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Forum Cinema em Cena

SergioB.

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Everything posted by SergioB.

  1. (247) Um dos últimos que me faltava ver de Lars von Trier, "Europa", de 1991, foi um desafio para mim. Premiado em Cannes com o Prêmio do Júri, chama a atenção com sua Fotografia belíssima, em preto e branco, e, em certos momentos, colorida em primeiro plano, como se estivéssemos realmente nos anos 1940, com as cores esmaecidas. As pessoas ressaltam esse apuro estético do filme, e meio que se conformam com ele, mas eu não. Afinal de contas, poucos anos depois Trier seria o principal expoente de um famoso Movimento que rejeitava justamente esse tipo de truque inorgânico. "Europa" conta a história de um cidadão americano, de origem alemã, que, idealista, retorna ao país, justamente em 1945, para ajudar na reconstrução do pós-guerra. Ajudado por um tio, emprega-se em uma companhia de trem, que, vai ficar sabendo, serviu ao nazismo, embora hoje esteja vigiada/contornada pelos interesses norte-americanos. O ambiente na Alemanhã não é de paz, longe disso. Há os remasnecentes nazistas, "lobisomens", que atuam como terroristas; há militares americanos; há pessoas ainda fugindo dos campos de concentração (em uma cena incrível, usando as roupas listradas dos campos, no vagão de última classe), há judeus sobreviventes teimando em ficar no país em vez de irem "para o deserto". O clima social é tenso! O cidadão idealista se vê - como toda pessoa que tenta ser impacial - no meio do jogo entre alemães nazistas e os novos senhores do país. É curioso pensar como Lars von Trier tem paixão por esse tipo de protagonista "inocente", "do bem", característica presente em "Ondas do Destino", "Dançando no Escuro", ou "Dogville", mas aqui trata-se deu uma figura masculina. Como gênero, confunde; é um drama de guerra "noir". Temos até a loira fatal, em meio às sombras de um clima policialesco. É engraçado ver os temas da Segunda Guerra embalados como um filme de Orson Welles. Filmes que, em geral, têm uma temática meio pobre, menor. Aqui não. Aqui o conteúdo social importa, embora eu tenha entendido menos do que eu gostaria de suas nuances histórico-sociais. O filme é narrado por Max von Sydow, de forma hipnotizante. Mais um dos filmes de Trier com "narrador". Esperava mais.
  2. (246) Não é muito a minha praia, mas o diretor Ken Russel consegue em 'Viagens Alucinantes", de 1980, realizar um filme de ficção científica extremamente imersivo e criativo. Fiquei boquiaberto com a montagem. Não só quando retrata devidamente os estados mentais de alucinação, mas também como ela não perde tempo com a questão da passagem dos anos, exemplo, os jovens cientistas enamorados, logo, logo, estão casados, com filho, e separando-se sem muitas explicações. A rapidez da montagem está expressa na rapidez do roteiro. Essas coisas me ganham... Muito legal para mim também ver como o experimento científico, a droga alucinógena, o misticismo, e o sexo, foram representados como veículos ensejadores de perda de consciência. Indicado a dois Oscars, Som, e Trilha, deveria ter sido mais reconhecido. Assim como a atuação de William Hurt, em seu primeiro longa no cinema, que está bárbaro. O filme precisava realmente de um grande ator que pudesse visualizar em sua imaginação as difíceis alterações mentais. Por óbvio, não tinha a montagem para ajudá-lo a ver as loucuras que nós vemos na tela. Gostei bastante.
  3. (245) Acho "Trabalhar Cansa", de 2011, uma formidável estreia em longas de Marco Dutra e Juliana Rojas, eles que ao longo do tempo iriam continuar colocando elementos de terror dentro de suas pensatas sobre a classe média brasileira. Tudo neste filme é intrigante, do início ao fim, do título à cena final. Amo ver a questão do trabalho nesse amplo painel: desde as ridículas e humilhantes dinâmicas de entrevistas de emprego; até as desconfianças mútuas entre empregados e empregadores, ou locadores e locatários; bem como o trabalho doméstico ser o mais desvalorizado de todos. Achei engraçado também ver a tabela de preços do pequeno supermercado assombrado. Um frasco de óleo de soja a R$ 1,22 !! Vamos voltar para 2011! Dez anos a menos de desvalorização monetária, a custo de desenfreada emissão de dinheiro. Infelizmente, o início da década passada era o auge da tendência indie de se falar baixo nos filmes nacionais. É o ponto negativo do filme. Trabalhar cansa, nos esgota.
