Jump to content
Forum Cinema em Cena

Serge Hall

Members
  • Posts

    3407
  • Joined

  • Last visited

Posts posted by Serge Hall

  1. Sabia que alguém ia interpretar errado. Mas realmente não escrevi certo. A granulação não é algo que pese contra. É apenas uma característiicas encarada por muitos como falha ou coisa ruim...

    Ah tá. Porra, eu prefiro essa granulação excitada do Mann àquela granulação disfarçada do George Lucas. smiley4.gif

  2. "Abismo do Medo"; dir: Neil Marshall - 8/10

    É, gostei pra caralho. Ele deixa o filme se comportar como "só mais um" por um tempo e depois joga a coisa toda lá nas alturas. Gostei da direção, que pode até parecer óbvia num olhar largo (planões abertos antes da caverna X claustrofóbicos na caverna), mas dá um climão muito foda, isso evitando qualquer maior firulinha - são imagens e sons.

    E "Dog Soldiers" é ainda melhor.

    Serge Hall2006-9-16 11:58:38
  3. Sério, qualquer projecionista decente e honesto sabe que raramente isso é erro do filme, e sim de seus colegas de profissão. Se não sabe, é absurdamente desinformado sobre seu próprio trabalho.

    Não era preciso nem ir muito longe. Só o fato de em alguns cinemas o boom aparecer e em outros, não, já eliminava a questão.

    Isso é extremamente comum, corriqueiro, acontece ao montes Brasil afora, infelizmente.

    Quando um diretor filma, ele se concentra no espaço delimitado do formato que escolheu para seu filme. Porém, a câmera filma imagens além destas delimitações, para então serem respeitadas na hora da projeção, justamente pelo projecionista.

  4. Na verdade, há uma explicação bem plausível para a aceitação. Se a ninfa desperta fascínio naqueles que se aproximam dela, e até mesmo é capaz de modificar alguns comportamentos (gagueira de Heep, por exemplo), então há uma certa "mágica" nessa criatura (que, entre outras coisas, promove inspiração e também prevê futuro). Aceitá-la, desta forma, é o de menos.

  5. Como as discussões estão bacanas, e a relação “Pablo-Shyamalan” foi um dos focos do Fórum há dois anos, resolvi ler a crítica do Pablo, para poder comentar, apontar discordâncias, etc.

    <?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

     

    Ao escrever sobre A Vila' date=' há dois anos, comentei que o cineasta M. Night Shyamalan vinha caindo em meu conceito a cada novo filme. Pois a jornada está completa: depois de surgir como uma grande promessa em 1999, com O Sexto Sentido (antes disso, ele havia realizado Praying with Anger, que não vi, e o bom Olhos Abertos), Shyamalan levou apenas sete anos e quatro filmes para chegar ao fundo do poço, que atinge com este seu novo A Dama na Água. Se seus roteiros já vinham deixando a desejar desde Sinais, ao menos seu talento como diretor trazia algum elemento interessante às produções que comandava - algo que apontei ao escrever sobre A Vila. Desta vez, porém, nada resgata seu projeto do desastre total: além de um roteiro pedestre (para dizer o mínimo), o filme conta com uma direção corriqueira que não faz jus àquele que alguns cismaram de batizar como “o novo Hitchcock”. [/quote']

     

    Discordo que tenha chegado ao fundo do poço, embora considere este seu “filme menor”, da fase grande (o que exclui “Olhos Abertos”). Tampouco acho que venha deixando a desejar nos roteiros – sou um dos que acha maravilhoso o roteiro de “A Vila”.

     

    Continuo vendo semelhanças com Hitchcock em Shyamalan, no tipo de suspense, ritmos, etc. E como o usuário João Inácio apontou no Fórum lá do site:

     

    não pude deixar de notar uma contradição. Em sua crítica de Corpo Fechado você escreve: "Aliás' date=' não posso deixar de me lembrar de um outro diretor que se tornou notório pela utilização `ativa` dos movimentos de câmera em seus filmes: Alfred Hitchcock. E acreditem-me: a comparação não é nada infundada." Me parece estranho, então, te ver dizer "o filme conta com uma direção corriqueira que não faz jus àquele que alguns cismaram de batizar como `o novo Hitchcock`".[/quote']

                

