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Forum Cinema em Cena

SergioB.

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Everything posted by SergioB.

  1. No Brasil, "La La Land: Cantando Estações". A mania nacional por subtítulos continua e se aprimora.
  2. Nunca fui muito com a cara do NBR, uma organização que nem mesmo os americanos sabem direito quem de fato faz parte ou não. É tipo um beijo da morte para melhor filme. Não obstante, o NBR dá o pontapé. Sempre brinquei muito com a escolha de Melhor Atriz dos últimos anos do NBR, já que algumas nem mesmo conseguiam ser indicadas, quanto mais ganhar; mas nos últimos dois anos eles acertaram: Julianne Moore, e Brie Larson. Vamos ver se a Amy Adams entra (vou torcer demais!). Chama a atenção a completa ausência de "Fences", "Jackie", "Lion", e "Loving" nas premiações específicas. Todas as animações que eu vi são melhores do que "Kubo and the Two Strings". Chama muito a atenção Liam Neeson não ganhar. É um personagem à la Brando em "Apocalipse Now" - no que toca ao tempo - só aparecendo bem no final, mas mesmo assim esperava a a vitória dele. Será que diminuíram ainda mais sua participação? Pelo menos "Silence" levou roteiro adaptado. Segundo Kris Tapley, "Silence" será exibido para LAFCA/NYFCC amanhã, embargo termina dia 10.
  3. Um dia muito triste, mesmo. "Moonlight" ganhou Roteiro, Direção, Filme, Prêmio da Audiência; Casey Affleck ganhou Ator; mas nada superará a emoção da Isabelle Huppert!!!
  4. Como todo mundo que já tinha visto, estava achando "The Red Turtle" belíssimo, expressivo, etc, mas aí veio aquela cena ... e aí é covardia: que primor!! Studio Ghibli e parceiros europeus conceberam uma das melhores produções do ano. Ponto negativo, e isso é estritamente pessoal: Não sou dos maiores fãs de alegorias/metáforas no cinema, e nas artes em geral. Para ficar no reino animal: "The Night of the Iguana", de 1964, por exemplo. Elas se tornam um pouco pesadas, forçadas, certas vezes. Querem incutir de todo jeito uma lógica de "representação". Isso está representando aquilo: O iguana amarrado é o desejo reprimido. Não gosto. Mas onde a assinatura Ghibli toca há sempre magia. Estará, certamente, entre os 5 finalistas em Animação.
  5. Não tenho palavras para descrever "Arrival", seria caso de fazer um desenho. Na minha sessão, as pessoas bateram palmas ao final. Vai ter filme melhor que este no Oscar, Produção? Que isso! Fiquei muito emocionado! Es-tu-pen-do! As pessoas têm o costume de comentar a "trama", o conteúdo das coisas; mas eu sou muito mais levado a contemplar a estrutura das coisas. Portanto, vou pontuar o seguinte: Que filme elegante! Patrice Vermette rumo à sua segunda indicação em Production Design. A concepção das naves...É quase uma nave da Apple! São finas, etéreas, estranhas, originais...Uau! Ele se livrou da dominância da supertecnologia, de todos os ambientes estarem cheios de computadores, luzes piscando, etc. É uma elegância que acompanha o resto do filme. Para vocês, o prêmio de Efeitos Visuais já está no papo? Para mim, não. Vejo "The Jungle Book" à frente, e, por outro lado, "Arrival" nem precisa esbanjar virtuosismo nessa área. A Mixagem de Som merece o Oscar! Estamos sempre na "pele" da Amy Adams, por exemplo, se ela veste um macacão, o som se abafa; se ela o tira os sons se ampliam; e o filme todo é assim! Que poder tem o som no cinema para a gente sentir o que os personagem estão passando. A Edição de Som também é boa, mas não me causou maiores recordações. Se Bradford Young não for indicado em Fotografia desta vez, acho que nunca mais o será. Que textura linda! Que esquema de cores, que azuis no alvorecer no acampamento!; os verde da grama!! Parecia que estávamos mesmo nos campos de Montana! Montagem