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Cozinha do Inferno


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Equipe  do  Cozinha  do  Inferno

 

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Fernando

 

Ajudante de Cozinha

 

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Hoje no cardápio alguém bem mais sossegado do que a esfuziante Connie, a nossa última entrevistada, Fernando um carioca de nascimento mas criado em Minas.

 

O que faz dele (como diria a Tomate), um mineiro de Belzonte, passa a impressão de ser um típico habitante daquelas bandas, na dele. Só se inflama quando é para falar de cinema, oscar e musicais, aí ele fala e fala muito... 

 

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NACKA - Cobrindo o básico, Fernando é nick ou o seu nome mesmo? Solteiro? Casado? Filhos? Mora com a família? Trabalha em quê? Mora mesmo em Belo Horizonte? Idade aproximada (se existir algum item que você não queira ver publicado é só falar, os dados são apenas para que a equipe possa se situar na entrevista, vai que estamos entrevistando o Matusalém? Hahaha..)

 

FERNANDO - Vamos lá! Fernando é mesmo o meu nome: Fernando Jorge Fernandes Sobrinho. Já tive nicks, em outros fóruns, como Alvy Singer (personagem do Woody Allen em Noivo Neurótico , Noiva Nervosa ) e Sick Boy ( Johnny Lee Miller em Trainspotting).  No entanto ,cansei de usar nicks e quando me cadastrei nas duas edições do Fórum Cinema Em Cena , resolvi cadastrar-me como Fernando. Eu me sinto melhor assim, heheh, tendo o meu nome verdadeiro e não de um personagem. Quanto aos outros dados: Eu nasci no Rio de Janeiro , mas cresci em Belo Horizonte, tenho 28 anos, sou solteiro , não tenho filhos e moro sozinho .

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NACKA - Gostos musicais , cinematográficos e literários.... explique tudo. O que nunca ouviria, assistiria ou leria também.... gosta do Paulo Coelho? Como vê a produção literária no país hoje?

 

FERNANDO - Gostos musicais: eu gosto de música pop de todas as épocas , desde os standards das big-bands das décadas de 1930 e 1940  até a música eletrônica contemporânea . Sou fã de ícones pop como Frank Sinatra , Rolling Stones , David Bowie , U2 e Madonna , também pela música como pela persona midiática. Também gosto de Marvin Gaye , Ottis Redding ,Aretha Franklin, The Police , The Cure , Björk , PJ Harvey , Fiona Apple , Garbage , Cardigans , Oasis , Blur , Massive Attack , Beck , Moby , Fatboy Slim , Coldplay , entre outros. Comecei muito recentemente a me interessar por tango, flamenco e música oriental (árabe, hebraica e indiana) , mas não conheço a fundo .

O que nunca ouviria? Não sei , preciso antes conhecer para depois criticar. No entanto, confesso que não curto muito sertanejo , axé , pagode, reggae e heavy-metal. Por causa do último, eu ficava até sem jeito de dizer, porque o Brasil deve ser o país com o maior número de fãs no mundo .

 

Gostos cinematográficos : Sou fã de cinema, só não assisto mais filmes por falta de tempo e dinheiro, hehehe. Meus pais eram cinéfilos, então o cinema faz parte da vida desde criança. Comecei assistindo aos terríveis filmes da Xuxa e dos Trapalhões, além das sessões de filmes da Globo. Eu sou fã da Hollywood clássica, da era dos grandes chefões de estúdio e do star-system das décadas de 1930, 1940 e 1950. Eu admiro o trabalho de diretores como Billy Wilder , Howard Hawks , Charles Chaplin , John Ford e astros como Marlon Brando, Marilyn Monroe, Rita Hayworth, Marlene Dietrich, Cary Grant , Montgomery Clift , Elizabeth Taylor, Audrey Hepburn, entre tantos outros . Do cinema atual eu gosto de acompanhar o trabalho de diretores como Martin Scorsese , Woody Allen , Quentin Tarantino , Pedro Almodóvar ,Wong Kar-Wai e de astros como Nicole Kidman , Ewan McGregor , Julianne Moore ,Jake Gyllenhaal  Cate Blanchett , Gong Li , Maggie Cheung ,entre muitos outros também ,hehehe.

O que nunca assistiria? Xuxa e Trapalhões! Por favor, nunca mais. Xuxa só se for em Amor, Estranho Amor , heheh. Do resto, embora eu não goste muito de Will Smith e Adam Sandler , não me recusaria assistir um bem-recomendado filme  estrelado por eles .

Gosto literário: Sou um ignorante em termos de literatura. Deve ser trauma do colégio e do vestibular, o lance de se ler obrigado . Eu tenho tentado consertar isso , mas acho que eu sou muito “audiovisual” e isso me dificulta na apreciação de um livro: geralmente eu compro livros que foram ou serão adaptados para o cinema como As Horas de Michael Cunningham ( por causa do filme, em 2003) ou Memórias de uma Gueixa (comprei em 2000, porque havia lido uma reportagem de que Steven Spielberg o adaptaria e como sabemos a versão só saiu em 2006).  Eu estava até começando a ler os livros de Harold Bloom, famoso crítico literário americano, para ter um maior conhecimento. Eu tinha um livro dele ( que me roubaram , heheh  emprestei para um amigo e ele disse que “perdeu“, heheh): O Cânone Ocidental, que é recomendado para os iniciantes em literatura. Neste livro ele faz um compêndio sobre o considera basilar na literatura ocidental como William Shakespeare, Walt Whitman, Virginia Woolf , entre outros .     

Sobre Paulo Coelho, já tentei ler , mas não me conquistou. E eu se já sou um ignorante em termos de literatura, quando se trata de literatura em língua portuguesa sou mais ainda! Ainda tenho trauma de Machado de Assis, Eça de Queiroz e José de Alencar, por causa do colégio e do vestibular, embora tenha gostado de O Alienista, do Machado , e  Agosto, do Rubem Fonseca (e sim , eu li por causa da minissérie da Globo ,rsrs).  

NACKA - Cinema brasileiro vai bem ou quê? O que você vê ou não vê, daqui? 

 

FERNANDO - Acredito que vá bem na sua sempre difícil trajetória de estabelecimento como foco de produção. No entanto, acho uma pena que o cinema brasileiro corra o risco de virar única e exclusivamente uma reprodução em tela grande da programação da TV Globo.

 

Antes as primeiras produções da Globo Filmes pareciam boas e criativas, como O Auto da Compadecida (que, aliás, foi exibido previamente como minissérie). Hoje se vê uma avalanche de produções esquemáticas que não passam de especiais televisivos bem cuidados. Não acho o fim do mundo é o caminho óbvio de uma produção cultural dominada pela TV Globo. Só espero que produções off-Globo também consigam atingir o seu espaço e estabelecer uma linguagem genuinamente cinematográfica. Cinema, Aspirinas e Urubus é um bom exemplo. Ainda não vi O Céu de Suely, mas me disseram ser um dos melhores filmes do ano passado .

 

NACKA -  Acompanhei sua relutância em participar do encontro organizado pela Tomate e o Deadman porquê não foi? Timidez, falta de grana (você alegou isso lá) ou as duas coisas? Não gosta de se expor?

FERNANDO - Foi uma junção das duas coisas: falta de grana (estou passando por uns problemas financeiros) e minha timidez extrema. De fato, eu não gosto de me expor. Não quero mostrar a minha cara (sou muito feio) e sou muito tímido mesmo. Demora um século até eu conseguir ter coragem de me expor.

NACKA - Você é um usuário reservado, dado a poucas discussões. Frequenta muito a seção do Oscar, inclusive lá é um dos poucos lugares (senão o único) onde pôde ser observado um barraco no qual você está envolvido (com o usuário Ronny) o Fernando é assim, mesmo fora daqui? (na dele?)

FERNANDO - Eu sou muito reservado na minha vida, mesmo fora do fórum. Como disse, eu sou muito tímido e inseguro. Só me exponho quando eu tenho certeza do que eu estou fazendo ou falando. Isso, aliás, tem me prejudicado desde a infância. Perdi várias e excelentes oportunidades devido a minha extrema insegurança, que beira a patologia, heheheh.

Eu costumo fugir de barracos, até mesmo dos barracos on-line. A questão lá foi uma infelicidade. Estávamos discutindo sobre o cineasta Wong Kar-Wai e acabamos sendo grosseiros um com o outro. Ainda bem que tudo está resolvido agora .   

NACKA – Aproveitando o assunto barraco, em um tópico na seção de dvds (quem diria) um usuário saiu-se com essa, segundo ele o filme Brockeback Mountain era um filme cujo o dvd ele não compraria. O filme tinha, nas palavras dele, "viados demais" e mais, teria vergonha de exibi-lo na estante de sua casa. O que pensa de uma opinião assim?

 

FERNANDO - Eu acho que um pensamento como esse é muito imbecil, principalmente em se tratando de alguém cinéfilo, com bom acesso à informação e cultura.

 

De vez em quando, eu ouço algumas barbaridades parecidas. Algumas foram antológicas! Já ouvi gente dizendo que não gosta dos filmes do Spike Lee , porque é “muito estilo filme de preto. Só tem preto, com os papos chatos de  crioulo americano“, ou que  “ é  um desrespeito mostrar a figura de Deus como um negro ou uma mulher “ (o cara estava se referindo aos papéis de Morgan Freeman e Alanis Morissette em Todo Poderoso e Dogma respectivamente) ou que As Horas é filme de mulher depressiva, e toda

mulher depressiva é mal-comida. Como aquelas mulheres do filme não gostam de pica, aí fodeu tudo“! Hahahahaha.

 

Detalhe: comentários ouvidos dentro de locadora. Acho lamentável, mas infelizmente, papos como o do nosso colega da seção de DVDs sempre surgem. Eu fiquei indignado, principalmente porque o comentário veio de alguém supostamente culto e bem-informado, fã do genial cineasta Stanley Kubrick .

 

NACKA - Uma atitude sua da qual tenha muito arrependimento e outra da qual se orgulhe muito...

 

FERNANDO - Uma atitude da qual eu me arrependo foi ter xingado a minha mãe durante um desentendimento. Acabamos brigando feio e dissemos coisas que não eram verdade.  Tive vontade de morrer depois do que eu disse e fiquei pedindo desculpas o dia inteiro.

 

Uma atitude da qual eu me orgulhe: Não consigo lembrar. Acho que posso citar um momento em que eu tive que intervir numa discussão no meu colégio quando um cara disse para meu amigo judeu que não confiava nem respeitava pessoas que não acreditavam em Jesus, que não o tinham no coração quando praticavam os atos da vida. Nesse momento eu tive que intervir e disse, em defesa do meu amigo: “Nem todas as pessoas têm Jesus Cristo como o centro de sua fé. No entanto e ao contrário do que você possa pensar, a maioria dos não-cristãos tentam em seu cotidiano, praticar atitudes que Jesus concordaria pois almejam o bem ao próximo. Não precisa se acreditar em Jesus para ser um bom ser humano “. O outro continuou falando, mas fiquei feliz de ter evitado uma briga tola. Apesar disso, eu não considero uma atitude tão maravilhosa, só era uma situação tão tensa e absurda  que alguém tinha que ser razoável .

 

A bem da verdade, eu não tenho orgulho de nada que tenha feito na vida. Espero que no futuro eu possa ter orgulho do que venha a fazer, daqui para frente.

 

NACKA - O que o Fernando quer ser quando crescer?

 

FERNANDO - O Fernando não sabe direito o que ser quando crescer, hehehe No momento estou atravessando uma fase “ lost in translation “. Em um plano mais imediato, eu pretendo continuar nos dois estágios que estou fazendo ( Procon Central e Caixa Econômica) e economizar para me manter na faculdade e pagar contas atrasadas. Pretendo também estudar para prestar algum concurso público. Mais adiante, espero talvez encontrar minha alma gêmea e, muito talvez (hehehe) constituir uma família.

 

NACKA - O que é mais fácil, estar próximo da família (mesmo com todo o desgaste que sabemos existir) ou longe dela? (morrendo de saudade do colo da mamãe) Já passou por algo assim?

 

FERNANDO – Escolho estar próximo da família, sem dúvidas. Agora que o meu núcleo familiar imediato se dissipou, eu sei que nada substitui o apoio de pai e mãe. Eu perdi o meu pai e a minha mãe nos momentos em que eu mais tinha afinidade com eles , e mais precisava do apoio diário. Eu fui criado isolado da família, por causa de sérios problemas, anteriores à minha existência...

 

Minha mãe rompeu com toda a família e me criou isolado. Depois que o meu pai morreu (em abril 1989), ela ensaiou uma aproximação, mas não obteve êxito . Então, ela foi se isolando cada vez mais, e eu acatei a sua opção. Agora que ela morreu (em abril de 2006, a partir de agora, eu odeio o mês de abril...), por mais difícil que seja a convivência familiar, sou obrigado a reconhecer que uma família é necessária na vida de uma pessoa.

 

Estou ensaiando uma aproximação. Se não der certo, espero continuar contando com o apoio dos amigos. Eles é que têm sido a minha verdadeira família: uma família espiritual.

 

NACKA - Vamos falar do Oscar... sua praia, o que acha dos indicados deste ano? O que seria na sua opinião uma premiação justa? Isso existe?

 

FERNANDO - A maior parte das indicações eram previsíveis. Desde o início do ano se cogitava as presenças de:

A) Os Infiltrados (por causa da eterna injustiça em torno de Martin Scorsese e também de sua volta ao ambiente mafioso contemporâneo);

B)Babel (por causa das questões étnicas, em voga desde Crash, e também por causa dos elogios e da Palma de Ouro em Cannes para o diretor mexicano Alejandro González Iñarritú);

C) A Pequena Miss Sunshine (boa aceitação desde o início de 2006 e comentários elogiosos para todo o elenco – da pequena Abigail Breslin ao veterano Alan Arkin);

D) O Labirinto do Fauno ( excelente repercussão em Cannes e boas críticas e bilheteria) ; além das badaladas atuações de E) Helen Mirren (a grande favorita , por A Rainha) , F) Meryl Streep ( O Diabo Veste Prada , no papel que periga ser o mais conhecido de sua carreira: a editora de moda Miranda Priestley ) G) Penélope Cruz (Volver, de volta às origens espanholas-almodovarianas, finalmente, provando ter talento e sex-appeal), H) Forest Whitaker e Peter O´Toole ( dois atores sempre subestimados e/ou injustiçados em premiações e que são os favoritos na categoria de melhor ator), I) Leonardo DiCaprio (na sua eterna busca por reconhecimento , em mais uma elogiada atuação por Diamante de Sangue. Estava cogitado também por Os Infiltrados), J) Ryan Gosling (sempre tido como um dos atores mais promissores da atualidade , foi elogiadíssimo por Half Nelson , L) Jennifer Hudson ( vencedora de uma das edições do American Idol, é a nova queridinha da América. Dizem que rouba todas as atenções da Beyoncé no musical Dreamgirls. Putz , empolguei legal aqui ! Hahahaha.

