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Forum Cinema em Cena

Cozinha do Inferno


Nacka
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Não, não estamos falando daquele filme com a Angelina Jolie... a inspiração aqui vem daquele cantinho barra pesada do Queens em New York...o programa de Entrevistas do Cineclube em Cena convidará aqueles com coragem para "arder na chapa", a entrevista será feita por MSN, MP e ainda usaremos sem parcimônia declarações feitas pela vítima, digo convidado aqui no fórum, portanto cuidado com você escreve TUDO será usado contra você ou a seu favor (quem sabe? vai depender do humor dos cozinheiros)  teremos aqui na equipe (que poderá ser acrescida a medida que a temperatura subir):

 

4 "Cozinheiros", comandando a chapa: 

 

Silva - O Boa Praça

Mr. Scofield - O Filósofo

Forasteiro - O Jornalista

e

Nacka - O Mau Humorado

 

Veras - A flor...

 

O primeiro a arder na chapa será o júnior da moderação: Mr. Moviola...

 

Em Breve... aguarde, não vamos economizar no azeite fervendo 3d37.

 

 

 

 

 

 

 
Nacka2007-12-16 00:54:00
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A entrevista está praticamente pronta. Mais algumas perguntas e voillá... o prato principal estará servido... vocês conhecerão o homem por trás da CMJ o tópico que precisou ser fechado porque tinha... páginas demais e acabou virando uma Seção do fórum. Você vai saber o que ele pensa sobre família, sexo, virgindade e é claro... cinema!

 

Sim, sabemos o que vocês estão pensando... ei, nós já conhecemos o cara ele é calmo, ponderado, tem pinta de ser um paizão e tals...

 

A diferença é que nós o fritamos em fogo brando e tiramos algumas coisas que vocês nunca imaginaram, nunca mesmo e graças a quem? Ao Pato... sim queridos usuários, as informações mais reveladoras do Pai da CMJ foram obtidas graças à tenacidade de um pato fofoqueiro...

 

Aguardem... em breve, muito breve...

 

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Prato do Dia

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Ajudantes da Cozinha:

 

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Pedi ao Pato, nosso porteiro aqui do Cozinha... que investigasse a vida do biscoito, coisas... qualquer uma que trouxesse à luz algum fato interessante e porque não dizer bizarro sobre a vida do biscoito, (confesso que não esperava muita coisa, afinal quem não conhece o Pato?) recebi uma mp dele com estas informações: Ele é canhoto, adora bolo de chocolate, nunca fez um gol na vida, casou virgem e tem poliomielite  (quase caí da cadeira) . À partir daí, precisava confirmar se as informações eram verdadeiras e ao perguntar isso para o Movio, já engrenei as perguntas, conheçam agora Moviola, o homem por nos deu a Casa da Mãe Joana:<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

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Ele é canhoto

(Pitaco do Nacka: Ok. isso é irrelevante... qual a vantagem de ser canhoto? Duh... A menos que você seja considerado "estranho" por isso...se for queremos saber...)

Moviolavídeo: Não sei o que em ser canhoto ou destro, modifique alguma coisa na personalidade de alguém. Dizem, que quem é canhoto é mais inteligente. Claro que eu sou a exceção à regra. Apesar de ser do século passado, não fui castigado por isso. Minha mãe costumava dizer que achava lindo a pessoa que escrevia com a mão esquerda. Então, cá estou eu.... Aliás, sou canhoto, baixinho, quatro olhos, perneta e pobre. Não é à toa que casei virgem hehehe.

Adora bolo de chocolate

Pitaco do Nacka: Eu também, mas aqui no Cozinha não fazemos não... não damos agrados aos entrevistados... se quiser prepararemos um chilli (hot de preferência)...se você passar mal, problema seu... quer?

Moviolavídeo:  Quem não gosta de bolo de chocolate? Eu sou quase um chocólatra. Adoro doces de todos os tipos, formas e tamanhos. Aliás, quanto maior melhor! Mas não sou guloso ou obeso. Apesar do meu tamanho (1,61 ... antes que pergunte) peso só 61 kg. Mas não dispenso um bom salgado, não. Sou bom de garfo. Só não me convide para comer mocotó ou guizadinho com abóbora.

Nunca fez um gol na vida

(Pitaco do Nacka: Bah, já sabemos que você não gosta de futebol e nunca entra na seção de esporte do fórum. Você está enrolado, como vai ensinar teu filho? Vergonha... fale sobre seu filho, qual a idade dele? Ele te vê como exemplo? (não no futebol, imagino) O que você acha da adoção? Você beija seu filho? Diz que o ama? Enfim... você GOSTA dele?

 Moviolavídeo: Vamos por parte para não confundir o meio de campo e  fazer gol contra:

 1)      Ensinar meu filho para esporte realmente vai ser um problema. Será que é por isso que ele joga no gol? Mas o forte dele mesmo é o vídeo game e tocar guitarra, então não terei grandes problemas existenciais por causa disso. Ele até é Gremista! Vai saber porque!!

2)      Meu filho se chama Adriano, nasceu dia 04.04.1990 tem, portanto, 16 anos. Está no 2º. Ano do Ensino Médio e há quatro anos faz curso de inglês na Wizard e já fez curso de violão (básico). Tem muita criatividade em desenho e faz uns trabalhos para a capa de seus CDs que a todos surpreende pela originalidade. Apesar de ser bastante tímido, é muito popular na escola entre seus colegas e professores. Até onde eu sei não tem namorada... Pelo menos não me apresentou nenhuma ainda.

 

3)      Acredito que ele me tenha como exemplo sim. Aliás, sou da teoria que, além de ensinar, é preciso dar o exemplo. Neste particular, ele é um garoto de bom caráter e boa índole apesar de estar na adolescência, a fase mais perigosa do ser humano, pelas alterações que ela acarreta.

Nesta fase, adquirimos a consciência da própria existência como ser humano e nos vem àquela vontade de “voar”  e nos libertar da família e coisa e tal. Temos a necessidade de sermos nós mesmos e provar, aos pais, que temos capacidade de viver por nós mesmos. Mais tarde é que percebemos que foi só uma fase e a base da família é fundamental neste momento crucial. As tais “certezas” que tínhamos na adolescência transformam-se mais em questionamentos e dúvidas e a família é importante para mostrar o caminho certo quando a tal “realidade” bate à porta.

Meu filho, felizmente, está muito tranqüilo neste momento da sua vida. Não tenho nenhum problema com ele neste particular. Ele é bastante caseiro e sua rotina tem sido os estudos, o curso de inglês e tocar sua guitarra como um roqueiro desvairado... Não tem vícios e, graças a Deus, não pertence a nenhuma tribo destas que desvirtuam os jovens. Ele, assim como eu fui na minha adolescência, também é muito na dele e não se preocupa com os “modismos” ou o que a galera vai dizer sobre seu comportamento. Ele tem opinião própria e não abre mão.

4)      Quanto à adoção nunca tive necessidade de adotar. Criar um filho já é o suficiente para mim. Não adotei propriamente, mas hoje estou ajudando a criar minha afiliada desde que nasceu (vai fazer um ano dia 24 deste mês) já que os pais trabalham e não podem cuidá-la durante o dia. Assim,  ela passa a semana toda conosco aqui em casa. É mais uma “adoção” afetiva que jurídica. Espero dar a ela o mesmo exemplo que dou ao meu filho.

 

5)      Beijar, abraçar e dizer que eu amo meu filho????  Mas que pergunta é essa que se faz a um pai??? Mas é evidente que eu beijo, abraço e digo ao meu filho que eu o amo. Todos os dias! Aliás, toda vez que ele sai para o colégio ou para o curso ele beija pai e mãe. E ao deitar o ritual é o mesmo. Não vamos para a cama sem antes beijar nosso filho. Isto eu herdei da minha mãe. Ela sempre me beijava  antes de dormir e toda vez que eu saia de casa. São pequenos detalhes como estes que fazem a diferença na educação dos filhos.

 

6)      Você pergunta se eu amo meu filho: Daria minha vida para salvar a dele. Muito mais que ser meu filho, ele é meu amigo e meu companheiro. Sou muito feliz por tê-lo como filho e saber que ele me ama igualmente.

Casou virgem

(Pitaco do Nacka: Huh..Huh... essa queremos saber com D-E-T-A-L-H-E-S, pergunta óbvia, porquê? Não é adepto do sexo livre antes do casamento? Se guardou para a esposa? Como o homem que fez aquelas perguntas cabeludas para a tia Bia, não havia molhado o biscoito antes? Como foi? Foi bom para você? Ou pra ela (sua esposa)? Reclamações? Frustrações? Valeu a pena esperar? Fetiche? Você é mórmon? Uma aberração?

Moviolavídeo: Esta é uma pergunta fácil de responder. Não, não sou mórmon, crente nem coisa do gênero. Sou cristão por ensinamento familiar mas, agnóstico por opção e convicção. Também não sou nenhum monstrengo ou anormal que foi rejeitado pelas garotas e mulheres que cruzaram meu caminho. Nada disso. Foi por opção mesmo. Chances eu tive... Cantadas recebi... Mas eu nunca consegui entender como seria possível fazer sexo sem amor. Como me entregar a uma mulher sem amá-la! Sexo só pelo prazer carnal com prostitutas seria uma opção. Mas nunca tive coragem para tanto. Acho até que nem conseguiria ter uma ereção numa situação desta. Constrangedora demais para mim e, acredito, também o seja para a prostituta. Mecânico demais... Frio demais...E sexo sem beijo na boca? Nem pensar! Masturbação me foi o suficiente para os momentos mais prementes e inevitáveis. E foram muitas e muitas nas madrugadas insones da minha vida ou nas manhãs e tardes de uma sexualidade que exigia suas necessidades.

Por timidez talvez ou por não ter encontrado a mulher dos meus sonhos antes de conhecer a minha esposa, não senti necessidade de sexo, digamos assim, mais descompromissado. Nem foi por questões religiosas ou morais. Nada disso. Foi uma escolha simples minha: Só faria sexo com a mulher que eu amasse. Teria que me entregar de corpo, alma e, principalmente, de coração. É só assim que eu consigo entender sexo. Claro que existiram situações em que eu chegava a pensar que isto tudo era uma grande bobagem e que eu estava me “guardando” por um momento ou para uma mulher que nunca fosse existir.

Minha mãe dizia: - Larga estes livros, guri. Vai passear... Vai namorar... Vai pras festas. Sentado com os olhos só nos livros é que tu não vais casar nunca! Ou tu pensas que vai cair uma mulher do céu? Vai viver a vida!!

 Eu lembro que respondia:

- O que é meu está guardado. Se um dia eu tiver que casar, será com a mulher que está destinada a mim. Ela vai aparecer e bater na minha porta!

 Claro que eu achava tudo isso uma possibilidade remota e, com o tempo passando, isto só se confirmava e já estava pensando mesmo na possibilidade de minha mãe estar certa. Mas um dia a mulher dos meus sonhos bateu na minha porta. Literalmente.

Gostaria de ter sido uma pessoa diferente? Sinceramente não sei. Com certeza teria feito muito sexo, teria beijado muitas bocas e teria uma agenda com muitos endereços e muitas façanhas para contar hoje nesta entrevista. Mas fazendo um retrospecto até aqui, não me arrependo nem um pouco de ter me guardado para a minha mulher. Como recompensa, encontrei uma mulher que deu seu primeiro beijo na boca, na minha! Estamos casados há 17 anos e posso dizer que somos muito felizes. Nunca tivemos uma briga sequer. Esta história que todo casal tem lá suas briguinhas de vez em quando é coisa normal, não se aplica a nós. Somos apaixonados, amantes, amigos e companheiros. Tem algum segredo? Tem. Em uma palavra: AMOR.  

Tem poliomelite

(Pitaco do Nacka: Sério? Em que momento da sua vida isso fez diferença? Para melhor ou para pior? Atrapalha em alguma coisa?

Moviolavídeo: Sim eu tive paralisia infantil quando tinha um ano e meio. Minha mãe me falou que me deu uma febre de mais de 41 graus por dias e, ao levar-me ao hospital, eles perceberam que eu estava com poliomielite. Foi um choque pra toda a família e seis cirurgias depois na perna esquerda minha mãe resolveu que estava na hora de parar e me trouxe de volta para casa. Estive numa instituição própria que cuida de crianças com deficiência física para fazer fisioterapia e para “aprender” a andar. Usava uma bota especial com barras de ferro como se vê normalmente em programas que tratam deste assunto. Mas também não conseguia caminhar. Minha mãe ficou inconformada com o “tratamento” e informou ao médico que me levaria para casa e que em pouco tempo eu andaria sozinho. Dito e feito. Pouco tempo depois comecei a caminhar sozinho.

