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Forum Cinema em Cena

Rayden

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  1. Falando em embalagens, algo que comentei a respeito do DVPF: Apesar de achar bonito o digipack, sou da opinião que ele talvez seja mais adequado pra seriados. Tipo, o box Digipack de Matrix (Ultimate) por exemplo, é apenas uma caixa verde do lado de fora (sem nada escrito), enquanto o de Alien Quadrilogia é (mais) feio ainda. Nesses casos, eu estaria mentindo se disesse que não sinto falta dos estojos Amaray (Keep Case) pra CADA filme, com os pôsters originais. Agora também acho um absurdo continuarem vendendo estojos duplos que trincam (sempre o disco de cima), ou ainda aqueles tipo Jurassic Park. Um exemplo de estojo ruim é o Alpha Case do box americano de DVPF. Ele é pior pra tirar o disco do lugar, tipo, acho que não dá pra fazer pressão no centro (espaço onde os discos são encaixados), e ele praticamente se fecha “pros lados” depois que você encaixa o DVD lá. Tirei 3 fotos: http://img237.imageshack.us/img237/4425/d1us3.jpg http://img208.imageshack.us/img208/8110/d2aqe7.jpg http://img356.imageshack.us/img356/2182/d2fr8.jpg Esse digipack de 3 discos não conheço, aliás, é típico da Universal relançar em capas inferiores seus títulos e ainda pegar edições duplas/triplas (E.T. que o diga) e relançar simples, tirando as duplas de catálogo. Outra coisa, que não sei se só eu reparei, é que a gráfica usada nessas capas (dos estojos Amaray) da Universal parecem mais finas que a de outras distribuidoras. Tipo, o papel parece mais vagabundo.
  2. Rayden

    Religião (#3)

    Já entendi o recado, tanto que estou pegando leve nos comentários, e não usando mais palavrinhas feias e bobocas. E dessa vez também não xinguei a mãe de ninguém, o dólar não vai baixar mesmo, então estou mais calmo/me conformei... Mas olha, isso aqui é interessante:
  3. Tive a oportunidade de ver o seriado de 1974 e a primeira coisa que notei de cara (e também não tinha como ser diferente) é que os humanos falam e agem como a gente (no filme original, se me recordo, os humanos além de não saberem falar, eram todos retardados, por isso o espanto com o Taylor (Charlton Heston) quando ele fala e mostra ser tão inteligente quanto eles). O Roddy Mcdowall (que considero um ator carismático/talentoso) faz o chimpanzé "renegado" Galen (nos filmes ele era o Dr. Cornelius), que se junta aos astronautas (outra vez alguém se perdendo no tempo ) Virdon e Burke, e o trio passa os episódios indo aqui e acolá, fugindo dos gorilas (Urko e cia.) que, claro, querem se livrar de mais essa "ameaça", tendo que lidar com o preconceito daquela sociedade que vive na pré-história, com os humanos sendo escravos/submissos da macacada pica grossa que manda no pedaço. Curioso é que no primeiro episódio (o seriado se passa em 3.085, tendo os astronautas saído de 1.980), e o filme original se passa em 3.978, eles se referem a um "acidente" ocorrido dez anos antes em que outro humano (astronauta)? morreu. Por isso que o Dr. Zaius (inspirado naquele do filme?) quer prender os três pra investigar esse assunto e evitar que aconteça outra vez. O seriado deve ser uma "prequel" do filme de 1968, e depois do que aconteceu nele, é que certamente começaram a fazer isso com os humanos (parece que estes acabaram em menor número, o motivo não lembro de cabeça) e os macacos dominaram a Terra. Pesquisando eu vi que o seriado não teve boa aceitação lá fora, mas está longe de ser ruim, os episódios são criativos e divertidos, claro que tem um clichê aqui e lá e roteiros simplórios, mas pelo conjunto da obra, valeu a pena. Rayden2008-12-29 17:53:18
  4. Nacka, taí um motivo pra comemorar, O Poderoso Chefão saindo aqui em Blu-ray Só espero que caia em promoção também Do blog do Jotacê:
  5. Já saiu o trailer faz algum tempo: http://www.youtube.com/watch?v=JWKuPEyFwSA O Peter Sellers está se revirando no túmulo...
