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Forum Cinema em Cena

Cozinha do Inferno


Nacka
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Entrevista pronta, sendo formatada. Amanhã, Bernardo "dourando" no azeite do Cozinha... 06

 

Gostaria de agradecer aos ajudantes de Cozinha que deram um toque especial à entrevista e preparem as facas e garfos, semana que vem começa a fritura do Marko Ramius... temos de correr porque o mês já está acabando... 06

 

 

 
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Vamos começar a segunda entrevista do Cozinha nesta mini e ultima temporada do ano. 

 

A Equipe do Cozinha:

 

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Scofield   Calvin   Veras    Nacka

 

Os Ajudantes:

 

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Chica

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Kika

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Alexei

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Enxak

 

 

O nosso entrevistado de hoje é o Bernardo, figurinha fácil nos tópicos sobre cinema, 30 anos, morador de João Pessoa na Paraíba e vencedor da última edição do game O Cinéfilo.

 

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Nacka -  Na sua opinião, o que é gostar de cinema? Tem uma fórmula? Quais sacríficios já fez para ver seu filme favorito?<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

 

BERNARDO - Gostar do cinema, em minhas palavras, é sentir aquela necessidade de dissecar cada instante de determinada obra. Ficar em êxtase quando vê uma obra-prima e sentir-se triste ou com raiva quando vê um lixo cinematográfico. Acho que é se aprofundar completamente nessa arte, mergulhar de cabeça nessa paixão. Não existe uma fórmula, claro. Cada um possui seu método de análise. Porque se não fosse, pegando de várias pessoas, não haveria tanta divergência de opiniões por aí - e obviamente esse fórum não seria interessante.

 

Já fiz muitas coisas por um filme. Esse ano mesmo eu devo estar devendo muito para o cinema ao qual freqüento pois inúmeras vezes entrei de fininho para ver determinado filme. Às vezes, porque não gostava de um filme (como eu pude ter pago para ver uma porcaria como O Ex-Namorado da Minha Mulher?!), mas geralmente era pelo fato do ingresso custar os olhos da cara. Sei que nem se compara ao preço das metrópoles (por aqui é R$13,00), mas acho um absurdo pagar isso tudo quando o ar-condicionado está desligado e a sala está cheia de mosquitos (como presenciei ontem, na sessão de O Passado). Também já fiz várias outras coisas, só não me vêm a cabeça agora.

 

NACKA - Aqui no fórum tenho visto alguns usuários utilizarem os mais variados tópicos como plataformas para asnices e por vezes querem impor um ritmo que não condiz com a proposta do fórum, que é principalmente falar de cinema em suas mais variadas formas, na sua opinião, o que poderia ser feito para acabar com isso?

 

BERNARDO - Deletar pura e simplesmente esses tópicos, seria sem dúvida a opção mais eficaz. Já vi que a moderação tentou de tudo, o melhor mesmo é deletá-los. Muitos deles já estão perdidos há tempos e realmente não há salvação. Fico pasmo quando eu vi, por exemplo, no tópico das previsões do Oscar, o pessoal utilizar o espaço como sua agendinha "amanhã verei tal filme", “depois de amanhã tal", entre outros acontecimentos, quando o Big One criou um tópico para este festival e todos ignoram. De lá pra cá, vê-se que nada mudou. Pelo contrário até.

 

Infelizmente, vejo uma atitude muito passiva da moderação, quando há bastante tempo, recebi como réplica para minha advertência pelo Big One, que "a moderação não está tolerando mais desrespeito às regras do fórum" e que "todos que o fizessem, receberiam advertências".

 

NACKA - Como você escolhe os filmes que vê? Lê críticas? Na sua opinião, o hype em torno de determinado filme, diretor/ator atrapalha o produto final e a forma como o vemos?

 

BERNARDO - Não dou muita bola para críticas, geralmente só passo no rotten tomatoes para ver o tomatoemeter, mas não fico caçando uma crítica que me agrada. E ao contrário de muitos, na maioria das vezes eu só vejo o trailer na sala de projeção, acho que influencia mais. Se o trailer for bom, é possível que eu fique bem ansioso, quando antes não dava a mínima (como é o caso de A Bússola de Ouro) e quando não é, passo bem longe (Podecrer!). Sobre hype, acho besteira. Somente quando eu escuto comentários de alguém que eu confio plenamente é que eu espero algo mais. Ou então, quando gosto bastante do (a) diretor (a) que realizará o filme. Recentemente, minhas expectativas estão altíssimas para A Lenda de Beowulf, pois simplesmente adoro o Zemeckis e todos os seus filmes.

 

NACKA - Você já foi suspenso algumas vezes e usou (ou usa?) uma assinatura em que dizia que não dava à mínima se fosse banido. Normalmente a moderação considera uma série de fatores para banir um usuário (basicamente consulta as regras) e particularmente no seu comportamento eu notei uma certa rebeldia com os mais variados temas ou usuários que não vejo mais, o que mudou? Mudou o Bernardo ou mudou a forma do Bernardo ver o fórum e a moderação?

 

BERNARDO - Eu usava essa assinatura pois naquela época desaprovava vários atos da moderação, que punia uns e passava a mão na cabeça em outros. Sem contar que os próprios moderadores faziam isso, só ver o ataque a mim e ao Rike que o Beckin Lohan proferiu no tópico do filme "O Despertar de Uma Paixão".

 

Mas respondendo à pergunta, mudou o Bernardo. No período da minha segunda advertência, eu fiquei relendo várias coisas que tinha postado e pensei "esse sou eu mesmo? Fui eu que disse que repudiava sarcasmo e que me ofendi com qualquer coisinha que diziam para mim?". Eu fiquei com a cara no chão depois disso e resolvi voltar ao fórum deixando de lado aquela seriedade com a qual tinha antigamente por aqui. Ah, e é claro, utilizando a mesma postura de vários, respondendo asneiras de certos usuários de maneira rude e respeitando outros que dizem algo inteligente. E talvez o motivo de eu estar aparentando ser mais rude é porque dificilmente escuto um comentário inteligente por aqui. Certos usuários em particular, me dão calafrios quando leio seus posts.

 

NACKA - Apesar do cinema brasileiro ter dado mostras de fôlego, podemos notar que não há uma sequência de filmes ditos bons, normalmente há um hiato entre um Cidade de Deus ou um Central do Brasil, você acredita que isso possa mudar? E porquê?

 

BERNARDO - Já disse por aqui que não gosto de Cidade de Deus e que não vi Central do Brasil, mas vejo sim alguns filmes muito bons lançados nesse ano mesmo, sendo o melhor o Tropa de Elite, do José Padilha. Existem outros também que muitos vêm aplaudindo e que, infelizmente, não tive tempo de ver. Claro que vez por outra aparece uma bomba como Batismo de Sangue, do Helvécio Ratton, mas isso é natural. Tão natural quanto ver o Daniel Filho cagando novamente como sempre fez. É inegável que o cinema nacional vem crescendo, o investimento em produções mais arriscadas estão subindo, novos diretores talentosíssimos vêm aparecendo (como o Heitor Dhalia) e tantos outros conseguiram tamanho êxito que estão começando a trabalhar no exterior, o que já mostra a nossa importância, caso contrário, por exemplo, o Walter Salles não tinha saído daqui e feito obras brilhantes como Diários de Motocicleta e especialmente Água Negra. E olha que ainda não vi Baixio das Bestas, O Céu de Suely e O Cheiro do Ralo, ditas por muitos como os melhores filmes feitos no Brasil nos últimos 10 anos.