A infância foi mais difícil porque criança não perdoa mesmo e diz o que tem que dizer. Claro que eu era excluído das brincadeiras de correr, pegar, esconde-esconde, futebol e outras que requerem preparo físico. Com o tempo fui percebendo que eu tinha outras qualidades e que ter um problema físico não diminuía em nada como ser humano. Afinal, todo mundo tem suas limitações: Físicas, mentais, comportamentais, de caráter. Enfim, ninguém era perfeito.

Na fase adulta, felizmente, nunca senti preconceito. Por timidez ou por me ater mais aos estudos e a leitura (até como forma de encontrar outras atividades para a minha limitação física) todo mundo sempre me respeitou. Eu tinha, e ainda tenho, muita facilidade de comunicação e uma paciência enorme em ouvir. Sempre fui uma espécie de “conselheiro” da turma. E não sei porque, mas as pessoas possuem uma facilidade enorme em se abrirem comigo e a contarem seus segredos mais íntimos. Mesmo aquelas que acabaram de me conhecer. Meu filho costuma dizer que eu deveria abrir um consultório sentimental ou um consultório psicanalítico. As histórias que me contam no balcão da locadora dariam um livro. Eu tenho esta capacidade de ouvir e de aconselhar e as pessoas percebem isto de imediato. Não sei como ou porque isto se dá comigo.

Fazendo um retrospecto nestes 48 anos de vida e se me fosse dado à possibilidade de ser uma pessoa “normal” fisicamente eu diria que não aceitaria modificar a minha vida. Porque eu sou o que sou e vivi a minha vida da melhor maneira que eu pude. Com minhas limitações físicas e tudo mais. Eu sempre trabalhei, estudei e formei uma família, da qual eu muito me orgulho, com esta limitação física. Assim como faz qualquer pessoa. Não gostaria de ser diferente do que eu sou ou naquilo que me tornei com o passar dos anos. Sou feliz do jeito que eu sou. Gostaria de ter feito mais sexo quando solteiro, isto é verdade. Mas minha mulher e eu estamos correndo contra a máquina para tirar a diferença neste particular hehehe.

 

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Ok Biscoito, vamos continuar? Pedi alguns usuários para fazerem perguntas você, e aqui estão algumas feitas pelo Enxaka devidamente ampliadas por mim:

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PERGUNTA: Sendo o Sr. dono de uma locadora, tem o hábito de ver todos os filmes, para melhor servir a clientela? Costuma ver também os pornôs?

(Pitaco do Nacka: É claro que isto fica no imaginário de todo mundo, o Sr. Certinho vê filmes pornôs? Se excita com eles? Com a esposa? Sozinho?  Com um filho menor em casa como dribla isso? Tem um escritório na Locadora? E na locadora? Tem quantos funcionários? Eles gostam de cinema? Dão palpites nos filmes que os clientes alugam ou só é você que faz às vezes de dono/empregado?)  

Moviolavídeo: Sim eu procuro, na medida do possível, assistir a todos os filmes que são lançados todo mês. Claro que não preciso assistir mais os filmes do Van Dame & Cia., porque quem gosta deles vai alugar mesmo, independente da minha opinião. Quanto aos filmes pornôs no início da locadora, há 13 anos eu até que assisti alguns. Mas não curti muito não. Faz muito tempo que eu não vejo. Uma vez olhei com a minha mulher só para matar a curiosidade dela, mas ela também não gostou e, para ser sincero, nem rolou nada depois... Na locadora atendemos eu, minha mulher e meu filho quando não está no colégio ou no curso de inglês. Eu sou o porta-voz e o “atendente” que faz as indicações com mais prazer. Até porque, é o que eu gosto de fazer. Aqui em casa todo mundo gosta de cinema e temos os gostos bem parecidos. Meu filho, até pela idade, gosta mais de filmes de ação e guerra. Anteriormente minha mulher não gostava de filmes legendados e meu filho igualmente. Hoje todo mundo  detesta filme dublado. Nada que a boa convivência e bons argumentos não façam.

PERGUNTA: O sensacionalismo adotado pelo Sr. nas "chamadas" que faz para o Pinga Fogo não tornam,em muitas vezes,o resultado desfavorável,para quem lê as entrevistas,esperando sempre demais?

(Pitaco do Nacka: Ahá... alguém falando do seu hype... (eu mesmo já fiz isso e hoje, mordi a língua, afinal programa de entrevista sem hype vai pro vinagre antes, não é mesmo?) cá entre nós e o fórum: É exagerado ou não é? Isso é tática para desestabilizar o entrevistado?  Fora que o cara deve ficar pensando, pô o que será que eu falei mesmo?  )

Moviolavídeo:  Interessante notar que todo mundo reclama das “chamadas” que eu faço do Pinga-Fogo. Menos o entrevistado, claro. Quando é a entrevista dele que vai ao ar, ele fica todo prosa com as chamadas e coisa e tal. Isto quando não é o próprio entrevistado que se encarrega de fazer as tais “chamadas sensacionalistas” hehehe. Só reclama quando é a entrevista do outro. Assim sendo, as chamadas vão continuar porque, para mim, todo o entrevistado é importante e toda a entrevista merece ser lida pelo maior número de pessoas possíveis. É isto que quer o entrevistado e o entrevistador.

PERGUNTA: O Sr. demonstra muita ponderação e adota uma "política da boa vizinhança" muito eficiente, inclusive com os moderadores. Não seria essa uma postura adotada para se chegar ao poder (à moderação)?

(Pitaco do Nacka: Uia... e agora? Um biscoito com sede de poder? Nem combina né? Você é um moderador agora... mas porque não aceitou antes? O que mudou? A entrevista do Pablo tem alguma coisa a ver com isto? Alguém da moderação te mandou balangandãs?  E como você foi recebido lá? Sala secreta é tudo que você imaginava?).

Moviolavídeo: Eu sempre fui uma pessoa conciliadora. Nunca briguei... Nunca parti para a luta corporal (até porque, apanharia mesmo hehe). Mas falando sério eu sempre procurei, na minha vida, ser uma pessoa do diálogo. Ver os dois lados da questão, ponderar, encontrar o meio termo. O consenso e a sensatez. Eu parto do seguinte princípio: Em uma discussão não importa quem está certo ou errado. Importa saber quem tem o bom senso. O bom senso dirime qualquer dúvida e ajuda a conciliar conflitos.

Nunca foi estratégia minha ser moderador. Eu estou moderador. As circunstâncias me levaram ao cargo. Em razão do sucesso da CMJ e do Pinga-Fogo (sucesso devido aos usuários e freqüentadores da CMJ  e dos entrevistados do Pinga-Fogo, diga-se de passagem) me possibilitaram o convite para o cargo. Com a mudança do fórum e com a capacidade limitada de post do novo servidor foi preciso “matar a CMJ” então o Pablo e o Bruno Carvalho acharam por bem criar o sub-fórum como recompensa de tamanha perda. Quando entrei no fórum tinha uma MP solicitando que eu entrasse no MSN. Estava o Pablo e o Bruno me aguardando e foi então me dito toda as alterações que passara a CMJ e tudo o que se viu depois. Nesta oportunidade, foi me oferecido o cargo de moderador  do FMJ.  Eu aceitei participar até por agradecimento por tudo que ocorrera com a CMJ. Foi transformada de uma espelunca em um shopping center do entretenimento do fórum hehehe.

Mas depois se percebeu que era inviável ser “meio moderador” e na prática isto não funcionava direito. Então o Bruno Carvalho me convidou a ser moderador de todo o fórum do CeC e eu aceitei. Sempre disse que não aceitaria o cargo de moderador, mas as circunstâncias me levaram a rever este posicionamento e, como não foi um desejo meu, mas um convite feito de forma sincera e como agradecimento pelos serviços prestados ao fórum eu aceitei. Não poderia ser diferente.

A entrevista do Pablo não tem nada a ver com isso. Foi o sucesso da CMJ e do Pinga-Fogo que me levaram a ser moderador. Pelo menos é isso que eu penso.

Sim fui muito bem aceito pelos demais. E infelizmente não servem docinhos nem cafezinho na sala secreta. O Programa Pato no Fato já publicou o que rola lá na sala secreta. Quanto aos balangandãs isto é o que menos importa. O importante é ter o trabalho reconhecido e um “muito obrigado” vez por outra. Ou um puxão de orelhas, também, porque não?

PERGUNTA: Todo mundo tem seu lado malvado, seu lado cáustico,seu lado destrutivo (às vezes auto-destrutivo), entre muitos outros "lados". O Sr. é unilateral, ou finge bem?

(Pitaco do Nacka: E aí? Quando aparece o seu dark side? Briga com a mulher? Desconta no cachorro (tem um?) ou nos vizinhos? Você se dá bem com a sogra? Quando o Biscoito sai do sério?)

Moviolavídeo: Realmente eu não faço tipo. Eu sou do bem... E minha sogra é um amor, felizmente. Tenho uma cadela chamada Laica. Sou uma pessoa centrada e, muitas vezes, acabo no prejuízo financeiro por não ser mais contundente ou criador de casos. Prefiro pagar o prejuízo a me estressar a toa. Claro que às vezes dá vontade de dar um soco na cara de uns e outros e partir para a ignorância... Mas eu conto até dez e deixo a cabeça esfriar para tomar uma atitude que realmente ponha um fim no caso. Eu sou de escorpião e nunca me esqueço de uma maldade. A pessoa até pode me fazer de bobo uma vez. Sem precisar dar um soco eu resolvo a parada de uma forma que a pessoa nunca mais vai esquecer que me fez de bobo na vida.

Eu saio do sério quando a pessoa não é honesta comigo. Quando não sou levado a sério. Pode aprontar comigo. Mas será só uma vez...

PERGUNTA: Que frase estilo "biscoito chines" definiria a postura do Sr. perante o fórum?

(Pitaco do Nacka: Ai, ai... a pergunta mais revista Caras que eu já vi... vai responde aí...)

Moviolavídeo: Você pode discordar do meu pensamento ou das minhas opiniões. Você só precisa me convencer do contrário através da  palavra. Detesto puxa-saco e gente que só sabe dizer amém e parabéns. Prefiro uma crítica mordaz, mas sincera à um elogio eloqüente, mas falso.

Agora é a vez do homem da Rádio...

 

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PERGUNTA: Qual entrevistado que você gostaria de "reentrevistar" para o Pinga-Fogo e quem você não queria ou se arrependeu de ter entrevistado?

(Pitaco do Nacka: Muito boazinha essa pergunta... com um pouco de pimenta ficaria assim: Quem foi o mala das entrevistas? Qual delas você teve a sensação de estar tirando água da pedra? E porquê?

Moviolavideo: Não querendo fazer média com ninguém, mas todas as entrevistas tiveram sua importância. Algumas mais polêmicas outras, infelizmente, passaram desapercebidas. A entrevista do Thiago Lúcio, por exemplo, foi uma injustiça ter passado em branco já que falamos basicamente sobre a sétima arte. Mas realmente o programa tem o mérito de mostrar o entrevistado sob outra perspectiva e nos dá a possibilidade de conhecermos o ser humano por trás do nick. Neste particular, todas as entrevistas foram importantes.

Mas para não fugir a pergunta, eu diria que a entrevista da Ártemis foi a mais difícil já que ela não estava muito disposta a responder e a do Lord que respondia o que não era perguntado naquela linguagem muito peculiar dele. Tinha momentos que eu estava perdido e não conseguia entender o “raciocínio” dele e formular outra pergunta além das que eu já tinha pronta.

Outra entrevista  que eu tinha uma grande expectativa foi à entrevista do Amfíbio. Mas ele resolveu se mostrar muito cavalheiro e a polêmica que todo mundo esperava não houve. Mas foi uma boa entrevista. A entrevista da Mariane eu me senti tolhido porque fiquei sabendo, alguns dias antes, que ela só tinha 15 anos. Talvez se soubesse antes de tê-la convidado, não teria feito. Não que ela não tenha respondido a todas as perguntas ou que uma pessoa de quinze anos não tenha nada de importante a dizer. Ela foi atenciosa e gentil e agradeço o tempo que ela dispôs a participar do programa. Mas ela pouco postava no fórum e acabei ficando sem “referências” para fazer as perguntas além das que eu tinha programado. Faltou um diálogo mais natural. Mas a culpa, neste caso, foi minha.