  6. Viajar pro Rio de Janeiro não é novidade para mim. Eu já fui por lá duas vezes; nas duas não vi o mar. Na primeira vez (eu e minha família), quando o sol iluminava nossas janelas encortinadas, já estávamos na entrada do Rio de Janeiro; amassados, moídos, mastigados e semi cozidos (gelados por cima e suados por baixo, maldito ar-condicionado), nos preparamos para enfrentar a Cidade Maravilhosa. Pro meu horror, o mostrador digital de bordo, que indicara por aqui a temperatura externa de 23 graus, indicava, no Rio, 32 graus! O que foi confirmado pela língua de fogo invísivel que nos recebeu ao desembarcarmos na Rodoviária. A gente se sentia como se fôsse fumo mascado: triturados e cobertos de cuspe. Primeiras impressões: Logo na rodoviária a gente ficou desconfiado. O busão passa por entre armazéns abandonados, ruas estreitas e trânsito apertado, o que nos deu a sensação de entrarmos num sonho ruim. A sensação de opressão na cidade passou a ser uma constante e eu, acalorado, tonto, cansado e moído, inicialmente fiquei impressionado com o caos que o lugar me mostrou. Mal sabia eu que o caos estaria em toda parte... É estranho que a ex-capital da República tenha uma rodoviária tão podre e tão mal projetada, colocada bem no cu da zona portuária. Mas faz parte do Rio ser o caos dentro do caos. Um amigo do meu pai nos recebeu e fomos ao seu apartamento no Méier, o que nos ofereceu uma chance de passearmos pelas entranhas da cidade... ou por boa parte dela. Andamos bastante e logo de início eu comparei aquela parte do Rio de Janeiro à Lapa, de SP: trem de subúrbio, casas meio blasè, o jeitão largado do brasileiro de construir e "decorar" suas lojas... E então, favelas! Negada, o Rio de Janeiro é espremido. Não é uma cidade plana como SP, é uma cidade "calombosa", cheia de calombos, morros, montanhas, e mais morros e mais montanhas. Tudo tem um ar de opressão, de baderna, de desconforto. E de ódio. O carro tinha ar condicionado geladinho, mas o calor vinha em dedos de fogo, me cutucando os ombros e nos braços, trazendo junto o cheirão de óleo diesel e mato cozido, vindo de prédios e casas desbeiçadas. (Até hoje quando cheiro minhas mãos o fedor do Rio de Janeiro ainda está em mim). Quanto ao povo: o carioca vive e é um documentário. As pessoas que conversei era articuladas, com pronúncia bastante equilibrada, muito diferente do paulistano que fala rápido e pra dentro. Também gostei de ver os vizinhos do mesmo prédio conversando, saudando uns aos outros, algo que não existe por essas minhas bandas. Gozado é que se eu ficasse mais alguns dias, eu incorporava o sotaque... Mas o que me marcou no carioca foi sacar que ele não é arrogante, não. E não é folgado, como o resto dos brasileiros acham. Há pessoas lá que são assim, não nego, mas é o sotaque delesh que incomoda e passa aquela sensação de que o cara está tirando um sarro da sua cara. É um sotaque global, nascido e perpetuado pela Rede Globo, e a gente associa essa bronca ao carioca. O que não tem nada a ver, pelo menos não completamente. Porém, o carioca é muito semelhante ao paulistano no sentido de que ele se ilude e espera uma ajuda divina/estatal, que nunca veio, nem nunca virá, mesmo que os livros de História digam que se deve ter fé e acreditar na mudança. O carioca anda com aquele jeitão digno, cavalheiresco até. Mas sinceramente? Ele não passa de um fodido como todo brasileiro. O paulistano disfarça estar fodido correndo e trabalhando, e se isolando; o carioca não disfarça, ele se ilude e se acha um cavalheiro selvagem do mato de pedra, convivendo com sua comunidade e se amparando nas aparências de que "hei! Eu sou carioca, pô". Esse auto-rótulo é vital para o carioca. É sua vida, sua alma, seu tudo. Porém, a diferença mais básica entre o carioca e o paulistano é que o carioca ficou louco. O carioca ficou louco — leia-se "alienado", com o perdão dos psiquiatras — porque, à sua volta, há o maior clima de miséria, horror, desgraça e tragédia lenta e gradual. E o carioca se liga nisso, ele vê a tragédia chegando, mas não põem as mãos na massa. Ele responde à tragédia com esnobismo e a amabilidade entre semelhantes, partilhando seu rótulo de "eu sou carioca, pô"... A tragédia tem um nome, e se chama favela. 