  4. Alow, @Muviola, eis aí meu comentário . E abaixo minha comparação da cena do canil, que você bem destacou, com a da obra-prima "Umberto D." Kelly Reichardt, atualmente, está filmando outro filme com a Williams.
  5. A duas semanas do início dos Jogos, houve relativamente pouca movimentação desportiva ao redor do globo, para eles - os adversários - e para nós. * Sem dúvida, o melhor resultado olímpico foi a final brasileira na Etapa do Circuito Mundial em Gstaad na Suíça. Ouro para Ágatha/Duda; Prata para Ana Patrícia/Rebecca; Bronze para as canadenses Pavan/Humana-Paredes. Noto que Carol Solberg/ Bárbara se apresentaram muito bem também durante o campeonato, quase alcançando as semifinais, perdendo por pouco para as canadenses. Elas no caminho eliminaram a forte dupla americana, sensação do circuito neste ano, Sponcil/Claes, dupla que atualmente vejo fazendo a final olímpica, nesse lotado universo de ótimas duplas. Até a dupla da Letônia, que terminou em quarto, é forte - quase ganharam de Ana Patrícia/Rebecca. Aliás, estarão no mesmo grupo qualificatório. Mas Ágatha/Duda atropelaram. Jogaram demais a semifinal e a final. Duda está incrível nos ataques. Senti falta dos bloqueios da Ágatha, mas o saque dela melhorou muito. Rebecca e Ana Patrícia melhoraram um pouco o físico, mas ainda sofrem nos deslocamentos, na rapidez dos gestos, principalmente à medida em que o jogo passa. No momento, em puro chute pessimista, daria o Ouro para as americanas Sponcil/Claes, Prata para Clancy/Artacho del Solar da Austrália; Bronze para Ágatha/Duda. Mas, no feminino, muita coisa pode acontecer. No masculino, um bom quinto lugar para Bruno/Evandro, perdendo por pouco para a dupla catari, que posteriormente ficou com a Prata. Alison/Álvaro, com filhos pequenos, não viajaram. (Foto: Divulgação/ FIVB) * Segundo lugar na Liga Diamante de Atletismo, etapa de Mônaco, para nosso Alison dos Santos, com 47s.51, nos 400m com Barreira. Núbia, oitavo lugar no Salto Triplo, com apenas um salto válido, 14m,11. A prova que eu mais gostei foi o 3.000m com obstáculos feminino. Podemos ter uma americana ganhando essa prova das quenianas. Em Mônaco, a americana, na última passagem pelo fosso, caiu, mas ia claramente para a vitória abaixo dos 9 minutos. Cada derrota queniana no atletismo ajuda a posição do Brasil no Quadro de Medalhas. * Porém, o resultado mais impressionante veio da Romênia. David Popovici, de apenas 16 anos, nadando no campeonato europeu para inacreditáveis 47s.30 nos 100m livre. Melhor tempo do mundo neste ano. Um fenômeno, realmente! Vai ajudar muito o país no quadro de medalhas. E ele nadará os 50m também...que medo!
  6. (244) Desde logo, com seu "resumo" do capítulo de 1994, já se revela que deveria ser chamado de "série" e não de "trilogia". Dividiram por que estrategicamente se ganha mais views. Só por isso. Um pouco de honestidade, por favor, Netflix! "Rua do Medo: 1978 - Parte 2" oferece mais "gore" do que o primeiro, em sua tentativa de lembrar "Sexta-Feira 13". A protagonista deste episódio, Sadie Sink, é melhor atriz também. No mais, detestei. Escuro demais; "sujo" de elementos; a químicia entre os adolescentes não funciona; cheio de hits a cada minuto pra demarcar a época, embora no design não tenhamos efetivamente nada de especial dos anos 1970. Bobo até falar chega.