As maiores surpresas foram as ausências do badalado musical Dreamgirls na categoria de melhor filme (logo este filme que tinha uma campanha agressiva e iniciada já em março de 2006 !), Volver como melhor filme estrangeiro e Jack Nicholson, o queridinho da Academia, como melhor ator coadjuvante em Os Infiltrados .

Sempre a questão de premiação justa. Acho que isso nunca ocorrerá. Cada um tem seus próprios critérios de qualidade e justiça. Se já não existe unanimidade na maior parte das questões da vida, é impossível que se espere algo assim quando se trata de produções artísticas. Arte não é e nunca será unanimidade, não é mesmo?

NACKA - Qual o melhor filme que você viu em 2006 e porquê?

 

FERNANDO - Que difícil! Esse foi um ano que não vi tantos filmes como nos anos anteriores. No entanto posso citar três filmes que tiveram um grande impacto emocional sobre mim:  Brokeback Mountain , 2046 e Volver .

BBM porque, na verdade , trata das escolhas que devemos fazer na vida. Talvez que o nos torne felizes não é aquilo que a maioria das pessoas pensa ou acredite ser o certo. E isso para vale para tudo na vida, e para pessoas de todas as orientações sexuais. No entanto, é interessante que o filme aborde a questão de um relacionamento homossexual, trazendo um ambiente caro à cultura americana: Os caubóis, um ideal de força e masculinidade, que ajudou a construir a sociedade contemporânea estadunidense , além do ideal de cidadão americano (é só ver os filmes de John Ford para comprovar a força desse mito).

2046, por causa da ressaca sentimental gerada pela perda de um grande amor que não se conseguiu concretizar, os fantasmas dessa decepção que prosseguem em relacionamentos, o desejo de buscar um refúgio imaginário, lúdico para isso tudo. Sem falar no desfile de algumas das atrizes mais interessantes do cinema oriental: Gong Li , Zhang Ziyi , Faye Wong e Maggie Cheung. Gong e Zhang , felizmente , falam em mandarim e não no inglês horroroso de Memórias de uma Gueixa , hehehe.  Ambas estão lindíssimas em 2046. Aliás, considero Gong Li uma das mulheres mais lindas do mundo.

Volver, por causa dos fanstamas familiares do passado, do acerto de contas inevitável com a sua historia, a questão da morte e da importância da mãe em nossas vidas (e esse ano eu perdi a minha mãe, isso foi um adicional emocional na hora de assistir o filme), Penélope Cruz bonita , sexy e ótima (que surpresa: Penélope ótima !) , além do retorno de uma das melhores atrizes dos últimos vinte anos: Carmen Maura, a primeira musa de Almodóvar, não trabalhava com ele desde a impagável comédia Mulheres À Beira de um Ataque de Nervos , de 1988.   

NACKA - Você gosta de musicais (inclusive, teremos para breve a tão esperada crítica para Moulin Rouge para o Cineclube), na sua opinião, porquê o gênero é tão passional? Tipo, não tem um meio termo. Quem gosta, gosta mesmo e quem odeia não perde a chance de espinafrar. A era dos musicais passou mesmo?

FERNANDO - Acredito que o musical tenha a tendência ser mesmo um gênero passional: Ou se gosta ou não.

Quando se gosta, gosta-se muito, embarca legal na proposta, canta as músicas, discutindo a colocação e o significado delas na película e tudo aquilo que fã adora fazer com seus filmes favoritos, dissecá-lo e revê-lo sempre que possível. Já quem odeia ... hehehe. É um inferno! Talvez a problemática em torno dos musicais é que nenhum outro gênero escancara aos olhos e ouvidos do espectador de que o está assistindo é uma mentira, uma ilusão audiovisual construída pelos artistas envolvidos.

Nos acostumamos a assistir aos filmes como uma reprodução de uma realidade que mesmo em uma proposta fantasiosa, tenha que haver um mínimo possível de verossimilhança com a realidade. Coisa que não acontece no musical. E mais fácil acreditarmos em uma realidade futurista com andróides e tecnologia de todo o tipo, do que uma realidade em que as pessoas cantam e dançam, ao expressarem suas emoções. No musical, para piorar as coisas, a música é a própria narrativa da história.

Em Moulin Rouge, as músicas escolhidas pelo diretor e roteirista Baz Luhrmann conta a história do relacionamento entre Christian e Satine , por exemplo, isso é um rompimento e estranhamento do modelo de narrativa ao qual estamos acostumados . Os musicais não unanimidade até mesmo entre os críticos.

Sobre o tempo dos musicais, sim , talvez a era dos musicais tenha passado. Antigamente os filmes eram o meio de lançamento do hit parade. Compositores talentosos como Cole Porter e Irving Berlin utilizavam as produções cinematográficas como meio de lançar suas canções, além dos cantores como Bing Crosby e Frank Sinatra utilizaram o cinema como uma forma de aumentar suas já imensas popularidades. Sinatra, em todo caso, ainda conseguiu se firmar como ator dramático é motivo de referência para todo popstar que tenta a sorte na tela grande. A queda de popularidade dos musicais coincide com o maior acesso à música, através do surgimento da televisão (os programas de auditório como o famoso Ed Sullivan Show -  por onde se apresentaram Elvis Presley , Beatles , Rolling Stones , The Doors, entre outros ícones) e os videoclipes ( que surgiram como mera peça publicitária de apresentações musicais para promoverem as canções até alcançarem estado de nova arte na década de 1990. Arte até Britney Spears, Backstreet Boys e similares transformarem tudo em peça publicitária vagabunda, ehehehe). Tem também os fatos de que os musicais não convenciam mais platéias menos ingênuas e românticas, além de muitos taxarem os musicais como gênero símbolo da cultura gay, o que pode afastar o público mais conservador e preconceituoso.

 A influência dos videoclipes é tão forte que alguns musicais acabaram se apropriando dessas técnicas televisivas como Evita, Moulin Rouge, Chicago e O Fantasma da Ópera (principalmente os dois primeiros). Aí tem-se outra e nova polêmica: a linguagem acelerada é televisiva e não cinematográfica,  pois contraria as idéias de montagens e planos-seqüências. Seria televisão e publicidade na tela grande, e não cinema propriamente dito .  

 

A musa do Cozinha começa falando de literatura e pegando o gancho das perguntas anteriores, quer saber porque nosso entrevistado não lê e arranca as preferências musicais do carioca dublê de mineiro...pergunta: A grama do vizinho é mesmo mais verde?

 

PS: A danadinha conseguiu até uma possível foto do Fernando... confira:

 

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VERAS -  Você se confirmou anteriormente como um ignorante em termos de literatura, dizendo ser um reflexo traumático do colégio e do vestibular. Isso chama a atenção porque, na verdade, o objetivo da lista de livros no vestibular é exatamente levar a literatura aos jovens, fazê-los conferir importância à língua portuguesa, para que possam respeitá-la e apreciá-la.

Infelizmente, suas palavras não são novas, visto que inúmeros outros confessam lerem livros apenas por obrigação no período escolar, quando Machado de Assis, José de Alencar e Rachel de Queiroz são vilões terríveis das mentes jovens.

Em contraponto , alguns livros estrangeiros, como as séries "Harry Potter" e "Desventuras em Série" são aclamados pelo mérito de despertar o prazer da leitura não só nas crianças, mas também em adultos que nunca se interessaram por ela.

Então pergunto: por que acha que isso acontece? Qual o problema com a literatura brasileira? O que está errado na metodologia escolar nesses termos? Por que é tão difícil contagiar os jovens com a língua portuguesa?

FERNANDO - Eu acredito que isso acontece porque além de sermos criados imersos na cultura anglo-americana, o que nos faz achar que os aspectos culturais estrangeiros são mais interessantes do que os nossos, além disso, a metodologia é toda equivocada: É imposta, um decoreba inútil e frio, o professor não demonstra ter interesse no que o aluno apreendeu do livro e qual a sua interpretação sobre a história narrada. Não sei se isso evoluiu nas escolas , mas ”no meu tempo“ era assim e fez criar em mim uma aversão à literatura, principalmente a luso-brasileira .

Para se contagiar os jovens , acredito eu , deveriam ser promovidos debates sobre a interpretação deles sobre a narração e também tentar demonstrar que a cultura nacional pode ser tão interessante quanto a estrangeira. Somos viciados nas informações vindas de fora. A grama do vizinho é sempre mais verde, hehehe...

 

VERAS - Na sua listagem de bandas preferidas foram citados, dentre outros: The Police, The Cure, Björk, Cardigans, Blur e Massive Attack. Todas estas, bandas consideradas dentro da relativamente nova concepção de música "indie". Mas o "indie" na verdade, tornou-se uma classificação de grupo social, assim como o "emo" e o "punk".

Enfim, você se considera um cara "indie"? Por quê? O que você acha desse tipo de rótulo que a sociedade cria. Qual a necessidade deles e quais as suas conseqüências sociais?

FERNANDO - Não , eu não me considero indie , nem nunca busquei essa classificação . Embora já tenham me achado a cara do vocalista do Weezer, o Rivers Cuomo, hehehe. (parênteses para o Cozinha mostrar a possível cara do FERNANDO, quem mandou falar?)

 

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          Rivers Cuomo vocalista do Weezer=Fernando?

 

É apenas mais um rótulo da nossa sociedade de consumo. Tudo é vendável na sociedade de consumo: A revolução, a rebeldia, o bom gosto, a erudição, o sex-appeal ...Indie é um termo que nos anos 1990 foi muito perseguido pelos jovens na música e no cinema , mas que com o amplo acesso ao entretenimento e cultura, acabou se diluindo, pois nada mais é absolutamente independente. “ Indie “ virou mais um rótulo sonho de consumo, tal como “punk “, que fez sentido no final dos anos 1970, com a crise sócio-político-econômica da época e a contestação da cultura “ mainstream “. 

 

A necessidade desses rótulo são mais uma busca de enquadramento em um grupo , de ser aceito e pode expressar o que se sente , mas que tem o efeito colateral de se omitir a verdadeira personalidade e se enquadrar no termo da moda , o que é vendável , glamuroso e cool no momento . E as modas são sempre fugazes ... Eu já presenciei várias modas desde que comecei a me interessar por música . A primeira moda foi o grunge , no ínicio da década de 1990 , quando o “ indie “ invadiu a seara pop e se tornou mainstream . Aí muita gente achou  legal e quis ser “ indie”.  O mesmo aconteceu em termos de cinema , com a explosão de Pulp Fiction, em 1994 , que todo mundo começou a babar pelo cinema indie , e isso virou um rótulo : depois de Nirvana e Quentin Tarantino , passamos a Ter os “ indies “ de butique .

 

Quanto ao meu gosto musical, é um gosto típico de alguém que cresceu nos anos 90. Não curto muita coisa da década atual ( odeio essa moda emo ! Odeio Simple Plan , Good Charlotte  , My Chemical Romance , entre outros).

 

Musicalmente , eu estacionei nos anos 90. E eu não acho que Björk, Blur, Cardigans e Massive Attack sejam assim “ cool ” ou “ indie “: é o som da molecada que assistia a MTV da era Sabrina Parlatore, final dos anos 90. Ou seja , o meu gosto não é indie ,hehehe. É pop mesmo !

 

E eu também gosto de muita coisa tida popular ou brega como Madonna e U2 . Até da Beyoncé , eu gosto, hehehe .

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Folks excepcionalmente a restante da entrevista do Fernando será publicado apenas na terça feira, surgiu um imprevisto e terei que sair... por enquanto desgustem o que está aí... a segunda parte tem aquelas perguntinhas sobre família, etc, etc...
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Falar sobre nossas perdas pode ser uma tarefa hérculea para alguns e talvez por isso engasgamos sentimentos que ficariam melhor exteriorizados porque assim nos dão a sensação de estarem resolvidos e o Fernando fala aqui de um momento delicado de sua vida:

 

 

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FORASTEIRO - O tópico dos Melhores Filmes dos Anos 80 terminou com uma questão interessante. Enquanto vários aplaudiam a lista definitiva, outros a condenavam por representar apenas o pior produzido pelo cinema na década. Você fez parte do segundo grupo, inclusive desferindo um comentário que servirá de base para esta pergunta, “a década de 1980 é a década do entretenimento superficial”. Como bom cinéfilo, como você separa a arte da pipoca? Pra você, o primeiro tipo sempre é prioridade em relação ao segundo? Será que dá mesmo para reuni-los e compara-los em uma mesma lista? Sobre a montada no tópico do Tensor, se possível, identifique e justifique os citados que não lhe agradaram:

 

1º - DE VOLTA PARA O FUTURO / DIR: ROBERT ZEMECKIS  (ANO: 1985) - 129 Pontos<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

2º - AMADEUS / DIR: MILOS FORMAN (ANO: 1984) - 108 Pontos

3º - E.T. / DIR: STEVEN SPIELBERG (ANO: 1982) - 90 Pontos

4º - O ILUMINADO / DIR: STANLEY KUBRICK (ANO: 1980) - 88 Pontos

5º - CURTINDO A VIDA ADOIDADO / DIR: JOHN HUGHES (ANO: 1986) - 82 Pontos

5º - TOURO INDOMÁVEL / DIR: MARTIN SCORSESE (ANO: 1980) - 82 Pontos

7º - ERA UMA VEZ NA AMÉRICA / DIR: SERGIO LEONE (ANO: 1984) - 80 Pontos

8º - OS CAÇADORES DA ARCA PERDIDA / DIR: STEVEN SPIELBERG (ANO: 1981) - 71 Pontos

9º - BLADE RUNNER / DIR: RIDLEY <?xml:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas:contacts" />SCOTT (ANO: 1982) - 57 Pontos

10º - DE VOLTA PARA O FUTURO 2 / DIR: ROBERT ZEMECKIS (ANO: 1989) - 54 PONTOS

FERNANDO - Não, eu não separo a arte da pipoca, mas neste caso fiquei descontente de ver sempre os filmes citados e que acabam reforçando a teoria , equivocada, de que a década de 1980 foi a década “ Sessão da tarde “. Não tenho preconceitos, até porque um ótimo entretenimento só pode ser obra de um artista de talento. Por isso é óbvio que dá para agrupa-los em um mesmo grupo. Steven Spielberg e Robert Zemeckis podem facilmente dividir espaço com Wim Wenders e David Lynch como autores das obras cinematográficos mais influentes daquela década .