do Joe Walker...nossa...compreendeu perfeitamente o sistema cíclico do filme...Também acredito que ele conseguirá sua segunda indicação. Não li o conto original AINDA, todavia sei que há algumas alterações importantes, mas que até confeririam mais força à história: por exemplo, eram 112 naves, e reduziram para 12. À parte as curiosidadezinhas,quero dizer que grande, grande parte desse filme está no roteiro! Lindamente escrito e bem arranjado. Vai ser um ano muito difícil para fazer parte dos 5 indicados, mas talvez o filme consiga. Parágrafo especial para Jóhann Jóhannsson! Lá vai ele para o terceiro ano seguido de indicação e dessa vez tem tudo para levar. QUE TRILHA MAIS MARAVILHOSA! Quero baixar, quero comprar, alguém me vende?, alguém me dá de presente?! Até ela é circular, com instrumentos que ora aparecem, ora somem. Fiquei grudado na poltrona do cinema até a música de encerramento acabar. Ela é bonita, claro, mas ela também é estranha - são vozes de um lugar desconhecido! Agora o tema da Amy Adams, GZUIZ!, que coisa mais LINDA! O tema dela começa bem triste mas depois vai se ampliando, num crescendo sinfônico...nossa... Deem um Oscar pra esse homem, já!! Por falar em Amy Adams...Não foi só naquele magnífico momento do plot twist - vai ficar marcado no coração das pessoas por um bom tempo - que vieram lágrimas aos meus olhos; mas quando ela se aproxima da barreira e perde o medo: a emoção no rosto dela de encantamento com o desconhecido me deixou em êxtase. Eu entendo aquela expressão humana! Eu a fiz também em alguns momentos na minha vida. Quando o medo some e fica só a delícia da revelação de algo incrível! Que atriz! Teria indicado ela nas 5 vezes pelas quais ela concorreu, e ainda por "Encantada" (no lugar da Cate Blanchett no terrível "Elizabeth - The Golden Age"). Tenho receio de ela virar uma Deborah Kerr, uma Thelma Ritter; desses talentos tão grandes que todo mundo acha que vai ganhar uma estatueta mais cedo ou mais tarde, mas nunca ganharam. Isso não pode acontecer. Deem um Oscar para essa mulher, já!! Racionalmente, sabemos que não vai ocorrer neste ano, mas seria tão lindo ouvir o nome dela! Quando vamos ouvir? Denis Villeneuve indicado pela primeira vez? Sim! Tem que! A câmera dele fazendo movimentos de cima pra baixo, e de baixo pra cima, putz... O drama permeia esse Sci-Fi, porém também há momentos para o humor, em que a câmera parece rir da nossa cara, quando os oficiais têm de entrar na nave e "cair pra cima"...Mas fica a grandiosidade dos campos de Montana (assim como o deserto de "Sicário"), e fica a intimidade da câmera no rosto, nos olhos da Amy Adams... Um filme inteligente, elegante, brilhante, inovador, emocionante! Isso são apenas palavras. Palavras são luzes. Quando alguém fala algo que faz sentido pra você, você se ilumina. Só que elas não bastam, como ficamos sabendo naquela frase seminal: "Acredite: você pode entender de comunicação e acabar solteira". Mas a gente se comunica também com o resto do corpo. Com os olhos, com as mãos, com a nossa mente...Ual, disse lá em cima que não ia comentar sobre o conteúdo... Este filme é uma inspiração. https://www.youtube.com/watch?v=f7USi9FyM7Y
  6. Pois é, Bruno P! Por falar em 30 anos (ou 40), será que "A Época da Inocência" ("Meu filme mais violento" - Scorsese, Martin); e "Alice não mora mais aqui" com a sensacional Ellen Burstyn (seu único Oscar, pasmem!) não contam? Para quem se interessar por "Silence" em profundidade, recomendo a leitura de "Os mil anos de Jacob de Zoet", do escritor David Mitchell (do maravilhoso "Atlas de Nuvens" - que gerou o subestimado filme "A Viagem" - e do espetacular "Menino de Lugar Nenhum") pois o livro também retrata, em grau menor, a tentativa de se instalar o catolicismo por lá.