  7. (243) "N`um vou nem falar nada!!" Tarde de sábado conferindo as quase três horas de "O Homem de Mármore", uma da obras-primas de Andrzej Wajda, e um dos filmes políticos mais importantes já feitos. Premiado pela Imprensa em Cannes em 1978, anunciando a futura Palma de Ouro para seu filme-consequência "O Homem de Ferro", de 1981. É filme dentro de filme dentro de filme. Uma aguerrida jovem estudante de cinema tenta, nos anos 1970, fazer um filme sobre um pedreiro da Polônia dos anos 1950, que foi alçado à condição de líder e exemplo para os trabalhadores do país, sendo até transformado em estátua, pelo governo. A metáfora está dada: Um homem modelado. Primeira, ela acha a estátua abandonada. Depois, descobre na cinemateca os rolos de um cinejornal estatal, que mostram a seleção daquele trabalhador humilde, sua glória ao vencer um concurso de quem assentava mais tijolos, seu casamento com uma bonita ginasta... Esses rolos de cinejornal são o motivo para que o filme passe então para preto e branco (curiosamente, assinados na ficha técnica por um tal Andrezj Wajda), e mude de época, na qual presenciamos a construção de uma cidade a partir do zero, Nowa Huta, na periferia de Cracóvia; uma cidade socialista, no qual não haveria "Deus" (Igrejas), completamente planejada, e abrigaria os trabalhadores poloneses. Porém, o filme adentra em si mais uma vez, e vamos parar efetivamente na década de 1950, nos bastidores daquela filmagem. E vemos que é tudo fake! As imagens triunfantes escondem a fadiga extrema daquele trabalhador, como ele é enganado pelos companheiros, como tudo é mais difícil e nada glorioso naquela obra monumental. Até seu casamento é fake. Intercalando os planos temporais, a jovem cineasta tenta investigar cada vez mais aquele homem, de exemplo a perseguido pelo governo, sendo a pergunta principal: "Onde ele agora está?" A resposta entregue ao final do filme está no "extracampo", digamos assim. O filme termina no porto de Gdansk, onde o governo comunista massacrou trabalhadores grevistas, em 1967, e de onde emergirá a figura de Lech Walesa, e futuramente da Organização Sindical independente Solidariedade, que são o tema de "O Homem de Ferro". Ou seja, podemos concluir que o trabalhador símbolo foi morto lá, em Gdansk. Um filme brilhantemente executado, seja em sua montagem, seja na organização das ideias. A mente anticomunista de Wajda mostra a arte como uma ferramenta mentirosa da política, mas também como uma ferramenta para se encontrar a verdade. Amei!
  8. (242) "Meus Irmãos e Irmãs do Norte" é um documentário de 2016, a respeito da fechada Coreia do Norte. Como os sul-coreanos são proibidos de adentrar no país vizinho, e vice-versa, a diretora se vale de seu passaporte alemão. O resultado, entretanto, é apenas protocolar, já que ela visita e se põe em contato apenas com lugares e pessoas pre-configuradas. Então, a resultante não desejada é um documentário turístico, mas de turismo oficial. Nota-se o que estamos autorizados a notar: uma capital impressionantemente limpa, bem-cuidada, ajardinada, com moradores aparentemente felizes. Visita-se uma escola de futebol oficial (lembrei que na Copa de 2010, o governo informou que o time nacional havia ganhado do Brasil; e em 2014, informou que eles chegaram à final), visita-se um parque aquático, uma escola, uma fábrica têxtil, tudo limpinho, organizadinho, e, claro, falso, propagandístico. A maior crítica, ao culto à personalidade, é a que mais ressai, evidenciando a avassaladora lavagem cerebral. Achei um doc muito conformado em mostrar o modo de vida oficial, muito preso nas cordas do regime coreano. Impossível compará-lo com o fantástico doc alemão "Camp 14: Total Control Zone", adaptação do livro magistral "Fuga do Campo 14", sobre os campos de concentração.
  9. (241) Tenho uma tia que quando chegou a Portugal pela primeira vez só entendeu: "Sinhôres Passagêros". Tive um pouco mais de sorte e consegui entender uns 85% das falas (sem legenda) do filme português, passado nos anos 1950, "O Estranho Caso de Angélica" do mestre Manoel de Oliveira. Ele dirigiu o filme, em 2010, com mais de 100 anos, portanto, este que é seu penúltimo longa-metragem. Um fotógrafo é chamado tarde da noite para fotografar uma jovem rica que recém-falecera. Ao executar o serviço para a família da jovem, percebe que Angélica ganha vida na fotografia. Apaixona-se por essa assombração pictórica, fictícia. Ou então apaixona-se pela beleza, permanente, que se preservou na fotografia. Ou então, outra hipótese, os dois tinham mesmo uma ligação espiritual de outras vidas. Um roteiro que possibilita várias interpretações, mas é outro caso de filme do cineasta em que parece proposital a não preocupação com qualquer noção de ritmo. Tudo é arrastadíssimo, e olha que estou acostumado... Não recomendo.