 

NACKA - Há atores cuja interpretação valem o filme inteiro e independem de uma direção frouxa ou de um roteiro medíocre. Conseguem dar vida ao personagem que interpretam de uma forma rara. Na opinião do Bernardo, quem é assim? E porquê?

 

BERNARDO - Meio complicado essa, pois raramente vejo uma interpretação que vale pelo filme. Recentemente estão falando da Marion Cottilard em Piaf, porém esse ainda não consegui ver. Posso citar um filme que achei horroroso, porém cuja interpretação da protagonista vale ser vista: Naomi Watts em O Despertar de Uma Paixão. O filme é horroroso e ultrapassado, mas a força da Watts é imensa. Tão imensa que faz dele algo assistível. E que tal a Julianne Moore na bomba Os Esquecidos? Achei incrível que mesmo com pessoas sendo sugadas pelo céu, a Moore consiga um trabalho nada menos do que brilhante. É por isso que admiro tanto esses atores e sinto que posso confiar que eles trarão algo que faça o filme valer a pena.

 

Mas, claro, isso é coisa para poucos. Todos dependem do roteiro e da direção para ajudar na composição do personagem. Alguns em maior grau e outros em menor. Atrizes como essas, que desde o início demonstram seu talento desde cedo, apontando-se como verdadeiras promessas (Moore em À Salvo, Watts em Cidade dos Sonhos). Não duvido nada que a Marion Cottilard seja contratada logo logo por Hollywood. Especialmente porque ela causou um tremendo alvoroço.

 

NACKA - Algumas pessoas têm medo da morte, outras da velhice. O que você mais teme?

 

BERNARDO - Mais uma pergunta difícil. Nunca parei para pensar sobre isso. Temo por várias coisas: Temo morrer sem ter feito tantas coisas que quero fazer; temo me tornar um velho inválido e gagá, que espera pela sua babá para tomar uma papinha; temo pela minha saúde e pela saúde de meus familiares e amigos; temo pela minha situação financeira; temo que, como muitos dizem, o Brasil realmente não tenha mais jeito; temo por mais 20 guerras mundiais; temo pelos problemas globais, aquecimento, desmatamento, etc.; e muitas outras coisas. É difícil eu citar tudo pelo que temo, mas procuro me focar no que há de bom. Taí uma coisa pela qual temo: temo viver pensando negativamente e não curtir a minha curta estadia nesse planeta.

 

NACKA - Esta semana, dia <?xml:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" />20 Nov 2007, comemoramos o dia da consciência negra, em vários lugares pelo Brasil afora houve eventos e feriados. A meu ver um jeito meio folclórico e pouco eficaz (embora válido) de combater o câncer da sociedade em que vivemos: O racismo. Eis aí algo que adquiriu novas formas, mas que nunca mudou em sua essência continua em todas as camadas de convivência entre as pessoas, escancarado ou velado, faz parte da história do país (embora alguns o neguem). Como você vê isso Bernardo? O que pode ser feito para melhorar o acesso da população negra à educação?

 

BERNARDO - Um problema bastante duradouro e difícil de se resolver. De certa forma, até é compreensível, já que somos oriundos de uma tradicional divisão de valores, onde os negros eram os escravos e os brancos os soberanos. A Lei Áurea veio tarde e pouco fez, já que essa "tradição" já havia sido implantada (e em vários outros lugares continua sendo). Todavia, como é nomeada tal data, é o dia da CONSCIÊNCIA negra, portanto, o primeiro passo para acabar com isso é conscientizarmos-nos de que a igualdade é para todos. Isso, entretanto, levará muito tempo, já que muitos associam cor com condições financeiras e afins, tudo coisa de pessoas materialistas. Posso dizer com franqueza de que cor para mim não fede nem cheira.

 

 

NACKA - Hugo Chávez, presidente da Venezuela, em sua cruzada pela derrocada do império americano, propôs que o barril de petróleo fosse cotado não mais em dólar, segundo ele, as constantes quedas da moeda americana seria o indício de uma grave crise econômica naquele país. Conhecido por seus destemperos verbais, Chávez apesar de tudo terá acertado desta vez? O que representa para a América Latina a ascensão de um líder populista? Acha que isso pode colocar em risco a democracia?

 

BERNARDO: Hugo Chávez é um ditador trazido do baú jogado nas profundezas do oceano. Suas atitudes são pífias e imaturas em todos os sentidos, seja na economia roubando o dinheiro dos outros, educação, saúde, e principalmente na área internacional, cortando relações com outros países por incidente bestas ou por qualquer outra coisinha. Ele segue a mesma política Bush com o velho lema "my way or far away". Sua visão dos EUA, diga-se de passagem, é tosca, tão tosca quanto a própria visão dos EUA sobre o Iraque. Cabe somente aos venezuelanos terem consciência do presidente imbecil que escolheram.

 

Mesmo assim, tal decisão não foi uma de suas piores, já que a economia venezuelana é grande produtora de petróleo. Além do mais, ter um líder populista como Chávez, rompendo as barreiras do aceitável e apostando em decisões simplesmente horrorosas, pode de tudo. Repito: de tudo!!! Não duvido que logo, logo, Chávez comece a jogar um papo para cima do restante da América do Sul para uma barreira contra EUA.

 

NACKA - À partir do dia 02 de Dezembro o país começará as transmissões da televisão digital, a primeira capital a receber o sinal será São Paulo. Depois de uma lenga-lenga que dura anos e que envolve bilhões teremos acesso a uma revolução que chega atrasada em nosso país (há pelo menos 6 anos já é transmitida na maioria dos países) a tv digital promete revolucionar a forma de assistir tv, embora os especialistas garantam que de início teremos apenas a ponta do iceberg, a interatividade, considerada o pulo do gato do sistema, deverá ficar de fora neste primeiro momento. No entanto teremos, som 5.1, imagem em widescreen e em alta definição, entre outras vantagens.

 

Há pouco, acompanhamos o episódio vergonhoso da demissão de pesquisadores do IPEA, por terem opiniões divergentes da cúpula do órgão (versão que foi negada) foram sumariamente afastados de suas funções. Esses dois fatores, embora aparentemente díspares, dizem muito sobre o país em que vivemos, onde os avanços tecnológicos e a pesquisa são relegados para o segundo plano. O que precisa mudar para que isso deixe de ocorrer?

 

BERNARDO -  Precisa ser mudado o coronelismo e a mania dos dirigentes quererem mandar em tudo e não deixando a ciência fluir seus passos rumo ao futuro tecnológico.