   

 

Eu gosto de todos os filmes citados , mas confesso que esperava ver Veludo Azul ( David Lynch) entre os dez primeiros  e espumei de ódio por causa disso . No entanto , também tenho que confessar que é uma boa lista com bons representantes daquela década . Inclusive , acho até que Curtindo A Vida Adoidado é uma pequena obra-prima e uma das melhores comédias já produzidas . No entanto , eu queria ver Veludo Azul entre os 10 primeiros !!!!! Hehehehe

 

FORASTEIRO - Certa vez você disse que eu já cheguei a nutrir um certo desprezo pelo cinema e seus admiradores, o que não deixa de ser verdade. Confesso que tenho percebido aqui no fórum, em áreas distantes do “Filmes em Geral”, algumas manifestações deste desdém, como se gostar de cinema fosse um exercício de catar pêlo em ovo, como se perdêssemos nosso tempo e nosso dinheiro em uma forma de arte ainda estigmatizada pela ignorância e os péssimos representantes apreciados pelo público “comum”. O que você diria àqueles que nos lêem agora e que certamente não estão aqui pelo cinema? Àqueles que buscam na 7ª arte nada mais que diversão escapista? Você já foi um deles? Acha que é possível coexistirmos, mesmo sabendo com certeza que eles não aproveitam o cinema em sua totalidade, e eles sabendo com certeza que desperdiçamos boa parte de nossas vidas rastreando significados na frente da TV? E o que seria do cinema se só um dos lados existisse? Se o público mudasse o cinema, ou se o cinema mudasse o público...

 

FERNANDO - Eu diria que os participantes que não estão aqui pelo cinema, também têm que compreender que os outros não estando perdendo o seu tempo: estão debatendo coisas que gostam, têm paixão , querem trocar conhecimentos e se divertir falando do que os motivam a acessar a Internet. Um grupo tem que respeitar o outro. Eu tenho que respeitar aquele que acha o cinema uma mera diversão e não tentar convertê-lo  a se tornar um cinéfilo de carteirinha, assim como quero que me respeitem por acessar a Internet para conversar sobre cinema . Aliás , Forasta , você tocou em um assunto que já me irritou bastante: As pessoas acharem que eu estou perdendo tempo e dinheiro com cinema (talvez até esteja , mas nisso eu encontro satisfação) Outra é acharem que eu estou me gabando de ter visto mais filmes do que os outros, pura bobagem. Posso até ter alguns surtos de auto-importância, mas no fundo só quero conversar e procurar informações, numa boa. Eu acredito que há espaço para todo mundo no fórum, além do cinema, e que todos têm espaço para postarem o que estiverem a fim do momento. E isso é o verdadeiro motivo do sucesso do fórum .

 

Quanto à diversidade de opiniões sobre o cinema (arte ou diversão escapista), acredito que seja possível conciliar as duas formas e inclusive colocá–las em uma mesma produção, com o único intuito de se fazer um bom filme, com um bom trabalho de direção, roteiro, atuação, enfim com todos os ingredientes necessários. O fascinante do cinema é justamente a variedades de opções e idéias a serem executadas e mostradas para o público. Isso é o que faz existir e se manter em constante evolução .

 

FORASTEIRO – Como foram os últimos meses longe da sua mãe? Onde você buscou refúgio, quem te deu forças para superar? A propósito, já superou mesmo? O que você sente quando se senta sozinho à mesa, quando chega o aniversário dela, quando pega o

telefone e tem a sensação de que precisa falar com alguém... Como são os natais, aniversários e feriados? Como será daqui pra frente, se você não conseguir “recuperar” sua família? Acha que dá pra se apoiar somente nos amigos?

FERNANDO - Esses meses têm sido os piores momentos da minha vida , são os vários momentos que eu tive vontade de morrer também . Eu busquei refúgio nos  vizinhos e alguns amigos , e não foi fácil . Embora tenha encontrado ajuda de pessoas maravilhosas , passei por maus bocados que me fizeram constatar que realmente o ser humano é sozinho nesse mundo e responsável pelos seus atos .

Ainda não consegui superar. Os momentos citados são os piores, acordar de manhã, ir dormir, as datas (todo dia 6, os feriados, os finais de semana): Uma sensação de extremo vazio . Pensei que fosse morrer de depressão nesses feriados de final de ano. É uma dor e uma sensação de perda que eu não desejo para ninguém. Ainda mais , porque minha mãe foi um misto de mãe, pai, avó, confidente e até filha. Estando tentando recuperar a minha relação com a família, descobri que, de fato, por melhores que sejam os seus amigos, tem situações que só gente que é "sangue do seu sangue" pode resolver ou compreender .

 

Não está sendo fácil , mas estou tentando. Tem horas que eu acho que não vou sobreviver, mas acabo me surpreendendo por conseguir estar vivo . 
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Scofield desta vez quer falar apenas e tão somente sobre cinema... mas sabe como é, papo vem, papo vai e como a sétima arte não é um assunto estanque, acaba-se falando de tudo um pouco, da beleza (a interior existe?), do fechamendo de salas de cinema em Belo Horizonte, downloads na internet até o horror do 11 de setembro.

 

 

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MR. SCOFIELD - Com o fim dos grandes cinemas da capital mineira (alguns belíssimos) como o Cine Brasil, o Paladium, o Jaques, dentre outros, ocorreu a concentração dos espetáculos nos shoppings, o que resultou em uma mudança geral em vários aspectos, alguns positivos e outros negativos (no público alvo - que se expandiu muito, no preço das entradas, número de salas, segurança, etc.). Como você vê esse "fenômeno" (foi positivo, negativo ou inevitável e por quê)? Você acha que os adventos da internet (com os polêmicos downloads ilegais), tv a cabo e dvd afastaram o público dos cinemas ou estão relacionados a essa mudança? Pra você, é possível se ter assistindo a um filme em casa através de tais recursos a mesma emoção de uma tela de cinema? Fatores como público "adolescente", sujeira das salas, pessoas entrando e saindo sem parar, etc. - muito comuns nas salas mais visitadas - funcionam como inibidores reais para você ou são insignificantes?<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

FERNANDO - Esse fenômeno era inevitável por causa dos problemas financeiros que as grandes salas vinham atravessando . Algumas mudanças foram positivas como segurança , maior qualidade de projeção e o aumento de número de salas , enquanto outras nem tanto como o aumento do preço de ingressos , uma maior concentração de blockbusters empurrando outros tipos de lançamentos para um circuito mais restrito e salas bem mais cheias ( isso é bom para os exibidores , mas nem tanto para os freqüentadores mais assíduos ,hehehe).

 

Os adventos da Internet acabam sim afastando um pouco o público da emoção de ser ver um filme na tela grande . Acho que o impacto de todo aquele ritual de sair de casa , se preparar para assistir um filme e compartilhar essa experiência com que esteja em volta é inigualável , para mim tem o mesmo impacto de um ritual religioso. Um amigo costumava dizer que fora da tela grande , o que se vê é algo que um dia “ já foi cinema “  e nem o mais sofisticado home theather consegue reproduzir totalmente esse impacto.  Só que isso é um sentimento puramente cinéfilo, e com a vida cada vez mais corrida, insegura e facilitada pelos novos meios tecnológicos todo esse proceso é inevitável. Sou um dos poucos que tem saudades das antigas salas como o CineBrasil , Jacques, Pathé e Palladium.Esse último então ... É de cortar o coração vê-lo fechado e abandonado já há quase 8 anos. Aliás , o último filme exibido no Palladium  foi justamente um filme-testamento ou filme-despedida:  De Olhos Bem Fechados , o réquiem de Stanley Kubrick. Pena que o Palladium fechou ! Nicole Kidman nua naquela telona  cinemascope não tem preço !!!! Orgasmo cinematográfico, heheheh.

 

Quanto aos fatores citados como possíveis inibidores (adolescentes, sujeira, saída e entrada constantes) são sim um pouco inibidores, mas não impecilhos totais . Quando se escolhe ver um filme como os da série Harry Potter, isso já é mais do que esperado . Já quando se trata de um filme como Brokeback Mountain só mesmo indo para o Belas Artes. Até cogitei assistir esse filme no Pátio Savassi, depois de ter ouvido  que as sessões no Shopping Cidade (o mais acessível para mim) foram catastróficas. Mas indo assistir no Belas Artes , embora a projeção seja , às vezes , problemática ( apesar de todo aquele papo de reforma , melhor qualidade e patrocínio, hehehe) . 

MR. SCOFIELD - No último ano o cinema finalmente pôde retratar os terríveis incidentes de setembro de 2001, após os sentimentos de mal estar, indignação e horror que assolaram a população americana e mundial em três belos filmes, principalmente: World Trade Center (As Torres Gêmeas), United 93 e o produzido para a tv, Flight 93. Naturalmente que cada um trata dos acontecimentos de modo peculiar e com pontos de vista bastante distintos, no entanto, todos de forma sensível e emocionante. É comum, entretanto, nos depararmos com pessoas, que, a despeito da morte dos vários inocentes, vêem nesses acontecimentos, uma certa "justiça tortuosa" contra o que se intitula "o maior país do mundo" e não é difícil enxergar mais a fundo e ver que de certo modo até admiram o que aconteceu. O que você acha desse tipo de sensação? O que você acha que sentiria (ou sentiu, no caso de ter visto) se assistisse algum desses filmes? Se você obtivesse um aparato cinematográfico para montar um filme sobre o atentado, que ponto de vista adotaria (faria um filme dentro de algum dos aviões, fora deles, dentro do WTC, externo com as famílias, político com as autoridades, etc)? Por fim: o que você acha que leva pessoas a assistirem filmes/noticiários/retrospectivas que lhes trazem lembranças tão horrendas?


FERNANDO - Infelizmente, essa sensação de vingança é inevitável, tendo em vista o que os americanos têm feito em relação aos outros países , ao longo das décadas. É só lembrar que estiveram envolvidos nas ditaduras latino-americanas , guerrilhas africanas, além de terem apoiado gente como Saddam Hussein e Osama Bim Laden para defenderem seus interesses no Oriente Médio, na década de 1980, para depois constatarem que cometeram grandes equívocos com esses homens.

 

Isso tudo não é uma justificativa para apoiar o ocorrido no 11 de setembro, evidente que não.  A queda das torres do World Trade Center, talvez tenha sido o momento mais terrível já documentado pela imprensa mundial. No entanto, o sentimento de vingança de várias pessoas no mundo é um fato esperado, tendo-se em vista o caráter imperialista da maior potência global .

 

Eu ainda não assisti aos filmes que abordam a tragédia do 11 de setembro (esse ano tive que reduzir a quantidade de filmes visto), no entanto acredito que teriam um certo impacto sobre mim , e ele seria ainda maior se eu tivesse presenciado os atentados ou tivesse algum parente ou amigo vítima da tragédia .

 

Se eu tivesse um aparato cinematográfico , gostaria de ter registrado um documento político com as autoridades , pois é o que mais me intriga em relação ao 11 de setembro. Acredito que uma série de fatores levam as pessoas a assistirem aos filmes, noticiários e retrospectivas dessas lembranças horrendas: Curiosidade, busca de informação, estado de choque e outras que eu não consigo lembrar neste exato momento. No entanto, no caso do 11 de setembro é impossível ignorá-lo pois se trata de um evento histórico. O século XXI, como dizem vários acadêmicos , começou foi  naquele dia  e trouxe uma nova estrutura geopolítica, que nós ainda não sabemos o que pode acarretar. E o mais bizarro, que contribui para o estado de choque coletivo é que aquele terrível evento histórico foi amplamente documentado e transmitido ao vivo pelas TVs de todo mundo . A História continua correndo , ao contrário do que se achava anteriormente: Só teríamos uma sucessão de monotonia com os confortos da vida urbana-tecnológica, tipo os Jetsons, hehehe. A História continua correndo e não sabemos o que vai ocorrer. Deus nos proteja e perdoe pelos nossos pecados, hehehe. 

 

MR. SCOFIELD - Hoje em dia é muito comum, em diversas circunstâncias, o culto ao "belo" (ou o que a sociedade considera como belo - especialmente fisicamente). Em todas as situações que as pré condições não são atendidas em relação a um indivíduo, nos deparamos com testas franzidas, expressões de horror ou risadinhas maliciosas em relação a ele. Por outro lado, o oposto (o "belo") é premiado com sucesso, às vezes, mas seguido de inveja e exaltação de outros supostos defeitos (é praticamente impossível ligar o rádio hoje e não ouvir uma música de Beyoncè, que explora tanto a sensualidade que chegamos a perguntar se existe "uma pessoa por trás daquilo tudo").

 

Confrontando as situações acima com seu medo de exposição (relatado em suas respostas ao Nacka), pergunto-lhe: qual a importância REAL que você considera em relação ao "culto ao belo" na sua vida fisicamente e em suas atitudes (por exemplo: se expor somente quando moralmente "correto")? Se você concorda que a dicotomia do que denominei culto ao belo acaba gerando algo negativo, porque tantas pessoas querem ser "belas" ? (se não concorda explique por que) Na sua opinião, é possível querer ser belo sem que isso retrate que "você se importa demais com o que os outros acham de você"?

 

FERNANDO - Olá , Scofa ! Embora eu saiba que o mais importante no ser humano são suas atitudes e o seu caráter, admito que a beleza física é um ponto fraco na minha vida . Eu nasci no Rio de Janeiro, o local que mais se cultua o corpo no Brasil e cresci em uma família e uma escola onde todo mundo valorizava a beleza física e o status social em detrimento da personalidade da pessoa. Em Belo Horizonte, eu estudei em um dos colégios mais tradicionais, o Sagrado Coração de Maria e que tinha uma mitologia parecida com a das high schools americana: A patricinha , o mauricinho , a princesa , o atleta , a vagabunda , o comedor , o nerd , o rebelde e todas essas babaquices. Eu sofri com isso, desde a infância : sempre fui o mais baixo, o mais fraco  míope ( meus óculos são fundo de garrafa) o que não tinha olhos claros e tendo que conviver com a cobrança e o desprezo. Só convivi com gente superficial e interesseira , e para piorar eu mesmo edifiquei meus valores em torno da beleza. Na verdade, a sociedade contemporânea dá um valor primordial à beleza física. É notório a diferença de tratamento oferecida entre os “ esteticamente favorecidos “ em relação aos demais no colégio, faculdade, clube, shopping, praia e até emprego. A vida é uma competição e agora que inventaram que homem também tem que ser bonito ( pronto , aí fodeu para o meu lado, hehehe). Como todos querem ser valorizados , requisitados, admirados e amados, então acabam sucumbindo a esses valores tolos e que, infelizmente , estão se espalhando pelo mundo. 

 

 

Silva espreme nosso entrevistado sobre o assunto que ele adora (e nós também): Cinema. Mas sobra espaço para desancar o Big Brother (não o do fórum é claro) e falar de Mel Gibson.

 

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SILVA -  Você freqüenta bastante o fórum de premiações. Além disso, você disse na prévia da Entrevista com o Nacka que você possui uma certa predileção pelo cinema mais antigo, mais precisamente a época mais glamourosa (na falta de definição melhor) de Hollywood. Isso se reflete também em partes na sua predileção por musicais (que teve seu auge justamente nessa época de ouro de Hollywood). Sendo assim, qual a sua visão sobre a situação atual do cinema?? Você acha que a situação cinematográfica atual é melhor ou pior do que antes??