 Gostaria muito de entrevistar novamente a Beatrixx Kiddo, mas sobre outra perspectiva e sem o quadro “Entre Quatro Paredes”. Pra ser sincero, foi a entrevista que me trouxe mais indagações do que respostas. Acho até que se percebe isto na entrevista. Espero que ela aceite participar de outro programa,  mas agora no sentido de conhecermos melhor a Fabiane e menos a personagem Beatrixx.

Vou entrevistar também o Pablo, mas só sobre cinema. Ele informou que toparia fazer outra entrevista.

Aliás, queria dizer que este programa já ultrapassou as fronteiras do fórum do CeC. Aproveito a oportunidade para agradecer a audiência dos usuários do fórum do Cinema Sem Cena que são grandes admiradores do Pinga-Fogo. As entrevistas publicadas neste fórum repercutem muito lá e isto se deve aos entrevistados do programa.

PERGUNTA: Administrar o Fórum da Mãe Joana está sendo tão difícil/fácil como era administrar o tópico da Casa da Mãe Joana? E está sendo prazeroso fazer esse serviço?

(Na verdade queremos saber como você se sente sendo considerado o pai daquela agradável espelunca? Como pai já teve vontade de dar uma "surra" em algum filho? Quem você acha que estraga a Casa da Mãe Joana agora? (nem precisa falar do Lordsahke, sabemos o quanto ele era imprestável) Quem você acha que faz aquilo lá bombar?)

Moviolavídeo: Eu só fiquei fulo da vida uma vez na CMJ. Realmente eu tremia de raiva e por pouco não pedi para a moderação na época cancelar o tópico. Foi quando o Lord postou umas fotos escatológicas de extremo mau gosto. Escrevi uma carta aberta e tudo mais. Mas isto já faz parte da história da CMJ. Nunca tive problemas com os floodedores e a tão criticada “acefalia” que se acusa a CMJ.

O tópico tem este propósito mesmo, servir como sala de bate-papo. Sabe aquele cantinho do cafezinho que tem em toda repartição pública ou nos escritórios das empresas privadas? Pois é... Este é o espírito da CMJ: Fofocar, botar as notícias em dia, falar mal do colega, dar uma paquerada na colega gostosa. Enfim, uns minutinhos de descontração entre amigos. Portanto a CMJ só me trouxe alegrias e o sucesso do tópico se deve, inclusive, ao Lord e aos boêmios da madrugada e ao usuário que vai lá e diz: Bom Dia! E vai embora. Hoje o pessoal está mais atuante e estão ocorrendo bons papos por lá. Tenho bons amigos na CMJ e muito me orgulho que até os detratores da espelunca vão lá para falar mal da casa hehehe.

 Trabalho não tenho nenhum com a CMJ.... Só recentemente que o pessoal, em razão de aumentar a pontuação (no início do novo fórum) começou a postar páginas e páginas com “asdfasdfasdfasdf...” . Mas isso acabou e hoje tudo voltou ao normal.

O sucesso da CMJ é dos freqüentadores e dos floodedores e é claro dos programas que lá surgiram e que agora são tópicos próprios. 

PERGUNTA: Você tem uma locadora: Pra qual filme "blockbuster" que vive sendo alugado, você gritaria para seu clientes "Parem de alugar essa jossa!"? E para qual filme escondido na prateleira que você gritaria para eles "Vejam esse filme AGORA!"?

(Pitaco do Nacka: Você NÃO vai fazer isso né?  Blockbuster tem mais é que ser alugado né? Não vá perder dinheiro por causa desses malucos aqui do fórum... Porque você indicaria aquele filme indiano que veio no pacote de filmes e que você só pegou porque teu fornecedor te obrigou e sabendo que o cliente te estriparia depois? Como é a máfia das locadoras aí, rola de você comprar muitos filmes que não quer?)

Moviolavídeo: Realmente tem horas que dá vontade de dizer para alguns clientes:

- De novo Van Damme? Cara, tu não enjoa não!

 Aliás, já fiz isto uma vez e hoje ele é fã de Almodóvar hehehe. Eu gosto muito de fazer um joguinho quando algum cliente vem entregar um filme tipo arrasa-quarteirão (não todos, claro... só aqueles que quero fazer a cabeça do sujeito e ver se ele aluga outra coisa):

 - Este filme é bom, mas o Quentin Tarantino (ou um outro diretor qualquer) faria diferente sob uma outra perspectiva e este personagem seria legal com o ator Jack Nicholson (ou um outro bom ator).

Muitas vezes eles não entendem a ironia da coisa, mas ficam sabendo que o Tarantino é um bom diretor e o Jack um ótimo ator. Sempre procuro, na medida do possível, indicar gêneros diferentes para os clientes que alugam sempre a mesma coisa. Até para que o cliente não vá embora depois de olhar tudo que eu tenha de “ação” na prateleira. Questão de sobrevivência no mercado hehehe.

Em relação às compras eu que determino os filmes e as quantidades de cópias que vou comprar. Claro que eles procuram empurrar, já que eles precisam cumprir suas quotas. Mas eu já tenho noção do que a minha clientela quer e as quantidades que preciso para suprir esta necessidade. Evidente que vez por outra compro alguns filmes fora do “padrão pipoca” até para mudar o hábito e trazer nova clientela. Mas é um perigo realmente investir e não ter retorno, até porque, um filme rental (para locação) custa hoje em torno de R$ 110,00.

4) Escolha uma data: Dia dos Namorados sozinho com a mulher; Páscoa pra brincar com o(s) filho(s), ou Natal com a família inteira.

(Pitaco do Nacka:  Ai... mais uma pergunta revista Caras... escolhe uma data aí e manda bala... aposto que vai escolher Natal...)

Moviolavídeo:  Parece bobagem, mas não temos aqui em casa esta “neura” por datas. Afinal tudo é muito comercial mesmo e só servem aos lojistas para venderem suas bujigangas. Claro que eu dou e recebo presentes nestas datas, porque só louco não gosta de receber presentes hehehe.  E Natal e fim de ano me dá uma nostalgia e uma certa tristeza difícil de explicar (muito comum nestes eventos, segundo alguns especialistas). Além daquelas dúvidas: Passar as festas na casa de quem? Da sogra? Do Irmão? Em casa? É um dilema. Mas o bom mesmo é ficar em casa... Durante o ano a gente vai fazendo nossas festinhas particulares a três. O importante é a convivência diária e ouvir, e dizer:  EU TE AMO. Piegas, claro! Mas é assim que eu gosto e é assim que vivemos.

Aqui as indagações do

 

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Pergunta: Depois de tantos anos de casado, é necessário reinventar o sexo? Vocês continuam apaixonados, ou o desgaste da relação é inevitável?

Moviolavídeo: Claro que é preciso reinventar o sexo, caso contrário, vira  incesto e você acaba tendo relações sexuais com sua “irmã” hehehe.  Não devem existir barreiras e, ambos estando de acordo, é possível fazer muita coisa entre quatro paredes. Pode apostar, nós fazemos!  Pode tirar este sorriso do rosto seu safado... Eu não curto fio terra nem coisas do gênero! Aqui só sai, não entra nada hehehe.

Apaixonados sempre, felizmente.  Dezessete anos depois não tivemos a tão temida “crise do casamento” ao sete anos. Nem depois aos dez e aos quinze anos. Passamos incólumes e apaixonados. Espero que aos vinte tudo continue igual. Tem tudo pra ser...

Pergunta: Paixão pelo cinema e locadora: o que em função do que?

Moviolavídeo: Eu sempre fui apaixonado por cinema. Desde criança. Diferentemente dos garotos da minha faixa etária, sempre gostei mais de Dramas, Suspenses, Romances ou filmes que me emocionassem ou que me fizesse ficar pensando sobre seu significado ou o que a obra estava tentando me dizer. Lembro que eu ficava vendo TV até de madrugada só para ver os filmes “sérios”  já que os filmes “pipocas” eram transmitidos mais cedo.

Até a pouco tempo eu colecionava tudo sobre o Oscar, premiações, fichas técnicas de filmes. Com a Internet este trabalho ficou mais fácil e hoje não tenho mais minhas fichas, já que a consulta agora é mais fácil pela grande rede. Revistas de cinema eu comprava também. Enfim, a sétima arte sempre me fascinou. Mas só fui ter vídeo cassete muito tempo depois. Ai foi uma loucura mesmo!.

Gastava uma fortuna em vídeo. Mas nunca locava lançamentos porque eu tinha uma necessidade enorme de ver os filmes clássicos e todos os filmes que eu sabia serem de boa qualidade e que poderiam me ensinar ou me emocionar. Ou ainda ver os filmes que os críticos falavam muito bem ou aquelas listas dos melhores filmes do século... Da década... Do ano. Eu sempre achava que estava em desvantagem e que tinha muita coisa boa para ver antes de ver os “lançamentos”. Aliás, eu ainda tenho esta sensação de que tenho alguns “pecados” cinematográficos para me redimir.  Só locava mesmo aqueles filmes empoeirados hehehe. Os atendentes ficam loucos comigo! Deviam pensar que eu era algum maluco hehehe.

Assim, quando a situação financeira melhorou, eu pensei: Em vez de gastar uma fortuna  com as locadoras, porque eu não monto uma para mim ? Bingo!! Consulta daqui.... Consulta dali... Fizemos as contas na ponta do lápis. Sim, porque é preciso planejar e não cair numa furada. Afinal de contas, não sou louco de botar dinheiro fora. Seria viável realmente já que no nosso bairro não havia locadora. Assim, eu e minha  mulher resolvemos abrir nossa própria vídeo-locadora.  A primeira coisa que pensei foi no nome do estabelecimento: MOVIOLA VÍDEO. Até hoje me perguntam porque este nome. Felizmente o negócio deu certo e no dia primeiro de julho do ano que vem, faremos 14 anos de mercado.

Pergunta: Se você tivesse um Delorean daqueles, quais as opções que você tomaria de maneira diferente? Sua vida poderia ser, hoje, melhor do que é caso tivesse trilhado caminho diferente?

Moviolavídeo: Já pensei nisso algumas vezes. Mas fazendo um retrospecto não mudaria minha vida não. Fui e sou muito feliz a minha maneira. Apesar da paralisia infantil e de uma infância bastante difícil em hospitais e a adolescência em internatos e tudo mais... Mas não mudaria nada, não.

Mas se tivesse um carro que me possibilitasse viajar no tempo eu gostaria de conhecer Atenas e dialogar com os grandes filósofos e ouvir as histórias mitológicas pessoalmente. Ou um pulinho em Paris na época da efervescência cultural e tomar um cafezinho na calçada de algum bar  e discutir com os existencialistas. Quem sabe ainda assistir a uma apresentação de Mozart em Viena. Seriam viagens deste tipo que eu gostaria de fazer. Se possível, com minha mulher e meu filho.

Pergunta:  O que você sonhou em ser e porque não deu certo? Você acha que seria mais feliz nesta profissão ou como dono de locadora?

Moviolavídeo: Meu sonho sempre foi trabalhar com cultura. Gostaria muito de ser um agente cultural. Aquela pessoa que faz as coisas acontecerem através de eventos ou na  preparação de espetáculos culturais.

Gostaria de viver rodeado de livros e falar e discutir autores e suas obras. Ou ainda viver pelo teatro, não como ator, mas aquele que torna possível o espetáculo e vivenciar tudo o que ocorre por trás da cortina. Talvez atuar numa orquestra, não necessariamente como músico, mas conviver com eles e estar presente nas apresentações. Enfim, ser um agente cultural. Por diversas razões isto não foi possível. Primeiro financeiramente não tinha condições de comprar livros, então só entrava em bibliotecas para folhá-los. Teatro muito menos. Tornar-me um pianista só em sonhos. Só me restou mesmo atuar como agente cultural da sétima arte. Sim, porque eu considero meu ofício como divulgador de cultura. Porque cinema é arte.

Infelizmente o local onde está situado minha locadora é um bairro operário de classe C e D. Tenho, por esta razão, que adquirir mais filmes “pipocas” do que eu tinha em mente no início. Mas procuro fazer um bom trabalho de divulgação para tornar meus clientes pessoas mais ecléticas e com uma visão mais abrangente desta fantástica arte que é o cinema. Não é uma atividade fácil e mudar a concepção das pessoas é uma árdua tarefa. Ainda mais tratando-se de entretenimento, onde as pessoas não querem “pensar” mas só passar o tempo e comer algumas pipocas enquanto assistem o mocinho metralhando o bandido. Mas nestes anos todos tive alguns sucessos e muitos clientes hoje em dia são grandes cinéfilos e discutem comigo as inúmeras perspectivas do olhar cinematográfico. Claro que existem casos perdidos, mas não sou de me dar por vencido facilmente e a luta continua.