 

NACKA - Bernardo sempre vejo você reclamando que alguns filmes não chegam "na roça", onde é a roça? Há quanto tempo mora aí? Fale um pouco do Bernardo fora do fórum, o que estuda, se trabalha...

 

BERNARDO - Não estudo, apenas trabalho no setor de pessoal da UFPB por meio expediente. Aqui meu trabalho vem até sendo chato pela falta de coisa a se fazer. Quando eu morava no Rio, no ano passado mesmo, era entulhado de coisas a fazer, cuidava de contra-cheques, atendia funcionários, etc., etc., etc. Aqui, eu tenho muito mais tempo livre, por isso venho ao fórum com grande freqüência.

 

Mas não me lembro de ter dito na roça.<?xml:namespace prefix = v ns = "urn:schemas-microsoft-com:vml" /> Se bem que esse termo é mais do que apropriado para o atraso dos filmes a chegar por aqui. Por isso, constantemente fico torcendo por uma péssima bilheteria ao filmes que quero ver para que cheguem logo por aqui. Caso contrário, terei que deixar para o dvd, infelizmente.

 

Moro em João Pessoa - Paraíba e meu nome é realmente Bernardo e tenho 30 anos mesmo. Sou bastante reservado, tímido até (no fórum não, mas por aqui...). Tenho namorada, a patroa não tem a mesma paixão que eu por cinema, mas geralmente me acompanha nas empreitadas que eu vejo (e geralmente gosta, estou tentando lhe dar um pouquinho de senso crítico, ela gostou até da bomba A Loja Mágica de Brinquedos!!!). Moramos eu, ela, meu irmão, a mulher dele, minha mãe e os dois filhos dele. E todos em harmonia.

 

Por aqui pouco acontece, minha vida não é feita de grandes coisas, mas estou feliz comigo mesmo.

 

NACKA - Você diz que gosta mais de ouvir, mas aqui no fórum é só alguém mexer contigo que a resposta, atravessada, vem na hora. Conta aí, já teve problemas fora daqui por agir assim? 

 

BERNARDO - Na realidade, quando disse que gosto de ouvir, me referia na minha vida pessoal. Não sou uma pessoa que fala muito, aliás, principalmente porque os assuntos que tenho interesse raramente são debatidos. Obviamente, aqui ocorre o contrário.

 

Enfim, nunca tive problemas com isso, até porque não sou desses tagarelas que corta quando alguém quer dizer algo. Se é essa a impressão que dei a vocês por aí, então estão redondamente enganados. Por aqui, sou pacato, utilizo meu tempo mais para enriquecer minha cultura do que para qualquer outra coisa. Mas sempre converso com alguém, seja no trabalho ou em casa mesmo, após vermos um filme.

 

NACKA - Ao responder uma das perguntas da Kika você diz que a moderação segue as regras como um crente segue  uma bíblia, não lhe parece que se um grupo representa o fórum no caso a moderação é natural que pautem suas atitudes pelas regras? E que embora o façam, dado a quantidade de usuários nem sempre tome atitudes que agradem à maioria?

 

BERNARDO - Não entenderam o que eu disse. A analogia que eu forneci fora pela intensidade que a moderação utiliza as regras e pelos credos por certas coisas que, nos dias de hoje são triviais até, como a tal linguagem chula (claro, desde que não haja ofensas). É óbvio que devem seguir as regras, mas isso é feito com grande opressão. Parece até que vivemos numa época de ditadores, já que linguagem chula é tão punível aqui quanto as mulheres eram de utilizar mini-saias naquela época. Grande tolice.

 

NACKA- Falar de Cinema ou armar um barraco? Discussões começam até bem, mas desandam ao primeiro sinal enviesado mandado por algum usuário esquentadinho. Coisas assim tem acontecido com uma frequência indesejada aqui no fórum, o que entre outras coisas  motivou a saída de alguns usuários mais antigos para outro fórum, incluindo você. O que pensa disso? Foi a solução mais acertada?

 

BERNARDO - Acho que isso se deve pois a paciência que muitos tinham antigamente com o fórum se estorou, tanto é que vários usuários mais antigos já vem reclamando das sandices de usuários mais novos. Enfim, creio que muito já foi reclamado, muito já foi esperneado, desabafado, etc. e resultado efetivo não houve. E sem contar que esse é um fator bastante menor entre tantos outros. Acho até isso uma coisa positiva no CeC, me faz rir bastante as sandices ditas por certos usuários. Falando por mim, vejo o cCc como um espaço para discussão mais séria sobre a sétima arte e mais inteligente. Muitos tópicos já estão às moscas e a maioria prefere prever o Oscar do que comentar filmes. Ou era o cCc ou seria qualquer outro.

 

 

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ALEXEI – Como você se vê, Bernardo, enquanto público de uma sessão de cinema ou de DVD? Como se dá, em sua opinião, a apreensão dos conteúdos de um filme enquanto você o assiste? O que mais te chama atenção, o que mais te cativa? Quais são os pontos positivos do Bernardo-espectador, e quais são aqueles que você acha que podem melhorar?

 

BERNARDO – Francamente, um grande ponto negativo meu como espectador no dvd é que sou distraído. Por isso quando escrevo meus comentários por aqui, eu vejo o filme duas vezes para uma melhor "absorção" do filme. Tenho que melhorar minha concentração, entretanto. Por outro lado, acho que justamente nessa segunda visita encontro coisas bem melhores, sinto que na segunda visita estou bem mais atento. Não por captar coisas novas (isso é de se esperar, convenhamos), mas sim pela minha conduta mesmo, fico bem mais "preso" ao filme e raramente dou algumas pausas.

 

No cinema, sinto-me muito mais seguro, não somente pelo ambiente confortável, como também pela telona ajudar a compreensão, afinal mesmo com uma TV de 29', um telão é sem dúvidas bem melhor. Por isso que vejo muitos filmes no cinema e deixo poucos para dvd: além de sair em conta para mim como um cinéfilo, sai também em conta para um funcionário público, já que o ingresso aqui custa atualmente R$5,00.

 

ALEXEI –  O cineasta grego Theo Angelopoulos, amado e odiado pelo mundo afora em proporções iguais, é conhecido por fazer um cinema no qual cada frame tem que ter, necessariamente, uma metáfora ou um subtexto. O que você pensa disso? Em sua opinião, que filmes carregam nos simbolismos e, ainda assim - ou justamente por isso - funcionam, e que outros não têm o mesmo sucesso?

 

BERNARDO - Penso que depende do estilo de cada diretor. Nunca vi um filme dele, mas se faz questão disso, certamente deve ser para benefício da própria obra. Dá muito trabalho para empregar metáforas em meio a narrativa, e ele não faria tudo isso apenas por pretensão.

 

Recentemente, houve uma discussão sobre Os Excêntricos Tenenbauns, onde em minha opinião, Anderson conseguiu esse feito. Talvez eu esteja exagerando, pois como disse por aqui, esse filme significa muito para mim, mas creio que muitos frames são muitos bem empregados e salientam a personalidade de cada personagem. Etheline sempre no meio como o equilíbrio da família, Margot sempre no fundo e/ou no canto indicando seu deslocamento da família, etc.