    Elaborado a partir de uma história de ninar que Shyamalan criou para as filhas, o roteiro de A Dama na Água tenta conceber um universo mitológico que, em vez de apresentar-se fascinante e inventivo, soa mais como uma versão empobrecida de mundos fictícios infinitamente mais criativos e abrangentes. Quando a trama tem início, somos apresentados ao introspectivo Cleveland Heep (Giamatti), zelador de um condomínio que, certa noite, descobre uma jovem nadando na piscina do edifício. Pálida e misteriosa, ela revela ser uma narf, criatura das águas que veio ao “mundo dos Homens” para inspirar um indivíduo em particular – alguém que escreverá uma obra que influenciará o destino de todos. Ela também explica que está sendo perseguida por um scrunt, uma espécie de “lobo-grama” (na falta de termo melhor) que quer matá-la apesar das regras existentes contra este tipo de crime – regras impostas pelos Tartutics, espécie de “macacos-árvore” (na falta de um termo melhor). Assim, ela recorre ao auxílio de Cleveland para conseguir encontrar o humano que deve inspirar e também para permanecer em segurança até o momento em que será levada por uma Grande Eatlon, espécie de águia gigante (na falta de... hum... não, na realidade isto descreve exatamente o que é a tal Grande Eatlon).

     

    Acho fascinante e inventivo o universo criado para o filme.

                

    Embora ver atores talentosos como Paul Giamatti e Jeffrey Wright dizendo coisas como “narf”, “tartutic” e “kii” não deixe de ter sua graça ocasional, o fato é que o roteiro de A Dama na Água parece ser exatamente aquilo que é: uma história inventada na base do improviso para levar crianças ao sono, não apresentando qualquer estrutura ou significado mais profundo (mais sobre isto daqui a pouco). Aliás, isto me fez lembrar justamente de O Sexto Sentido, quando o personagem de Bruce Willis tenta contar uma história para o garotinho vivido por Haley Joel Osment e este reclama da “falta de reviravoltas”, de acontecimentos interessantes, ao longo da narrativa – e, <?:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" />em A Dama na Água, Shyamalan parece introduzir uma nova informação a cada dez minutos, como se tentasse justamente evitar que percebêssemos o fato de que nada faz muito sentido ou é particularmente interessante. Basta dizer que sempre que a história empaca, o protagonista recorre a uma velha chinesa que mora no prédio para que esta conte mais um pedaço da fábula que parece refletir os acontecimentos que ele está vivenciando – e por que ele não pede que ela termine a maldita história de uma vez, para que ele possua todos os dados relevantes e possa agir de acordo, é algo que não sei responder. (Aliás, sei: se fizesse isso, o filme chegaria ao fim.) Assim, quando o cineasta julga já ser o momento de assustar o público mais uma vez, atira uma cena ao acaso na qual Cleveland tenta confrontar o scrunt enquanto, através de rádio-comunicador(!), a narf lhe informa que ele pode enxergar os olhos da criatura através do reflexo em um espelho. Faz sentido? Não importa; o que Shyamalan persegue é o suspense que isto poderia provocar.

     

    O fato da história ser contada aos poucos entra no enorme contexto de “bedstory” que o filme investe, e pesado. Pelo menos pra mim, essa coisa de parcelar a fábula vem do hábito culturalmente divulgado, e também lógico, dos pais contarem aos poucos as histórias de ninar para as crianças, que no dia seguinte imploram para que “termine de contar a história”. Quanto ao suspense, resta dizer que discordo, já que julgo ótimo, como sempre no caso do diretor.

                

    Repleto de cenas sem propósito e trazendo um número excessivo de personagens, o roteiro se esforça ao máximo para estender sua narrativa, mesmo que a trama frágil obviamente não o permita. Desta maneira, temos longas cenas nas quais acompanhamos Cleveland fazendo perguntas através do telefone para uma garota que, em seguida, as repete para a mãe em chinês, ouvindo as respostas e voltando a traduzi-las para o zelador – e a mesma lógica da “encheção de lingüiça” se aplica à seqüência que traz o protagonista sondando vários inquilinos sobre as atividades literárias de cada um. Para piorar, A Dama na Água é recheado de diálogos expositivos, dependendo das conversas entre os personagens para revelar desajeitadamente detalhes sobre, por exemplo, o passado de Cleveland. Como se não bastasse, há um momento em que uma informação é repetida, em off, apenas alguns segundos depois de ter sido fornecida ao protagonista, como se o espectador fosse incapaz de perceber, sozinho, o que ele está procurando no “fundo” da piscina.