Hoje sou muito feliz no que eu faço. Claro que gostaria de ter a oportunidade de ver e oferecer aos meus clientes filmes europeus, asiáticos, latino-americanos ou os orientais. Filmes de boa qualidade e formar assim mais e mais amantes do bom cinema. Gostaria que a Moviola fosse um instrumento cultural e que transmitisse ao seu público uma arte transformadora e transgressora e que fosse possível, através do cinema,  modificar conceitos e opiniões. Ou até consolidá-los, porque não. Mas, acima de tudo, que meu negócio trouxesse a cada um individualmente o prazer que eu sinto ao assistir um bom espetáculo cinematográfico. Este é o meu trabalho e é esta a minha missão.

Scofield e Silva, encurralam o biscoito:

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PERGUNTA:  Analisando as entrevistas mais recentes do Spartan e da Beatrixx, apesar do foco no entrevistado, você deixa transparecer a princípio um caráter bastante "conservador" tanto com relação ao sexo - note o número de perguntas que fez a Sunder em relação a isso quando assumiu que teve relacionamento homossexual e não as fez quando Bia fez a mesma afirmação e o fato de ter casado virgem -  quanto com relação entre pessoas (quando a Bia apresenta suas incoerências no comportamento "liberal", por exemplo, percebemos sua desaprovação claramente). O quanto existe do Movio no entrevistador e do "que pergunta o que os outros querem ouvir" - (se é possível separar)? Se há um predomínio do "questionador representativo do fórum" em relação ao "Movio", o que você pensa pessoalmente de questões onde a ordem estabelecida pela sociedade como normais são deturpadas ou infringidas?

Moviolavideo: Conservador, eu? De jeito nenhum. Sou até bastante liberal para a  minha idade. Conheço muitas pessoas de vinte e poucos anos que possuem atitudes muito preconceituosas e extremamente conservadoras  sobre sexualidade e relacionamentos humanos.

 

Com relação à entrevista do Sunderhus evidente que o quadro “entre quatro paredes” teve muita repercussão até pelas declarações e revelações feitas pelo entrevistado. Igualmente se aplica a entrevista da Beatrixx Kiddo. Antes de entrevistar o Sunderhus eu já sabia os fatos ali narrados e evidente que procurei explorá-los ao máximo (com consentimento do próprio) e geralmente procuro fazer o papel do “advogado do diabo” para tirar uma resposta mais polêmica ou fazer com que o entrevistado seja o mais sincero possível.

 

A entrevista da Beatrixx Kiddo evidentemente que foi basicamente sobre sexo, até pelo comportamento e posição que ela tem no fórum em relação à sexualidade dela e dos demais usuários. Ela sempre se mostrou muito liberal e até criou uma imagem de “sexomaníaca” assumida. Portanto, era natural que eu explorasse esta área. Até porque, era isso mesmo que a grande maioria dos usuários queriam saber mesmo. Claro que ao fazer as perguntas e ler as respostas dadas pela entrevistada eu comecei a notar uma certa contradição em alguns pontos (não sei se verdadeiras, mas enfim...) e comecei a questioná-la de forma mais contundente tentando mostrar-lhe as contradições. Mas sempre pensando no usuário que está lendo a entrevista.

 

Quando eu faço as entrevistas eu procuro sempre fazer os questionamentos pensando no leitor. Se vejo algum ponto que precise algum esclarecimento ou uma explicação mais convincente é claro que eu faço. Depois, eu tenho uma “base” para a entrevista. Todavia, outras perguntas vão surgindo no decorrer do programa o que possibilita um diálogo mais interessante e enriquecedor. Algumas vezes, coloco meu ponto de vista sobre alguns fatos, outras vezes, procuro fazer a pergunta que o usuário do fórum cinema em cena gostaria de fazer. Assim, pode parecer que existam algumas contradições ou posicionamentos pessoais do entrevistador em relação ao entrevistado. Mas não esqueça: quem está sendo questionado é o convidado e é ele que precisa colocar, de forma clara e inequívoca, seu posicionamento sobre a pergunta. Eu simplesmente faço as perguntas, não necessariamente é o meu pensamento ou meu posicionamento pessoal sobre as questões levantadas. Quando mostro alguma “incoerência” ou contradição não necessariamente eu também as considere. Mas penso, sobretudo no leitor que pode assim pensar. Não sei se fui muito claro.

 

Quanto ao seu último questionamento sobre regras. Existem regras e “regras”. Algumas regras precisam ser quebradas mesmo, porque na maioria das vezes, são mais “preconceitos” ou condutas hipócritas ditas por uma sociedade normal que procura engessar a todos numa normalidade falsa. É preciso respeitar a Lei, mas é, por conseguinte, possível e salutar que se lute contra Leis desumanas ou ultrapassadas. Tudo é muito relativo.

 

PERGUNTA: Você revelou que é agnóstico - como eu (Scofield), inclusive. Gostaria de saber sua opinião a respeito da morte e como constrói os princípios norteadores de seu comportamento, uma vez que não possui uma espécie de "código de ética" como a Bíblia, por exemplo, para seguir. O que te impede de, uma vez que não possui obrigação para com Deus de agir egoisticamente em função de seus próprios interesses?

Moviolavídeo: Eu não tenho medo da morte. Tenho medo, claro da forma como isto vai se dar. Por falar nisso, nunca pensei muito na morte a não ser na adolescência. Estranho, não? Por teoria, eu estaria mais longe da morte do que hoje com 48 anos hehe. Mas na adolescência eu tinha um certo medo de não conseguir realizar meus sonhos, de não ler todos os livros que eu desejava ou de constituir uma família. Tinha ainda tantos filmes para ver e lugares para conhecer e isto me dava uma certa angústia. Hoje não tenho mais. Claro que ainda existem muitos livros para ler, muitos filmes para assistir e um filho para criar. Mas não tenho mais a neura que tinha antes. Com a idade, se percebe a finitude das coisas e, inconscientemente, vamos aceitando mais a morte.

 

Quanto à questão ética, eu procuro seguir meu caminho da melhor forma possível. Respeitando meus semelhantes e realizando  meu trabalho honestamente. Respeito às leis e a convivência social dentro do bom senso e da harmonia. Não sou nenhum santo, como todo ser humano. Mas vivo desta maneira  por princípio próprio de acordo com minha natureza como indivíduo. Não deixo de fazer alguma coisa só porque a igreja ou o estado assim o determinam. Tenho opinião própria e clareza de pensamento para saber distinguir um ato hipócrita ou de uma opinião meramente formal. Não adianta nada o indivíduo ir à missa todo domingo e sair de lá e surrupiar o troco dado errado pelo caixa do supermercado. Não adianta nada o sujeito ter uma “espiritualidade” e amar os animais e tudo o mais e em seguida humilhar e ridicularizar os gays, por exemplo. Ou criar cães e gatos e não ser capaz de dar um prato de comida para uma criança que bate a sua porta com fome.

 

Meu guia é o respeito às diferenças, o convívio harmonioso entre o ser humano e a natureza que o cerca. Agir de acordo com minhas convicções e meus princípios. Se existe um Deus, não saberia responder categoricamente esta questão. Mas, na minha avaliação, não é este que está pregado na cruz nas pares das catedrais mundo a fora. Muito menos os outros Deuses nas milhares de religiões ou seitas igualmente dispersas por este planeta. Acredito até que Jesus tenha sido um homem de uma espiritualidade muito grande e que tenha feito grandes gestos de amor e auxiliado seu próximo naquela época. Assim como a Madre Tereza fez com seus pobres e os médicos anônimos fazem salvando vidas numa África carente de  amor e comida.  Ou a moradora de rua que criou uma escola em baixo da ponte em Porto Alegre e ensina crianças carentes o poder da palavra e do conhecimento. Aprendendo por osmose, já que ela é tão carente quanto eles.

 

Mas este Deus da Bíblia é só questão de poder e dinheiro. Não preciso colocar aqui o que foi as Cruzadas, a Inquisição e outras barbaridades e atrocidades cometidas em nome de Deus. E isto não é privilégio só da igreja católica, nas outras religiões também houve, e ainda existem guerras “santas” em nome de seus Deuses. Tudo é humano e terreno demais para ser divino. Estes Deuses, Santos e Divindades aos milhares, são uma forma de controle de seus líderes para com a massa necessitada de uma “muleta” ou um apoio para seguirem suas vidas. 

 

Jesus, no início não era considerado imortal. Foi à igreja, através do Concílio de Nicéia que determinou que ele seria imortal, divino,  onipotente e onipresente. O Imperador Constantino I, espero que só ele, vendo que Roma estava dividida resolveu transformar a Igreja Católica numa causa política e de poder unificador de Roma. Pegou os evangelhos que eram de seu interesse e transformou Jesus, de um simples homem do povo, em um ser divino e imortal. Os evangelhos que não serviam aos seus interesses foram considerados apócrifos e muita coisa foi destruída e seus seguidores mortos brutalmente. Assim, percebe-se, ao longo da história, que religião é só uma questão de poder e dinheiro. O “pecado” é a arma que eles usam para tornar a todos seus cordeiros.

 

Meu Deus é diferente desta doutrina e destes livros. Meu Deus não está pregado em nenhuma parede. Minha crença é numa força superior. Sim, porque a grande explosão que a tudo originou deve ter algum propósito e alguma centelha criadora. Porque a criação não surgiu do nada. Nesta força cósmica eu acredito. Em energias positivas e negativas eu acredito. Mas a dizer que o Homem de Nazaré seja Deus todo poderoso onipresente e onipotente é demais para minha cabeça.  Como eu disse, não duvido da existência deste grande homem e líder espiritual. Mas infelizmente ele foi usado demais pelos poderosos de plantão e, dois mil anos depois, seu nome e sua figura ainda são fortes o suficientes para serem usados como arma para matar, roubar, extorquir e tirar as esperanças de muitas fiéis e crentes. Inocentes, claro. Mas manipuláveis pelos poderosos que agem em seu nome.

 

PERGUNTA: Há muitos anos você trabalha com Videolocadora. Apesar dos perfis diferenciados de clientes, gostaria que você traçasse, em linhas gerais, o perfil do usuário "médio", construído a partir de características mais comuns dos diversos tipos de pessoa que você interage. Como você descreveria o índice de "ocorrência" do cliente que procura filmes clássicos ou mais "intelectualizados"? Como de fato são essas pessoas? Eles são "estudantes" ou "médicos", clientes que buscam um monte de filmes ou alugam pouco (isso pode ser indicativo de que aluga esses porque já viu muitos filmes e está já sem opções em relação aos que realmente os curte), são jovens ou adultos de meia idade, "idosos" saudosistas, etc.

 

Moviolavídeo: Minha locadora está situada num bairro basicamente operário da classe C e D. Portanto o perfil da minha clientela é basicamente de pessoas que assistem filmes mais como forma de passatempo com a família do que analisar ou entender o que assistem. Para você ter uma idéia do que eu digo, basta dizer que do meu acervo,  22% são filmes de ação e somente 6% são Dramas.

 

Minha clientela é  basicamente operária e estudante do ensino fundamental e médio, portando, jovens.  São raros os universitários. A terceira idade não é muito representada e alugam pouco. Mas o movimento da locadora é muito bom e sobrevivemos só com o faturamento que ela proporciona. Quanto aos números isto é segredo de estado hehehe.

 

Tenho procurado trazer para locadora alguns filmes mais “intelectualizados” ou clássicos, mas a resistência é grande e o prejuízo financeiro maior ainda. O que eu faço é comprar os filmes que eu gosto e colocá-los para alugar. Uma vez ou outra consigo fazer a cabeça de um cliente e o filme acaba sendo locado. Almodóvar é um exemplo disso. Como é um dos meus diretores preferidos eu sempre compro para poder assistir e depois vão para a prateleira acumular pó... Todos ainda estão negativos e não sei se um dia eles me darão algum lucro financeiro. Já foram locados, claro duas ou três vezes neste tempo todo.

 

Não menosprezando minha clientela (uma vez que é ela que me sustenta), mas  gostaria muito que o percentual acima citado fosse o contrário e que eu tivesse a oportunidade de ter estantes repletas de clássicos, filmes em preto e branco (que eu adoro), musicais da Metro e muitos dramas. Mas nunca se pode ter tudo na vida, e vamos levando assim mesmo.

 

PERGUNTA: Comente os "bastidores" de sua entrada na moderação. Uma vez que não se interessava pelo cargo anteriormente, o que o fez mudar de idéia? O que vem achando das novas atribuições?