 

Um filme que eu não suporto e que empregou alguns virtuosismos técnicos e outras besteiras e, que no final, não se sabe de nada é A Passagem, de Marc Forster. O filme é farsante um quebra-cabeça psicológico, mas quando o Forster começa a repetir certas coisas para compor o clima opressivo necessário à trama, tudo fica no mínimo hilário. A cena com o garotinho soltando o balão, Henry apagando um cigarro no próprio braço. Pffffffff...

 

ALEXEI – Disse François Truffaut, certa vez, que "cinéfilos são pessoas doentes", e ele mesmo se considerava um (tanto que chegou a declarar: "quando vi Cidadão Kane, tive a certeza de que nunca havia amado uma pessoa tanto quanto amei esse filme"). Talvez o falecido cineasta se reportasse à visão criteriosa do cinema como algo contrário à degustação de filmes enquanto simples entretenimento. Você concorda? O que pensa sobre esse assunto?

 

BERNARDO – Concordo plenamente. Aliás, não somente a sua interpretação - que acho certíssima -, mas também pois realmente tenho uma paxião fortíssima pelo cinema. Muitos dizem que isso seja vício, mas realmente não é, é amor. Seguindo a linha de raciocínio do Truffaut, creio que As Horas seja uma das minhas maiores paixões de toda a minha vida. Nunca amei tanto Nicole Kidman, Meryl Streep e principalmente Julianne Moore. Nunca! E foi um enorme prazer vê-lo cinco vezes para escrever a resenha ao Cinéfilo.

 

Obviamente, o mesmo vale quando eu vejo uma besteira como Norbit, uma apunhalada no coração. Horrível, de quase matar mesmo. Mas tudo bem. Mesmo que tenha que aturar 5000 Norbit's por um único As Horas, o esforço vale mais do que a pena.

 

 

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KIKA - "Foi apenas por brincadeira essa daqui.  "
Esse comentário você fez após o Jorge Soto ganhar de Fábio Assungão no Pablito. Você não acha que não teve sentido esse comentário, já que você nunca postou uma foto?

BERNARDO – Não, não acho. Pegando da Lucy in the sky, quem quiser postar fotos no fórum, que poste. Só não espere elogios rasgados de minha pessoa, como muitos fazem. Seria muita falsidade.

KIKA - A primeira impressão que tive de você é que era um “bad boy”, mas depois conversamos mais e essa impressão se apagou. Como é o Bernardo fora do forum, é um bad boy que implica com quase tudo ou é um cara sossegado?

BERNARDO – Fico muito feliz em escutar isso. Na realidade, confesso: meu temperamento é realmente difícil. Tenho meus momentos de "irritadinho" e outros de "tô de bem com a vida". Aqui em casa sou bem sossegado, aliás, não sou dessas pessoas que tagarelam sem parar. Sou mais um bom ouvinte (risos).


KIKA - "...mas nem todo mundo tem a paciência de ficar editando a mesma mensagem apenas para agradar os moderadores que não gostam de mensagens seguidas."

Esse é outro comentário seu, no tópico do Pablito. O que vc acha das regras do forum, servem apenas para agradar os moderadores ou serve para ajudar a manter a ordem?

BERNARDO –  A segunda opção. Minha afirmação foi totalmente equivocada, embora o argumento que eu propus seja a opressão imposta pelas regras e pelos moderadores, que seguem-nas como um crente com sua bíblia. Francamente, existem certos limites e eles às vezes extrapolam nas reclamações, embora sim concorde que existem certos usuários que dispensam comentários. Além do mais, para um grupo de pessoas que se apóiam tanto nas regras, eles parecem não dar muita atenção a certos tópicos e deixam flood e off-topic rolar, chegando ao ponto do próprio moderador começar a xingar e soltar insultos (ver tópico "O Despertar de Uma Paixão", onde o Beckin estava inexplicável ou até mesmo no "Cozinha do Inferno"). A pergunta que eu deixo é a seguinte: como eles esperam que nós cumpramos com as regras, se eles mesmos não o fazem? Coerência, minha gente.

KIKA - Quando foi que começou essa sua paixão por filmes, você era novinho ou ja estava velhinho?

 

BERNARDO – Nossa, já sou velhinho!  Sim, só me apaixonei pelo cinema nesses últimos anos, mas precisamente aos meus 25 anos na sessão de Os Excêntricos Tenenbauns, de Wes Anderson. Lá na poltrona caiu a ficha: antes pipoqueiro de plantão, passei me dedicar com afinco a estudar um pouco mais sobre essa obra. Conheci o CeC há tempos, mas o fórum só comecei a entrar no dia em que me cadastrei (na manhã do Reveillon de 2006 ). Foi algo mágico essa descioberta, mais precisamente foi no momento em que a Margot encarou o espectador. Brilhante esse momento e que me tocou em cheio. Inexplicavelmente magnífico. 

KIKA - Me fale de uma comédia dramática que você assistiu e todos odiaram e só você gostou, e outra que todos adoraram e só você odiou.

 

BERNARDO –  Uma que muitos odiaram e eu adorei (apesar do fórum tê-la recebido surpreendentemente bem), considerando um das minhas menções honrosas  foi Sem Reservas, de Scott Hicks. Achei algo delicioso, as analogias feitas pelo Hicks a pratos e ao estabelecimento em si são fantásticas, Zeta-Jones arrebentando em todos os sentidos, bem como Breslin e Eckhart. Enfim, achei algo digno de ser visto e revisto tantas vezes quanto o possível, algo que nunca enjoa.

 

Agora uma comédia dramática que eu não suporto - na realidade detesto - e que muitos gostaram é Simplesmente Amor, um longa britânico que juntou um elenco esplêndido em histórias simplórias e muitas vezes dispensáveis. O humor utilizado aqui é fraco, o drama dos personagens é manjados - bem como a construção dos atores - e o trabalho do diretor é fraquíssimo. Em suma: uma produção de 3 horas de dar um soooooono.

 

KIKA - Bernardo dando uma voltinha no fórum percebi que você "gosta" de barraco dos outros. O que você tem a dizer sobre o barraco (s) que envolveu a sua pessoa?

BERNARDO – Absolutamente hilários. Adorei meu barraco com o Batgody onde eu mandava ele toca uma ou então na minha época onde eu reclamava de sarcasmo e dizia que isso não funcionava pela falta de tom.  Não sei se bate a discussão da Lucy in the sky com a Srta Moore, que em minha opinião são praticamente imbatíveis, mas provoca risos sim.

KIKA - Uma vez em outro post seu, nem lembro mais qual o tópico, você disse que as coisas que falava no Forum CcC se fosse dito aqui, seria banido na hora. O que você acha da censura?