  10. (240) Cinema brasileiro marginal, com "Filme Demência", de 1986, do maioral Carlos Reichenbach. Que, nunca tinha pensado nisso, é nosso Fassbinder misturado com Godard! Pela sinopse, a trama é descrita como inspirada em "Fausto", de Goethe, tanto que assim batiza o protagonista. Aliás, "Fausto Murnau". Mas ao longo do filme, aparecia era Walmor Chagas na minha cabeça, em "São Paulo, Sociedade Anônima", e, ao final, o filme é dedicado a Luiz Sergio Person. Touché! Assim como o personagem de Walmor, dois insatisfeitos com o casamento, que fogem pelas ruas de São Paulo, estilhaçadas pela montagem surpreendente. Um falido herdeiro de uma pequena fábrica de cigarros, transido pela crise financeira-existencial, erra pela noite marginal de São Paulo, tentando compreender a si mesmo. Para em barzinhos de poetas que leem Ginsberg, para em um lupanar de strip tease, para em um bordel, e (desen)caminha para a violência, usando sua velha arma. Eu entendo bem isso: a noite como porta-voz de mensagens existenciais, através de seus tristes personagens. Um filme cheio de referências literárias e cinematográficas, com muitas boas sacadas de câmera, e texto caprichado, como, para exemplificar: "É da merda que nasce a epopeia".
  11. (239) Um filme com lado A, e com lado B. Geralmente eu gostava mais do lado B dos discos. Mas não aqui. "Durval Discos" , de 2002, é o primeiro longa-metragem de Anna Muylaert, depois de arrasar por anos e anos com "O Castelo Ra-Tim-Bum". O início em plano-sequência com os créditos colados pelas ruas e lugares do bairro de Pinheiros em São Paulo é excelente, e até os 50 minutos iniciais o espectador se delicia com tudo. É muito alto astral, é muito indie, é muito paulistano, é um clima lá em cima, com a melhor música brasileira se despedindo da era dos lp`s, para a então entrar na avançada era dos cds. Mas então vem o lado B do filme, com uma reviravolta que claramente o roteiro não consegue resolver. Os irmãos Coen teriam adorado a ideia, e teriam encontrado uma solução. Aqui, simplesmente, assumidamente, não houve solução. O evento fica impossível para um desejado final feliz. Mesmo assim, os 50 primeiros minutos fazem parte do melhor que o cinema brasileiro já fez. Com Ary França, Etty Fraser, Marisa Orth, e Rita Lee, dando um show.
  12. O Regionalismo brasileiro andava esquecido, fora de moda, até surgir com força inimaginável "Torto Arado", um fenômeno com mais de 130.000 cópias vendidas, e o reconhecimento dos maiores Prêmios Literários. Vamos para a Chapada Diamantina!
  13. (238) "O Absolutismo: A Ascensão de Luis XIV" é um filme para a tevê, de 1966, feita por Roberto Rossellini, um dos vários filmetes que faria registrando figuras históricas. Não me dou bem com esses filmes, devo dizer. Acho o mais conhecido, "Sócrates", um saco. Este é melhor. Mais interessante para mim. Vê-se um Luiz XIV ainda jovem, sem muito dinheiro ou poder, roubado por todos os lados, quando, finalmente, decide "governar", em vez de apenas ser uma figura de Estado. Decide estar a par de tudo, afastando a família do resto das decisões, bem como afastando certas figuras da nobreza e do parlamento do poder decisório. É o progressivo caminho para a centralidade do poder. A parti dali, a gastronomia, as vestimentas, o cerimonial, os gestos, tudo deveria refletir o gosto do rei. A certa altura diz algo como: o súdito deve estar para o rei, assim como a natureza está para o sol. O filme ostenta um grande luxo no figurino, bem como e nas locações palacianas francesas; enquanto o tom das interpretações é "pobre", quase bressoniano, daquele modo meio robótico. Como se os atores estivessem mesmo fazendo caracterizações e não personagens. Rossellini, desgostoso com os caminhos do Realismo também?