 

Moviolavídeo: Realmente eu nunca tive a preocupação de ser moderador. Aliás, até a pouco tempo nem sabia quem eram os moderadores e qual a função deles no fórum. Só fui tomar consciência deles com o programa Pinga-Fogo.

 

Todo mundo sabe do sucesso da CMJ. O único tópico da Internet Brasileira que tinha mais de 1.700 páginas. Os caras que desenvolveram o novo fórum ficaram perplexos que um único tópico tivesse mais de 23.000 post!. Eles informaram que nos Estados Unidos o máximo seria 3.000 post hehehe. Imagine o susto que eles tiveram! Mas esta quantidade absurda de post estava causando problemas ao novo fórum, tornando-o lento... Muito lento. Então foi preciso acabar com a CMJ! Claro que isto era um desastre para todo mundo e, principalmente, para os usuários daquela espelunca (ops, força do hábito hehe) então o Pablo e o Bruno resolveram criar o Fórum da Mãe Joana. Uma forma de tornar a casa mais “leve” distribuindo os temas em vários tópicos e agregando outros.

 

Quando eu entrei no fórum recebi uma MP assinada pelo Pablo pedindo que eu entrasse imediatamente no MSN. Levei um susto claro. Pensei: Mexeram na CMJ ou ela foi extinta! Já fiquei na defensiva... Quando entrei no MSN estava o Pablo e o Bruno me aguardando. O Pablo começou a dizer que tinha duas notícias para mim: Uma Ruim e uma Boa. Pedi que começasse pela ruim (porque será que a gente sempre quer saber a notícia ruim primeiro?). Ele informou que a CMJ estava extinta. Minuto de silêncio.... E o Pablo escreveu: Kd você Moviola, será que ele morreu?  hehehehe e o Bruno também começou a brincar dizendo que eu estava passando mal hehee. Devo dizer que foi um susto enorme. Então perguntei: Qual a boa notícia? E eles responderam sobre o novo fórum e as alterações que foram executadas.

 

Aproveitaram também para convidar-me a ser moderador do Fórum da Mãe Joana como recompensa por tudo. Explicaram-me o que eu poderia fazer e quais as minhas atribuições e tudo mais. A princípio fiquei receoso já que eu sou zero à esquerda em informática e não sei como funciona muito bem a parte operacional da coisa e tudo mais. Não me sentia preparado para tamanha responsabilidade. Mas, como era só do sub-fórum mesmo e lá tudo e livre e uma zorra mesmo, resolvi aceitar. O trabalho seria o mínimo possível hehehe.

 

Mas não tem como ser “meio-moderador” ou “quase moderador”. Administrativamente falando não existe esta figura. Ou se é ou não moderador... Isto foi provado quando precisei colher material para fazer os “bastidores” da segunda temporada do Pinga-Fogo. Como ela não é visível para os demais usuários e só para a moderação, não tinha como me liberar o programa sem que eu fosse moderador por completo. Assim, o Bruno propôs que eu fosse  moderador de todo o fórum. Para defender os interesses do FMJ resolvi aceitar. 

 

Enfim, foram às circunstâncias que me levaram à moderação. Foi o sucesso da CMJ e do Pinga-Fogo, modéstia à parte, que me levaram a sala secreta. Não tinha como recusar. Até porque, o cargo foi uma espécie de recompensa pelo sucesso da CMJ e o Pinga-Fogo e sempre é bom ser lembrado e agraciado por aquilo que se faz. Pelo menos é o que eu acretido. Claro que o sucesso do tópico e do programa é pela competência dos seus freqüentadores e dos entrevistados. Mas como fui eu que os criei, acabei levando a fama hehehe.  Mas eu não sou moderador. Estou moderador. Procuro desempenhar minhas funções da melhor maneira possível e corresponder às expectativas do Bruno e do Pablo. Mas continuo a ser usuário comum e não pretendo mudar minha atitude em relação aos demais e ao fórum de uma forma geral. Disto eu não abro mão.

 

PERGUNTA: Você revelou que não aprecia muito meu (Scofield) gênero preferido: o terror, e que costuma rir durante a maior parte desses filmes. Aproveitando que existe uma contradição aparente entre humor e violência (e levando em conta que sua postura é a mais comum, especialmente entre os jovens de hoje), como você vê no "mundo real" a banalização da violência perante à sociedade? Porque o jovem se tornou "anestesiado" em relação a um tema que não possui nada de engraçado? No cinema, a violência física e psicológica se tornam banais quando ultrapassam que limites?

 

Moviolavídeo: Vejamos... Realmente são raríssimos os filmes ditos de “terror” que conseguem me fazer ficar com medo ou apreensão. Não sei se isto é uma anomalia minha, mas não consigo entrar no “clima” do filme de terror. Não o que eu estou vendo ultimamente. Por sinal, faz anos e anos que não vejo um filme realmente de terror. De lembrança me vem à trilogia “A Profecia”, o “Exorcista” (o primeiro, porque as continuações foram uma porcaria), “Drácula de Bram Stoker” acho que estes. Talvez tenha me esquecido um ou outro. Mas realmente são estes que tenho lembrança. Os outros filmes do gênero só me fazem rir pelo ridículo das cenas;  pelo amadorismo dos atores; pela precariedade dos cenários e figurinos. Enfim, mais parecem filmes amadores com muito catchup e caras e bocas. Como terror são ótimas comédias.

 

Claro que eu não estou colocando neste saco de gatos o filme de suspense psicológico que eu aprecio sobremaneira. Adoro a obra do mestre Hitchcock, Brian de Palma, David Lynch e tantos outros diretores e filmes nesta linha. Minha crítica é só sobre os filmes Terror na linha monstros, serial killers tipo Jason e Fred Kruger ou aqueles filmes de Mortos Vivos que infestam minha prateleira vez que outra..

 

A questão que você coloca sobre a banalização da violência realmente isto acontece. Mas não creio que o cinema de terror tenha culpa nisso. Ele só ridiculariza as situações e as torna mais cômicas (ou deveria dizer, aterroriza?) Só isso. Agora a banalização da violência tem mais a ver com a nossa sociedade mesmo e a forma como as pessoas estão encarando este problema. Atualmente a coisa está de tal forma tão enraizada na nossa cultura que já não ficamos mais chocados com a violência. Quando vemos uma criança pedindo esmolas nas sinaleiras da vida, isto não nos choca mais. Aliás, fingimos que nem é conosco o assunto e muitas vezes viramos a cara pro lado para não ver. Quando vemos famílias inteiras morando em baixo da ponte, logo dizemos que isto é culpa do governo, etc.. etc... Quando assistimos nos tele-jornais toda brutalidade do dia-a-dia, continuamos a comer, confortavelmente em nossa sala de jantar, como a visualizar uma situação que não nos diz respeito.

 

A violência é diária e isto nos anestesiou de tal forma que banalizou mesmo. Claro que o cinema aproveita a onde e também faz seu jogo, afinal, precisa de público pagante para produzir mais e mais. A arte seja ela cinema, literatura, artes plásticas, etc... Só reflete este comportamento. Evidente que existem casos em que ela acaba sendo agente transformador e transgressor e algumas pessoas, por diversas razões psicológicas ou culturais, não possuem o discernimento para saber o que é arte e o que é realidade.

 

Mas a culpa está em nós mesmo. Em não termos mais a capacidade da indignação. Em não questionarmos mais a nós mesmos. Em não termos mais o senso crítico e a capacidade de discernimento do que é ou não ético. Do que é socialmente válido ou não. Estamos individualistas demais. E todo ser individualista só olha pro seu umbigo e, conseqüentemente, não faz nada para mudar o que acontece a sua volta. Esta cultura de acreditar que o problema não é nosso, que o culpado é o governo ou o vizinho do lado é que nos levou a esta situação. Entre outros fatores evidentemente.

             

                               SOBREMESA

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Pergunta 1 - Como foi estar do outro lado? Ser entrevistado doeu? Você foi bem tratado?

Moviolavídeo: Muito legal. Gostei das perguntas e espero ter correspondido às expectativas dos meus cozinheiros e dos leitores. Isto se alguém se der ao trabalho de ler tudo que eu escrevi hehehe.

Pergunta 2 - O fato de ter 48 anos em um fórum cuja a maioria é de adolescentes espinhudos te incomoda? Porque?

Moviolavídeo: Não me incomoda em nada. Gosto da convivência dos jovens e sempre é tempo de aprender alguma coisa. Demais a mais, este negócio de idade é muito relativo. O que importa é o estado de espírito. Porque será que todo “velho” tem este discurso hehehee

 Pergunta 3 - Uma mania sua que tua mulher detesta.

Moviolavídeo: Eu tenho o péssimo hábito de ficar me mexendo na cama até encontrar aquela posição certa para dormir. Mas não estou falando de alguns breves minutinhos não. Até eu me irrito às vezes hehehe.

Pergunta 4 - Algo que nunca pensou em fazer e fez. Porque?

Moviolavídeo: Nunca pensei que me tornaria “jornalista” do fórum mais bacana, inteligente e diversificado da Internet Brasileira (final de ano, sabe como é... vai que o Pablo leia esta entrevista hehehehehe)

Pergunta 5 - Um momento constrangedor...

Moviolavídeo: Meu sobrinho apresentou-me, semana passada, a Namorada:

 - Tamires, este é meu tio Valdeci.

 - Eu, educadamente, estendi a mão e dois beijinhos e coisa e tal... Conversamos alguns minutinhos e eles foram embora.

 Sábado último ele voltou com a namorada...

 - Tânia, este é meu tio Valdeci

 - Olá, tudo bem? Mas já fomos apresentados!

 Ela mais rápida que um raio e com cara de poucos amigos lascou:

 - Então foi a outra!

 Engoli em seco!  Essa juventude... hehehehe

Para encerrar, um fato pitoresco... recebi uma mp do Sr. Darknesssss (o nosso emo de plantão) com uma última pergunta para o Moviola, vou reproduzir a mp, com a minha resposta e a do biscoito:

 

Moviolavídeo: Como sou heterossexual isto é impossível. Todavia, para satisfazê-lo, poderia ejacular na sua   hehehehe. <?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />


-- Previous Private Message --
Enviado por : Nacka
Enviados : 13/Out/2006 as 08:47

Quando pedi aos usuários que mandassem perguntas para você, esperava receber alguma idiotice... nada tinha chegado ainda, eis que nosso amigo Darknessss nos brinda com isto...responda se quiser...

 

Ahh... que tal perguntar para ele diretamente? E você, deixaria o seu fazer isso? 12


-- Previous Private Message --
Enviado por : Darknesssss
Enviados : 12/Out/2006 as 15:22

Não sei se ainda dá tempo:

"Movio, voce deixaria seu namorado ejacular em sua boca?"

06

 

 

 

 

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Que eu saiba canhotos tendem a ser mais criativos, por usarem o lado direito do cérebro (um exercício comum em aulas de desenho), e logo muitos se direcionam para trabalhar com arte. Isso não é uma regra, mas conheço vários canhotos (na minha facu mesmo) que tem uma facilidade incrível na hora de ter uma idéia pra desenhar.

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Achei ótimo o formato...Dá mais abertura ao entrevistado' date='deixa ele se aprofundar nas questões.Muito bom! 10[/quote']

 

E aqui pode-se dizer que o nosso convidado usou e abusou desse recurso... o que foi positivo para os entrevistadores... ainda temos algumas perguntas que o Garami enviou e eu não enviei a tempo do Moviola responder... mandei depois, assim que ele responder... vai entrar na entrevista como o cafezinho.... é isso aí, o Cozinha do Inferno está no ar, todas as outras entrevistas serão feitas por mp e teremos uma nova entrevista sempre aos domingos a cada 15 dias (para não cansar...) gostaria também de agradecer aos colaboradores desta entrevista, Enxak, Jailcante e Garami.

 

Quem quiser ir para chapa na próxima é só mandar mp para qualquer um dos "cozinheiros"... se não mandar, a gente manda...

 
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Que eu saiba canhotos tendem a ser mais criativos' date=' por usarem o lado direito do cérebro (um exercício comum em aulas de desenho), e logo muitos se direcionam para trabalhar com arte. Isso não é uma regra, mas conheço vários canhotos (na minha facu mesmo) que tem uma facilidade incrível na hora de ter uma idéia pra desenhar. [/quote']

 

Eu sou canhoto e sobre a criatividade eu não sei se posso responder... mas sobre desenho, hmmm, ou vc está muito enganado, ou eu sou uma exceção à regra, porque o que a minha mão desenha nem eu entendo o que é (no mau sentido do termo). 06

 

Gostei do formato da cozinha, ficou diferente do dinamismo do Pinga-Fogo e o usuário se sente mais à vontade... mas eu diria que não houveram muitas surpresas, excetuando-se o fato do casamento virgem e da poliomielite...