 

FERNANDO - É sempre difícil responder essa pergunta. Existem vários momentos que me levam a pensar que o cinema já foi melhor e que tudo que deveria ter sido feito, já o foi e de uma maneira que poucos ou ninguém seria capaz de ver. No entanto, não é verdade. A era clássica de Hollywood pertencia a uma outra conjuntura, um outro tempo. Muitos filmes ruins também eram produzidos e muitos filmes não tinham uma espécie de estampa de “clássico“. Provavelmente o cinema contemporâneo esteja produzido filmes que serão lembrados e venerados pelas próximas gerações, a exemplo de E O Vento Levou , Casablanca , Cidadão Kane e O Poderoso Chefão. O que leva a crer que o cinema já foi melhor é o fato do mercantilismo cultural ter chegado às últimas conseqüências, o vale-tudo na hora de vender os filmes, a preocupação auto-destrutiva com as receitas e o nivelamento por baixo, causado até pela quantidade maior de lixo de produzido. Talvez porque hoje se produza mais e mais pessoas tenham acesso ao cinema, que a quantidade de filmes ruins venham a aumenta . Em todo caso, eu sou sempre otimista quanto ao cinema e acredito na sua constante evolução. Apesar dos pesares, hehehe. Apesar da Xuxa, da Paris Hilton, do Rob Schneider, do Martin Lawrence, e da ditadura das franquias cinematográficas : o cinema BigMac, hehehe.

 

SILVA - Esse ano, mais uma vez fomos "agraciados" com mais um BBB. Eu pessoalmente não assisto. Mas, tal qual uma epidemia que se alastra numa velocidade exorbitante, em qualquer lugar que eu vou, todos comentam sobre esse programa, a ponto de você se sentir quase um ET por não assistí - lo. O que você acha desse programa?? Acha que ele é mais uma prova da decadência da TV brasileira??? A que você credita o sucesso dele???

 

FERNANDO - Eu acho que o Big Brother é um misto de teatrinho de quinta categoria com um estúpido comércio de carne audiovisual, hehehe.

 

É uma enganação , só acontece o que a Globo quer e a população embarca nessa , acreditando na autenticidade das atitudes e dos acontecimentos . É uma decadência cultural , com certeza  . No princípio , atraído pela curiosidade , eu acompanhei as primeiras edições . Depois comecei a desconfiar da autencidade do programa e agora eu tenho certeza com a atual edição . O sucesso do programa se deve ao lado voyeur que todos nós temos : a curiosidade irresistível de saber o que se passa na vida dos outros . Hitchcock já havia abordado isso no seu clássico Janela Indiscreta. O problema do BBB é que essa intimidade vigiada e gravada é falsa demais. No entanto o é também as fantasias de luxo e fama da população, basta ver a quantidade de pessoas que enviam vídeos constrangedores na vã esperança de serem selecionados e conquistaram seus 15 minutos de fama. Só que nem todo mundo vai ser tornar uma próxima Grazielli Massafera , não é mesmo ?

SILVA - Recentemente, estreou o mais novo filme de Mel Gibson: Apocalypto. E assim como em Paixão de Cristo, o filme também está dividindo opiniões, pelas suas opções um tanto quanto ortodoxas (batalhas sangrentas, filme falado em yucatec, atores completamente desconhecidos). Muitos falam que Mel Gibson se utiliza de temas polêmicos para se auto - promover, outros falam que ele acaba imprimindo as suas crenças a fórceps em seus filmes. Uns vêem isso como extremamente maléfico (sob a algação de que, com isso, ele poderia distorcer os fatos). Entretanto, um filme, em maior ou menor grau, vai exteriozar as crenças e opiniões do diretor. O quevocê acha dessa discussão em relação ao Gibson? Acha que ele polemiza os seus filmes apenas para se auto - promover e inserir a fórceps as suas crenças?

 

FERNANDO - Acredito que Gibson faça as duas coisas : se auto-promover (o bom e velho “falem mal , mas falem de mim“) e inserir a fórceps as suas crenças. E ele utiliza com muita inteligência e talento  é um inteligente empresário do ramo de entretenimento e um talentoso cineasta.

 

Atualmente , a indústria de entretenimento americana já tem consolidado o público mais conservador como uma parcela rentável, assim como os políticos sabem da força sócio-política dos cristãos mais conservadores, defensores ferrenhos de suas crenças e intolerantes com os outros grupos. Aliás, isso não é algo exclusivo de cristãos: o mundo está seguindo um caminho estranho quanto as conexões entre religião , política , sociedade e mídia. Basta ver o que está acontecendo. Acho isso uma tristeza para o tão sonhado século XXI .
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E chegamos ao fim de mais uma entrevista aqui no Cozinha, fechamos com as perguntas do nosso dublê de cozinheiro e agora participante do BBB Cec, Alexei e aqui temos de novo o Fernando falando de cinema pra variar (acho que essa é a entrevista mais cinematográfica do Cozinha, hahaha) e pasmem, sabe aqueles filmes que o "bicho pega" que vocês queriam ver listados e nunca ninguém fez esse favor? Pois é, estão aqui...  

 

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ALEXEI - Você é freqüentador assíduo dos tópicos sobre o Oscar. Como você vê essa premiação e sua relevância nos dias atuais? O que te atrai nela?

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FERNANDO - O Oscar é o prêmio máximo da indústria cinematográfica estadunidense, isso todo mundo sabe. É como uma confraternização de fim de ano de uma grande empresa, com tudo que é típico nessa situação: Bajulações, sorrisos hipócritas para esconder rivalidades e dissabores, piadas internas, promoções estratégicas, arrogância e desfile de egos e música sempre boa. No entanto, para mim é um banquete, todos aqueles profissionais de cinema reunidos, desde atores superconhecidos como astros atuais (Nicole Kidman, Brad Pitt, Scarlett Johansson ...) aos astros do passado como Mickey Rooney (que é sempre convidado , pois é um dos caras mais queridos da comunidade cinematográfico), até os profissionais, cujos nomes lemos nos letreiros mas não conhecemos suas faces como os diretores de fotografia, editores, roteiristas, cenógrafos, compositores e mesmo os cineastas.

 

Adoro ver também os clipes dos filmes indicados, do tema a ser homenageado ou satirizado (ano passado o cinema noir e os cowboys gays da história, hahahah), o in memoriam que traz imagens dos profissionais falecidos (e que muitos se encontravam no esquecimento) e lógico, o lado Caras: A badalação fútil, brega e auto-importante, mas que eu acabo não resistindo. Sem falar nas apostas! Hahahaha, eu aposto desde 1994 !

ALEXEI - No filme Babel, do Alejandro González Iñárritu, há uma cena, muito bonita (das poucas em um filme que considero bem medíocre) na qual uma garota se desnuda totalmente de modo a fazer com que as pessoas a vejam independentemente de suas limitações de comunicação. Em contraste, em Diamante de Sangue (que acho péssimo), há uma cena onde o ator Djimon Hounsou também aparece nu, porém seu pênis é oculto por sombras. Como você vê esse tratamento dual dado por Hollywood à nudez? Em quais filmes você considera que a nudez e a sexualidade são bem trabalhadas?

 

FERNANDO - Olha, Alexei , como eu ainda não vi esses dois filmes (estou numa super falta de grana, heheh), então não posso opinar mais precisamente. No entanto posso afirmar que acho engraçado e triste que o cinema americano tenha mais facilidade em mostra violência explícita do que lidar com nudez e sexualidade.

E isso traz um atraso considerável para o cinema ao abordar as relações humanas. Por outro  o cinema também pode cair no erro da nudez gratuita e abordagem tola ou superficial . É uma questão a ser estudada com cuidado pelos profissionais de cinema.

Quanto aos filmes em que a nudez e a sexualidade são bem trabalhadas, no momento eu lembro de Esse Obscuro Objeto do Desejo, Ligações Perigosas, Henry e June, Fim de Caso, De Olhos Bem Fechados , Cidade dos Sonhos, Fale Com Ela e mesmo Brokeback Mountain .

ALEXEI - o universo dos usuários do CeC, você deve ser, provavelmente, um dos que mais já viram filmes, de diferentes épocas e países. O quanto de você se revela nessa característica? O que move o Fernando a ver tantos filmes?

 

FERNANDO - Uma fome e uma obsessão , provavelmente patológica, por cultura, arte, entretenimento e informação cultural. Isso é genético, meus pais eram cinéfilos, principalmente a minha mãe. Desde criança, ela conversava comigo sobre os seus filmes e atores preferidos. Ela ia muito ao cinema e pegou uma época excelente (as décadas de 1950, 1960 e 1970), viu o lançamento de vários clássicos e pôde assistir na telonas tantos outros, por causa das constantes reprises. Isso acontecia na época “ pré-home entertainment “. Ela era tão fã de cinema que poderia ficar um dia inteiro falando de Marlon Brando, Marilyn Monroe, Rita Hayworth , Humphrey Bogart , Marlene Dietrich , Clark Gable... E sem falar que a minha mãe me mimava muito em termos de cinema e cultura, poderia não me dar dinheiro para viajar, mas se era para cinema ...

Uma vez ela fez um comentário interessante sobre a nossa psique: Disse que somos um pouco parecidos com Blanche DuBois ( Vivien Leigh em Uma Rua Chamada Pecado): “ não quero realismo , eu quero magia “. A vida é mais bonita e agradável na tela grande, hahaha. Só que a vida real arromba as proteções do abrigo psicológico, sempre que possível. E aí temos que despertar para a vida real ! Hahahaha, triste, mas verdadeiro e inevitável !     

 

Finalmente respondendo a pergunta, depois de tanta enrolação:  Eu assisto tantos filmes para poder ter todo tipo de vivência e sentimentos que não é possível viver na vida real. Poder estar em todas as épocas e povos possíveis, poder amar, odiar, rir, chorar, extravasar tudo possível com a distância permitida pela tela grande.  Além de um fome, uma obsessão por arte, entretenimento, cultura e informação, como já havia comentado anteriormente .  

 

 

                                          FIM

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E mais uma vez, graças ao entrevistado, a entrevista foi fabulosa. O Fernando mostrou ser exatamente o que eu esperava dele: uma pessoa extremamente inteligente, sensata, consciente e que adora cinema (assim como todos nós). E agora aguardamos ansiosamente a resenha dele para "Mollin Rouge"!!
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Teve um comentário que eu li sobre a entrevista da Connie, que eu considero o mais legal: descontraída e descompromissada, mas nem por isso menos interessante. Tão amigável como ela mesma;

 

Sobre a entrevista do Fernando: ele se firma pra mim como um dos caras mais do fórum em geral, coisa que eu já sabia naquelas. 06

Essa foi a entrevista da cozinha que eu li mais rápido, ou tive a impressão de, pelo interesse e pela boa habilidade com as palavras dos dois lados. E bom, eu posso dizer que nunca me interessei diretamente pelo gênero (são contáveis nos dedos os que eu vi), mas a verdade é que ele disse que eles são uma ilusão; coisa em cinema muito subestimada, por assim dizer, em detrimento do realismo (além do crescente número de filmes 'baseados em fatos reais'). De certo modo pra mim, a frase de Blanche DuBois é pra lá de interessante;

 

bem legal, dos 3 lados. 05
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Valeu pelos elogios , pessoal ! Eu estava receoso quanto a entrevista , pois tinha medo de falar asneira ,hehehe . No entanto , resolvi respirar fundo e encarar a parada ,rsrsrs . Eu sou 8 ou 80 : ou não falo nada ou não consigo parar de falar . 06 

 

Abraço a todos !
Fernando2007-02-08 07:51:54
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A próxima entrevista do Cozinha a ser publicada dia 18 de Fevereiro (em plena folia de momo):

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Jorge Soto

 

Vocês sabiam que o gajo nasceu no chile? Que nadou em um rio cheio de piranhas no pantanal? 06 Que envolveu-se com uma figura aqui do fórum? Que ele foi quase expulso de uma cidade alagoana e que acampou em um cemitério? Tudo isso e muito mais na próxima entrevista do Cozinha. Detalhe, os ajudantes desta entrevista, escolhidos pelo próprio entrevistado são: Dook, Amfíbio (que já mandaram suas perguntas) e o The Deadman. Quem viver verá...

 

 
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Equipe  do  Cozinha  do  Inferno

 

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No Menu...

 

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Jorge Soto

 

Ajudantes de Cozinha

 

  Amfíbio    TOMATE   Abelha   Deadman   Dook

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Maria Shy

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Tarefa quase hérculea enfim concluída: Entrevistar o escorregadio Jorge Soto. Meses de negociações, evasivas e desistências, mas enfim a equipe do Cozinha encurralou o hermano...

 

Detentor dos maiores segredos do fórum Cinema em Cena, afinal, quem já postou sua foto lá no tópico de fotos sabe que ela está bem guardada no HD dele, pronta para ser usada (se é que já não foi, mais de uma vez) em infames montagens e não só por isso, usuários "das antigas" sabe e viveu muita coisa aqui, mas não pensem que ele se entrega fácil, arrancar uma declaração comprometedora dele é mais difícil que uma foto minha (que por sinal NÃO está no hd dele), não por acaso a entrevista do Cozinha com o maior número de convidados. Com vocês: 

 

 

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NACKA - Dê uma prévia do Jorge Soto.
 
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JORGE SOTO - Meu nome é Jorge Andrés Soto Sepúlveda, e gosto de tratar as pessoas pelo nome próprio e não por um nick, que acho ridículo, informal demais.

 

Nasci em Santiago (Chile), mas basicamente cresci aqui e me considero brasileiro, ate no jeitinho e na adoração da "preferência nacional".

 

Formei-me faz séculos em Propaganda & Marketing (espm), mas me especializei em design geral. Por ora trampo freelance pra conhecidos, pois tenho muitos contatos. Já trampei em agências grandes mas a rotina escravagista não me agradou nem um pouco, porque não sobra tempo pra viver, apenas sobreviver, e qualidade de vida é algo que não abro mão. Dá para pagar as contas e custear este ou outro vicio, sem nenhuma extravagância. Moro com meu irmão menor e minha mãe; minha irmã foi mais esperta caiu fora antes, algo que quando tive a oportunidade não fiz.
 
NACKA - Anos de Cec, MUITOS barracos depois, qual a avaliação que você faz? Vale à pena freqüentar este hospício viciante? E Porquê?

 

JORGE SOTO - Claro que vale a pena, desde que se tenha tempo para tanto. O fórum nada mais é que uma forma escapista de descontração, ao menos pra mim. Muita gente passou por aqui, muitos vieram, se foram, e por ai vai...

 

Apesar do intuito ser reunir apreciadores de cinema, o fórum possibilita a interação com gente que tenha outras afinidades que não sejam meramente a sétima arte, daí que se formem grupos com gente mais entrosada que os visitantes esporádicos que se notam. E dessa interação surgem amizades, atritos, barracos, etc. algo que vejo como mais positivo que negativo, afinal, o fórum não deve se levar a serio.