  7. Sempre me espanta ver a cinepolícia da internet dizendo que "Silence" não tem mulher, que é "Homem branco sendo perseguido" e blá-blá-blá. É muita má-fé intelectual! Scorsese pelo visto tem de refilmar "The Help" para esse povo - variação de Gleisi Hoffman e Vanessa Grazziotin aplicados à Sétima Arte - ficar feliz.
  8. Engraçado ver os comentários sobre o trailer de "Silence" nos sites internacionais. Geralzão comparando-o a "The Mission", sim, parece; mas ele tem muito a ver também com "A Man for all Seasons", de 1966; no sentido de dignidade na fé, e em uma fé raciocinada. Paul Scofield, tremendo ator, poucas vezes indicado, dá aquele show de caráter ao personagem, uma tarefa semelhante a ser executada pelo Garfield. Pelo trailer, Adam Driver tem um destaque que o personagem no livro não tem, favorecendo especulações de que ele teria chances no Oscar. Não tem. De acordo com o livro, não tem. Ao contrário do personagem japonês do intérprete (Tadanobu Asano), que no livro é fundamental, e que não ganhou destaque no trailer. No início do ano, não se sabia quem era o figurinista; depois especulou-se Sandy Powell (por trabalhar com o Scorsa); agora indicam Dante Ferretti. Bom, esse homem faz tudo bem, seja com Pasolini, Élio Petri, ou Scorsese. Para ele, fez o figurino de "Kundun", pelo qual foi indicado (perdendo para"Titanic"). Mas o mais intrigante de tudo é o responsável pela trilha sonora. Quem é esta dupla?Poucos trabalhos atribuídos a eles, nunca vi nenhum; não tem biografia deles no IMDB, nem nada. Parece fake! Sendo que há muitos meses descobri em um site que não me lembro mais qual que o compositor seria Howard Shore. Depois de 3 Oscars, ele está querendo se esconder embaixo da cama? Rodrigo Prieto será outro mexicano a vencer em Fotografia?
  9. Beijonoombro, filhodaputagem!
  10. "É bizarro. Oito anos com o Teatro Nacional; duas peças de Pinter, nove de Shakespeare, três de Shaw; e finalmente sou indicada por uma comédia nojenta" (Maggie Smith, California Suite). Vamos lá, Isabelle Huppert! Comenta-se que Isabelle Huppert será indicada sim, até mesmo por que nenhuma atriz americana queria fazer o filme. Na batalha pela estatueta, Emma Stone vem frequentando todas as festas possíveis em Los Angeles.
  11. Pete Hammond crê que "La La Land" será o vencedor, mas publicou isso a respeito de "Silence": Deadline Hollywood. ==== This is Marty's best movie, Silence producer Irwin Winkler told me when I ran into him at the Motion Picture Television Fund's 95th anniversary event. Sure, he is high on the film because he produced it, but keep in mind this is also the man who also produced Scorsese classics Raging Bull and Goodfellas, so this kind of praise is not to be taken lightly. His wife Margo concurred that the movie is a stunner. No confronto entre narrativas, temos Scorsese com esse sonho de décadas finalmente transposto às telas versus Damien Chazelle que tem dito por aí que fez "Whiplash" para financiar "La La Land".
  12. Weekend Results 1. Fantastic Beasts and Where to Find Them – $75 million 2. Doctor Strange – $17.68 million 3. Trolls – $17.5 million 4. Arrival – $11.8 million 5. Almost Christmas – $7.04 million 6. Hacksaw Ridge – $6.75 million 7. The Edge of Seventeen – $4.82 million 8. Bleed for This – $2.35 million 9. The Accountant – $2.1 million 10. Shut In – $1.6 million "Billy Lynn`s Long Halftime Walk", expandido para 1176 salas, está apenas em 14º lugar, com menos de $1milhão. "Loving", expandido para 137 salas, está logo abaixo em 15º lugar. "Moonlight" já arrecadou $1.583 milhão, e está em 11º lugar. "Elle" em 24 salas.