 

Que venham mais... e outra coisa, de onde vem o apelido biscoito?
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Meus parabéns ao Moviolavídeo pela prestatividade!10 Fiquei um tempão lendo a entrevista hoje de tarde também.06 Não tinha lido nem as respostas às minhas perguntas, por falta de tempo. Em breve seguiremos com esta excelente idéia do Nacka, só estamos esquentando a chapa. Cuidado, você pode ser o próximo.131906

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Gostei do formato da cozinha' date=' ficou diferente do dinamismo do Pinga-Fogo e o usuário se sente mais à vontade... mas eu diria que não houveram muitas surpresas, excetuando-se o fato do casamento virgem e da poliomielite...

 

Que venham mais... e outra coisa, de onde vem o apelido biscoito?
[/quote']

 

Para mim um homem de 48 anos admitindo que casou virgem e não só isso, contando em detalhes os motivos... pagou a entrevista. Curioso, ninguém comentou nada sobre a poliomielite....

 

O apelido biscoito chinês veio do Serge Hall...

 

Como eu havia avisado, ainda ficaram perguntas (as do Garami) que o Moviola gentilmente respondeu... então:

 

Cafezinho

 

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PERGUNTA: Quais são os pré-requisitos que um filme precisa ter para que ele possa te deixar ansioso por vê-lo

 

Moviolavídeo: Eu até que sou bastante eclético em tratando-se da sétima arte. Procuro, na medida do possível, assistir de tudo um pouco. Até por dever de ofício. Mas Um bom drama sobre relacionamentos humanos conflituosos ou existenciais são meus preferidos. Temas familiares e suas relações. Claro que um bom diretor, interpretação de bons atores e um bom roteiro ajudam bastante qualquer obra. Gosto muito de filmes de época e, quando o diretor de arte consegue captar, com fidelidade, o ambiente e a atmosfera da época, com certeza este filme vai me cativar.

 

Mas o mais importante, o filme tem que me fazer pensar. Prefiro sempre assistir aqueles filmes que sei vão me deixar com a pulga atrás da orelha e que vou ficar com ele martelando na minha cabeça por dias. Ou um filme que aflore a minha sensibilidade e faça cair uma lágrima tímida no rosto. Resumindo, eu diria que um filme precise ser inteligente, bem feito, que faça aquilo a que ele se propôs com competência e bom gosto. Nem que seja só para me fazer dar gargalhada espalhafatosa.

PERGUNTA: Você acha que o "conhecimento cinematográfico" tem limite? Se sim, o que pode levar ao desestímulo de continuar buscando por novos filmes e novos diretores?

 

Moviolavídeo: Aquele que acha que o conhecimento tem limite é melhor deitar no caixão, porque ele, com certeza, já morreu. Se a pessoa gosta de cinema ele jamais vai ficar desestimulado, porque o cinema é vida e ele acompanha o desenvolvimento do ser humano e sempre vai refletir este crescimento.

 

Infelizmente, a indústria cinematográfica está produzindo muito filme “pipoca” que só possuem a pretensão de “entreter” o público. Para isso, eles lançam mão só dos tais “efeitos especiais de última geração” e gastam milhões e milhões de dólares para tornar o filme o mais “visual e explosivo” possíveis. Perdeu-se um pouco a referência do filme autoral. Hoje ninguém mais leva em conta (ou nem sabe mesmo) o nome do diretor do filme. As “celebridades” surgem da noite para o dia. Fazem um sucesso estrondoso num curto período de tempo e depois ninguém mais sabe quem é. As grandes interpretações, um bom diálogo ou uma seqüência calma, com tempo para refletir não existem mais. Hoje não é mais possível uma câmera filmar um rosto de uma Liv Ullman por longos minutos,  por exemplo,  para que possamos sentir, a transformação de sua face. Não existe mais tempo para isso. A bomba vai explodir em seguida e é preciso sair em disparada. A fila precisa andar e a caixa registradora precisa dar lucro. Muito lucro.

 

Mas esta é a realidade de hoje e o cinema reflete este momento e, pelo visto, cumpre o seu papel já que muita gente ainda vai aos cinemas e aluga muitos DVDs ainda. Felizmente 

 

PERGUNTA: Vislumbrando a atual situação em que o cinema se encontra, onde, cada vez mais, proliferam-se "Uwe Bolls", você acredita em um futuro negro para a sétima arte?

 

Moviolavídeo: O cinema, assim como a arte em geral, sempre reflete o momento. Hoje ele tem as características que conhecemos e que citei acima. Mas isto é cíclico. Daqui um tempo será outra forma de se fazer filmes e ele vai ser realizado de outra maneira para atender ao seu público. O Cinema não vai morrer, ele vai se adaptar ás novas tecnologias. A minha tristeza é saber que o papel do ator está, cada vez mais, desvalorizado. A indústria da “celebridade” produz muito mais que a encomenda. 

 

PERGUNTA: E quanto à crítica especializada? Qual sua visão quanto ao trabalho desses profissionais?

 

Moviolavídeo: Eu costumava ler muito a crítica especializada.  Gostava de saber sobre a sétima arte e qual a “perspectiva” que o crítico tinha sobre determinado filme. Aliás, lia tudo que saia sobre cinema e, mesmo o filme que eu não assistia, eu lia a crítica só para ficar por dentro do assunto. Com o tempo, este hábito foi passando porque a crítica especializada parece que é “padronizada” e os textos se parecem muito uns com os outros.

 

Geralmente, eles contam todo o filme primeiro para depois fazerem suas análises. E isto me incomodava e me incomoda muito. Quando procurava uma crítica eu buscava, basicamente, saber o que uma determinada cena tinha significado para ele. O que ele tinha captado e qual a “mensagem” que ele percebeu sobre a obra. Era isto que eu buscava e não saber sobre o roteiro do filme. Eu buscava, basicamente, aspectos humanos dos personagens. Ou seja, uma análise mais intimista, mais pessoal e menos burocrática e técnica.

 

Hoje raramente eu leio uma crítica. Procuro fazê-lo sempre depois de ter assistido ao filme e nunca para me deixar influenciar. Só para ver qual a perspectiva que o crítico teve da obra. Fazer um parâmetro com a minha compreensão daquilo que eu assisti.

 

Hélio Nascimento, crítico do Jornal do Comércio de Porto Alegre, é o que mais se aproxima do crítico que eu gosto de ler. E, por incrível que pareça, gosto muito dos comentários da Marta Medeiros quando ela fala sobre o filme que assistiu. Simples, cativante e com um olhar humano sobre a obra. Isto me fascina. Talvez por isso que eu só consiga escrever sobre os filmes que me emocionaram.

 

Agora acabou mesmo... dia 29 de Outubro teremos mais um na chapa do Cozinha... não se acanhem... mandem suas mps prometemos fazer tudo com o fogo brando...

 

 

 

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Adorei a entrevista do Movio.

 

Li tudo (um pouco de cada vez 06) e me tornei ainda mais fã do nosso Biscoito Chinês.

 

O mundo seria um lugar melhor se tivéssemos mais Valdecis (é' date=' o Natal tá chegando e moramos perto né Movio 06)
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Obrigado Travis. As entrevistas são longas mesmo. Parece que falar de si por mp estimula os entrevistados mais do que por MSN. Íamos adotar a prática de fazer a entrevista pelos dois modos, mas problemas técnicos no PC dos Cozinheiros nos forçaram a adotar a forma da MP, que se não tem a espontaneidade do MSN acaba por revelar mais sobre o entrevistado do que jamais imaginaríamos.

 

Domingo dia 29/Out teremos a publicação da 2ª Entrevista com o usuário Alexei... saibam o que ele pensa sobre cinema, críticos de cinema (mas especificamente sobre PV), caso Dook, postar no Geral, moderação, vida a dois, música e... advogados.

 

Imperdível...
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Adorei a entrevista do Movio.

 

Li tudo (um pouco de cada vez 06) e me tornei ainda mais fã do nosso Biscoito Chinês.

 

O mundo seria um lugar melhor se tivéssemos mais Valdecis (é' date=' o Natal tá chegando e moramos perto né Movio 06)
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Thanks ! 08.

 

O problema de ter muitos Valdecis não seria nada bom para a prod_jontex_ultra.gif060606
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EquipeAvatar do Cozinha do Inferno

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Prato do Dia

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Alexei

 

 

 

 

Ajudante da Cozinha:

 

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Bom, começaremos a entrevista do Alexei com as indagações do Pato mais louco e inútil que este fórum já viu: Engraxador.

 

Começa com um afago do entrevistado ...

 

ALEXEI: Ok, Pato! Já que estamos na hora da verdade, aí vai uma a seu respeito: acho você espirituoso, espontâneo e bem-humorado, três qualidades que eu prezo demais. Mas a impressão que eu tenho é que muitos do fórum não vêem isso e acham que você simplesmente não deve ser levado a sério. Uma pena.

 

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PERGUNTA:  Como descobriu o Fórum?

 

ALEXEI: Entrando no sítio do CeC, que eu descobri pelo Google, eu acho. Foi algo bem fortuito.


PERGUNTA: Por que você costuma frequentar apenas a seção de cinema? Não tem interesse em por exemplo a FMJ?

 

ALEXEI: No começo eu até entrava na seção Geral, lia mais que escrevia (mas isso eu também faço nas seções de cinema), mas aí começou a faltar tempo. Provavelmente isso acabou me isolando dos demais membros do fórum. E aqui, Pato, o coleguismo faz uma diferença enorme.

 

Não coincidentemente, os pouquíssimos usuários que interagem comigo, às vezes comentando meus posts - discordando ou concordando, isso não importa muito pra mim - são aqueles que também vêm a esse lugar tendo como objetivo principal a troca de experiências sobre cinema mesmo. Gente como o Dook, o Nacka e o Thico (antigo vcnpm).

 

Atualmente eu visito o Filmes em geral, o Em cartaz nos cinemas e voltei ao Oscar: previsões. Aliás, nesse último tem o Gustavo, que tem um português de se tirar o chapéu, e o Fernando, que tem uma cultura cinematográfica vasta. Gosto de ler os posts de ambos.


PERGUNTA: Qual sua profissão?

ALEXEI: Sou advogado. Exerço o cargo de procurador de uma entidade pública federal.

Avatar Diga algumas coisas básicas sobre você, agora com os meus Pitacos...

PERGUNTA: Casado? Trabalha? Filhos? Qual a importância dessas três situações para você?

 

ALEXEI: Casado há quase cinco anos. Trabalho como procurador de uma entidade pública federal. Sem filhos, mas a programação é ter o primeiro deles no próximo ano. Estou louco por esse momento, mas a espera é milimetricamente planejada.

 

Meu casamento é o item, isoladamente falando, mais importante da minha vida. É o que me dá mais alegrias mas o que tem o potencial de trazer mais tristezas também, se eu ou ela descuidarmos um do outro.

 

Fui workaholic até meados deste ano, quando minha saúde apresentou a conta pelos excessos. Agora estou maneirando mais, recusando convites para consultorias e aulas. Mudei muito o foco da minha vida.

 

(Pitaco do Nacka: Outro advogado? Nossa... o fórum está cheio deles, isso me lembra uma fala de Filadélfia filmaço do Johnatan Demme, que eu não vou repetir para não ser linchado pela classe... falando em saúde o que houve com seu nariz? Fez plástica? E sobre ter sido workaholic você sempre soube que era um ou alguém te lembrou disto? No quê o fato de trabalhar menos mudou sua vida?)

 

ALEXEI: Não, eu não fiz plástica, meu nariz é bonito de nascença, haha! Falando sério, ao meu nariz se aplica o ditado "por fora bela viola, por dentro pão bolorento". Meu septo nasal malformado deixava uma das narinas muito obstruída, e uma das minhas fossas nasais era completamente fechada. Dá pra acreditar? Além disso, em ambas as fossas eu tinha pólipos, degenerações da mucosa nasal que foram todas extraídas. O cirurgião não modificou em nada a parte externa do nariz, portanto. Mas o pós-operatório é muito chato e me deixou três semanas sem poder nadar, o que é uma tortura pra mim.