98% do Rio de Janeiro é favela. Não dá pra disfarçar como acontece em SP, em que a favela fica aqui, ali, lá longe, gerando bolsões de amplos espaços "civilizados". No Rio de Janeiro não, olhou, piscou, mexeu, favela! A contaminação da favela veio da excludência com que o carioca deixou o Estado dividir a cidade entre ricos e pobres, quando daquela famosa reformulação nos anos 30. Daí em diante foi só um processo de aceleração do crescimento da outrora senzala, hoje favela dependurada no morro. O carioca — e me refiro a todos os cariocas, sejam eles de Niterói, Paquetá ou de Brasília — diante da impotência em lidar com a besta pobre que está ali do seu lado, besta esta que de vez em quando explode em tiros e morte, o carioca faz como o paulista: olha pro outro lado. Só que o paulista (por enquanto) TEM pra onde olhar. O carioca não! A favela, a bosta, o monstro está ali, aos pés de qualquer morrete, morro ou na ponta do dedo do Cristo Redentor. A impressão que tive é que tudo no Rio de Janeiro está desabando, sendo cozido aos poucos, sendo trucidado e espanado, mantendo a cidade estagnada numa forma de pensamento "Anos 70/80", enquanto São Paulo está nos anos 90. As pessoas do Rio desabam lentamente (cai a favela com ódio por ter sido cuspida longe, direto no colo de quem a mandou pra miséria, cai a burguesia herdeira dos pecados de seus antecessores). Todos estão enlouquecendo com a pressão, daí estão fugindo do monstro, se iludindo, usando escudos de indignação, futebol e samba. Ou quem pode sai pra bairros mais seguros ou deixa a cidade. Mas fugir como? Se "sou carioca, pô"! A desigualdade social já teve uma solução: não há solução. O Estado não vai resolver e os cariocas sabem disso, apesar das campanhas e das lutas, não tem como... E isso massacra o carioca por dentro, isso o destroça e o esmigalha lenta e seguramente. Para os pobres tudo bem, que eles estão sempre na merda. Mas a classe média carioca está enlouquecendo a olhosh vistosh. Concluindo: Vocês lembram daquele personagem de um personagem d'A Praça É Nossa, que era um mendigo que falava que comia caviar, que se colocava como milionário, como sendo um homem digno, honesto e respeitável... mas ainda assim um mendigo? Pois é. O carioca é isso: um puta mendigo do caralho, um puta favelado desgraçado e fodido, transformado em favelado pela favela que ele mesmo criou... Mas que se atrela a um sonho de fortuna, bonança, romantismo, cerveja, praia e alegrias de tempos idos, em que tudo era bom, divino, maravilhoso. Só que nunca foi! Nada disso realmente existiu. A demência do carioca criou seus patuás de fé, Copacabana, o Maracanã, o Cristo Redentor, Carnaval, Flamento e o caralho. O carioca se atrela desesperadamente a esses ícones pra construir sua identidade... E não cair na loucura da culpa maldita e sem fim, por ter deixado seu semelhante na merda, e por não poder fazer nada mais a respeito. A conquista do carioca de si para consigo começou pelos morros. Mas o avanço da patuléia foi impedida pela Rede Globo, pelos Evangélicos e por aquela estátua podre no alto, de braços abertos sobre a Baia da Guanabara. Só que não ha fé, nem TV e nem pedaço de pedra que pode deter o inevitável, e o carioca sabe que é culpado de tudo, sabe que é culpado por ter ligado uma bomba de tempo em sua cidade. O Rio de Janeiro é lindo mesmo, mas sua beleza é aparente e ilude os vendidos, qual uma leprosa que usa lindas perucas de plástico, se cobre de jóias de camelô, e se traveste de vestidos caros e poídos, catados no lixo do ódio. Rapidamente fizemos o que tínhamos que fazer e voltei aqui pro meu cantinho. Aonde há loucura, mas não no estado terminal do Rio de Janeiro. Pobre cidade maldita, pobre povo amaldiçoado.