  13. Como vegetariano estrito e protetor de animal, assistir a um documentário como "The Ivory Game" é uma tarefa para ampliar/reforçar a consciência e ao mesmo tempo é um sofrimento indescritível. Não resta nenhuma dúvida, o ser humano é um lixo! O ser humano é um lixo mas faz cinema. É um documentário quente, corajoso, real, importante (Obrigado, Netflix e Leonardo DiCaprio por ajudar a financiá-lo). A fotografia, com as cores da Africa, é belíssima. O que eu mais gostei é que ele não é uma "tese", é um documentário que capta o momento, aquilo que está acontecendo. É a minha preferência no gênero. Acho muito corriqueiro fazer documentário de compilação do passado, por mais importante que seja o tema. Ano passado, "Cartel Land" me pegou de jeito, foi o representante da câmera na mão, neste ano, pelo visto será "The Ivory Game". Nem sei se um documentário assim tem efetivamente "roteiro", há só uma ordem de apresentação das questões, de fato, e eu saúdo os realizadores por não adotarem uma linguagem de programa de tevê de vida animal. Não interessa ensinar o período de gestação de um elefante, a água está no nariz! Eles sabiamente focaram no problema e tocaram em frente, sem didatismo. Não somente candidato a entrar nas disputadas 5 vagas de Documentário, mas sua indicação se faz imperiosa! A visibilidade do Oscar pode ser decisiva para proteger estes animais incríveis.
  14. "Mapplethorpe: Look at the Pictures" Alguns analistas o veem com chance de figurar entre os 5 indicados a Melhor Documentário. É dirigido por dois caras produtores de RuPaul`s Drag Race - que caiu no gosto do público em geral. Ou seja, é um documentário que tem certo apoio de mídia, tem banca. Pessoalmente, creio que esse apoio teria que estar potencializado para alcançar, ao final, o Tapete Vermelho. Não vejo isso acontecendo, não vejo as coisas se somando (por coisas: Mídia, respaldo crítico, comoção popular), porém pelo menos ele chegou na tevê, sendo exibido mundialmente na HBO. No mais, quem tem interesse em fotografia; quem tem interesse na cena LGBT dos anos 1970 em Nova York; quem, assim como eu, ama Patti Smith e se emocionou com o maravilhoso/estupendo/sensacional livro de memórias "Só Garotos", não pode perder! Robert Mappethorpe talvez seja a última pessoa, nas artes em geral, que tratou do tema sexualidade com um gérmen de inovação. É um documentário biográfico feito com ferramentas básicas: coleção de testemunhos à exibição de vídeos/fotografias íntimos do registrado. Simples e eficiente. Documentários desse tipo demandam uma vida extraordinária e é este o caso. Ao final, resta-me um palpite para o futuro: O ator que vier a interpretar Robert Mappletorphe no cinema ganhará o Oscar.