     

    As chinesas: já comentado acima, mais o fato de que essa história ter de passar por duas pessoas e duas línguas para chegar a Heep age, para mim, como ilustração do que é “contar histórias”, outro enorme foco do filme (nome da narf, o livro, a fábula, o filme em si); histórias que passam de geração para geração, de línguas para línguas, de culturas (outro foco) para culturas.

     

    As perguntas: objetivo é encontrar o escritor. Como é feito é um processo narrativo, que apresenta (ou dá continuidade a isso) personagens em sua assumida simplicidade enquanto “bedstory”, algo que chega a virar brincadeira nas falas do crítico.

     

    A abordagem direta deve-se ao que “A Dama na Água” em nenhum momento esconde ser: “bedstory”. Não vejo como desculpa, not at all.

                

    Obrigando o normalmente brilhante Paul Giamatti a exibir uma das gagueiras mais artificiais do Cinema, M. Night Shyamalan não parece saber sequer como desenvolver seus personagens, utilizando uma tragédia genérica para justificar as ações de Cleveland – e chega a ser espantoso que o cineasta, descendente de indianos, inclua estereótipos absurdamente ofensivos de asiáticos e latinos em seu filme. Porém, talvez sua maior falha como “contador de histórias” resida em sua incapacidade de levar o público a aceitar os absurdos de seu universo: enquanto todos os adultos presentes em A Dama na Água parecem aceitar com inacreditável facilidade tudo o que Cleveland revela, o espectador se sente deixado de fora, já que, aqui, a suspensão da descrença falha miseravelmente. Além disso, o roteiro erra ao incluir uma introdução que, através de animação, explica praticamente tudo o que veremos a seguir, eliminando qualquer elemento-surpresa que o filme pudesse explorar.

     

    Gostei da gagueira, que ainda permite entender um pouco mais a narf (já que a gagueira é interrompida quando ela está próxima). E aproveito para citar o Guga, ex-usuário: “E meu irmão era gago quando moleque, e a gagueira do Giamatti me lembrou muito a dele.”

     

    Você contaria uma tragédia toda elaborada para seus filhos quando fosse contar histórias de ninar para eles? A meu ver, trata-se primeiramente de um filme simples.

     

    Estereótipos: me falaram que alguém lembrou de estereótipos em “Crash” nessa discussão. Acho que esse comentário deve estar lá no começo do tópico. Eu encarei mais como personagens simplificados, como provavelmente seriam numa história de ninar comum.

     

    Há uma explicação muito clara para a “aceitação inacreditável”: se as pessoas mudam quando são apresentadas a narf e próximas a ela, podendo, inclusive, mudar o comportamento (gagueira, sensação de fascínio), o “acreditar” é o de menos.

     

    E eu não sabia que “suspensão (voluntária) da descrença” era capaz de falhar. Se é “voluntária”, então, hmm, é só querer.

     

    Mas... pelo que percebi, “A Dama na Água”, ao contrário dos 4 filmes anteriores, não quer trabalhar com elementos-surpresa (com exceção dos papéis dos personagens secundários, o que independe da introdução). A introdução, aliás, é perfeita para, repito, o jeito “bedstory” de ser do filme.

                

    Mas a grande decepção deste projeto encontra-se mesmo na fraca direção de Shyamalan – algo inédito em sua carreira. Empregando uma lógica visual pouco inspirada, o cineasta abusa de ângulos baixos, do contra-foco e de composições que buscam trazer os atores sempre para o centro do quadro e olhando diretamente para a câmera – e mesmo aqueles enquadramentos que poderiam ter melhores resultados (como o que traz uma atriz ajoelhada em frente ao box do banheiro, conversando com alguém que se encontra oculto por uma parede) acabam fracassando em função da solenidade excessiva com que são tratados pelo diretor, como se este parecesse encantado com o resultado de sua composição. E por que, afinal de contas, Shyamalan parece tão empenhado em ocultar o rosto da atriz Cindy Cheung em diversos momentos (como sua primeira aparição em cena), como se ocultasse algo? É realmente uma pena constatar que nem mesmo o genial diretor de fotografia Christopher Doyle consegue tornar A Dama na Água mais interessante do ponto de vista estético (e é curioso perceber que, em contrapartida, a arte criada para o cartaz da produção é espetacular).