  7. Rayden

    Religião (#3)

    A função do Estado, explicando de maneira mais dissecada, é a de prover os meios e caminhos para que as pessoas possam alcançar a felicidade. Ou seja, a idealização do Estado em sua origem foi essa. E ouvi isso num programa da GNT sobre política. Porém, (e aqui entra meu pitaco) a ganância, a usura e a cobiça dos políticos e dos poderosos donos do mundo alteraram e corromperam essa premissa, vergando o Estado ao seus próprios interesses. Que são, quase sempre, a escravidão do ser humano. E isso se faz pelo Capitalismo, pelo Socialismo, pelo consumo, pelas leis e principalmente pela Religião. O que vocês imaginam é que o Estado é um imenso monstro sem face que destrói, contamina e oprime. Verdade. Mas o Estado é, acima de tudo, uma idéia e um objetivo. A idéia é a felicidade do povo e o objetivo é oferecer os meios para que o povo alcance o que deseja. Só que o desejo do povo, digo, de todos nós (eu incluso) foi sendo substituído e solapado por valores que nos escravizam, que nos tornam subservientes, complacentes, submissos e acovardados. Em resumo, o Estado falhou nesse sentido. Mas não há como substituir o fracasso do Estado pela religião pois esta é um dos principais fatores de desmonte do Estado. A religião quer se colocar no lugar do Estado e, dessa forma, escravizar ainda mais o ser humano, colocando-o de joelhos de vez, castrando-lhe a Liberdade, surrupiando seus valores (leia-se Trabalho) e, com isso, alimentando uma casta de religiosos que se locupletam e se esparramam numa opulência construída às custas da submissão alheia. É só ver a opulência que é o Vaticano, as igrejas evangélicas, os templos judeus, as mesquitas muçulmanas, e como as religiões crescem e se agigantam a ponto de se tornarem não apenas parte do Estado... Mas verdadeiros Estados paralelos, como Israel e tantos outros países muçulmanos. O que alguns malucos deste forum querem é tirar o Diabo do trono e colocar Satanás no lugar, só porque esse deu a eles uma esperança falsa ou uma "calma" à base do medo, do horror e da punição. Eu sou a favor de uma terceira via, de uma outra opção, que passa pelo Indivíduo. Mas sem cair pro individualismo ultra-estagnado, mas uma busca pela auto-compreensão e do auto-conhecimento, que se reflete em seu semelhante como este sendo parte de uma única espécie: a humana. Todo o resto é corrente no pescoço e bola-de-ferro no pé. Seja pelo dinheiro ou por Jesus. É por aí que eu vou. Ou tento ir. Rayden2008-12-28 03:43:40
  8. Rayden

    Religião (#3)

    [quote name="Conan o bárbaro]E querendo ou não' date=' boa parte das religiões possuem normas de condutas sim úteis. Pregam um comportamento moral e preocupado com o próximo. Coisa que sem, vira um samba do crioulo doido. Que cada homem é único e basta por si, o resto que se foda...[/quote']Durante um bom tempo eu era ligado a uma instituição religiosa. Qual era a mesma, não convém dizer, por uma questão de ética. Durante anos eu ia até ela, frequentava seus rituais, fazia parte de seu corpo mediúnico e, claro, recebia as instruções dos coordenadores da mesma. Por minha insistência e presença constantes, ascendi na escala dessa instituição. Por lá, conheci as mais variadas pessoas: gente boa, gente nem tanto, gente neutra, apaixonados, etc. Dessa forma, tive contato com muitas situações que me pareciam estranhas. A primeira dela é a diferença entre o discurso e a aplicação do mesmo internamente. Toda religião é contraditória. Afinal, religião é coisa de ser humano e nós somos contraditórios. Porém, chega um momento que você, como indivíduo, é levado a contestar uma série de situações que lhe são apresentadas. Quando se prega o diálogo, quando se prega a harmonia, e toda uma série de valores superiores e importantes, espera-se que os mesmos sejam aplicados dentro das paredes do lugar em que os mesmos são divulgados. E não foi isso que constatei. Durante todos os anos em que estive em contato com essa instituição religiosa, pude confrontar a sua maior e mais séria contradição: dizer uma coisa (pra fora) e fazer outra (lá dentro). Na minha ingenuidade, na minha bondade e desejo profundo de contribuir para a melhoria da tal instituição, divulguei, internamente, uma série de mensagens de teor bastante crítico e