 

BERNARDO - Pfff... A censura da BAD, SeC, entre outros (outra era vergonhosa minha) foi besta, no mínimo. Se Keduardo quer chamar advogados para processar uma revista de fórum de cinema de internet, ora que processe. Quero ver a cara mal lavada dele na hora de contar isso ao juiz e dizer que é obra da máfia.

 

Agora sobre censura como tema universal, considero isso como ato de gente fraca e/ou medíocre que se borra nas calças só de pensar em alguém falar mal de si. Essa gente que repreende ataques de revista de fofoca, processa jornais de quinta apenas porque pegou uma foto tirando meleca do nariz (não conheço ninguém, é só um exemplo). Vou ter que me repetir: pffffff...

 

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ENXAK - Você foi o vencedor da conturbada 2ª edição de "O Cinéfilo". Considera o resultado justo, você era o melhor entre os participantes? Qual a diferença (em matéria de "cinefilismo fabricado") entre você e o Forasteiro, vencedor da 1ª edição?

 

BERNARDO – Pra falar a verdade, creio que sim. É só ler os pífios posts do Faéu, The Cube, Sync, Troy Atwood, entre outros, que cometem erros de português primários, além de sua completa falta de noção sobre o cinema. Aquilo não são palavras de cinéfilo e sim de fãzóides. Tiro dessa lista o Filipaum, Fapreve e o Fox, pois não os vejo por um bom tempo. Além do mais, creio que cresci bastante. Durante o período da minha segunda advertência, reli os meus comentários sobre os filmes e achei-os horrorosos. Não acreditava que tinha realmente escrito aquilo tudo. E daí passei a dar bem mais valor ao Cinéfilo.

 

De certa forma, é até injusto a comparação entre mim e o Foras, já que ele tem muito mais aprendizado que eu. Entrei nesse fórum nesse mesmo ano e não sabia patavina sobre cinema. Só passei a freqüentá-lo realmente em abril/maio. Comecei a aprender lendo os posts do pessoal, até que finalmente comecei a formar minha cabeça. Mas tinha muito que aprender. Por isso resolvi participar d'O Cinéfilo: para maior aprendizado. O restante vocês já sabem. O Cinéfilo foi um fracasso, participantes desistindo e trapaceando, chegando ao ponto de alguns dos organizadores saírem. O único que impediu que aquilo não se tornasse pior foi o Jailcante.

 

ENXAK – A expressão "cinéfilo poser" é usada, por alguns usuários antigos deste fórum e que hoje se encontram em outro fórum (do qual você também faz parte) quando se referem a você. A impressão que eles têm é que você quer agradar a cada comentário, não expondo na verdade sua opinião sobre os filmes, mas sim a opinião que considera que será melhor aceita. Você se considera um cinéfilo poser?

 

BERNARDO – Não entendo o motivo desse termo ser usado em mim. Não digo isso porque me senti ofendido, mas sim por dúvida mesmo, para quê eu iria querer agradar alguém em minhas opiniões? Nunca falei com vocês fora do fórum, não conheço vocês pessoalmente nem nada mais.

 

Mas enfim, respondendo à pergunta é lógico que não me considero um cinéfilo poser. Acho que isso se deve, pois eu digo que não gostei de determinado filme, mas quando revejo passo a concordar com o pessoal. Foi o caso de Kill Bill, que rolou uma discussão até, mas quando eu revi, passei a admirar imensamente o Tarantino. Seria hipocrisia da minha parte se eu passasse a fomentar minha opinião para agradar vocês. Especialmente porque eu passo tempo demasiado repensando o filme na minha cabeça antes de escrever o texto que vocês vêem por aqui. E esses textos que escrevo não são para receber elogios ou para agradar, mas sim porque eu sinto necessidade de dividir a experiência pela qual passei com pessoas que apreciam o cinema tanto quanto eu.

 

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VERAS – Em resposta à pergunta do Nacka, você comentou: "...não haveria tanta divergência de opiniões por aí - e obviamente esse fórum não seria interessante." Dessa sentença podemos extrair que você concorda que discussões tornam-se interessantes se quando são debatidos pontos de vista diferentes sobre um mesmo assunto.

Aqui no fórum, não raro encontramos diversos usuários com opiniões diferentes que, quando se encontram, ao invés de fazer desse momento uma discussão fértil e interessante, acabam por partir para agressões verbais e pessoais, fugindo completamente do tema do tópico, por vezes afastando do mesmo usuários que realmente estão interessados em debater o assunto.
O que você acha disso? Você acha que esses momentos têm acontecido com menor ou maior freqüência no fórum nos últimos meses? O quão prejudicial ao fórum esse tipo de discussão pode ser? Você acredita já ter se envolvido numa discussão do gênero?

 

BERNARDO –  Eu acho realmente triste. Mas isso até que vem caindo bastante de uns tempos para cá. Mais pelo fraco movimento do que por qualquer outra coisa, mas ao menos estamos caminhando a algo melhor do que àquela lambança vista anteriormente. E eu realmente não acredito ter participado disso. Tenho certeza absoluta! Fazia (talvez faça, quando escuto algo imbecil) e aprendi o valor de uma discussão saudável, com grandes frutos culturais. Aliás, muito do conhecimento adquirido pelo fórum, foi em função dessas discussões. E mesmo que tenha dito besteiras e mais besteiras, minha reputação tenha baixado (embora eu não dê a mínima para isso), o importante foi o conhecimento adquirido e isso é o que me faz entrar todo dia nesse fórum.

VERAS -  Em muitos estados do país já está em vigor o sistema de cotas no vestibular para ingressar na universidade pública. Alguns aprovam este sistema como forma de ajudar os menos favorecidos na sociedade. Outros acham que o sistema de cotas só vem agravar o preconceito que já existe e/ou que o mesmo não é eficiente.

Em outro momento aqui na Entrevista você citou: "muitos associam cor com condições financeiras e afins, tudo coisa de pessoas materialistas. Posso dizer com franqueza de que cor para mim não fede nem cheira."

Seria precipitado de nossa parte concluir disso que você seria contra o sistema de cotas para negros? Qual sua posição sobre o sistema de cotas para alunos de escola pública? Quais os rebatimentos sociais que, em sua opinião, esses sistemas poderão causar num futuro próximo e a longo prazo?

BERNARDO – Não, está certíssima. Em minha opinião, as pessoas devem ingressar na faculdade por merecimento. Sim, deve-se levar em consideração a situação financeira, mas e se somente por esse fator estivermos deixando de lado alunos com potencial bem maior? Acho isso uma incrível besteira, o que deveria ser feito era uma melhoria na educação dos menores para que não ingressem os adultos de situação financeira pífia por pena e reneguem os de maior potencial.

 

 

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CHICA – Como usuário, qual a sua opinião de rivalidade entre  fóruns CcC e CeC) ?

BERNARDO –  Não vejo isso. O que vejo são usuários que não se contentaram com esse fórum e fizeram um para si. E uma bela prova de que não há rivalidade é o retorno do Enxak. Tá, ele diz "pau no cú" a toda hora, mas então qual seria a razão dele ao voltar, criando seus games divertidos e distribuindo até prêmios aos vencedores?