     

    Adorei a direção, embora considere a menos inspirada, mas ainda capaz de enfeitiçar em quadros, movimentos, focos, montagem, som etc.

     

    A crítica ao enquadramento do box do banheiro, isso sim me parece ser “encheção de lingüiça”, um “procurar um motivo a mais para negativizar, mesmo que ninguém entenda exatamente”, assim como o apagar de luzes em “Kill Bill Vol. 1”, feito “apenas” para criar uma linda cena sob efeito de contra-luz. O enquadramento referido é belo, é inspirado, flui deliciosamente, e isso só pode ser positivo no meu julgamento.

     

    Sobre inicialmente ocultar o rosto de Cheung, também fiquei no ar nessa aí.

     

    Gostei muito da fotografia, um geral de “à meia-luz”, perfeito para o filme, que para mim é lindo.

                

    E chegamos, finalmente, à desonestidade artística de M. Night Shyamalan, que procura empregar dois subterfúgios pobres para se “proteger” daqueles que inevitavelmente condenariam o fracasso deste seu novo esforço. Em primeiro lugar, ao cercar seu filme com a justificativa de que se trata de uma “história para crianças”, o cineasta tenta antecipar as críticas à falta de lógica do roteiro através da argumentação de que aqueles que não o apreciaram se tornaram incapazes de enxergar o mundo com um olhar mais ingênuo, puro – e um personagem chega mesmo a comentar que gostaria de “ser criança novamente” e de “conseguir acreditar”. Seguindo esta lógica incerta, filmes como O Expresso Polar, Monstros S.A. e Procurando Nemo deveriam ter sido destroçados por todos os adultos “cínicos” do mundo (além disso, sejamos sinceros: A Dama na Água está longe de ser um “filme para crianças”).

     

    “Se proteger”? Talvez você tenha razão, mas talvez seja só paranóia. Não creio, de maneira alguma, que se tratar de uma “bedstory” seja para “proteção antecipada”, e sim o que justamente ele tenta fazer, e o que o filme não esconde ser em cada fotograma.

     

    E também sejamos sinceros: “Alice no País das Maravilhas” está longe de ser “para crianças”; até “Os Três Porquinhos” está meio distante.

                

     

    Finalmente, Shyamalan inclui, na história, a figura de um crítico de Cinema que, vivido pelo ótimo Bob Balaban, encarna todos os defeitos normalmente atribuídos ao estereótipo dos profissionais da área: é arrogante, cínico e desagradável. Assim, o diretor parece preparar uma armadilha fatal: se ataco A Dama na Água, é porque fiquei ofendido com a forma com que minha profissão foi retratada. Pois longe disso: a melhor cena do filme, aliás, é justamente aquela protagonizada por Balaban em um corredor escuro. Porém, se Shyamalan queria manifestar seu desprezo pelos críticos (ou pela “destruição” da Arte através da Análise), poderia tê-lo feito com mais talento e inteligência, como, por exemplo, Beto Brant fez em seu magnífico Um Crime Delicado. Além do mais, é no mínimo irônico que o cineasta acuse a Crítica de arrogância, mas escreva, para si mesmo, o papel de um artista cujo trabalho revolucionará o mundo.

     

    Não estaria você tentando preparar uma armadilha fatal: se diz que a melhor cena do filme é aquela protagonizada por Balaban e seu crítico desagradável, então isso o absolve de atacar “A Dama na Água” por supostamente ter ficado ofendido com a forma com que sua profissão foi retratada.

     

    Além do mais, é no mínimo irônico que você acuse o cineasta de arrogância, mas pareça questionar a capacidade interpretativa de demais espectadores que podem conseguir, e muitas vezes conseguem tirar outras leituras de obras artísticas (as de Shyamalan incluídas e evidenciadas): “Estou certo de que, assim como aconteceu com A Vila, surgirão aqueles que verão, em A Dama na Água, inúmeras metáforas sobre a “condição humana”, o espírito destrutivo do Homem e assim por diante.”“Por outro lado, como há aqueles que encontram significado até mesmo na borra de café que permanece no fundo da xícara, não há como evitar que uma fraude como A Dama na Água ganhe novas interpretações.”