  14. (237) Sempre apontado como o grande fracasso comercial dos irmãos Coen (embora a direção caiba apenas a Joel Coen. Ethan, uncredit), "A Roda da Fortuna" é uma comédia fabular, de 1994, que eu não via desde a década de 1990. É um olhar sobre os espetalhões dirigentes de uma empresa, que após o falecimento do dono, planejam comprar as ações em baixa, colocando um cara ingênuo, tido como bobo, na presidência. No entanto, esse cara, vivido por Tim Robbins, consegue criar um grande sucesso comercial: o Bambolê. É um filme sobre como a invenção humana - mesmo de algo "fácil" - pode vir de qualquer lugar, de qualquer pessoa, mesmo de pessoas sem conhecimento, ou sem experiencia. Pelo menos, era assim antigamente na indústria. Hoje acho mais difícil. Não importa, é um filme "de conto de fadas", quase infantil, e amalucado. A sequência das crianças da cidade descobrindo o brinquedo é fantástica! Chamou-me a atenção como o Roger Deakins na Fotografia já arrasava, mesmo em uma história urbana, em um ambiente mais conhecido - sem trincheiras, futurismo, desertos... Trilha muito boa, de Carter Burwell. E Dennis Gassner, no design, excelente, como sempre (Precisa ganhar um segundo Oscar!)
  15. A notícia esportiva do dia foi a divulgação da escalação do time brasileiro de Hipismo. No CCE - Conjunto Completo de Equitação, sem novidades, nossos velhos de guerra, os ótimos: Carlos Parro; Marcelo Tosi; e, o mais jovem, Rafael Losano; com Márcio Appel de reserva. Ruy Fonseca, de fora. Time da Prata em Lima 2019, que conquistou a vaga olímpica. A questão foi a equipe do Hipismo Saltos. Surpreendeu! Marlon Zanotelli; Rodrigo Pessoa; e as surpresas Luiz Francisco Azevedo (Chiquinho Azevedo); e Yuri Mansur. Pedro Veniss ficar de fora é inacreditável. Mas parece que ele teve problema com o cavalo, assim como o Eduardo Meneses. O Yuri Mansur é um cara extremamente dedicado, um grande vendedor de cavalos (já vendeu milhares), bom cavaleiro, que parece que tem um ótimo cavalo, o escolhido, "Alfons Santo Antônio". Um cara que poderia ter frequentado mais a seleção, mas sempre vinha um problema de última hora. Ele é uma pessoa admirável, embora já tenha tido problemas na Justiça, um cavaleiro que começou meio tarde, e que teve muitas dificuldades financeiras na vida (não é um "riquinho"). Fico feliz por ele. Já o Chiquinho Azevedo é uma total surpresa. Vem de uma família de cavaleiros, o pai é dos maiores da nossa história com suas 2 medalhas olímpicas por Equipe. Um cara muito gente boa, que tem um cavalo muito reverenciado, o "Comic", com o qual competirá. Mas salvo engano a grande época dele no esporte foi entre 2011 a 2013. Um pouco longe Quem sou eu pra julgar as decisões do técnico, Campeão Olímpico no Rio com a equipe da França, Philippe Guerdat? Formou uma equipe muito experiente, muito casca-grossa. Mas se eu tinha uma remota esperança de medalha na Equipe, agora eu já descartei. Veniss e Meneses tiveram um ano excelente, eram as escolhas naturais, depois do Marlon. Marlon Zanotelli, no individual, continuo achando que tem chances de Bronze, sim. (Washington Alves/COB)
  16. (236) Na madruga, "Rua do Medo: Parte 1: 1994" . O colega @Jailcante definiu a trama como "rocambolesca", e foi exatamente o que eu pensei. Uma trama muito "suja", misturando alhos com bugalhos, elementos de todos os tipos de terror adolescente + monstros + clima epocal... Mas além disso, as duas meninas principais são péssimas! Socorro! A loirinha, coitada, não tem carisma nenhum. Toda vez que a câmera ia para ela, a coisa caía...Pra mim, da turminha ali, só o ator loiro, mesmo com o personagem mais esterotipado, mandou bem. Achei muito fraco. E compará-lo com o excelente e marcante "Pânico" é um crime! Basta comparar as sequências iniciais de ambos. Ai, agora vou ter que ver essa bomba 2 e 3!