 

Eu sempre soube que era workaholic, mas também sempre achei que diminuiria o ritmo em um momento mais adequado, quando quisesse - um pensamento típico dos viciados. No final do ano passado eu tive o que alguns médicos chamam de burnout (creio que o termo é esse, não tenho certeza), que é uma espécie de pane da saúde mental e emocional, causada por trabalho em excesso ou com alto grau de pressão. No meu caso, foram ambas as coisas. Ou eu repensava minha relação com o trabalho ou iria parar numa cama de hospital. Optei pela primeira alternativa, com bons resultados. Até a depressão de fim de semana, coisa que eu achava que só no Japão ocorria mas que me afligia também, acabou. Mesmo o gosto pelos restaurantes, que eu tinha perdido, voltou.

 

Eu lembro da piada sobre advogados em Filadélfia e constantemente ouço outras sobre o mesmo tema. Adoro piadas de advogados e tento cultivar o hábito saudável de rir de mim mesmo. Agora, discordando de você, creio que Filadélfia não é nem de longe representativo do melhor cinema do Jonathan Demme... Sua versão de Sob o Domínio do Mal, por exemplo, é excelente, com uma grande atuação do Liev Schreiber e da Meryl Streep - o que é uma redundância, em se tratando dela. Nossa, não consigo ficar sem falar sobre cinema, não?

 

PERGUNTA: Você me disse que o fórum hoje é quase como uma terapia para você... explique melhor isso.

 

ALEXEI: Meu trabalho é uma fonte permanente de tensão emocional e mental, porque a pressão e os valores envolvidos são muito altos. Por isso é que o fórum se torna terapêutico, uma oportunidade de ler e escrever com mais leveza sobre algo que gosto muito, o cinema. Aliado a isso, não sou nativo de Brasília. Quase todos os meus amigos e todos os meus parentes, sem exceção, não moram aqui. Junte este fato à sobrecarga de serviço e perceberá que o simples ato de ler e testemunhar experiências alheias já se torna reconfortante, em vários aspectos.

 

(Pitaco do Nacka: Você não é de Brasília? É de onde? Mais uma coisa que temos em comum... realmente este fórum tem 1001 utilidades, uma coisa curiosa sobre você, não usa emoticons em suas mensagens, você já me explicou porquê, fale para o resto do povo... muletas da linguagem? Nunca pensou que sua atitude possa fazer os outros usuários te acharem sisudo demais? (eu tinha que encaixar essa palavra em algum lugar) Você é reservado (diz isso mais adiante) no que isso te ajudou? Ou você paga um preço alto por isso? )

 

ALEXEI: Sou natural de Olinda, Pernambuco, a terra do frevo. Morei em Recife, que é a cidade vizinha - maior porém mais insossa - por um bom tempo até vir a Bsb.

 

Eu realmente não uso emoticons porque acho que consigo me expressar sem eles. O português é uma das línguas mais bonitas do mundo, muito mais rico que o inglês, por exemplo. Por que não usá-lo?

 

Com isto não estou dizendo que não cometo erros de português. Pelo contrário, erro o tempo todo e tenho o péssimo hábito de não revisar meus posts antes de enviá-los. Depois os releio e dá aquela revolta pelos erros crassos que deixei passar... Só não fico tão paranóico porque aqui no fórum escrevo com muito mais leveza do que na minha profissão. Ademais, se no trabalho eu reviso meus próprios textos umas 5 vezes, no mínimo, não preciso repetir a mesma tortura aqui.

 

Ainda acerca dos emoticons, particularmente não creio ser muito prejudicial usar um deles uma ou outra ocasião. Mas me dá tristreza ver usuários com bom domínio da linguagem, como o The Deadman ou o Mr. Scofield, destruindo seus textos com aquelas carinhas idiotas (a do sorriso de orelha a orelha, então, é infame!). Eu conseguiria perceber as intenções destes dois perfeitamente, apenas pelas palavras e expressões utilizadas, sem uma bolinha piscando o olho ou balançando a cabeça descontroladamente.

 

Sobre minha imagem no fórum, até conversei com o Graxa sobre isso. Às vezes meus posts são longos e isso pode afastar o leitor mais do que a ausência de emoticons. Não me considero sisudo. Sou até muito afável, agradeço comentários em público e elogio posts de usuários com os quais não havia trocado palavra alguma antes (aconteceu com a Ocean e com o Gago recentemente, porque ambos foram realmente brilhantes em seus respectivos comentários).

 

De outro lado, confesso que o sistema de troca de massagens de ego que grassa aqui no fórum, lubrificado pelo coleguismo, me chateia um pouco. Já testemunhei usuários repetirem os mesmos raciocínios que eu havia formulado apenas algumas páginas atrás, e serem congratulados por isso. Mesmo que não tenha sido intencional, eu tenho o cuidado de ler o tópico todo, pra não cometer esse tipo de furto intelectual. Também já desisti de continuar comentando alguns posts de determinados usuários porque nunca tive retorno. Não tenho vocação para dar murro em ponta de faca.

 

Sinto que esse último parágrafo pode provocar algum burburinho, mas eu jamais deixaria de falar alguma coisa que me incomoda apenas para parecer gentil.

 

PERGUNTA: Prestes a fazer trinta e um anos... qual o sentimento?

 

ALEXEI: Não tenho o menor problema com idade. Pelo contrário, minha tendência é ser mais feliz a cada ano que passa. A juventude tem muitas vantagens, mas toda aquela ansiedade, insegurança e incerteza quanto ao futuro quase acabaram comigo no passado.

 

Hoje eu posso dizer que alcancei quase tudo que estabeleci como metas há 10, 12 anos atrás. E sou bem mais feliz.

 

(Pitaco do Nacka: Você não tem problema com a idade? Eu tenho. Fiz aniversário mês passado, tem dias que me sinto um matusalén... você era inseguro antes, ou fala isso de maneira geral? Metas? Você se considera prudente? Planeja tudo ou só algumas coisas? É metódico?)

 

ALEXEI: Ei, parabéns! Como você pode ter problemas com a idade se consegue trocar idéias, entender e ser compreendido por pessoas significativamente mais jovens? Está vendo? Você não tem problemas com a idade. Tem problemas com o envelhecimento em si, mas se esquece que com ele vem a maturidade e - o melhor - a serenidade.

 

Isso é tão natural pra mim que, quando chegar a hora de morrer, provavelmente terei a sensação de missão cumprida e morrerei tranqüilamente.

 

Eu era muito inseguro. Pense nas inseguranças normais da juventude. Agora as duplique. Duplique de novo. E aumente de mais metade agora, hahahaha!

 

Metas? Eu vivo de metas. Tudo na minha vida é muito planejado, com aquela margenzinha para a emoção. Meus riscos são todos calculados. Quem lê isso pode achar que minha vida é um tédio, mas não é, pois emoção não pode ser confundida com irresponsabilidade. Um exemplo matemático para deixar tudo claro: se eu preciso de dez centavos para viver e tenho vinte no bolso, reservo quinze, e não apenas dez, para o próximo mês e gasto os outros cinco sem qualquer parcimônia. Mas eu só faço isso sabendo que terei mais vinte no bolso nos próximos trinta dias...

 

PERGUNTA: Arrependimento: Vários ou Nenhum?

 

ALEXEI: O único, provavelmente, é não ter me dado a importância suficiente para pedir ajuda às pessoas mais próximas, nas horas certas. Acabei resolvendo tudo sozinho, porém com muito mais sofrimento do que o necessário. De quebra, isso me deu uma característica de autosuficiência que geralmente não é vista com bons olhos. Fico parecendo frio e distante, quando sou apenas reservado e não gosto de incomodar os outros. 

 

Sou um cara de poucos amigos, porém muito sinceros. Daria um braço por eles e vice-versa.

 

(Pitaco do Nacka: Huum... poucos e bons amigos? Isso às vezes é perfeito, nada como saber que eles estarão por perto quando precisarmos... quando foi que você precisou deles?)

 

ALEXEI: Por exemplo, quando aquele que se revelaria no futuro um grande amigo me hospedou em Bsb quando vim às pressas para resolver questões burocráticas referentes ao meu trabalho. Ele mal me conhecia (era colega de trabalho da minha mãe, apenas), estaria viajando quando cheguei em Brasília e, ainda assim, abriu as portas de sua casa pra mim, enquanto eu não arranjasse um apartamento pra ficar.

 

Eu tenho a dádiva de fazer bons amigos. Sou um felizardo por isso.

 

PERGUNTA: No casamento, a passagem dos anos acrescenta mais que conhecimento sobre o outro, a monotonia da convivência assume feições monstruosas. Como vê isso? O que fazer para driblar o tédio?

 

ALEXEI: Isso existe sim, mas há certos truques para que esses problemas sejam driblados. Eu cultivo a paixão com presentes sem datas específicas, cozinhando para ela às vezes, essas coisas. É um trabalho constante, que exige paciência, mas compensa muito.

 

Tem um artifício que eu uso e acho muito bacana. Às vezes, quando a coisa está braba demais, com a gente se alfinetando por qualquer bobagem, eu esvazio minha mente (algo que também faço todas as vezes que vou ver um filme) e olho pra ela como se não fosse minha mulher, a pessoa que conheço e convivo há mais de sete anos. Fico pensando que valeria a pena conversar com aquela desconhecida, quem sabe convidá-la pra jantar, se eu tiver sorte e ela se interessar por mim. Isso é um barato, as rusgas desaparecem como fumaça e eu vejo - de novo - grandes qualidades nela que estava perigando negligenciar. Como a beleza, por exemplo. E põe beleza nisso, ela já foi modelo!

 

(Pitaco do Nacka: Ah... a vida a dois, nada é mais gostoso... nada é mais assustador. Sua esposa já foi modelo... isso foi um fator determinante em que sentido? Ou não foi? Isso de redescobrir a pessoa amada é realmente um ótimo remédio... você cozinha para ela? Bonitinho... e eficiente, as mulheres adoram isso).

 

ALEXEI: Não foi determinante em nada, eu apenas me utilizei dessa informação par atentar transmitir sua beleza ao leitor. Quando eu a vi pela primeira vez, pensei "quero me casar com essa mulher". Não foi outro pensamento não, foi exatamente isso. Tinha vinte e quatro anos à época e simplesmente achei que aquela era a hora e aquela era a pessoa adequada.

 

Começamos a namorar quinze dias depois de nos conhecermos. Nos casamos três anos depois e o primeiro filho virá em 2008.

 

Sobre o hábito de cozinhar, é algo que eu gosto de fazer, mas infelizmente só consigo exercitá-lo nos momentos mais indesejáveis. É quando chegamos exaustos do trabalho e um olha pro outro, com aquela cara de "quem vai preparar o jantar hoje"? geralmente eu perco, hahahaha! Esse mundo já é das mulheres, apenas se esqueceram de avisá-las.

 

PERGUNTA: O melhor momento foi... Porquê?

 

Meu casamento. Se você um dia tiver a chance de perguntar à minha companheira, ela vai responder a mesma coisa.

 

Ter conhecido minha mulher e me casado com ela foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. É gozado: em algumas coisas somos radicalmente diferentes, em outras agimos e pensamos como uma pessoa só.

 

(Pitaco do Nacka: Ela vai mesmo responder igual? Sra. Alexei com a palavra... )

 

ALEXEI: Ela já respondeu a mesma coisa. Aliás, vive me dizendo isso e quando o faz, fica com os olhos marejados. Não é uma graça?

 

PERGUNTA: Qual o disco que não sai da sua vitrola? E o que não toca nela de jeito nenhum?   

 

ALEXEI: Exciter, do Depeche Mode; Fuzzy, do Grant Lee Buffalo; Blue Bell Knoll, do Cocteau Twins e Vespertine, da Björk, visitam meu CD Player regularmente. Mas, no momento, estou maluco pelo Adriana Partimpim, da própria (que é um heterônimo da Adriana Calcanhotto). É tão bonito que acabei comprando o DVD, que consegue ser mais bonito ainda. Calcanhotto é representativa do que há de melhor na música brasileira atualmente. Viu de onde vem minha assinatura aqui no fórum?

 

Evanescence, CPM 22, Pitty, Linkin Park, nada disso pode ser ouvido em minha casa ou no meu carro, sob pena de o culpado pelo ato pagar muito caro! Se receber álbuns dessas coisas como presente, os transformo em frisbee na mesma hora.

 

PERGUNTA: Sonho de consumo, qual? 

 

ALEXEI: Uma casa grande, com dois cômodos que não podem faltar: uma biblioteca com estantes repletas de livros e uma sala com isolamento acústico, pra assistir filmes como Miami Vice e Os Incríveis

 

PERGUNTA: Tem o costume de comprar cds ou prefere baixar da net? Ou nunca baixaria, porquê?

