqueceu dos 45 minutos iniciais.
Mereceram, naquela jogo, aplausos e críticas.
Eis os ícones do fracasso.
Ricardo Gomes e Milton Cruz escolheram Dagoberto e Hernanes
como pilares do time
Basta ver como o time atua. Dagoberto e Hernanes são as apostas de
treinador e auxiliar para o São Paulo desequilibrar na frente. Eles são
os pilares da equipe.
Erro crasso. Aliás, o trabalho de Ricardo Gomes é mediano. E Milton
Cruz, como nos momentos de sucesso, tem sua parcela de responsabilidade.
E se Neymar e Ganso fossem revelações do São Paulo?
No brasileirão, Ganso perdeu duas penalidades contra o Flamengo. Se
fosse jogador do São Paulo, provavelmente precisaria de 1 ano e meio
para entrar em campo outra vez.
Acho que seria emprestado.
Neymar, ano passado, também não brilhou.
Tenho absoluta certeza, por conta da forma como as coisas acontecem
no São Paulo, que o atacante seria reserva de Dagoberto. E Ganso ou
atuaria ao lado de Hernanes, ou esquentaria o banco para ele.
O pessoal que trabalha no CT gosta de jogadores prontos, não valoriza
os jovens. Os casos de Oscar e Diogo somados aos fracassos nos
investimentos estão mudando isso.
Quem acredita que Arouca jogaria no mesmo nível no São Paulo?
Eu não acredito. Inclusive porque atuaria de segundo volante, outro
marcaria mais atrás, e pela direita concorreria com Hernanes. Talvez
fosse improvisado na lateral-direita.
Aposto que estaria na reserva e com desempenho bem inferior ao
demonstrado no Peixe.
Washington, culpado e vítima
A bola chega pouco nele. É vítima disso. Por outro lado, quando
aparecem as oportunidades, não dá conta. Já o vi jogar em nível bem mais
alto.
O problema é que fala demais. Dá indiretas quando vai para a reserva.
No fim das contas, acaba aumentando as crises e ajudando pouco a sair
delas.
Como Hernanes, até pode virar o jogo, entretanto, hoje, está mais
para culpado.
Diretoria precisa se mexer
Tem trabalho de sobra para a cartolagem sãopaulina.
Jogadores acomodados, falastrões, arrogantes, em momento técnico
ruim…
Há de tudo.
O chute de Dagoberto, cara a cara com Felipe, no final da partida,
por exemplo, é digno de pesada punição. Será que foi de propósito?
Estava incomodado porque o passe era de Washington, revoltado por causa
do resultado?
Não sei. Todavia tenho obrigação de desconfiar que chutou para fora
intencionalmente. No mínimo foi displicente e desrespeitoso com
torcedores, time e companheiros.
Não importa se vai fazer falta diante do Once Caldas, perder valor de
mercado ou ter um chilique.
Nem deveria ser relacionado para a quarta-feira. Cotia nele!
E Cleber Santana? Não mostra sequer vontade de ganhar a titularidade,
quanto mais de vencer os jogos. Uma conversa ao pé de ouvido faz-se
necessária.
Miranda disputa sua pior temporada no clube.
Richarlyson é desobediente taticamente, além dos defeitos técnicos.
Jean, Cicinho, Jr César e Marcelinho Paraíba, quem encontrou seu
melhor futebol?
Por que eles e outros estão rendendo menos que podem?
Lembrete
Sãopaulino que ainda defende cegamente alguns jogadores deste elenco,
trabalha contra o time para o qual alega torcer.
O apoio é importante durante os jogos. Fora deles, cobrar ajuda mais.
Acreditem em Alex Silva
Os outros jogadores deveriam imitar Alex Silva. Dedicação,
comprometimento, ambição por títulos, dor nas derrotas, noção
coletiva….O zagueiro é a antítese da equipe.
E cobrou de seus compenheiros o que eu descrevi no post.
“Não jogamos nada. Não merecemos a vitória em nenhum momento do
jogo, deixamos os homens deles no segundo tempo criar, fazer o que
queriam, principalmente pelas laterais. Uma equipe como o São Paulo não
pode apresentar um futebol como apresentou hoje. Eu acho que nos 3
anos que eu passei aqui no São Paulo, nós fomos campeões pela garra e
vontade de vencer. E eu acho que a gente está deixando um pouco a
desejar nisso.”