 

Mas isso não significa que se tolere falta de respeito.
 
NACKA - Você às vezes é uma metralhadora giratória e em outras é o boa praça brincalhão, Jorge Soto faz tipo ou é mesmo assim?

 

Não vejo como uma coisa pode exclui outra. Pode-se ser brincalhão na maior parte do tempo e ter eventualmente chiliques de indignação diante algo que considere errado ou injusto. Nada mais que normal. Sempre fui de contestar qualquer coisa; seja aqui ou no meu dia-a-dia... Assim como também sou falho e erro com freqüência, porém dentro dos limites de normalidade.

 

Aqui mesmo já me desculpei muito com usuários (via mp) com quem  errei de uma forma ou outra.

 

Mas também, insista em pisar  no meu calo que devolvo com chute no saco e joelhada no queixo. Não deixo nem meu chefe nem meus pais levantarem a voz para mim, quanto menos alguém que se vale do anonimato e segurança que a net lhe proporciona. Por isso, sempre que alguém me estranha, de preferência chamo para conversar pessoalmente, mas aí todo mundo invariavelmente muda seu discurso ou desconversa...
 
NACKA - Fale-nos sobre o Soto mochileiro.

 

Quais as melhores viagens que já fez? Para onde NÃO se deve ir e porquê.

 

E não esqueça dos "causos" que certamente aconteceram. Jorge Soto já pagou muito mico? Onde? E com quem?


JORGE SOTO - Adoro viajar e caminhar mundo afora, mas longe do esquema convencional (pacote, agencia, etc) e sempre o faço de forma independente e mega-econômica.

 

Cair na estrada com um planejamento prévio é atualmente um dos meus vícios legítimos assumidos, fora minha sagrada cervejinha. Como tenho flexibilidade de me "dar" dias

livres, sempre estou agilizando a próxima viagem e tal, boa parte do meu tempo de net é basicamente em pesquisa-planejamento de novos roteiros, porque prefiro me mandar para locais aonde ninguém costume ir. Odeio farofa e muvuca.

 

Vi que o pessoal daqui se manda para Natal; eu passei batido, e fui direto para Costa do Sal, bem mais rústica, sossegada e desconhecida.

 

Causos? Tenho causo pra escrever livro, são muitos. Melhores viagens? Cada empreitada tem seu charme, mas as que mais me marcaram foi quase congelar no Monte Aconcagua, trilhar Machu Pichu, caronar a Patagônia inteira, atravessar os Lençóis Maranhenses a pé, percorrer quase todo litoral do NE, entre trocentas outras empreitadas...

 

Micos não sei, mas perrengues um monte, que vão desde acampar num cemitério no CE, sentar num cara que acabara de morrer na fronteira Argentina, ser expulso de uma cidade alagoana, ser quase seqüestrado e ficar sem grana  na Bolívia, voltar com osso da canela exposto no Trem da Morte, nadar com piranhas no pantanal, etc.. Geralmente viajo sozinho, mas no caminho sempre se  encontra gente igual você, que serve de companhia esporádica. São pessoas com as quais mantenho contato ate hoje.

 

Já nos feriados sempre me mando para a serra, praia ou campo, em companhia de uma galera de outra lista de discussão minha, exatamente feita com o propósito de reunir quem curte também este tipo de perrengue prazeroso.

 

Parênteses para os causos do Jorge:

 

Então, um causo foi quando voltava da Terra do Fogo, extremo sul do continente. Após cruzar a fronteira do Chile e Argentina (a pé) fiquei esperando carona. Depois de um tempo, quase congelando com o vento glacial vindo da cordilheira, apareceu uma caminhonete velha que parou e o motorista mandou que subisse na caçamba, onde já havia uma família de índios acomodada. Subi e sentei sobre um vulto numa lona. Beleza. Daí, notei que pairava um ar de tristeza bravo naquela família, todo mundo chorava ao observar a "lona"... Depois de um tempo que a ficha caiu: Eles haviam perdido um parente e eu tava sentado sobre ele! Discretamente, sai do presunto e me acomodei noutro canto, fiquei até sem graça.

 

Outro causo foi numa viagem de busão de Uyuni ate Potosi, na Bolívia. No começo tudo bem, dava pra agüentar o cheiro dos índios q sentavam próximo. Foda foi quando começou - à medida que atravessava a cordilheira - a entrar mais gente que o coletivo comportava. Ou seja, não havia limite de lotação! Entrava cachorro e galinha também. Banheiro inexistia, o veiculo parava no meio do nada e todo mundo buscava um matinho para as suas necessidades. Isso numa friaca de 5 negativos! Mas o pior foi à noite, quando acordei sentindo alguém colocando bagagem entre minhas pernas, ai não deu outra: Chutei a bagagem..Para perceber q se tratava de um índio que ali se acomodara para dormir. Como se não bastasse, tínhamos que ficar de olho na bagagem sempre que o busão parava, não era etiquetada e qualquer um podia pegar "por engano". Depois disso não consegui dormir mais porque na madrugada a temperatura caiu muito mais e minha preocupação foi me manter aquecido (meus agasalhos estavam no bagageiro), foi um perrengue nervoso. E olha que todos os coletivos de longa distância lá são assim. Foi a pior viagem que fiz na vida, os “ônibus” de lá fazem os daqui e lotações piratas parecerem first class!

NACKA - Bom de copo, baladeiro e com fama de caloteiro é TUDO verdade?

JORGE SOTO - Sem duvida! Claro! Afinal, como John Ford já havia dito: "Entre o mito e a verdade, imprima-se o mito", que então fique registrado isso. Tô c.. e andando...

 

Outra, sou apenas bom de copo, baladeiro não. Sou bem caseiro, domestico e simples.
 
NACKA - Quem faz parte da parte podre aqui no fórum? Ou isso é coisa do passado?


JORGE SOTO - Essa é uma pergunta capciosa com o escancarado propósito de levantar audiência, mas beleza...

 

Respondendo claramente, o fórum não tem parte "podre" alguma, tem sim gente de gênios, cultura, caráter e educação diferentes...cada um está em seu momento, só isso! Essa convivência fatalmente gera atritos, mas daí a chamar "podre" é exagero.

 

Não tenho duvidas de q todos são gente boa... inclusive o Lord, Bruno, Kako, o Conde e seu clone. E os saudosos Maul e Percebe.
 
NACKA - Você é figurinha fácil nos tópicos do Geral mas raramente te vemos debatendo filmes isso se deve a quê? O Soto não gosta de cinema ou não gosta de falar de cinema?


JORGE SOTO - Desde q entrei no fórum o fiz apenas por distração, diversão... Já dei uma olhada nos tópicos de discussão sobre filmes e tal, mas o que geralmente vejo é gente que se julga ser o REF, se impondo sobre o resto. To fora! Não entro aqui para me estressar de graça sobre assuntos dos quais ate posso debater.

Leio diariamente os cadernos culturais da Folha e o Estado (principalmente de cinema) e revistas especializadas, mas prefiro guardar para mim o pouco que sei, sem maiores atritos.

 

Tenho mais o que fazer e deixo o tema pra quem "manja" mesmo do assunto, tipo Serge, Alexei, Silva, Cavalca & cia. Prefiro trocar idéias no tópico DC e Marvel, antigas paixões de infância. E no Geral ou CMJ, tópicos sadios e inofensivos onde me rio muito, tem uma galera gente boa e não há compromisso algum.
 
NACKA - Quem teria vontade de conhecer pessoalmente daqui e porquê? E quem já conheceu e que não foi assim uma Brastemp?


JORGE SOTO - O fórum tem muita gente bacana, tenho muitos amigos aqui e seria sacanagem dizer que seria tal fulano ou sicrano, em detrimento de quem eventualmente me fugisse à memória.

 

Este verão por exemplo, na ocasião de ter ido ao NE, ia conhecer o Ethan Hunt(BA) e a Lucy in the Sky(PB), mas não cheguei a ver nenhum dos dois porque o destino fez com que eu tomasse outros rumos durante a viagem. No entanto, estou certo que dentro de pouco vou conhecer uma grande amiga mineira, de longa data aqui do fórum. Aqueles que conheço dos 3 encontros que fui, pouquíssimos  me desapontaram (por bem e por mal), mas isto faz parte do que conhecemos por "relacionamento virtual". Mas não me desapontaram pela pessoa, na hora; pelo contrario, foi por atitudes e ações posteriores.
 
NACKA - Família: Como é sua convivência com a sua?

 

JORGE SOTO - Minha convivência é ótima, dentro da medida do possível... Não tenho nada a reclamar. Visito meu pai com freqüência porque gosto muito dele, e meus outros irmãos de seu segundo casamento.
 
NACKA - Morte: Medo, tudo bem ou tanto faz? Existe alguém que já se foi e cuja ausência te faz triste?


JORGE SOTO - Não tenho medo daquela que um dia chegará...sei lá, sabe que não paro pra pensar nisso?

 

Apenas vivo intensamente, embora muitas vezes perigosamente. Já quase fui pro saco diversas vezes, mas dentro dos riscos mensuráveis...

 

Pensar nela para que, afinal? Ela é a única certeza que temos, então para que ficar matutando; apenas viva!

 

Faltas? Apesar de terem ido faz tempo, eventualmente me pego sentindo falta dos meus avôs, que me mimavam pra cacete.
 
NACKA - Você me lembra o George Clooney (calma, você tem um espelho não? hahaha...) o eterno solteirão que não quer compromissos de jeito nenhum e não tem muita intenção de casar, formar uma família...Etc, etc. Estou enganado?


JORGE SOTO - Claro que tenciono casar, etc e tal. Mas tudo a seu tempo...Afinal é o que sociedade & família espera da gente, mas não cabe a ela ditar assuntos do coração. Quando for pra rolar, será. Por ora curto minha solteirice fazendo tudo que não fiz na juventude, época na qual, ou só trampava ou só estudava, acumulando grana, etc... A troco do quê? Ver o tempo passar e não aproveitá-lo devidamente.

 

Como já disse, prezo qualidade de vida e meu direito de ir e vir. E, afinal, a gente precisa de muito pouco pra viver e ser feliz. Mas logicamente essas são lições que a gente aprende tomando na cabeça.
 
NACKA - Por falar em romance, você e a Abelha rolou mesmo alguma coisa ou foi só treta?


JORGE SOTO - Se negasse o affair com a Andrea estaria mentindo. Conheci a Zum-Zum na volta de uma das minhas empreitadas e só tenho elogios à sua pessoa. Doce, simpática e meiga -diferentemente do que muitos pensam -  ela sabe muito bem que guardo profundo carinho, como pessoa e amiga.

 

Como sabemos, ele não é famoso por sua sutileza então era de se esperar que nosso primeiro convidado já chegasse batendo. De um brejo não muito distante: AMFÍBIO.

 

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AMFÍBIO - Soto, o que o leva a perder tanto tempo fazendo montagens dos outros, quando a única pessoa que as aprecia por mais de um segundo é você próprio? Nada contra as montagens, elas são engraçadas.


JORGE SOTO - Sapo, bem vindo novamente ao fórum..Estava sumido! Da mesma forma, esteve desatualizado de muita coisa que aconteceu desde então. Uma delas é que não faço montagens daqui faz séculos por pura falta de tempo, embora não careça de idéias. Mas se tivesse tempo estaria postando as mesmas com mais freqüência. E não perco tempo com elas; pelo contrario, geralmente as faço em horário de almoço para testar filtros e/ou novas técnicas de manipulação...

 

E não diga que sou apenas eu quem as aprecio, pois você mesmo acabou de afirmar que as acha engraçadas... Enfim, se me pagassem por montagem, tava feito, porque o que me chega de pedidos por mp de fulano querendo sacanear sicrano nem te conto. Aliás, taí uma boa idéia...

 

AMFÍBIO - Soto, o que te leva a ir até o Rio de Janeiro atrás de uma mulher, quando sabemos que em São Paulo está cheio delas? Amor verdadeiro ou carência?

JORGE SOTO - Ué, o mesmo q leva as pessoas a casarem no papel com apenas ano e meio de relacionamento? mesmo sabendo q poderiam apenas juntar os trapinhos sem oficialização alguma?

 

Isso seria falta de confiança no próprio taco ou uma garantia psicológica de que, finalmente, fisgou alguém pra valer?

 

A propósito, desejo tudo de bom para você e sua esposa..

 

AMFÍBIO - Soto, você tem alguma síndrome de esquerdista ou coisa assim? Sabemos que o Bruno Carvalho se empolga com seus pequenos poderes e que discernimento não é exatamente a maior qualidade do Pablo Villaça, mas você se irrita demasiadamente com as decisões da "diretoria", criando N tópicos de reclamação...

JORGE SOTO - Novamente, esteve ausente o suficiente para reparar que deixei pra lá meus chiliques com a moderação, basta dar um visu no tópico das "reclamações"... Mesmo assim, reclamar direitos não tem nada a ver com ser ou não esquerdista. É apenas questão de consciência, de discernimento, blábláblá... De certo/errado e de disponibilidade de tempo aqui no fórum, claro. No entanto, deixei de me estressar com coisas desse tipo aqui, até porque tem coisas próximas que requerem bem mais minha atenção.

 

 

 

 

 

 
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A flor do cozinha intrigada com as habilidades do Soto com o famigerado Photoshop, pergunta: É lícito bulir (usarei aqui uma expressão típica da terra dela) com a imagem alheia? É Fixação? E uma certa advertência devido a uma montagem de alguém do alto clero, como se deu?

 

Garoto informado que só ele, lê revistas e jornais (parte cultural, faz questão de frisar) acessa internet e fica antenado, Jorge Soto do alto da experiência de quem já se esbaldou com as fotinhas de meio fórum responde...

 

 

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VERAS -  É um consenso que você é muito bom no que tange a "arte computadorizada", seja por Photoshops ou Flashs da vida. (citando aqui, inclusive, sua autoria na minha antiga assinatura referente ao filme Amelie Poulain) Este é realmente um hobby que você tem ou é algo mais profissional? Quando você começou a se interessar por isso e por quê? Você se considera realmente bom nisso?

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JORGE SOTO - É hobby e profissão, afinal vivo de design em geral e sou pau-para-toda-obra nisso. Na verdade eu sempre desenhei; era o moleque que na escola ao invés de prestar atenção na aula ficava desenhando o colega do lado, o professor, etc... Tinha que tirar proveito disso, lógico! Tentei fazer engenharia (forçado por meu pai), mas não deu muito certo.. E daí estudei algo que juntasse o lance de desenhar/criar com uma tendência até então incipiente, a presença cada vez maior do pc no dia-dia. Isso no inicio dos 90. O resto é resto. E não me considero bom não, apenas razoável. Tenho muito ainda a aprender, ate porque nesse aspecto sou bem autodidata.