 

ALEXEI: Não baixo CDs completos, apenas músicas isoladas, pra compor coletâneas ao meu gosto. Isso não deixa de ser pirataria, pois um crime menor não deixa de ser um crime. Shame on me!

 

PERGUNTA: Você é natural de Olinda, cidade que eu conheço um pouco (morei em Recife, por um tempo) e que é bem diferente de Brasília, o que te chocou aqui? Quem nasceu no nordeste ou norte do país, lugares onde o povo é caloroso quando muda para cá, tem a impressão de que mudou de planeta... aconteceu com você ou estás plenamente adaptado?

 

ALEXEI: Olinda é uma das cidades mais charmosas que conheço, mas a verdade é que eu adoro Brasília, Nacka. Gosto muito da organização, da limpeza, da tranqüilidade e da funcionalidade do lugar. Tem uma outra vantagem, as atividades culturais. Parece que o fato de não ter praias abre os horizontes do público, que acaba aumentando a demanda por cultura. Melhor pra gente.

 

O calor humano do Nordeste não é mito, é uma realidade. Realmente em Bsb as pessoas são mais distantes e eu não sei o porquê. Porque tem a maior renda per capita do Brasil, porque muitos são de outros Estados e têm culturas diferentes ou pelo fato de ser o centro do poder político do país, com todas as disputas e mazelas que isso traz? Um mix disso tudo, possivelmente. Não que essa característica da cidade me incomode muito. É chato às vezes, mas superável.

 

 

Por enquanto é só... daqui um pouco tem mais...
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Continuando...

 

Agora com as perguntas (quilométricas) de outro cozinheiro, Forasteiro, Alexei no grill ao som de Have a Nice Day a novíssima do Bon Jovi:

 

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PERGUNTA: Você diz não gostar de cinema descerebrado. Quais filmes se encaixariam neste “gênero”? Quais os motivos que o fizeram definir tais filmes desta forma? É impossível, pra você, existir compenetração, diversão ou, meramente, entretenimento escapista caso o filme em questão não esteja de acordo com suas exigências para, digamos assim, cinema “inteligente”? Há algum filme “burro”, alguma bomba da qual você goste sem motivo aparente? Por quê?<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

 

ALEXEI: Na verdade eu gosto de filmes descerebrados sim, contanto que sejam feitos com qualidade. Sempre há algum momento apropriado para algum tipo de filme. Mais importante que ele ser cerebral ou desinteressado em exercitar o cocoruto dos espectadores é saber se ele alcançou aquilo a que se propôs.

 

Essa pergunta é tão boa quanto complicada, porque há que se estabelecer um consenso quanto à definição de filme descerebrado... Vamos tomar Constantine como exemplo. O filme não me provoca nenhuma grande reflexão - seria descerebrado, portanto -, mas me diverte muito. É filmado com elegância, a estória entretém e ele tem uma coisa que me agrada: um certo grau de desrespeito respeitoso, por assim dizer, pelo material original. Toma liberdades que podem ser tomadas em prol da tradução para o cinema. Revi o filme recentemente na TV por assinatura e a experiência foi tão bacana quanto no cinema (e olhe que eu sou meio ranzinza nesse ponto, acho que lugar de filme é no cinema mesmo, ao menos na primeira assistida). Sem mencionar que Constantine tem, como a azeitona do Martini, a inigualável Tilda Swinton numa interpretação que, provavelmente, só com o tempo receberá a devida justiça...

 

Continuando nas perguntas, vamos a outro exemplo, desta vez em uma situação diferente: Amor em Jogo, dos irmãos Farrelli. Eu adoro esse filme, por sua leveza, pelo roteiro esperto e pelas interpretações bacanas. Além de ser um filme que diverte e emociona, ele também provoca reflexão: até que ponto, numa relação afetiva, nós podemos fazer concessões em prol da convivência sem que ocorra a descaracterização dos elementos que nos definem? Essa é uma indagação brilhante e os Farrelli a desenvolvem muito bem no filme, sem prejuízo da diversão. Amor em Jogo foi, para mim, um dos cinco melhores filmes que passaram nos cinemas no ano passado, tanto que o indiquei para o Prêmio CeC (acho que fui o único do conselho a fazê-lo, hehe). Não seria descerebrado, mas diverte ainda assim.

 

Há exemplos de má qualidade, tanto em filmes pretensiosos quanto despretensiosos. Capote se encaixa, pra mim, no primeiro caso. Um filme que pretende ser artístico mas que é esteticamente pobre, com um roteiro chinfrim e uma montagem terrível, uma das mais formulaicas que já vi. Pretende ser uma cinebiografia sobre o grande Truman Capote mas nele não se vê um momento sequer do suposto brilhantismo do sujeito. Quem nunca leu nada dele fica se perguntando "sim, mas além de viperino, extravagante e efeminado, ele era o que mesmo?" Como filme, Capote é um grande carro alegórico feito para levar como destaque o Philip Seymour Hoffman, e apenas ele. Que Hoffman está muito bem, é inegável. Mas é de se questionar a construção de um filme apenas para seu ator principal brilhar.

 

Há, por fim, os exemplos extremos. Spider, do Cronemberg, não é uma experiência muito agradável mas é uma maravilha de filme. Ralph Fiennes, Miranda Richardson (grande atriz, aqui vista em várias facetas), Cronemberg, todos impecáveis. O roteiro trata a esquizofrenia com uma profundidade que faz Uma Mente Brilhante parecer uma piada de mau gosto. Spider não é exatamente divertido, mas é uma aula de cinema.

 

Do outro lado da parede, experiências tenebrosas que tive com filmes descerebrados e de mau gosto (Ela é o Cara, Se Eu Fosse Você) e filmes pretensamente densos, porém vazios e igualmente de mau gosto (Crash, O Jardineiro Fiel, Coração Valente, Tudo em Família). 

 

 

PERGUNTA: “Evolução” é uma palavra, no mínimo, ambígua. Tudo percorre um caminho traçado pelo tempo, mas nem sempre ele é ascendente para que possa configurar um progresso de fato. Você vê o futuro do cinema com bons olhos? Acha que a nova geração, composta, entre outros, por Lars Von Trier, PTA, Tarantino e Shyamalan, serão capazes de suportar todo o peso que caras como Copolla, Welles, Leone, Hitchcock, Spielberg e Scorsese derrubaram sobre o cinema? Ou talvez as comparações sejam injustas, já que grande parte da nova geração cresceu idolatrando os nomes do primeiro século do cinema? Eleja cinco nomes da atualidade que ficarão gravados na história e outros cinco que serão atropelados por ela.

 

ALEXEI: Vejo o futuro do cinema com bons olhos sim, apesar de eu achar que comparações como essa, entre gerações, realmente tendem a ser injustas porque as linguagens dos diretores são muito diferentes, de acordo com as necessidades. Um filme nunca deve ser visto de forma isolada, ele tem que ser contextualizado no tempo. Marcas do Destino, por exemplo, do Peter Bogdanovich, foi um filme bonito em sua época, que não envelheceu muito bem e que, talvez, não resistisse a uma análise mais acurada hoje. O mesmo vale para A Cor Púrpura, do Spielberg. À época um filme como esse, que trata de questões raciais e da violência contra a mulher ao mesmo tempo, com sensibilidade e poesia, era mais que necessário. Caso fosse feito hoje, o próprio diretor mudaria muitas coisas, provavelmente. Muito daquela manipulação emocional e da pieguice deveriam ser cortados sem remorso.

 

Cinco nomes atuais que ficarão gravados na história: Michael Haneke, Jim Sheridan, Mike Leigh, Neil Jordan, Pedro Almodóvar (meu preferido).

 

Cinco nomes que, espero, serão atropelados pelo trem do bom gosto cinematográfico, num futuro próximo: Roberto Benigni, Paul Haggis, Roland Emmerich, Mel Gibson e Ron Howard. No caso do Gibson e do Howard, acho que o trem deveria engatar a ré (se isso for possível, não entendo dessas coisas) e atropelá-los de novo, por segurança. Nunca se sabe...

 

PERGUNTA: O cinema precisa mesmo do dinheiro? Você acha que arte se fortalece apenas de imaginação e criatividade, ou o lucro é necessário para que ela se desenvolva e se difunda? Neste caso, com o lucro tomando para si a primordialidade da arte, o preço pago não seria alto demais? Veja as seqüências de Matrix, por exemplo. Até que ponto a arte continua arte quando é esmagada pelos braços do comércio?

 

ALEXEI: O lucro não é estritamente necessário para o cinema mas não é incompatível. Brokeback Mountain, por exemplo, do Ang Lee, foi um sucesso estrondoso e inesperado de bilheteria. Lee, que é um diretor que aprecio muito por filmes ótimos como Banquete de Casamento, Comer, Beber, Viver e Tempestade de Gelo, fez o filme sem grandes expectativas de retorno econômico, principalmente após o fracasso de público e de crítica que havia sido Hulk (que eu gosto, a propósito). O Lee tem muita sensibilidade e provavelmente expurgou alguns demônios internos ao se empenhar tanto por Brokeback, especialmente em razão do tema. O resultado foi um filme um tanto convencional em sua estrutura mas muito bonito, com um elenco surpreendentemente bom - e um sucesso de público.

 

Quanto à motivação para a feitura de um filme, aí eu sou mais ortodoxo. Como a música, a pintura e outras artes, o cinema é uma forma de comunicação entre o artista e o resto do mundo. Ao fazer um filme seu o  diretor transmite alguma coisa, por menor que seja, expõe um pouco das suas concepções sobre a vida para terceiros. Se não houver um mínimo dessa tentativa de ligação entre diferentes pressupostos, não é arte. É qualquer outra coisa - autopromoção, reforço de ego ou simplesmente um negócio, mas não é o cinema verdadeiro. Aí o preço que você se refere em uma das perguntas se torna insuportável.

 

Não há problema se o retorno financeiro for o principal objetivo, mas ele não deve ser o único. E o diretor deve ser habilidoso para evitar que o lucro se sobreponha aos outros objetivos não só por trás da câmera, mas também na frente dela. Infelizmente isso não acontece em várias oportunidades.

 

 

pimenta.jpgPERGUNTA: O Sync, usuário do fórum, disse uma vez que o Pablo era, “de longe”, o melhor crítico de cinema do Brasil. Você costuma ler críticas? Se sim, qual a sua opinião sobre o profissional Villaça? Ele é mesmo o melhor crítico do Brasil, ou não? Qual seria? Aponte qualidades e defeitos no chefão do fórum, e diga o que você faria em prol do cinema no país caso portasse o poder midiático do site Cinema em Cena.

 

ALEXEI: Não tenho o hábito de ler críticas. Já afirmei algumas vezes aqui no fórum que o único crítico de cinema da atualidade cujos textos eu leio sempre que posso é o Ed Gonzalez.

 

Sobre o Pablo, eu já li algumas coisas dele. Como todo crítico, houve momentos em que concordei com ele, e outros em que isso não aconteceu. Se ele é o melhor crítico de cinema do Brasil, realmente não sei dizer. Conheço pouco dele e dos demais.

 

Apontar as qualidades e defeitos dele é complicado... Uma das coisas que observei é que ele tem um ótimo olho para detalhes, para coisas que poderiam passar desapercebidas. Isso, que é uma grande qualidade, por vezes vira um problema quando ele maximiza a importância desses detalhes no filme que está comentando, acabando por perder a visão do todo. Já vi isso acontecer em algumas críticas dele.

 

Sou contra críticas que dão notas para filmes. Acho isso reducionista e, ainda que de maneira involuntária, inibidor da avaliação feita pelo próprio leitor. Lembro que, ao comentar uma crítica que você mesmo fez para o Cineclube em Cena - o melhor tópico do fórum atualmente, diga-se de passagem -, Forasteiro, eu escrevi que o papel da crítica seria fornecer ao leitor um background que este possivelmente não tem, e não falo isso tendo em mente apenas os aspectos técnicos de um filme. Me refiro à sensibilidade artística mesmo, que é uma habilidade que se desenvolve com o tempo, assistindo filmes bons e ruins também.

 

O crítico de cinema tem que ter uma boa bagagem cultural em vários campos, se utilizar de referências que estabeleçam uma conexão com o leitor e, principalmente, nunca o subestimá-lo. Diga o que não gostou do filme, porque os atores estão ruins, porque o roteiro é abobado ou simplório, porque a fotografia é sem imaginação, se tal tema foi tratado mais adequadamente antes ou não, sempre tendo em mente que suas impressões não são necessariamente melhores pelo fato de você ter mais conhecimento do making-off de um filme. Estimule o leitor a conferir o filme e deixe que ele faça seus próprios julgamentos. É assim que eu faria.

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