  17. Esse filme é lindíssimo. Estimulado por "First Cow", maratonei todos os filmes da Reichardt, e este "Antiga Alegria" ficou na segunda posição. É maravilhoso como ele se recusa a ser um drama de revelações, uma história gay, uma aventura trágica...É apenas aquilo ali, íntimo. A cachorrinha, Muviola, é a mesma do maravilhoso "Wendy and Lucy", a cachorrinha da própria diretora, a mesma Lucy a quem ela dedica "Certain Women".
  18. Quero ver. Mas não sei se espero até o terceiro sair...O que acha?
  19. Medalhas Brasil Total: 19 15º no Quadro de Medalhas. Ouro: (6) Equipe de Vôlei Masculino - Vôlei Pâmela Rosa - Skate - modalidade Street feminino Martine Grael e Kahena Kunze - Vela - classe 49er FX Isaquias Queiroz - Canoagem - C1 1000m Gabriel Medina ou Ítalo Ferreira - Surf masculino Beatriz Ferreira - Boxe - categoria -60kg Prata: (1) Pedro Barros - Skate - modalidade Park masculino Bronze: (12) Bruno Fratus - Natação - 50m Livre Arthur Nory - Ginástica Artística - Barra Fixa Arthur Zanetti - Ginástica Artística - Argolas Rebeca Andrade - Ginástica Artística - Individual Geral Rebeca Andrade - Ginástica Artística - Salto Luizinho - Skate - modalidade Park masculino Ágatha/Duda - Vôlei de Praia feminino Gabriel Medina ou Ítalo Ferreira - Surf masculino Alison dos Santos "Piu" - Atletismo - 400m com Barreiras Maria Suelen Altheman - Judô - +78kg Equipe Mista - Judô Fernando Reis - Levantamento de Peso - categoria +109kg
  20. Uma semana com bons resultados do Brasil, estragado pela enorme PIPOCADA do basquete masculino. * Eu nem vi o jogo. Fiquei vendo filme. É que eu já sou escolado com o basquete masculino brasileiro. Podem ganhar da Espanha como na Rio 2016, podem ganhar da Grécia como no Mundial, mas chega na hora do jogo decisivo, pi-po-cam. Não têm mental. Perderam hoje para a fraca Alemanha a última oportunidade de irem a Tóquio. Desde 1976, o Brasil ficará ausente no Basquete nos dois naipes. E o tal de "saímos com a cabeça erguida". Socorro! Cabeça erguida é dentro da quadra! (Divulgação/ CBB ) * Não vi o basquete, mas vi a Diamond League na Suécia, onde nosso Alison dos Santos, "Piu", venceu a prova dos 400m com Barreira, e, como de praxe, bateu o recorde sul-americano: 47s.34! O tempo poderia ter sido melhor, mas ele foi atrapalhado pelo adversário das Ilhas Virgens. O comentarista disse que Alison vinha para um 47.10, ou 47,0. Medalha de Bronze no horizonte... (Divulgação/ Diamond League) * Terei que atualizar de novo a minha previsão, pois nesta semana deu-se o anúncio da seleção de canoagem, e fomos informados que lastimosamente o Erlon nãos e recuperou da lesão no quadril. A dupla no C2 1000m será composta pelos baianos Isaquias e Jacky Godman. Sempre dei o Bronze a eles nessa prova, perdendo para Alemanha e China. Mas agora o poder de fogo caiu. O pódio deve ser: Ouro, China; Prata, Alemanha; Bronze; Cuba. É pena. Acontece. * Mais atletas do Brasi irão a Tóquio, graças a um aumento das delegações, no Futebo, Handball, e Rúgbi (no qual só classificamos o feminino). Estou esperando o Vôlei! Quem sabe não aumentam a cota, e Flávio e Maique entrem? * A CBG divulgou um vídeo curtinho de Rebeca Andrade fazendo Assimétricas, com uma ligação entre movimentos, que daria a ela mais 0,3 décimos na nota de Dificuldade. O time todo continua em Doha, treinando, antes de embarcarem para o Japão. Repíto, não vejo ela com chances de medalha neste aparelho, mas essa conexão ajudaria demais na disputa do Individual Geral.