CHICA – O que tu odeia e o que te faz tremer, numa mulher ? (não só no sexo).

BERNARDO – Essa mania controladora de querer ter o controle sobre tudo. Me irrita isso! E já é clichê ficar falando sobre a megalomania nas compras, né? Não é à toa que nós sempre pegamos um elevador para ir direto aos cinemas. Ela não se controla.O que eu adoro na minha namorada é seu carinho por mim. Seu amor, sua afetividade. Ah, e o sexo também.

CHICA – Dos pecados capitais quais e quantos tu já cometeu?

BERNARDO – Todos. Eu não vou pro céu mesmo. Gula, inveja, vaidade, avareza, ira, preguiça, orgulho. Sou humano, minha gente.

CHICA- O que está no topo da lista de prioridade na sua vida ?

BERNARDO – Escalar o Monte Everest, ganhar um prêmio Nobel,  ser rico a ponto de nunca mais ter que trabalhar, realizar uma invenção para imortalidade e ser sempre feliz.

CHICA – Qual foi o maior de todos os seus erros, um arrependimento fatal, irreversível ?

BERNARDO – Ter vindo para João Pessoa. Me arrependo completamente, pois fiquei longe de muitos parentes e porque eu realmente amo meu Rio de Janeiro.

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MR. SOCFIELD -  Atualmente há uma grande onda consumista no país. Parte dessa condição se relaciona às aparentes facilidades encontradas pelo consumidor para pagar suas dívidas e adquirir aparelhos e equipamentos caros que muitas vezes apresentam características que exploram aspectos tecnológicos avançados e tentadores. Estas mesmas facilidades estão relacionadas a divisão de um valor elevado do produto em pequenas parcelas que cabem no bolso do público alvo, mas que apresentam juros embutidos em prestações fixas que frequentemente chegam a fazer o item custar desde um terço a mais ao dobro do valor inicial. Parece ser claro também que as tais tecnologias adicionadas são por vezes desnecessárias e induzidas por marketing (qual a REAL importância de um aparelho celular que tira fotos com 3.2 Megapixels de resolução? E pior: quantos anos vivemos sem mesmo aparelhos celulares e agora eles nos parecem indispensáveis?).

 

Refletindo sobre a questão, o que você acha dessa "nova" cara do Brasil ?(que, depois de anos de inflação elevada que não permitiam planejamento por parte do consumidor da compra de um item mais caro, explode em consumismo diante da confiança das empresas que hoje são capazes de proporcionar as tais parcelas "fixas" e do próprio consumidor que achava que nunca teria as oportunidades). Você se considera um consumidor "sensato"? Você sente essa situação se agravando no seu meio de convívio ou acha que as pessoas vêm se tornando mais seletivas quanto ao que compram/consomem?

 

BERNARDO - Já é do brasileiro atual gastar mais do que pode e dar maior valor ao que não tem ou ao que perdeu. Do ser-humano não, isso não se limita apenas ao Brasil. "Fulano tem, quero também", escuto sempre algo como isso vindo tanto de crianças como de adultos. Olho grande, minha gente. Atualmente isso é tão hereditário quanto a mãe transmitir ao filho seu HIV. Acho isso horroroso, se afundar em dívidas em prol de (pegando de você) um celular com foto minúscula ou da melhor marca, quando o que mais importa mesmo é falar com outras pessoas.

 

Eu me considero um consumidor impulsivo quando se trata de coisas que me interessam. Roupas? Não. Adereços? Menos (homem com brinco é besteira das maiores). Cinema é a resposta certa. Livros também, CDs, entre outras coisas, mas em geral é cinema mesmo. Antes via bem mais do que atualmente, entretanto. Estipulei até a mim mesmo de alugar no máximo 3 filmes e duas idas ao cinema por semana. Só deixo isso de lado nas férias. Aí eu deito e rolo.


Acho que isso só tem a crescer. Nessa época então, vejo gente arrancando os olhos para comprar para o filho um notebook que ele nem sabe usar. Como disse, é algo hereditário e tudo que se faz com excesso se torna um vício. Isso se tornou em inúmeras pessoas.


MR. SCOFIELD -  O Fórum Cinema em Cena é marcado pela heterogeneidade dos usuários. O universo de abrangência do espaço permite a discussão de muitos assuntos ao mesmo tempo por internautas que desejam conversar e partilhar opiniões sobre desde os filmes que mais aprecia e que acabou de assistir à dúvidas de saúde ou religião. A idéia que parece atraente, muitas vezes irrita alguns users - que chegam mesmo a sair do fórum, embora interessados a discutir - porque, obviamente que quando falamos de um espaço desses, comentamos também sobre "potencialidades". Explico: quando você lê a primeira e a segunda frases acima, você costuma construir rapidamente uma imagem de um local onde haverá uma grande partilha de conhecimento, aprendizado e diversidade. No entanto, quando ele se defronta com pessoas que nem sempre exploram tais "potencialidades" do jeito que ELE acha que devem ser exploradas, cria-se um contraponto crítico e de tão difícil resolução que gera uma encruzilhada mental: Será que vale a pena conviver com essa realidade do fórum "inferior" ao que  considera como potencialidade do fórum, ou vale a pena abandonar tudo e procurar outras formas de entretenimento e busca por conhecimento?

 

Pergunto: será que a riqueza que comento, relacionada a diversidade de opiniões não deveria abranger justamente o que não concordamos como elemento fundamental? (e justamente por isso a palavra "diversidade") Qual sua impressão do fórum e da relação entre o que você considera como "potencial" das discussões e como de fato ocorrem? O que você faz para diminuir essa diferença (se considera que existe uma)?

 

BERNARDO –  Sem dúvidas. A divergência de opiniões é a graça do fórum. Que graça teria discutir com alguém que tem a mesma opinião que a gente? Absolutamente nenhuma. O que não entendo é esse problema que toma conta do fórum. Por isso, adoto uma postura de igual para igual por aqui: se me respondem com deboche, retorno com deboche. Se me respondem com argumentos, retorno com argumentos.

 

A impressão que fica é que, muitos usuários querem que gostemos/odiemos de um filme somente porque eles gostam/odeiam. Ou se não conseguem isso, insistem em argumentos que lhe sejam convincentes, quando eles mesmo apelam para "isso não me convence. Try again". Quanta idiotice!! É tão difícil assim aceitar (ou simplesmente ignorar) que alguém não goste de determinado filme? Aliás, muitos dizem que o problema são os usuários novatos sem noção, que dominaram o fórum com seus problemas mentais e afins e muitos chegam até a dizer "sinto saudade do fórum antigo". Vou ter que me repetir: quanta idiotice!!

 

O que faz o fórum ser o que é são seus usuários, só porque o fórum está um caos (e está mesmo), culpa-se os mais novos? Parece até aquela besteira do Jardim de Infância, onde todos punham a culpa em qualquer um, só para escapar de uma confusão. E posso estar enganado, mas creio que converso com adultos racionais, não?