  15. Só hoje assisti a "Aquarius". O filme não está na corrida em Filme Estrangeiro, mas como há uma possibilidade remota de Sônia Braga figurar em Atriz vou rabiscar algumas impressões. Impressões sobre a estrutura do filme, que acabaram sendo esquecidas neste fla-flu político. Os nossos ouvidos e os aparelhos de surdez precisam estar tinindo para assistir a um filme do Kleber Mendonça Filho. Se fosse nos anos 1970, anos 1980, eu poderia culpar a tradicional má qualidade sonora dos cinemas brasileiros, ou ainda da mixagem de som dos próprios filmes; mas não é o caso. A elocução baixa das falas dá a entender que se trata de uma orientação da direção, para que a gente se aproxime do filme (se aproxime da tela), e preste mais atenção ao que está se passando. E devo dizer que funciona! Quando assisto a um filme do Kleber, eu fico muito mais concentrado. É até sob certo ponto de vista meio engraçado: O que eles querem que a gente ouça? E quando? Realmente nós conversamos trivialidades (ao exibir um álbum de retratos, ou oferecer um café) bem baixo. Mas, dito isso, cá entre nós, que alívio, quando, depois de 1 hora assim, há uma briguinha e algum ator fala mais alto! Outro aspecto que eu gostei foi algo de que eu normalmente não tolero mais no cinema dito "indie": A divisão em capítulos. Só pra constar, na minha cabeça o que ele chamou de "capítulo", eu chamo de "ato" - seções de uma ópera, teatro, ou balé (capítulo é melhor em literatura, ou tevê). Os dois primeiros são melhores do que o terceiro, mas juntos eles servem pra gente: 1) conhecer os personagens ; 2) Mergulhar no conflito; 3) resolver o conflito. Ficou bom, mas se o terceiro "ato" tivesse a força do segundo, eu teria amado o filme. Agora, fica a minha dúvida, havia a necessidade de dividi-los explicitamente, e nomeá-los? Uma divisão em 3 momentos é quase a praxe do cinema mundial. Se for só pra marcar uma certa passagem de tempo, não precisava. Fora isso, devo dizer que eu AMEI o trabalho de montagem deste filme! Muito fluído, muito bonito, uma miríade de cenazinhas bem costuradas; adorei. A direção é outro ponto altíssimo. São tantos movimentos de câmera e bons enquadramentos. E é tão bom quanto o diretor escreve o roteiro também, por que parece que a câmera é uma caneta. Desculpem a comparação, mas nesse aspecto os filmes do Kleber me lembram muito Antonioni (que talvez seja o diretor símbolo do que estou tentando explicar). Há sempre uma razão para onde a câmera está. E uma razão que nem precisa ser explicada em palavras (Os moleques vindo deitar em cima do povo que faz ginástica na praia e surge uma faísca de tensão ali). "Aquarius" inteiro é assim. Amo também o tratamento que ele dá a coisas colaterais. Por exemplo, nos filmes dele há uma discussão interna sobre Arquitetura. Não estou me referindo ao lado "social" do filme, estou me referindo à Arquitetura como disciplina estética mesmo. Os filmes dele gritam que aquilo ali é feio! É Miami demais, é brasileiro de menos! Enfim, são coisas colaterais que me fazem gostar demais do trabalho de Kleber. Quanto aos atores...Eu adorei o trabalho da Sônia Braga, adorei. Ela está ótima. Chamou minha atenção não o "físico" dela ( a sua sempre decantada beleza como mulher), mas a fisicalidade da atuação. O lance com os cabelos (Quando prender, quando soltar! Eu tenho cabelo grande; entendo o que é isso). Fico pensando nos filmes do Ozu, "Ervas Flutuantes" por exemplo...Os personagens se coçam o tempo todo! É sempre muito bom ver seres humanos sendo seres humanos no cinema, sem dependerem da palavra. Amei a cena dela no carro, quando conta uma informação importante a um amante. E o corte e a migração para outro plano foram também eles muito bem desenvolvidos. Sem contar a fantástica cena no sofá, putz, maravilhosa, destruidora! Bom, apresentado o elogio, devo dizer que não gostei da cena dela com o Carrão na garagem do prédio. Aquele dedo em riste ficou meio amador, embora seja algo que nós todos façamos, mas em cinema, em representação em geral, não é um gesto bem-vindo. Pra fechar, como eu queria que "Aquarius" fosse o nosso representante! Para mostrar que sabemos fazer cinema de verdade. Cinema sério. Pensado. Meticuloso. Vejam que é possível gostar do filme sem cair em mistificações. Há, de fato, aqui e ali, uma cor política (Bandeiras de Brasil e Cuba entrelaçadas; o vilão recém-voltado dos Estados Unidos - O esquerdismo é uma ferida que coça), mas nada que justifique alguém enquadrá-lo como Filme do PT (ou seus satélites). É um filme que me representa, mesmo divergindo totalmente da visão de mundo de seus autores e executores. Chances de "Aquarius" no Oscar? Nenhuma.