Aqui no fórum tem gente também muito boa que deveria investir nisso, se é que já não mexe no ramo, como o saudoso Darth Maul, Lordshake, THO, Highlander, Sith, entre outros... Embora muitos precisem de mais prática para desenvolver uma técnica  particular e não apenas se limitar a somente copiar tutoriais disso ou daquilo, que tem aos montes na net.

VERAS - Muitos usuários antigos comentam sobre uma "época de ouro" do Fórum e alguns reclamam das coisas como são hoje. Você, como um usuário antigo, concorda com isso? Acha que existem muitas diferenças no fórum hoje se comparado ao que era antigamente? Como você vê o Fórum atualmente? Concorda como modo como as coisas acontecem aqui?

JORGE SOTO - Qualquer um vai comentar que a anterior foi a "de ouro". Isso não é nada mais que nostalgia e saudosismo que acomete qualquer geração diante das mudanças que vêm, cedo ou tarde. É o curso natural das coisas. Eu não vejo assim, até porque antes havia as mesmas panelas que vejo hoje, só que os personagens são diferentes.

Muita gente vem e vai, a reciclagem de usuários aqui é enorme. A única diferença que vejo é quanto ao endurecimento das regras da moderação, coisa que antes não havia. Mas também com um número de usuários que cresce diariamente não poderia ter sido diferente. Bom ou mau? Normal, não vejo problema em medidas que venham colocar ordem na casa. Mas na hora que o fórum já não me agradar mais, simplesmente caio fora, sem exigir que ele se adapte a mim, algo que muitos aqui já tentaram fazer.

 

VERAS - Como já foi comentado, você tem uma fama de encrenqueiro que - pelo que demonstra - faz questão de manter no fórum, tendo inclusive já sido advertido por conta de umas montagens "pesadas" no tópico de fotos. O interessante é que, ainda assim, é nesse tópico de fotos que se nota uma maior presença de suas brincadeirinhas com os usuários, sendo estes novatos ou não.
Você seria capaz de tecer em palavras uma explicação para essa sua fixação de fazer pouco da figura alheia? Algum dia você já teve real intenção de chatear alguém com essas suas montagens e/ou comentários de deboche, ou tudo sempre foi embasado na brincadeira e descontração?


JORGE SOTO - Em tempo, nunca havia sido advertido por conta das montagens, algo que faço desde que  entrei aqui! Tenho bom senso em saber quais são meus limites, ate porque mexo com a imagem das pessoas. Todo mundo achava engraçado e tal, mas as advertências passaram a ocorrer quando fiz umas montagens com a sumida (e gente fina) Scarlett Rose, ex-moderadora.  Que, convenhamos, não tinha nada de mais.

 

Na verdade ela fez muito barulho por nada e usou seu cacife aliciando seus baba-ovos na moderação para me advertir. Algumas montagens do próprio Conde eu primeiro as apresentava ao próprio, para aprovação (ou não) de postagem. Ou seja, tem pessoas e pessoas, umas sabem brincar e outras não.

 

E logicamente eu tenho que respeitar isso, mas também se não há feedback do "contemplado" não dá para saber se continua ou não. Fiz uma do Serge, vi q ele não gostou e não fiz mais. Idem uma tal de Luna, e por ai vai.. Fora essas exceções, a grande maioria gostava. E não tem nada a ver com fixação, é descontração mesmo! Já expliquei pro Kako que é nelas que treinava novos programas e tal...

 

E deboche aqui existe seja com imagens ou com palavras, não há distinção alguma nisso... Ou será que sua foto esculhambada tem mais peso que palavras igualmente ríspidas dirigidas à sua pessoa? Ai você incorre facilmente em dois pesos e duas medidas..

VERAS - Podemos dizer que você é um usuário que se enquadra no grupo mais "brincalhão" do Fórum, que nunca se envolve em assuntos sérios ou até "centrados" demais. O Soto da vida real é da mesma forma que conhecemos aqui, ou o fórum pra você é um lugar de descontração e na vida real a coisa é diferente? Você se interessa por assuntos sérios fora da internet?


JORGE SOTO - Como já afirmei antes, fórum é distração para mim, tipo aquelas revistinhas da Mônica que você lê quando está sentado no vaso. Passatempo. Não entro aqui para debater nada para não exaltar os ânimos, algo comum aqui. Mas tem vezes que você lê algumas barbaridades que não dá para ficar mudo...E claro q fora do fórum tenho estar bem informado, ate pq minha profissão exige isso.

VERAS - Tenho um amigo que, quando perguntado sobre alguma questão política diz: "Posso pedir ajuda aos universitários?" rsrs Se eu perguntasse para você algo sobre política, por exemplo, qual a posição que você acha que o Brasil deve tomar no caso do Gás da Bolívia, você responderia tranqüilamente? Ou pediria ajuda aos universitários? O que você acha dessa postura de algumas pessoas de serem tão alheias à política no Brasil? Acha ruim, nós deveríamos ser mais conscientes? Normal, afinal, todo país tem seus interessados sobre política e os seus alheios a ela? Ou ótimo, acha que os brasileiros são mais conscientes que os americanos, por exemplo?

 

JORGE SOTO - Claro, responderia tranqüilamente qualquer pergunta nesse quesito. Leio e me informo o suficiente para estar a par de assuntos gerais. Odeio TV e não assisto telejornais. Quem trabalha com comunicação tem por obrigação ler uma revista semanal e dois jornais diários diferentes. O fórum mesmo me serve de feedback para saber do que essa moçada pensa sobre muitas coisas. Não deixa de ser informação.

 

E é espantoso o quanto a cabeça dessa molecada mudou para muitas coisas, e pra outras não. A internet é uma poderosíssima fonte de informação.

 

 

Mais um convidado, desta vez temos a visita ilustre do The Deadman, ele que já passou pelo grill do Cozinha em uma entrevista memorável, afiou as faquinhas e mandou ver. Já começa promissor, tem futuro no Cozinha esse garoto... e esse encontro em sampa que não sai hein?

 

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THE DEADMAN - Soto, conte-nos com maiores detalhes a verdade por trás do episódio "Calote" em um certo encontro com a galera do fórum. Isso realmente aconteceu ou é tudo lenda, papinho de alguns para te espezinhar?


JORGE SOTO - Como já disse para o Nacka, nada do que eu diga fará a menor diferença agora e muito menos me presto a satisfações. Aqui? Tenha dó, né?

 

Em suma foi uma somatória de situações que foram convenientemente arranjadas por nego que já não ia com minha cara (e q fiz questão de me manter longe na ocasião) e até então não tinha merda pra jogar sobre mim..

 

Algo no mínimo triste, pois escancara a covardia deles, que tiveram sua derradeira oportunidade de dizer na minha cara e não o fizeram por 2 motivos: Ou por estarem incertos/inseguros de suas "alegações" ou por serem legítimos bunda-moles que se prestam exclusivamente a lavar roupa suja na net. E para mim a "arena do fórum" vai alem dos pixels que a delimitam.

 

Mas uma coisa é certa: na próximo encontro vou exclusivamente pra ver se estes palermas letrados têm o culhão de estarem à altura do que dizem. Curiosamente o proximo encontro de SP custa a sair do papel e quando ocorre é em surdina, como na ocasião da vinda da Tomate à SP, algo que nem sequer tive conhecimento.

 

Por ora, assumo a carapuça com prazer. Mas pode apostar que isso não fica barato, porque para mim o que não falta é memória. E paciência por esperar. 

THE DEADMAN - Como você avalia a Moderação hoje no Fórum do CeC? Quando compara hoje com a época que o Dook estava por lá, vê muitas mudanças no gerenciamento do fórum agora que ele é um "simples mortal" ou não? Por falar nele, desde sempre se "pegam", ou no início o contato era mais tranqüilo? Qual foi o evento que fez a coisa degringolar?

JORGE SOTO - O Fórum agora tá uma beleza, a impressão que dá é que ele mesmo se autogerencia já que a presença dos moderadores atuando diretamente é rara.

A "época Dook" foi de fato relativamente triste e não me refiro exclusivamente a ele e sim ao conjunto de fatores que permitiu a mesma: Do relapso e indiferença do Pablo, à conivência (ou tolerância) dos demais moderadores, a haver muito cacique para pouco índio, a existência concreta de usuários-problema, etc..

 

Enfim, não tenho duvidas q no fundo o Dook queria fazer seu melhor e ajudar, afinal não é qualquer um que dedica seu tempo ao fórum e isso é louvável. Mas inerente a qualquer sith que se preze, deixou-se contaminar pelo "dark side" do poder.

 

O resto é história, e está parcialmente respondido acima, pq algo q não tolero é falta de respeito gratuitamente. Não aqui na net, onde é fácil demais ofender as pessoas. Se alguém tem algo a me dizer ou me estranha, prefiro que o faça pessoalmente. 

THE DEADMAN -  Pelo pouco que sei, você trabalha com publicidade, certo? Como vê a influência da 7ª Arte no meio publicitário e vice-versa? A formatação, o jeito de editar, os maneirismos, a técnica de cada um desses meios devem ser usadas como ferramentas na realização de trabalhos publicitários e cinematográficos, respectivamente? Você vê essa mistura, essa mescla, como algo inevitável e salutar ou como um tremendo equívoco?


JORGE SOTO - A principio uma deveria complementar a outra, de forma sadia. Porem o que se vê é uma se tornar extensão da outra em detrimento do que as duas linguagens têm a dizer. Desde que Lucas e Spielberg criaram o termo blockbuster e a MTV passou a ditar novos tipos de edição, o cinema não foi mais o mesmo.

Com cifras astronômicas custeando uma produção, o mínimo que se espera é que ela se pague..e dá-lhe marketing, merchandising, publico-teste, edição que justifique diminuição de faixa etária, etc.. Ou seja, filmes do circuitão tornaram-se comerciais de hora e meia, e como tal, sem conteúdo algum. Por isso que profissionais da área se deram muito bem (Ridley e Tony Scott, por exemplo) que, entre tantas tranqueiras perpetradas, aparece alguma coisa que preste e se torne cult ou recorde de bilheteria.

 

Mas a grande maioria é apenas bonita esteticamente. Conseqüência disso q cineastas "de arte" ficam a margem deste esquemão, salvo raras exceções de quem já tinha um certo cacife, tipo W. Allen, Altmann, etc.. E a proporção é injusta, porque há um Almodóvar para dez Michael Bay. Não desmereço o filmão pipoca, descompromissado, mas quem quer algo mais "cabeça" tem obviamente menos opções. Imagina a dificuldade de viver para quem está no ramo...Daí não me estranha que boa parte dos atores carimbados gostam de diretores indies, do circuitão alternativo ou do calibre do Meirelles ou Lars Von Trier. La eles tem a oportunidade de atuar de fato, sem ter suas performances parcialmente deletadas ou editadas freneticamente.

 

Hollyhood é uma indústria, e como tal seu objetivo é encher o c.. de grana, seja como for. E as pessoas, dentro e fora, são apenas cifrões. A onda de remakes de filmes e seriados é outro termômetro da falta do que dizer.

THE DEADMAN - Pelo que venho percebendo ao longo desse tempo que freqüento o Fórum, você não é muito chegado em discutir sobre Cinema. Por que? Afinal, o assunto principal aqui é esse e ele parece não despertar tanto assim seu interesse, pelo menos, não a ponto de fazê-lo participar de discussões... Isso é por causa de alguns usuários? Dos tópicos? De como o assunto é abordado? O que gosta aqui e te mantém fiel ao Fórum CeC?


JORGE SOTO - Entrei aqui pela primeira vez na busca de informações sobre a produção de X-Men, quando nem fórum havia, apenas os tópicos individuais do cinenews. Daí fui fazendo amizades (e arranca-rabos esporadicamente) com a galera que ali também aparecia, gente como Conde, Ethan, Jail, Serge, etc. Sempre trocando idéia superficialmente (sem pretensão alguma) a respeito dos blockbusters da época. Enfim, distração.

Logo veio o fórum, algo novo e mais interativo, com trocentas opções de discutir o que desse na telha ou simplesmente jogar conversa fora, sem necessariamente de cinema. Comecei a entrar no Geral ou outros tópicos e percebi q me divertia bem mais que nos tópicos relativos a cinema. Alem do mais não preciso debater a sétima arte para mostrar que sei minimamente a respeito ou pra dizer aos entendidos que existo.

 

A presença de gente que se julga a" ultima bolacha do pacote cinematográfico" pesou bastante também para me manter longe desses tópicos. Daí prefiro ficar na descontração sadia (e sem estresse) do Geral.

 

E o que me mantém no fórum ainda é o hábito, nada mais. Quando notar que o fórum já não me agrada, caio fora. Mas não faço daqui minha casa, como muitos. Entro aqui apenas em horário comercial; durante o fim de semana tenho mais o que fazer... Viver o mundo real é muito mais interessante. Hoje só estou aqui porque está chovendo e respondendo isto aqui, mas já caio fora..

THE DEADMAN - Vimos outro dia mais um caso horrendo de crueldade, vilania e completo "desinteresse moral" de 3 jovens marginais que arrastaram um menino de 6 anos por 7 km até matá-lo (convém lembrar que só pararam porque entraram numa rua sem saída...). Pelo que sei, você é da opinião de que "olho por olho, dente por dente" (justiça pelas próprias mãos) não é a saída. Mas, numa sociedade cada vez mais indiferente, violenta e cruel, onde a Polícia e a Justiça se mostram ineficientes, politiqueiras, atrasadas etc o que você acha que as pessoas de bem podem fazer para coibir e punir atos desse tipo? A punição exemplar da escória e de crimes hediondos como esses não seriam mais eficientes que manter esses criminosos presos (custeados por nós) e que, ao contrário do que deveria, se tornam piores dentro das instituições penais, verdadeiras escolas do crime?

 
JORGE SOTO - A prática do linchamento (seja ele moral ou físico) não faz você melhor que o criminoso em questão, apenas dá vazão ao ódio e frustrações enraizado em você mesmo.

Se tomarmos a máxima do Hamurabi como lei, então de que valeram os milhares de anos aprimorando o Código Penal e a Constituição? A sociedade, em tese, evoluiu criando meios jurídicos que respondessem a este tipo de questão. Que assim seja. Hoje mesmo vi que a casa do pai de um dos assassinos foi apedrejada e detonada... e aí, como fica? Que culpa tem o pai do assassino? Ele responde também pelos atos do filho ou a violência do mesmo justifica qualquer tipo de violência contra inocentes que por ventura se encontrem na linha de tiro??

 

Uma coisa não justifica outra. Claro que a morosidade, politicagem, etc são entraves pra fazer valer a lei plenamente, então porque não mudar a Constituição ou o Código a favor do cidadão? Mas não, parece que é mais fácil se igualar ao nível animalesco desta corja q realmente deveria sim apodrecer no xilindró. Ou, na pior das hipóteses, lutar pela instauração da pena de morte. E mais vale o mesmo ver seu dia se diluir no outro em poças de amargo arrependimento do que termos o efêmero gostinho de ver a justiça " feita" jogando o mesmo à multidão ensandecida.