 

Sobre a terceira pergunta, como toda regra tem sua exceção, foco-me nessa exceção e os usuários que eu considero fazer parte dela. Também fico longe de usuários inúteis-mas-metido-à-besta, mas isso é outra história.

MR. SCOFIELD -  A amizade virtual é um tema recorrente e muito discutido no fórum, mesmo que indiretamente. É frequente o uso da palavra "panela" para designar grupos de usuários que possuem uma certa quantidade de pensamentos em comum, às vezes suficiente para gerar um sentimento de "proteção mútua" entre eles (essa impressão é inevitável, uma vez que naturalmente em determinadas ocasiões não há confronto de opiniões entre eles quando discutem e a defesa do ponto de vista em comum pode parecer uma guerra onde tais pessoas são aliadas).
Pra você, é possível conquistar amizades virtuais de verdadeira importância? Você acha que o não conhecimento "físico" da pessoa é um fator limitante para esta idéia? As panelas são de fato algo sempre ruim? (não seria uma forma simplesmente de ESCOLHER usuários que se identificam mais com você e abrir mão da diversidade discutida na pergunta anterior) Como você reage quando está "de fora" de uma panela que sabe que existe?

 

BERNARDO –  Acho perfeitamente possível. É até melhor, não? Aquela curiosidade de saber como ele(a) é, mas também se sentindo à vontade conhecendo psicologicamente a pessoa. É algo mais verdadeiro, quando é tratado com seriedade. Não é à toa que o BBB CeC até conseguiu formar o casal CeC.  Não conhecer a pessoa fisicamente é bem melhor, já que não se é julgado a beleza e afins dele, afinal o mais importante é "o que há por dentro". Obviamente que muito é perdido fisicamente, saber como se porta, age, entre outras coisas, mas eu considero bastante válido amizade pela internet.

 

Sempre ruim não. Ruim às vezes sim, como tudo que há na vida. Eu particularmente acho mais interessante conhecer alguém totalmente contrária a você, já que tudo o que é dito é bem mais interessante. Mas geralmente vejo essas "panela" apenas como uma roda de amigos protegendo um ao outro e por isso não me afeta em nada. Minha reação a tais coisas é indiferente, simplesmente porque não me afeta e venho aqui mais para discutir cinema do que qualquer outra coisa (apesar de amigos nunca serem demais, claro). Também não freqüento muito salas de bate-papo já que, muitos já não levam isso mais a sério (nas últimas vezes, havia sempre alguém dizendo babaquices).

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DR. CALVIN - Como você vê a questão, já proposta em inúmeras discussões no fórum, da imagem x história no cinema?

 

BERNARDO - Imagem em primeiro lugar, história em segundo. A comunicação das imagens, é infinitamente melhor do que a verbal, já que depende da visão de cada um, a tão falada subjetividade. Não é necessário citar Hitchcock né? O que faz de seus filmes as obras-primas tão comentadas é sua composição de quadros brilhantes, com seu perfeccionismo tecnico absurdo e sua mentalidade que deixa tudo por conta do espectador.

 

Curiosamente, o melhor filme desse ano abusa e reabusa da teatralidade. A escolha do diretor e da roteirista para tal coisa foram bastante acertadas para o filme em si, já que os diálogos mesmo conseguem a subjetividade de uma imagem.

 

DR. CALVIN - Um filme com uma premissa idiota mas realizado tendo essa consciência é digno de nota?

 

BERNARDO -  Sim. Sem dúvidas. É um dos maiores méritos, já que fica bem mais inteligente. Duro de Matar e True Lies não seriam tão divertidos e fodas caso McTeigue, Harlin, Wiseman e Cameron não reconhecessem a estupidez que tinham em mãos. Aliás seria ridículo até. Mas depende também da qualidade da direção. Débi e Lóide é e admite ser idiota, mas é estupendamente genial. Débi e Lóide 2 é e admite ser idiota, mas é medíocre ao talo.

 

DR. CALVIN - Há uma controvérsia hoje (e sempre houve e sempre haverá) sobre como o cinema deve ser apreciado. Particularmente entendo que a sétima arte existe como um veículo de expressão que quer nos comunicar algo. Se te faz refletir no processo ou não é bônus, o importante é se comunicar com o expectador. É o que eu chamo de 'sentir' o filme. Mas muitos vêem o cinema como uma forma de 'pensar' as coisas e o mundo, então o filme de ser 'pensado'. Como vc vê essa questão?  

 

BERNARDO -  De minha parte, vejo seguinte: durante a exibição, eu "sinto" e após, reflito sobre o que foi mostrado. Muitas vezes isso coincide, em outras não. Existem filmes (pegando de novo Bug, do Friedkin) em que o sentimento passado é horroroso e angustiante, mas que quando reflito, minha posição sobre o filme é bastante positiva.

 

Um equilíbrio deve ser encontrado entre ambos. Não se pode apenas sentir, já que tecnica é fundamental para o filme e cinema é bem mais imagem do que qualquer outra coisa. Em compensação, analisar somente a tecnica é uma imbecilidade sem tamanho, já que não possibilita a compreensão do que o diretor quer nos passar. Ater-se a detalhes e deixar passar algo brilhante é algo que jamais poderei compreender.

 

DR. CALVIN - A que se deve os inúmeros surtos que você teve neste ano que termina, culminando em algumas advertências? Me pareceu apenas chilique de um menino que não tinha nada a perder, mas até aí você não é mais um menino há MUITO tempo. Fale sobre esses pitis e como vc está hoje (já que ando fora das discussões de cinema daqui e lá no cCc você parece uma moça).

 

BERNARDO -  Andei relendo e compreendendo o motivo das risadas de vocês. É tudo hilário, de fato. Me vejo outra pessoa, desde a advertência de nível 2 que recebi. O afetado com qualquer coisinha deu origem a uma pessoa que não dá a mínima para o que os outros pensam. Pegando algo hilário dito pela Lucy (no também hilário tópico "A Moda agora é ser cinéfilo", pérola do Foras): "o jeito é se sentir superior a todos. Se não vira a caquinha do fórum". Não que use isso, apenas não sou a bosta que era antes e me tornei algo bem melhor. Se sou ou não a moça que vc diz, não me importa. Só sei que melhorei bastante e quem não viu, parafraseando o Troy contra-argumentando com o Dan no cCc: "foda-se rsrsrs".

 

 

FIM

 

 

 

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Legal essa edição do Cozinha.

Há muito o que agradecer aos ajudantes. Tive muitos problemas nessas últimas semanas e quase não consegui fazer pergunta alguma. Estava me sentindo a causa da destruição da entrevista do Bernardo.

Mas então os outros cozinheiros e os ajudantes salvaram o dia. 05

 

Gostei das respostas do Bernardo. Foram objetivas, sem enrolar demais, mas sem deixar de responder nada. Bernardo é uma pessoa de opinião. Que bom.

 

 

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Bernardo disse:

 

De certa forma, é até injusto a comparação entre mim e o Foras, já que ele tem muito mais aprendizado que eu.