  16. Só um comentário meio aleatório: Vejo alguns analistas entabulando "Love & Friendship" entre os 5 em Production Design e, sei lá, parece que eu vi outro filme. Achei meio pobrinho, vocês não?. Ainda mais se compararmos com, por exemplo, o trabalho de época de cair o queixo de Santo Loquasto em "Café Society".
  17. Em contraposição, Taraji P. Henson emocionou no screening de "Hidden Figures". Parece que ela tem uma boa chance de ficar entre as 5. Ela é uma ótima atriz (e muito querida em Hollywood), pena que foi indicada pela performance errada. Sou muito mais ela em "Hustle & Flow" do que em "Benjamin Button". Apontam o filme ainda com boas chances em Canção ("Runnin"), assinada por Pharrell Williams. Quem sabe uma segunda indicação para ele?
  18. As críticas à "Miss Sloane" são apenas "ok".
  19. A Laika merece todos os cumprimentos pelo emprego do stop motion em "Kubo and the Two Strings" (não consigo nem dimensionar a trabalheira!). Os origamis virando samurais são lindíssimos - não dá nem pra dizer outra coisa; bem como as paisagens de fundo. Muito legal também ouvir as vozes de Rooney Mara, Charlize Theron, Ralph Fiennes - as vozes de quem a gente gosta - em outra forma de trabalho. Outro ponto de destaque é a trilha sonora delicadíssima, assinada pelo Dario Marianelli. Mas a minha experiência foi, infelizmente, de decepção. Adorei os primeiros...25 minutos. Porque a questão da oralidade - do poder de se contar uma história de pessoa a pessoa, em uma comunidade, em uma simples feira - ficou muito bem retratada. Disse "opa! que mensagem bacana!". Mas depois fui me desligando completamente quando a história desembocou num simples criança-herói versus maldição. O roteiro então desenvolve-se confuso, sentimentaloide, bobo...O final é uma palhaçada! Deixa um retrogosto ruim. É compensado por um pós-crédito inteligente, embalado pela voz de Regina Spektor, no qual a Laika resume, em outra técnica, os pontos-chave da história. Espera-se que "Kubo and the Two Strings" termine entre os 5 indicados. Com a força econômica da Nike (se não entender, pesquise), e o respaldo anterior de "Coraline", "ParaNorman", "The Boxtrolls" , (produções que me animaram muito mais) é bastante provável. Se merece ganhar? O estúdio merece. Este filme? Não. "Zootopia" tem a força de uma ideia nova. Remanesce como favorito.
  20. "Fences" ovacionado. Resenhas sob embargo. Denzel rumo ao terceiro Oscar - dizem. Viola Davis, centro emocional da história, rumo ao primeiro.
  21. Films Eligible for Best Animated Feature: Angry Birds Movie (US) April & The Extraordinary World (France) Finding Dory (US) Ice Age: Collision Course (US) Kubo and the Two Strings (US) Kung Fu Panda 3 (US) The Little Prince (France) Long Way North (France/Denmark) Miss Hokusai (Japan) Moana (US) Mune: Guardian of the Mune (France) My Life as a Zucchini (Switzerland) Phantom Boy (France) Ratchet & Clank (Canada/US) The Red Turtle (France/Japan) Sausage Party (US) The Secret Life of Pets (US) Sing (US) Storks (US) Trolls (US) Your Name (Japan) Zootopia (US)
  22. Sobra uma vaguinha em Roteiro Original para "Captain Fantastic"? Um filme lindíssimo, um tratado sobre a virtude! Espero sinceramente que haja 5 atuações melhores do que essa do Viggo Mortensen, pois ele está, mais uma vez, excepcional.