     

    E sei lá, teria sido John Huston um arrogante ao interpretar nada menos que Noé, deus, a serpente e o narrador em seu “The Bible”, por exemplo?

                

    Estou certo de que, assim como aconteceu com A Vila, surgirão aqueles que verão, em A Dama na Água, inúmeras metáforas sobre a “condição humana”, o espírito destrutivo do Homem e assim por diante – afinal, o próprio diretor-roteirista tenta incutir um caráter mais profundo à história através de locuções constantes sobre a guerra no Iraque e, é claro, ao batizar sua heroína de História. (Percebem? A “História” só pode ser compreendida e salva por aqueles que acreditam em sua existência sem questionamentos! Incrível.) Por outro lado, como há aqueles que encontram significado até mesmo na borra de café que permanece no fundo da xícara, não há como evitar que uma fraude como A Dama na Água ganhe novas interpretações.

                 

    Já comentado acima. Claro, “A Dama na Água” deve ser uma fraude, e novas interpretações será apenas mergulhos em maionese de LSD, em vez de... hmmm... novas interpretações, geralmente enriquecedoras da arte.

     

    Também como existem aqueles que encontram significado “até mesmo” na borra de café, há aqueles que encontram “deus” quando tudo parece ir bem na vida, não? Ou até mesmo na Bíblia...

                

    Ao que parece, M. Night Shyamalan está sendo sabotado por acreditar no próprio mito, por julgar-se um artista cujo menor esforço é digno de grandes aplausos. Falta-lhe humildade para desenvolver melhor seus projetos e suas idéias – e, principalmente, para reconhecer que algumas destas não são boas o bastante. Eu também costumo contar historinhas para meu filho envolvendo “homens-melancia”, dragões e cachorros-pedra que cospem lava (eu os chamo de crancôrs!), mas daí a julgar que o que diverte uma criança de três anos de idade é interessante o bastante para ganhar uma versão para Cinema vai uma grande distância.

                

    Ou, quem sabe, eu algum dia realize O Homem-Melancia?

     

    Qualquer material pode render bom Cinema. Só precisa de talento. Eu ainda vejo muito em Shyamalan.

    Serge Hall2006-9-3 4:48:12
  6. Não. Estou dizendo apenas que Shyamalan joga para a torcida. Ele sabe que há pessoas mais do que dispostas a encontrar subtextos em seus filmes e joga alguns elementos mais do que óbvios (referencias ao Iraque' date=' por exemplo) esperando que, com isso, as pessoas façam o trabalho para ele e leiam o que nao está lá.

    Em geral, as metáforas dele são óbvias, claras, batidas, clichês. Ler profundidade de significados num filme de Shyamalan é dar mais crédito do que ele merece. Ele é um excelente diretor (menos neste filme), mas não é um comentarista social como Oliver Stone e muito menos um conhecedor da condiçào humana como Bergman, Ozon e outros.

    [/quote']

    Será que realmente não está lá? Acho que cabe a cada um decidir.

  7. "A Máquina"; dir: João Falcão - 3/10

    Insuportável.

    Ah sim: achei até que "Lisbela e o Prisioneiro"' date=' que não acho grande coisa (mas acho melhor que "A Máquina"), trabalha muito mais a palavra e o diálogo como força motriz do que "A Máquina".

    Eu simplesmente não sei qual é "o coração" de "A Máquina". Não encontrei nenhum. Parece que, pelo filme que vi, deveria ser "o amor", mas, sinceramente, consigo encontrar mais amor até no quadradinho "Uma Mente Brilhante".

    [/quote']

    O "Coração" do filme é a televisão. Tudo no filme faz analogia à tv, se é que você não percebeu!!!

    Seja amor ou TV, continua a mesma desgraça.

    As constantes analogias televisivas pra mim não passam de estrutura. O "amor" continua alicerçando tudo ali, em teoria.

    Serge Hall2006-9-2 19:55:5
  8. Assisti hoje e fiquei embasbacado! Shyamalan ainda tem muito' date=' mas muito a oferecer! E, inegavelmente, o filme está subindo para 9/10 em meu conceito.

    SPOILER: a cena da cura é simplesmente maravilhosa!
    [/quote']

    Garami, essa cena é estupenda. É pra ficar sem respirar esperando a hora dela ceder, algum corte, whatever...