 

É complicado, mas justiça pelas próprias mãos é uma bola de neve comum no sertão do nordeste. Mas quando acontece lá a gente os julga atrasados, aqui não.

THE DEADMAN - Qual foi a situação mais sacana, imbecil, ridícula whatever que você já viu por essas bandas do Fórum?


JORGE SOTO - Ah, teve muitas, mas apenas cito as que imediatamente me vieram à mente.

Sacana: o Pablo soltar conscientemente seu cão-de-briga Bruno Carvalho para humilhar uma guria, uma tal de Taty Reys, cujo "crime" foi copiar suas críticas num blog pessoal inofensivo. O nível de baixaria que a guria foi submetida gratuitamente em seu blog deixa qualquer barraco daqui no chinelo. A partir de então fica difícil levar a serio alguém que se esmera em pôr ordem na casa, mas promove barraco na dos demais a titulo de ego ferido.

Imbecil: Teve um usuário, o Serafim Pica-pau, que se dizia crente mas era tipo, e numa ocasião, em tempo real, disse que seu pai tava indo bater nele por conta dos posts dirigidos à seu filho.. Daí o "pai" (um tal de Seu Waldemar) assume o teclado dizendo que deu cintadas no filho dele (o Serafim) e diz que o fórum é uma sem-vergonhice e tal, dando sermão.. Aí o próprio Pablo entra na conversa dizendo que a responsabilidade não é do fórum e sim dele, Seu Waldemar.

 

Até lá quem estivesse lendo tudo estava se cagando de rir, ate porque depois apareceu a "Mãe" e a "avô" do Serafim também pra dar lição de moral no fórum... Hilário.

 

Outra situação imbecil foi todo fórum acreditar que o Lordshake de fato é imbecil, sendo que era apenas tipo. Curioso e estranho, mas era tipo. Se entrarem no blog dele o cara escreve muito bem. E todo mundo caiu nessa.

Ridícula: a votação sem propósito para "decidir" a permanência/banimento do Dook/Dunn.. A impressão q ficou foi q aquilo la foi criado apenas com o intuito de humilhar o ex-moderador, algo totalmente desnecessário. Pior ainda foi o próprio dar satisfações (e o teor das mesmas) abertamente ao fórum, sendo q ninguém aqui é obrigado a NADA, muito menos a se explicar e fazer papelão.

THE DEADMAN - O mundo a cada dia que passa torna-se mais e mais "virtual". O que acha disso? Quero dizer: até que ponto relacionamentos "virtuais" são interessantes? Não estaríamos mais perdendo do que ganhando nesse tipo de relação? O contato é importante ou não? Ou depende? É possível ser amigo à distância? O que acha do sexo virtual? Imbecilidade, carência ou uma forma legítima e possível de prazer?


JORGE SOTO - Relacionamentos virtuais são interessantes porque você se desprende de todo e qualquer recalque que por ventura tenha na vida real. Ou seja, ele serve legitimamente sim como instrumento de aproximação e coesão social, abreviando passos.

A net veio a calhar proporcionando o anonimato e segurança necessários a qualquer um que tenha dificuldades (seja por qualquer motivo, timidez, etc) em se relacionar ou que tenha uma vida social estritamente limitada. Dado o 1º passo, cabe a você dar o 2º (ou não), que é o do encontro real com aquele pixel que julgou interessante ou que tem mesmas afinidades.

 

Mas isso varia de cada um; tem quem prefira permanecer se relacionando somente no virtual (seja por medo, comodidade ou simples falta de sinceridade), e já tem quem faça questão de conhecer pessoalmente seu interlocutor do outro lado do écran, que é o meu caso. Se você ganha ou perde cabe a você mensurar, por exemplo, eu ganhei muito conhecendo muita gente que virou amigo para toda hora; já tem quem prefira ficar só no virtual, e isso eu vejo como perda, pois se deixa a rara oportunidade de estar "téte-a-téte" com alguém legal (ou não) Mas cada um cada um, lembrando sempre q "quem não arrisca.." Dando este 2º passo, há a possibilidade (ou não) do 3º, q é o envolvimento afetivo.

 

E é possível ser amigo sim a distancia, porque não? Mas da mesma forma q uma planta, você tem que estar regando constantemente para ela não murchar, pois amizade/afetividade é uma via de mão-dupla. Sexo virtual é bom, mas é viciante e limitado. Deixei de praticar faz tanto tempo que até já nem sei onde deixei as frases-clichê que tinha engatilhadas.

 

Atualmente prefiro o real, que é muito melhor embora igualmente viciante.

 

 

 
Nacka2007-02-18 15:30:00
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O garoto Bon Jovi intrigado com as escolhas profissionais do nosso entrevistado, propõe uma viagem no tempo... BTTF na veia! Já imaginaram se o Soto resolve fazer uma escolha profissional mais radical baseado na sua habilidade com o desenho? Teríamos aqui o nosso Ronaldo Esper, particular talvez?

 

Ah.. e temos mais causos: Bicheiro Castor de Andrade e o povo de Canapi (aka terra dos Collor de Mello) além de quase sequestro na Bolívia. Com vocês Jorge Indiana Soto Jones.  

 

 

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FORASTEIRO - Na época, qual o motivo que te fez optar por Propaganda & Marketing? Você alcançou o sucesso que imaginava? Ou suas metas mudaram com o passar dos anos? Se pudesse voltar a ter 18 anos outra vez, voltaria? E o que escolheria para sua vida?<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />


JORGE SOTO - Quando havia chegado a hora de prestar vestibular, não fazia idéia do que fazer..daí optei pela única referencia q tinha, meu pai. Fiz ano e meio de engenharia na Mauá dos quais me arrependo pelo tempo perdido. Exatas não é comigo mesmo.

Daí larguei, estudei um ano enquanto fiquei matutando o que fazer, tendo como referência minha habilidade para desenhar e criar, pensei em fazer cinema, mas vi que aqui no Brasil não rola (agora, quem sabe); pensei artes plásticas, mas ter ateliê e virar baitola não é comigo também; daí optei pelo meio termo, publicidade e design. Se alcancei sucesso? Que isso...são apenas as conseqüência de tudo como em qualquer trampo..mas na verdade não chamaria de sucesso, chamo de realização pessoal, algo que ainda não atingi plenamente. Ainda falta alguma coisa, até porque no decorrer dos anos as metas mudam, e atualmente penso migrar seriamente para área de turismo, mas ainda procuro uma brecha nesse mercado onde um profissional de design (ou de marketing) possa se inserir.

 

Olha, não acredito que chorar sobre leite derramado e lamentar "o q poderia ter sido e não foi" resolva algo agora. Eu vivo o agora, e o passado é apenas referência para não fazer cagada no futuro. Portanto, esse lance "de volta pro futuro" prefiro nem pensar. Mas se pudesse ter essa volta, teria feito coisas mais referentes a relacionamentos pessoais, estreitado laços e me desprendido de outros, que me empacaram.

FORASTEIRO - Quando, por que e exatamente como começou essa sua paixão por aventura? Lembra da sua primeira viagem sozinho? Quais as dificuldades de novato que você enfrentou e quais são as dicas pra quem quer começar?


JORGE SOTO - Há 15 anos atrás eu saía  pouco e viajava tediosamente por pacote a lugares comuns farofados, mas depois um amigo me convidou (num inesquecível feriado de semana santa) a uma caminhada ao Pico das Agulhas Negras, no planalto de Itatiaia. Deu tudo errado, passei frio, chuva e perrengue, mas foi paixão a primeira vista! Nesse mesmo ano fiz a travessia Petrópolis-Teresopolis pelo alto da serra, e fui nas cavernas do Petar, apenas para sedimentar de vez o que eu queria fazer a partir de então.

 

A idéia corrente é de que pra viajar você precisa de agência/pacote que prepare tudo e te leve de mão dada, mas isso é besteira, não é nada mais o que a máfia das agências dissemina aqui no pais. No exterior o turismo backpacker (mochileiro) é bem comum, inclusive entre adultos e gente de idade.

 

Depois que inventaram a internet o acesso a informações sobre qualquer local possibilita que você se planeje/programe com antecedência e vá aonde te der na telha a custos mínimos, basta ter paciência, espírito aventureiro e ter o mínimo de desapego a algum conforto. Só. Eu faço assim: me da na telha um destino e pesquiso sobre ele, daí bolo um roteiro, cronograma e planejo a bodega. Só depois caio na estrada, mas logicamente que nem tudo é previsível, ate porquê tem que deixar a imprevisibilidade e flexibilidade fazerem sua parte.

Mochilar seja no mundo ou aqui mesmo no Brasil é algo viciante. Ou você ama ou odeia, mas uma vez impregnado pelo vírus você não consegue parar. E as dificuldades de novato sempre são referentes a de equipamento impróprio para viagem, frio, chuva e tal, mas isso você só vai minimizando com a experiência.

 

Sabe que não sei quando foi minha primeira viagem sozinho...acho que foi quando dei a volta inteira em Ilha Grande, a pé, faz teeeempo. Achei que não fosse dar conta, mas foi sussa. Muita gente fala das dificuldades de se adaptar no mato, mas eu me dei muito bem, sendo que o único pepino naquela ocasião foi o de, sem querer, quase ser socado pelos seguranças do bicheiro Castor de Andrade, pois havia adentrado sem querer na propriedade dele já logo no segundo dia de pernada.

FORASTEIRO -  Cara, desculpe, mas não dá pra perder a oportunidade: como é que você foi sentar em um cara morto na fronteira da Argentina?! Como foi seqüestrado na Bolívia, e o que raios você fez pra ser expulso de uma cidade alagoana?


JORGE SOTO - Canapi é uma cidadezinha do tamanho de um ovo no sertão alagoano, paupérrima e quem manda la são os coronéis, quase todos parentes da Rosane Collor. Pois bem, foi lá que fui parar numa carona. Daí como tava maior calor para continuar na estrada e seguir adiante, dei um tempo e fui tomar uma breja num botequinho lá. Pra quê? Mal entrei chamei a atenção de todo mundo, principalmente de 3 armários 3x4, que visivelmente deviam ser fazendeiros.

Não tiravam o olho de mim, e vieram falar comigo nada amigavelmente assim que viram que eu estava mexendo na minha maquina fotográfica. Praticamente me interrogaram para saber o que fazia ali e cismaram de que eu era repórter tava investigando assassinatos lá e tal. Disseram-me que era melhor eu ir embora e que se me vissem perto da fazenda de fulano de tal "me fariam beber toda a água da piscina dele", sendo que a piscina era maior que a caixa d'agua da cidade. Diante de ameaça tão explicita fui embora, né? Não sou trouxa. Os caras me seguiram ate a saída da cidade, e só voltaram quando me afastei pela estrada, onde felizmente consegui carona e me mandei dali.

O lance do seqüestro na Bolívia foi por pura desatenção minha, afinal imaginava que no país também tivesse esse tipo de coisa, principalmente com gringos, supostamente pessoas que, em tese, andam com dólares!

 

Estava indo para rodoviária (em La Paz) para ir ao carnaval de Oruro. Era de madrugada ainda e as ruas estava vazias, ou quase. Ai apareceram dois bolivianos que disseram ser da policia e iriam me revistar e tal. Até ali julguei isso possível, mas estranhei o fato de não usarem farda. Como eram dois caras enormes, consenti em ir junto com eles para delegacia, me enfiaram num táxi(?!), onde havia mais caras, e só ai caiu a ficha de que não eram policiais e sim sei lá o que. Como estava na mão deles, ficamos rodando um tanto pela cidade enquanto reviraram minha mochila. Foi tudo rápido e eu só queria sair dali, até porque lembrei de casos similares com desfecho trágico. Me  largaram, ironicamente, perto da rodoviária onde avaliei as perdas.

 

Notei que tinham levado toda a pouca grana que ainda me restava. Sem um puto no bolso num pais estranho, voltei ao albergue que estava onde consegui fazer uma "vaquinha"  - com os amigos gringos que havia feito ate então - e levantei o suficiente para voltar pra casa, via terrestre (3 dias entre bus/trem). Nem dei queixa nem  nada ate porque já sabia que não ia dar em nada, e iria me consumir o pouco de grana que tinha coletado até então. Se não fosse a solidariedade dos gringos, ia ter que dar o rabo para voltar para cá...

FORASTEIRO - Relações com duas famílias é um troço complicado mesmo, você sempre acaba se enchendo ou desapontando alguém. Como você equilibra as coisas? Já chegou a culpar seu pai por alguma razão envolvendo você, ou não? A separação entre ele e a sua mãe aconteceu há muito tempo, ou você já era grande o bastante pra se virar? Como enfrentou o fato?


JORGE SOTO - Olha, pode ser complicado pra alguns, mas minhas famílias se dão muito bem, não tenho o que reclamar nesse sentido. Não me encho nem desaponto ninguém. E nunca culpei nenhum dos meus pais por nada do que fizeram (ou deixaram de fazer), imagina! Não vou responsabilizar ninguém por isto ou aquilo, ou simplesmente por alguma frustração pessoal q venha a ter. A separação dos meus pais deu-se quando eu era adolescente, e encarei meio grilado. Mas depois a gente tem q se conformar c/ a situação. Afinal, não podia obrigá-los a estarem juntos quando já não queriam isso. Mas mesmo assim meu pai vinha nos ver e está (sempre se manteve) presente, enquanto levava outra família a tiracolo. Com a qual, alias, me dou muito bem ate hoje. E eventualmente saio com meu outro irmão e ate tentei convertê-lo ao mundo das aventuras, em vão. Ele nasceu pra ser playboyzinho, algo que eu ojerizo. Bem, ninguém é perfeito.

FORASTEIRO -  Afinal, o que acontece ou aconteceu entre você, o Amfíbio e o Dook? Pessoalmente, estando no fórum há apenas pouco mais de um ano, nunca entendi muito bem se vocês têm ódio ou amor uns pelos outros.

JORGE SOTO - Comigo não aconteceu nada, pergunte a eles. Eu me dou bem com todo mundo e evito qualquer atrito/desentedimento que seja. Se eles não vão com minha cara, paciência. Não somos obrigados a agradar todo mundo, mas também não permito que me faltem o respeito seja onde for. E se alguém tem algum problema comigo podemos resolver isso pessoalmente, pq não? Sou alguém bem acessível e não me escondo atrás do écran, tanto q minha cara ta escancarada no avatar. E, se reparou, eu apenas reajo. Como já disse antes, se não permito que nem quem convive comigo use esse tom comigo porque deveria dar-lhes esse privilégio? E há limites claros entre uma brincadeira sadia e a falta de educação/ prepotência travestida de retórica cínica. Não sou santo (e nunca me assumi como tal!), mas se for pra mensurar comparando mau-caráter aqui, tem gente que leva ampla vantagem. Mas nem por isso a considero "podre".