 

O Forasteiro só frequentava tópicos do Geral, floodando, nem sequer frequentava as seções de filmes... A comparação realmente não faz muito sentido, já que vc sempre frequentou as seções de filmes, ao contrário dele...

 

A segunda edição de "O Cinéfilo" fracassou devido ao não comprometimento de alguns (muitos) participantes. Você foi uma das pequenas exceções, e mereceu o prêmio, mais pelo comprometimento com o jogo que por qualquer outra coisa mesmo, já que não pudemos saber quem foi o melhor, no meio daquela confusão. De nossa parte, da equipe, não vi fracasso algum. Fizemos algo notável, sem buracos, perfeito. Pena que alguns cagaram em cima do nosso trabalho...
Enxak2007-12-03 14:49:17
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Mais o cCc, não?17 E sim, isso é muito.

 

Enxak, não vou falar sobre Filipaum, Fox ou Fapreve pois nunca mais os vi por aqui, mas dá uma olhada na babaquice escrita por Faéu, Sync, Troy Atwood e outros. Modéstia à parte só tinha eu mesmo.

 

E concordo que vcs fizeram um ótimo trabalho e que os culpados foramos nós, mas quando citei sobre o fracasso falava mesmo do clímax catastrófico que alcançou, com a sua saída e a do capítulo final da trilogia "Os Três Patetas".
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Mais o cCc' date=' não?17 E sim, isso é muito.

 

Enxak, não vou falar sobre Filipaum, Fox ou Fapreve pois nunca mais os vi por aqui, mas dá uma olhada na babaquice escrita por Faéu, Sync, Troy Atwood e outros. Modéstia à parte só tinha eu mesmo.

 

E concordo que vcs fizeram um ótimo trabalho e que os culpados foramos nós, mas quando citei sobre o fracasso falava mesmo do clímax catastrófico que alcançou, com a sua saída e a do capítulo final da trilogia "Os Três Patetas".
[/quote']

 

O "cCc" foi criado para elaborar "O Cinéfilo 2". Quando fiz "O Cinéfilo 1", o Foras era um mero flooder da CMJ.
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060606

 

Estou fazendo por comparação às outras' date=' Kika. A Chica pegou tão leve, quanto o tamanhão das perguntas do Scofa. Tire suas próprias conclusões...1906
[/quote']

 

 Eu não peguei leve, não.

 

 Não sei fazer e nem gosto muito de perguntas densas.

 Eu disse isso ao Bernardo.

 

 Eu apenas fiz perguntas que faria a qquer pessoa que quisesse conhecer.
 

 Eu já sabia que haveria os que fariam perguntas sobre cinema, política... sexo (né, kika?).

 

 Afff! Imaguinava Bernardo uma pessoa completamente diferente 13

 

 
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Folks, Marko Ramius será o próximo entrevistado do Cozinha, já confirmou e tudo, segundo ele, já que estamos a fim de ouvirmos besteiras, ele está disponível... então quem quiser se candidatar a uma vaga de ajudante do Cozinha por favor prepare as perguntas, mande para mim e eu repasso para ele.

 

Vamos lá, não é todo dia que temos a possibilidade de levar para a chapa o "queridinho" da ala rosa do fórum... 0606

 

Quem se habilita?

 

 

 

 

 
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Dá para notar um certo esforço do Bernardo nas respostas. Mas ficaram muito boas. Parabéns Bernardo!10 

Achei que você fosse mais descompensado e menos inteligente. Mas vejo que é totalmente o contrário. Aliás, foi bom eu ter lido as entrevistas anteriores para conhecer melhor e positivamente alguns usuários.

 

Parabéns a Veras, Scofield e Calvin pelas perguntas bem-formuladas. Já as do Nacka, meio fracas. Mas mesmo assim bem respondidas pelo entrevistado.

 

Kika porque não perguntou se ele já foi enrrabado?06 Sua mala!06

 

Mas faltaram as perguntas picantes. Eu as deveria ter feito.19

 

Posso fazer para o Marko? 17 Daí ele me mata de vez...06

 

Ahhh e Bernardo volta pro Rio querido, que é no sudeste que as coisas acontecem. Digo por experiência própria.03

 

 

 
Archi2007-12-03 19:39:05
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Puta merda bernardo, parabéns pelas respostas. Sou teu fã (é sério06), você tem um português impecável, sabe apreciar um bom filme e é um dos melhores "comentaristas" do fórum. Espero que não saia do fórum como muitos já fizeram. É sempre bom ler seus comentários sobre os filmes. Não sei se você já percebeu mas grande parte dos filmes que você elogia eu tento assistir 06.

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[Kika porque não perguntou se ele já foi enrrabado?06.gifSua mala! 06.gif]

 

 

 

 

 

 

 

Não perguntei se ele enrrabou e foi enrrabado de uma vez pq o sequiçu nao é o ponto forte dele, é só procurar algum post dele no tópico que vc não achará 03.gif

 

 

 

 

 

Alias, parabens Bernardo, ficou muito boa a sua entrevista...vc não é bad 05.gif

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Puta merda bernardo' date=' parabéns pelas respostas. Sou teu fã (é sério06), você tem um português impecável, sabe apreciar um bom filme e é um dos melhores "comentaristas" do fórum. Espero que não saia do fórum como muitos já fizeram. É sempre bom ler seus comentários sobre os filmes. Não sei se você já percebeu mas grande parte dos filmes que você elogia eu tento assistir 06.[/quote']

 

Nossa, tu não sabe como eu fico feliz ao ler isso. É sério, saber que alguém lê meus comentários e que eles não são apenas um mísero post em um tópico com vários outros... muito obrigado.03
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Valeu pela parte do amor ao Rio de Janeiro, Bernardo. 16.gif Eu sei como é ficar na roça, onde eu moro é pior, nem cinema há (apenas uma sala de projeção, vá) e as locadoras compram os lançamentos que dão caixa, além de eu ter de andar um bocado ou pegar ônibus para alugá-los. Por isso que eu tenho TV paga, acho que compensa para quem assiste tanto filme como você.

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Entrevista legal.

 

Mas só uma coisa que gostaria de saber:

 

 

CHICA- O que está no topo da lista de prioridade na sua vida ?<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

BERNARDO – Escalar o Monte Everest' date=' ganhar um prêmio Nobel,  ser rico a ponto de nunca mais ter que trabalhar, realizar uma invenção para imortalidade e ser sempre feliz.

 

[/quote']

 

Bernardo, você disse que tem grande amor pelo cinema em várias de suas respostas, mas nas suas prioridades, cinema não consta (na verdade, só constam coisas meio que imaginárias aí, enfim...). E como você disse que gostaria de "ser rico a ponto de nunca mais ter que trabalhar", então, o cinema para você seria só uma espécie de "hobby" (ou algo assim), e não chega a ser uma coisa séria, ou com pretenções de se tornar séria a ponto de você querer talvez algum dia trabalhar nisso de alguma forma?

 

(Não estou julgando nem nada, é só uma dúvida mesmo.)
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