  9. Palavras certeiras do João Inácio (um dos críticos da Folha? É o Sérgio Dávila com nickname?). Quando li o texto do Pablo' date=' senti-me um bocado vexado. Um crítico inegavelmente exerce certa influência ou autoridade - não sei se estou empregando a palavra exata - sobre o leitor devido ao seu conhecimento aprofundado e embasado, o que torna desconfortável ter sua liberdade de interpretação própria e mesmo leiga restrita pelo mesmo.[/quote']

    O principal problema da crítica, ao meu ver (e que o Inácio apontou), é a insistência do crítico em desqualificar (no pior sentido possível) aquele que eventualmente gosta do filme, apelando para uma comparação rasteira...

    A Boscov já havia feito isso em Star Wars - Episódio III e o Pablo continua a lista agora com A Dama na Água. Me parece muita cara de pau, portanto, dizer que o personagem interpretado por Bob Balaban no filme é um 'estereótipo' da 'classe' para a seguir chamar o diretor de arrogante por escrever para si mesmo o papel daquele que mudará o mundo. Acho que todos temos lampejos de arrogância. A diferença está naqueles que assumem.  

    E surgem perguntas como: teria sido John Huston um arrogante?

  10. "A Dama na Água"; dir: M. Night Shyamalan - 8/10

    Não vou falar muito porque tenho que correr pra devolver filmes na locadora (aliás, que doc magnífico sobre John Huston nos extras do Disc 2 de "O Tesouro de Sierra Madre").

    Acredito que deva ser encarado da forma mais direta: "a bedstory" (by Shyamalan). Acho que se alguém falar que isso é "armadilha", é a mais pura balela. Sério, acho que é o mais complicado dele, por ser tão, tão... tão direto ao ponto, com uma casca tão grossa e assumida. Claro, as leituras das raças unificadas, da síntese da humanidade e civilização, guerra, tá tudo lá, e é ótimo, mas enfim, lá no final eu percebi que, como "bedstory", beira ao brilhante em alguns momentos.

    Shyamalan é do caralho pra filmar, pra conceber imagens, planos, com aquela fotografia do Doyle (mais sutil, mas tão apropriada, putz! Parece realmente para ser visto na cabeceira da cama, à meia-luz), e a trilha do infalível JN Howard. O conjunto é aquela coisa que a gente já espera do Night.

    Minhas restrições ficam por conta de um humor que, pra mim, aparece mais que o necessário e funciona menos do que eu esperava. Se ele não fosse tão bom pra conduzir cenas que vão de drama a suspense num pingar de chuva, algumas coisas eu olharia pra cima e "oh não, que coisa mais boba". Às vezes o inesperado salva esse tipo de sensação, como o simples fato de um dos secundários ser um cara que só malha um lado do corpo, heheeh.

    Dallas muito bem em um papel que nem tem tanto destaque, e pelo jeito é pra ser exatamente assim. Giamatti sensacional, ponto.


    Não fui breve. Estou atrasado agora. E está chovendo. Merda.

    ---------------------

    Também considero o mais fraco (ou "menos forte") dele que já vi (desconsiderando "Olhos Abertos", que até acho simpático, mas só). E, claro, vou rever, sem a menor idéia para onde a nota vai. Como disse, até o momento acho que é o mais complicado dele.

  11. E como todos sabem, Kubrick era fã de Spielberg. Acredito que a discordância do tom, sobre ser "otimista demais", apresentada no "Imagens de uma Vida", é de um respeito tremendo, mais para "eu teria feito diferente".

    --------------------

    E só pra constar:

    "A Lista de Schindler" - 10/10
    "O Pianista" - 10/10
    "Jarhead" - 8/10

    Serge Hall2006-8-31 21:30:33
  12. tio kub ixprica:

    Já vi A Lista de Schindler e esse não é um filme sobre Holocausto; é um filme sobre 400 pessoas que se salvaram dele.



    O que não diminui em absolutamente nada sua importância cultural ou alcance de seu enredo.
    Espero que Kubrick soubesse disso ao soltar a frase dúbia - do contrário' date=' não passaria de uma constatação imprecisa e tola.
    [/quote']

    acho que kubrick foi equilibrado ao fazer essa colocação. o filme como metonímia parte/todo não serve, realmente. acho que o que ele quis dizer é que como spielberg é um cineasta de tanta importância, deveria ter optado por prioridades e teria um "dever moral" (principalmente sendo judeu) de esclarecer ou contemplar essa chacina que foi a segunda guerra. spielberg falhou nesse sentido e é lamentável.