  21. (235) Da fase theca de Milos Forman, "O Baile dos Bombeiros", de 1967. É uma comédia de costumes, uma sátira sutil ao regime comunista. Integrantes do corpo de bombeiros de uma pequena cidade articulam um baile para homenagear um antigo membro, e a população local toda comparece. Tudo que é preparado e organizado não funciona. A comida some; a disputa de musa do baile, que serviria mais ao chauvinismo e a lascívia disfarçada dos fardados, tampouco; e outros pequenos eventos pitorescos acontecem em escalada para estragar a festa. Não é um humor desopilante, não, gera pequenos sorrisos. Mas é muito bem filmado, como de costume. Um dos motivos pelos quais eu não gostei muito foi ele repetir de certa maneira o arcabouço, as linhas gerais, de "Os Amores de uma Loira", o filme anterior, que é muito melhor, Indicado ao Oscar, já resenhado aqui, no qual há também um baile de integração entre exército e população. Foi também o primeiro filme em cores de Forman, e o último em seu país natal, antes de fugir para os Estados Unidos, e realizar, de cara, "Procura Insaciável" - aquela coisa!!!
  22. Essa mulher é a fundação da minha mente. Simplesmente, a mulher mais culta da história! Recomendo vivamente a biografia. Eu a li assim que lançou, e fiquei boquiaberto. Há muitas revelações, muitas. Principalmente para quem conhecia os incríveis Diários dela, cheios de mistério. Foi um trabalho de detetive do Benjamim Moser - que havia brilhado com Clarice Lispector. Sobre ser gay ou bi, realmente, ela teve casos com homens, foi até casada, muitos,muitos homens, até Warren Beatty, para ficarmos no mundo do cinema. Mas sem dúvidas tinha maior predileção pelas mulheres. No entanto, escondia o máximo que podia. Nem a irmã dela tinha noção, pra você ter uma ideia! Ficou sabendo depois que ela morreu, por incrível que pareça. Gosto deste documentário, mas ele é muito curto pra dar conta da vida de Susan. Quanto mais da obra dela em si. A biografia, ao contrário, esmiúça todos os textos, todos os filmes que ela dirigiu, tudo que ela fez. Quanto aos livros de ficção, acho que eles são subestimados, até por rivalidade. "O Amante do Vulcão", e "Na América" (principalmente do meio para o final) são excelentes. O livro dela que me causou maior impacto foi o primeiro volume dos "Diários". Aquilo causou um terremoto na minha alma. Uma adolescente judia, no meio do século XX, escrever sobre a diferença entre homossexualidade e bissexualidade (uma linha vertical x uma linha horizontal), ou sobre ser ativa ou passiva com uma mulher, ou sobre os tapas que as namoradas lhe deram no rosto, sobre como ela não era benquista, acusado de ser gélida...E saber que foi o filho que editou aquilo ali...pesado! Fora a lista de filme e livros que ela ia anotando, anotando, anotando, até não ter mais fim....Incrível! A mulher mais culta da história da humanidade. Só isso.
  23. (234) Já escrevi aqui que acho o canadense Norman Jewison, ainda vivo, dos mais subestimados diretores de nosso tempo. Deveria ter ganhado o Oscar de Direção por sua versatilidade, por jogar nas dez. Ele já ganhou o Irving Thalberg, em 1999, que é a distinção máxima dos produtores, e mais exclusivo ainda do que o anual Oscar Honorário. Hoje revi dele "Jesus Cristo Superstar", de 1973. Que talento! Uma reimaginação hippie musicada para a "história mais conhecida". De certa forma, é um filme que costura duas tendências de gênero das décadas de 1950 e 1960, os filmes religiosos e os musicais. Não adoro as músicas, propriamente, mas acho muito legal como se dão as composições artísticas de todos os planos. De eles não serem lotados de figurantes, como qualquer filme bíblico, nem haver muito chororô, desespero, ou sanguinolência. Há um "vazio" ao redor dos cantores, um espaço, que só faz bem. Ninguém que não deveria estar nas cenas ocupa a cena. Gosto do equilíbrio entre excentricidade e o respeito à história de Jesus, e, vale lembrar, nesse sentido, o filme ganhou a aprovação do Papa à época. Não há nada desrepeitoso. Mas há avanços de forma e estilo, com um Judas protagonista, e um Jesus vesgo. Figurinos excelentes da inglesa Yvonne Blake, com o maior brilhantismo para o visú dos atléticos Anás e Caifás.