ácido, mas repleta de bom humor, simpatia e objetividade. Basicamente eu apresentei sugestões, dei dicas e critiquei, com a firmeza que me é peculiar, tudo aquilo que eu julgava merecedor de minhas vistas. Era meu maior desejo dar minha contribuição como membro ativo e participante da mesma. E minha contribuição maior não era em dinheiro, nem em trabalhos físicos mas, sim, pela minha crítica. O problema é que eu, na minha ingenuidade, acreditei que seria ouvido. Ou, pelo menos, que eu seria compreendido. Ledo engano. O "alto clero" da instituição, seguindo as ordens do patriarca da mesma, criou um verdadeiro escarcéu com minhas mensagens que, repito, sempre foram de divulgação interna, sendo jamais tornadas públicas. Diante de dezenas de pessoas desta religião, fui execrado e exposto, sem ter direito à réplica, nem defesa, nada. Criou-se uma verdadeira celeuma ao meu redor, uma situação bastante constrangedora mas que, de minha parte, era tremendamente divertida pois, de alguma maneira especial, eu me sentia, mais do que nunca, correto de minhas idéias e posturas. A reação da "máquina" foi como um estômago que se contorcia visando vomitar um corpo estranho: o "alto clero" tentou de todas as formas me desancar, me humilhar, me tripudiar e, claro, mostrar o tamanho do erro de meu procedimento. Só que contra fatos não ha argumentos. Os fatos que eu expus, de maneira sarcástica mas sempre sincera, eram e são de conhecimento geral. Não havia como negar o que eu expus e a maneira como fui tratado apenas ressaltou a minha convicção de que eu estava, sim, coberto da mais pura e completa razão. Porque, pelo discurso apresentado de "tolerância", esperava-se o cumprimento da mesma tolerância internamente. E não foi isso, sinceramente, que percebi. O resultado foi um só: após muita celeuma, muita algazarra e baderna, fui expulso dessa instituição. ++++++++++++++ Depois que fiquei de fora dela, deparei-me estranhamente feliz. Primeiro, que eu fui macho, corajoso mesmo, porque peitei todo aquele pessoal, toda aquela gente, sempre com um sorriso nos lábios, sem alterar meus nervos, sem perder a cabeça, enquanto o circo corria solto. Segundo, a reação do "alto clero" foi a resposta mais clara e coerente, foi a confirmação máxima de que tudo que eu cobrava estava coberto da mais pura e cristalina razão. Afinal, se eu estivesse errado, imediata e logicamente haveria de ser aplicado o diálogo que tanto se pregava ao mundo. No mínimo me chamariam pra conversar. O que, claro, não aconteceu. Terceiro, a utilização de minha pessoa como peça-chave numa apresentação sentimentalóide e demagógica, num autêntico show de imolação pública, nada mais foi que uma tremenda covardia. Covardia esta efetuada exatamente por aqueles que se dizem bravos defensores da ética. Por fim, com minha expulsão dos quadros do lugar, e já de mente limpa e clara, sem as influências da culpa, percebi que dediquei uma parte importante de minha vida a uma instituição religiosa que pode ser muitas coisas. Mas que certamente não tem nada de religião. Afinal de contas, se o dogma pregado não é aplicado internamente, então todo o resto é uma farsa. E eu demorei pra constatar isso. Afinal, por um processo ególatra de minha parte, eu queria acreditar! Eu queria acreditar em tudo aquilo, eu queria, sinceramente, fazer parte de uma "certeza maior" e que, naturalmente, haveria de revigorar ou renovar a mim mesmo. Só que não existe maneira d'eu deixar de ser quem sou. Muitos de meus colegas lá anulavam a si mesmos pela causa. Isso acontece em toda religião, de fato. Porém, eu tenho, pra comigo mesmo, a maior causa, a maior obrigação de Vida: ser coerente consigo mesmo, com o que se é. Não necessariamente com o que eu acredito. Esse meu confronto serviu pra me fortalecer de uma maneira que eu nunca pensava ser capaz, porque fui contra aqueles que promulgavam a minha fé! Eu confrontei, qual um mini-Martin Luthero, tudo aquilo que eu acreditava mas que, pela boca daqueles que eu depositava minha crença, estava visivelmente distorcido, errôneo ou, pior ainda, não era nem um pouco coerente. Assim, percebi que tive minha primeira "excomunhão!" E nunca me senti melhor em toda minha vida! Rayden2008-12-28 03:43:31
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