    Não, não é. E essa mania de enxergar "deveres" em todo filme que aborda o Holocausto é irritante, vnida de Kubricks e Godards ou não. No Cinema, antes de "deveres", o próprio Cinema. Sempre.

    Primeiro que as prioridades foram outras, e ele tem esse direito, enquanto artista. Segundo que, pra mim, ele não deixa de fazer isso, nem que seja indiretamente. Terceiro que, de certa forma, é algo tão historicamente enorme que se esclarece já por nome e conceito - o que é ótimo, permite inúmeros olhares.

    Por esse lado, podemos pegar "O Pianista" e ver que o Polanski não fez "muito" além do que Spielberg. Apenas optou por leitura diferente, mas, pelo seu prisma, teria cometido as mesmas "falhas", embora decida por traços emocionais mais duros e passivos, bem ao estilo do cineasta. Não deixa, porém, de ser tão maravilhoso quanto "A Lista de Schindler", parecidos em algumas porções, distintos em algumas frações.

    ok. se você gosta dessa abordagem do tema, o problema é seu. agora, não me venha dizer que o filme é SOBRE o HOLOCAUSTO ou SOBRE a SEGUNDA GUERRA, o filme pode se PASSAR na segunda guerra. mas como kubrick disse "é sobre 400 pessoas que se salvaram".

    como já disse, esse filme é tão ruim quanto um Jarhead, por exemplo, que sendo um dos primeiros filmes sobre a guerra do iraque, aborbou o tema de forma convencional, sem o devido teor político que exigia, demonstrando uma certa covardia por parte do Mendes (quem odeio, só pra constar).

    Lista de Schindler se finge de grande, mas na verdade é um filme moralista que esconde a verdade (ou se aproveita dela pra vender seu moralismo). perdi 30 pessoas da minha família nessa guerra (sim, sou judeu) e esse filme não me traz emoção (assim como pianista menos ainda... aliás pianista < lista), só angústia e decepção pelo que ele podia ter sido, mas não foi.

    Claro que o problema é meu. É minha opinião, minha visão. O outro lado é problema seu, a forma como você vê e lida com isso. Estou expondo minha discordância aqui, independente do que você pensa disso.

    E, sim, eu "vou te dizer" que, sim, "A Lista de Schindler" é sobre o Holocausto. De uma forma distinta do conceito, do que se toma por definição, mas não deixa de ser. Não para mim.

    "Jarhead" acho ótimo. Gosto muito de Mendes, só pra constar. E a impessoalidade do filme, a meu ver, é uma de suas maiores riquezas. Não exigia teor político algum. E se exigisse, o "não tomar partido" já é tomar partido de algo. Sempre foi. Em "Jarhead", acredito que isso funcione muito bem.

    Sempre achei engraçado "moralista" ser dado tão bem a Capra e, hoje em dia, tão mal a Spielberg, a meu ver também um dos mais talentosos a trabalhar com moralidades e emoções vinculadas a tais. Seu desfecho, potencialmente piegas nas mãos de "n" diretores, e talvez ainda piegas aqui também, é arrebatador, destruidor, pegada na guarda baixa.

    "A Lista de Schindler" não esconde verdade alguma. Ele apenas não a exibe, o que é estrondosamente diferente. Sua moral é bem apresentada, executada e difundida. Não vejo mal algum nisso, e adoro quando um cineasta é talentoso o bastante para driblar meu cinismo, situação a qual não me sinto desconfortável em assumir, muito menos para filmes como "A Lista de Schindler". Se ele "se finge de grande", é outro de todas as questões de interpretação/opinião.

    Quanto a você "não se emocionar, mesmo sendo judeu e perdido 30 parentes na tragédia", isso é, claro, um problema seu e seu somente. Eu também não me emociono de chorar em "A Lista de Schindler". Aliás, me emociono menos do que a imensa maioria de seus adoradores. Sou perfeitamente capaz, contudo, de considerá-lo uma obra cinematográfica maravilhosa sem que "me emocione" com ela, mesmo que seu autor assim deseje claramente. Mas talvez eu me emocione ainda mais por razões cinematográficas, não humanas (embora também), por ver filmes assim diante de meus olhos.

×
×
  • Create New...