  23. Visto "Elle". Vou começar dando voadora. Lendo os maravilhosos "Diários" de Susan Sontag (quem sabe a mulher mais culta da história), encontramos uma passagem em que uma grande amiga de Susan confessa a ela que havia sido estuprada há alguns anos. Susan,então, genuinamente interessada: "Você ficou excitada?". A amiga estranha a pergunta: "Você é a primeira pessoa que me pergunta isso". E Susan responde algo assim: "Mas essa é uma dúvida tão óbvia..." Conto essa historinha só pra reverenciar a inteligência de "Elle". Jamais um filme como este teria sido feito este ano no Brasil!! Estamos soterrados por uma mitificação de novel feminismo, responsável por cunhar até uma palavra horrorosa chamada "empoderamento", que faz com que que essa pergunta natural de Susan Sontag seja vista como algo extraterreno, de um sentimento impossível aos seres humanos. Aqui o filme viraria: A luta de uma vítima de estupro para se religar à vida e lutar pela justiça ante a opressão dos homens. Filme para ser aplaudido de pé no Saia Justa e que tais. A temática do roteiro, sem resto de dúvida, estaria interditada. São ainda as sombras demagógicas de uma era pós-PT que pairam entre nós (Imagino o que essas pessoas, caso conhecessem cinema, falariam depois de assistirem a Maurreen O`Hara ser arrastada pelo braço durante léguas por John Wayne em "Depois do Vendaval"). Ainda bem que o filme é do Paul Verhoeven, ainda bem que o filme é francês! "Elle" rejeita todos os caminhos fáceis da dramaturgia. Rejeita o policialesco. Rejeita o dramalhão. Rejeita a vitimização. Prefere a ação (notem, "ela" está sempre fisicamente em movimento, nunca está aplastrada num divã, ou chorosa em um grupo de ajuda), prefere o estudo de personagem, prefere o sexo, o cinismo, o poder da própria mão, e o humor negro (Como eu dei risada!). Rejeita a mentira sentimentaloide e abraça a abissal verdade das relações. Filmes - eu já aprendi - têm uma espécie de autoconsciência. Há uma conexão telepática com o estupendo "A Professora de Piano". Parece que "Elle" se lembra dele. E nos faz lembrar dele. Pois temos a mesma atriz, atuando em semelhante zona obscura. E, claro, há uma mãe lá (a saudosa e fantástica Annie Girardot), e há uma mãe aqui. Quem leu o extraordinário livro da prêmio Nobel Elfriede Jelinek percebe mais claramente a importância da personagem da mãe, e percebe como a adaptação do Haneke foi bem feita. Gostaria muito de ter lido o livro em que "Elle" se apruma para poder comparar melhor as condições da relações mãe/filha. O ponto maior de aproximação, claro, é Isabelle Huppert em estado de ..."graça"...Não, numa atuação demoníaca! Acho que ela superou o papel de 2001. Cada olhar dela é um catálogo de sensações, é mínimo e concentrado, é intenso, é chocante, é engraçado, é complexo, e é absolutamente natural. Tudo na personagem é tão natural que passamos até a simpatizar com ela. Por mais controverso que seja, o espectador recebe a personagem, graças a ela. Em suma, é um banho! Ao que nos interessa...Chega no Oscar? Neste momento, está acontecendo aquilo que é mais bonito e necessário entre os críticos de cinema: A promoção daquilo que não pode ser ignorado ou esquecido. É este o papel fundamental da crítica. Isabelle está concedendo muitas entrevistas para vários veículos - até para vlogueiros via Skype - está promovendo ela própria o filme...E, sim, está acontecendo! Não é um filme fácil, e joga contra ele o fácil argumento do filme ser machista. Que estranho também para os norte-americanos uma atriz de 63 anos, magra, nua, sexualmente ativa.. Outra surpresa para os americanos que eu captei nas entrevistas: Ela leu o livro antes! Vejam vocês, que curioso, uma atriz que não se contenta apenas com o roteiro selecionado pela a agente....No Brasil, o espanto é de outra ordem; imagino os tresloucados comentaristas de cultura da Globonews chamando o filme de "machista/misógino/ fascista". Porque são palavras do tipo canivete suiço: cabem tudo nelas e ficam todos bem na fita no bandejão da Universidade pública caindo aos pedaços ou da escola ocupada. Mas, sim, o filme está acontecendo, cruzando o mar de hipocrisia, vencendo o mar de demagogia, com a força de suas arrebatadoras qualidades. Nitidamente, há lugar para uma vaga em Filme Estrangeiro e uma vaga em Atriz.
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