  24. (233) Diante de tanta expectativa para a sua estreia, "Marighella" já pode ser tido agora como um mero insucesso? Não sinto amor do público pelo filme. Eu também mal queria ver, mas como vejo tudo, vi hoje, vi agora... Sempre escrevo que diretores deveriam começar pelo Terror, ou pelo Drama pontual, mas não, jamais, pela Biografia - o gênero mais difícil. No caso da pessoa em questão, ardente em controversias, foi um passo ainda mais arriscado do Wagner Moura - um ator que adoro. Gosto tanto que posso reconhecer coisas pessoais dele no roteiro, como a frase de "Hamlet", que ele costuma citar nas estrevistas, "Estar pronto é tudo", citada em determinado momento. Aliás, esse é um dos pontos fracos do filme: frases de efeito. Cada vez gosto menos de frases assim no cinema. Pra mim um roteiro bem escrito, tipo Kenneth Lonergan, deve ter diálogos de uma beleza quase escondida. Em "Marighella", cada revolucionário morto ou apanhado grita uma frase marcante, do tipo: "Esse homem amou o Brasil!!", "Esse homem amou o Brasil!". Dose. Nesse sentido, o filme contém vários recados indiretos ao Brasil de hoje, que qualquer pessoa com cérebro capta, como, por exemplo, não sei de cor a frase, algo assim, "A justiça não pode ser feita com mentiras"...Enfim, é um filme com uma agenda implícita. Ninguém é bobo aqui. Há um prólogo, muito bem feito, que talvez seja das mensagens mais oportunas do filme, que é fazer a esquerda brasileira se apropriar dos símbolos nacionais. Eu gostei. Como linguagem cinematográfica, não notei grandes atributos de direção. Tem mais a ver com a televisão. Quanto a outros elementos, conta com uma fantástica reconstituição de época, supercrível e meticulosa. De longe, o melhor aspecto do filme. Figurino e som muito bons, também. As atuações...Seu Jorge está "apagado", ou então foi intencional personificar um Marighella mais discreto, mais família, um homem experiente (salvo engano, já tinha sido preso na era Vargas, já tinha sido anistiado, já tinha vivido na China maoísta...deve ser por isso.) Não é um Marighella cheio de adrenalina, não! Causa surpresa esse aspecto. O lindo Bruno Gagliasso atua relativamente "bem", como sempre, mas ele não tem um porte sombrio, nefasto, como avatar de Sergio Fleury, já que rebatizaram o personagem - certamente uma das figuras mais torpes da história. Assistam ao filme. Vai ver vocês gostem mais do que eu. Confesso que assisti com má vontade. Penso completamente diferente dos retratados. Acho que para o Brasil foi muito melhor sair da Ditadura via um processo político demorado, costurado no legislativo, cheio de idas e vindas, de derrotas e pequenas conquistas, do que nos esbaldarmos em um banho de sangue revolucionário. Ainda não sei o quê ganharíamos com isso. Pessoalmente, noto, por fim, que os herdeiros político-ideológicos de Marighella votaram contra a aprovação da Constituição de 1988. Ou seja, quando realmente chegou a hora da Democracia, fraquejaram. Não a reconheceram. Não era a imagem do espelho.
  25. (232) Li a novela "Notas do Subsolo" no ano passado, e, sinceramente, não está entre minhas obras prediletas de Dostoiévski. Ele, que, aliás, pode ser o maior escritor da história ("Os Irmãos Karamazov"), ou o mais chato escritor ("O Idiota"). Aqui, a balança cai mais para segunda coluna. A adaptação para as telas mais conhecida é de Gary Walkow, em 1995, com o canadense Henry Czerny no papel principal. A adatação é fidelíssima, mas confiando demais no poder universal da literatura, a moderniza, transportando-a para o tempo contemporâneo, para uma socidade ocidental, com nomes ocidentais...Tipo, algum interesse histórico, a saber, o protagonista ser um dos milhões de funcionários públicos ineficientes, que parasitavam o Império russo, enfim, o painel histórico, se perde. Ficamos com a angústia atemporal e sem fronteiras desse homem. Um homem sem verdadeiros amigos, sem prazer de viver, sem dinheiro, sem amor por ninguém. Que precisa desabafar.
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