Olhem só a Maria Shy mandou uma perguntinha para o Jorginho e quase que ele caiu do outro lado do pc, Maria essas coisas a gente avisa quando vai perguntar viu? Soto mais uma vez comprova a síndrome de George Clooney:

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MARIA SHY -  Gostaria de saber, porque ele ainda não se casou?? Se ele tem medo de compromisso ou de mulher?

 

JORGE SOTO - Oi Jú, tudo be,? Olha, não tenho medo de mulher não, imagina! Pergunte para a Abelha... 06 

 

Pelo contrario, as amo e admiro de paixão! E se não casei ate agora foi porque não houve a oportunidade de topar com aquela que pudesse chamar de "cara metade". Já quase fui noivo, mas não rolou alem disso. Como já afirmei antes, estou curtindo muito a solteirice e não estou encanado quanto a casar (o que é notoriamente a neura de muita mulher)..rsrsrs e for pra ser, será. Se não, não vou estressar. E cá entre nos, pra estar junto não há necessidade de estar "casado"...<?xml:namespace prefix = v ns = "urn:schemas-microsoft-com:vml" />

 

 
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Se depender do Silva a metralhadora pára de girar um pouquinho para o Soto tomar fôlego... ou não?

 

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SILVA - Já que você é chileno de nascimento e brasileiro por opção, quais são as diferenças (culturais e pessoais) do povo chileno e do povo brasileiro? O que o povo chileno poderia nos ensinar e o que poderíamos ensinar a eles? Aproveitando (que você se autodeclarou mochileiro), como você vê a situação (econômica, social e cultural) da América do Sul? Acha que algum dia a América do Sul deixará de ser uma região "em pleno desenvolvimento" para ser uma região "desenvolvida"???

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JORGE SOTO - O povo brasileiro é único, animado, desprendido e desencanado demais, já me acostumei a isso e não abro mão; o chileno também o é, porém é bem mais conservador em muitos aspectos.

 

Tem muita coisa que faço aqui normalmente que lá não poderia fazer, por exemplo, tomar tranqüilamente uma latinha de cerveja na rua, algo proibido (lá só se pode beber em bar, restaurante, ou em casa). Lá a mulher é quem mais sofre, não pode usar uma minissaia ou roupas mínimas no verão e apenas para ficar bem a vontade, sob risco de virar alvo de chacota, de assédio explicito ou de ser chamada de puta pelas demais mulheres. Fio dental na praia? Imagina.. O máximo q você vê nas praias são as ceroulas-asa-delta. Acho muita caretice (e hipocrisia) em muitos aspectos esse conservadorismo que em suma se deve à grande influência da igreja católica.

 

Ate porque lá não tem nenhuma religião africana, asiática e ate evangélica, embora tenha visto algumas do Bispo Edir, porem quase vazias.

A América do Sul nunca será um bloco unido através do Mercosul, cada pais tem interesses que vão de encontro com seus vizinhos. É muita imbecilidade, conveniência e ingenuidade, responsabilizar os EUA pelas mazelas do mundo e ficar sempre repetindo o mesmo discurso antiamericano sem ter nenhum projeto concreto de desenvolvimento interno que também combata a corrupção na própria casa, a meu ver é o grande entrave de todo e qualquer país sub e em desenvolvimento. Se não pode vencê-lo, junte-se a ele. Foi o q o Chile fez. Mesmo com o Tio Sam tendo patrocinado o golpe que manteve o Pinochet na pior ditadura q a América latina já teve, o Chile não guardou rancor e entrou em acordos bilaterais com os EUA q lhe foram extremamente benéficos, com redução enorme de taxas nos produtos de importação/exportação. Por isso q não entrou no Mercosul. Agora pretende fazer o mesmo com China & Coréia do Sul.

 

Não me estranha que tenha índices de desenvolvimento que superem a do resto do continente. Agora ainda fica mais difícil a América do Sul ter uma unidade com figurinhas como Chavez e Morales, populistas que não pensam duas vezes em passar a perna nos demais. Francamente, achei o cúmulo o Lula não fazer NADA diante do apropriamento das refinarias de gás pelo exército boliviano. Se bobear, vai abrir as pernas e ceder o Acre para eles também.

 

O Evo Morales não é bobo em querer fazer o mesmo com Chile, ele sabe que se tentar ganhar o mar através do norte chileno (algo de que a Bolívia se ressente ate hoje, pois perdeu isso durante a Guerra do Pacífico), vai ter guerra no ato e sabe também que com o Chile seu país não tem chance alguma. Enfim, a situação no continente não é propícia para uma união, cada um quer puxar a sardinha pra si, portanto porque não buscam alternativas que primeiro resolvam em primeira instância problemas internos?

 

 A Argentina também está entrando na onda populista, e se bobear pode sobrar novamente pro Brasil, pois ela já tentou entrar em guerra com Chile pela disputa de uns territórios no sul do continente (pouco depois da época Malvinas, idos de 85).. e foi uma época tensa particularmente para mim, porque tive receio de ser chamado para incorporar a reserva do exército no caso de um eventual conflito.

SILVA - Nos últimos meses a seção Geral do nosso fórum, especialmente depois da criação da "Casa da Mãe Joana" (que cresceu e virou sub-fórum), cresceu bastante, a ponto de se destacar no último Pablito de Ouro, abocanhando o prêmio de "Melhor Fórum". Por conta disso, tivemos vários comentários não amistosos em relação a seção Geral (especificamente em relação à "CMJ"), especialmente pelo fato desse fórum ser um "fórum de cinema".

Como você vê esses "protestos" referentes a CMJ (e a seção Geral)??? Acha que ela só dissemina a "acefalia" ao fórum"??? Ou até mesmo a CMJ pode render boas discussões??? Ou ainda, a CMJ é um lugar para descontrair, e não há nada de mal nisso???

 

JORGE SOTO - Acho babaquice ter neguinho protestando pela presença deste ou tal tópico que lhe desagrada. Eu não gosto do tópico Harry Potter, portanto simplesmente não entro nele. Simples. Outra: o site é de cinema, já o fórum não o é.

 

O fórum é acima de tudo, democrático, e desde que entrei existe a seção Geral, destinada a assuntos diversos que não os da sétima arte. Se vier a torcida do Corinthians aqui apenas postar na CMJ nada a impede disso, pois o que não está expressamente proibido é, em tese, permitido. Daí não entendo pq tem neguinho (pretensos e metidos a críticos de cinema), que fazem coro pra extinção de determinados tópicos como se o fórum fosse somente deles e de mais ninguém. É muita pretensão quando todos na verdade sabem que aqui é de quem bem entender. Fodam-se eles! Os incomodados q se mudem..E democracia é convivência e tolerância mútua, algo que se esquecem.

 

Na hora em que o fórum tiver apenas tópicos de cinema provavelmente eu também caia fora, porque ate discutir isso, tá um porre aqui.

SILVA - Você não freqüenta muito a seção de filmes, mas você postou razoavelmente no "19 dias de horror". Apesar do gênero estar presente na história do cinema desde os seus primórdios, os filmes de terror ainda são considerados uma 'arte menor", a despeito do grande número de admiradores desse gênero (para citar um exemplo, o Moviolavideo já expressou abertamente essa opinião a respeito desse gênero). Entretanto, além dos milhões de fãs do gênero em todo o mundo, os filmes de terror também proporcionaram um avanço nas técnicas de maquiagem, animatronics (principalmente) e efeitos especiais. Sem grandes profissionais como Rick Baker e Tom Savini (só para ficar nos especialistasem maquiagem), o realismo dos efeitos de maquiagem hoje em dia estaria a milhas de distância do que é atualmente. Por que, mesmo depois de quase um século de cinema, ainda existe esse preconceito aos filmes de terror??? Seria pelo fato de não tratar de "assuntos sérios" (deixo isso em aspas pois sabemos que isso não uma verdade)???

JORGE SOTO - Postei razoavelmente no "19 dias de Horror" por insistência do autor do tópico, o Jail. Mas depois postei uma coisa ou outra porque já fui grande fã das tranqueiras que pipocavam nas locadoras na década de 80, época em que houve o boom do gênero. Alem disso, na facul aprendi algumas técnicas simples de maquiagem (a base de algodão, soro, base e tinta para tecido), que eventualmente uso nos Halloweens da vida.

 

Não creio q filmes de terror sejam uma arte menor, ate pq há filmes e filmes. É uma generalização calcada principalmente num sub-genero que veio juntamente com este" boom" de gore, o terrir, que era facilmente confundido com sua vertente mais medonha. Estes eram filmes menores, de baixo orçamento e terrivelmente exagerados  (para não serem levados a serio) que provocavam mais risos pela presença de humor negro e/ou involuntário.

 

Por exemplo, Sexta-feira 13 e A Hora do pesadelo começaram como terrorzões/suspenses, mas a partir de seus 3º e 4º capítulos, tomaram outro tom: O da autoparódia e gozação, muitas vezes se valendo de metalinguagem. Freddy já não só matava, matava com requintes cômicos, quase fanfarrão, as vezes até falando com o telespectador. Mesmo assim, esse subgênero teve crias que se tornaram clássicos, tais como Retorno dos Mortos-Vivos, Evil Dead 2, A Hora do Espanto, etc.. Este ultimo, alias, foi referência p/ terrir, pois todo filme q era lançado era antecedido, no nome, por "A Hora.."  E dá-lhe "A Hora do Lobisomem"(Silver Bullet), "A Hora dos Mortos-Vivos"(Re animator), "A Hora da Zona Morta"(Dead Zone), "A Hora das Maquinas"(Maixmum Overdrive), inclusive "A Hora do Pesadelo"..
Seriedade nos filmes de terror? Claro q há, mas como já disse antes, há filmes e filmes. O terror como linguagem tem aspecto metafórico enorme, vide O Labirinto do Fauno, que é muito bom.

 

 

Ele já foi chamado de Conde Dookan o poderoso na moderação e temido nos quatro cantos do fórum e hoje é apenas Dook, um humilde usuário. Sim, conhece o entrevistado pessoalmente e foi exatamente em um desses encontros fraternais que o caldo entornou, Soto é mesmo um caloteiro? Porque esse assunto vai e volta hein? Não sei. Ah, sim, tem a Abelha ainda...

 

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DOOK - Soto, explique para todos nós a questão do calote que você deu em dois encontros com o pessoal do fórum. Você não acha falta de educação locupletar-se da bonança de petiscos onde todos ali estavam pagando, para em seguida, sair dizendo que 'ia ao banheiro' e não voltar mais?


JORGE SOTO - Ué, agora são 2 e não 3 ocasiões???<?xml:namespace prefix = v ns = "urn:schemas-microsoft-com:vml" /> Quando entrarem num consenso quiçá me pronuncie (como se devesse satisfações..) mas concordo que de fato é falta de educação, da mesma forma que é no mínimo falta de hombridade e caráter atentar para nhenhenhém somente após o encontro (e ainda por cima via net) e não na ocasião.

 

Porque então não chamaram a atenção na hora? Simples, pq sabiam que além de disparate eu não ia deixar barato, e + de alguém ia voltar com rosto amaciado para casa...

 

Enfim, uma cômoda aporrinhacão da qual ao menos poupei meu irmão de responsabilizar...

 

DOOK - Uma outra curiosidade é referente as revistinhas que você levava nos encontros. O que são elas afinal?

JORGE SOTO - Todo mundo pegou as revistas e folheou, inclusive você. Não reparou que elas eram referentes à esportes outdoor? Uma delas inclusive tinha uma matéria minha..

 

http://br.geocities.com/jorge_beer/revista.jpg

 

DOOK - O povo quer saber: Detalhe minuciosamente sua relação com a abelha. E já digo em nome de todos os cozinheiros e eventuais leitores da entrevista: Não aceitaremos como resposta o trivial 'somos apenas bons amigos'.

JORGE SOTO - O povo quer saber, mas to me lixando. O que diz respeito à Andréa já respondi ao Nacka.

 

 

 

.

 

 

 

 

 
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MR. Scofield fecha a entrevista com nossas convidadas TOMATE e Abelha.

 

Sim, as perguntas dele são assim mesmo, diferentes, repare na 2ª...

 

 

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MR. SCOFIELD - Você é um dos poucos usuários no fórum que há muito usa sua própria imagem em seu avatar ou assinaturas, porém, invariavelmente de forma extremamente criativa e inteligente.

Não é à toa que sempre se encontra indicado em qualquer premiação no fórum e com enormes chances de vencer (como de fato venceu categorias do Pablito esse ano).

 

Embora admiremos enormemente essas peculiaridades concernentes a você (são peculiaridades, pois na internet em geral raramente encontramos alguém que faça o mesmo - exceção ao orkut, mas nunca com tal criatividade), vamos brincar um pouco, investigando o lado obscuro (ou não) dessa característica.

 

Por trás de toda essa criatividade existe alguma espécie de "egocentrismo"? Revolta contra algo (pelo contexto social que normalmente está incluso em suas pequenas obras de arte)? Em última instância, um desejo contido pela "admiração dos outros"? Enfim, como se explica esse "cartão de visitas" inicial do Soto - avatar e assinaturas - em relação a imagem que pretende construir (ou desconstruir) no fórum depois que escreve, por fim, algum texto?

JORGE SOTO - A Veras também aludiu à mesma possibilidade q menciona, meu caro. No entanto, sou reticente... porque seria egocentrico a tal ponto, sendo que estou longe de ser o protótipo de galã?? Apenas gosto de brincar comigo mesmo justamente para ser cobaia de minhas próprias criações. E também porque não tenho pudor em expor meu semblante; não tenho nada a esconder, como muita gente aqui. E todos variam de acordo a inspiração ou falta dela, apenas isso. Não há revolta alguma. A coisa é mais simples do q se imagina.


MR. SCOFIELD - Talvez um dos filmes mais interessantes a qual tive a oportunidade de assistir nos últimos anos foi o agradável documentário What the Bleep Do We Know? (Quem Somos Nós), onde dentre muitos outros assuntos, discute-se, através de um aparato com base em leis físicas não muito simples mas explicadas sempre de forma muito inteligente, as conclusões finais de experimentos que levam alguns cientistas a concluir que quando não estamos observando qualquer objeto qualquer, ele se encontra em infinitos pontos no espaço (ou seja, simplesmente está em TODOS os lugares).

Porém, o simples fato de observá-lo, faz com que uma equação matemática que tenta descrever tal problemática complexa (e que possui infinitas respostas) se resolva para algumas poucas possibilidades e ele se encontre em somente um ponto do espaço (ou seja, somente quando alguém está olhando um objeto ele passa a se localizar em um ponto só).

 

Nossa reação inicial a esse exemplo ilustra a dificuldade de lidar com situações que desafiam a lógica e perspectiva comum, fato que se torna cada vez mais comum a medida em que a ciência avança na procura de respostas para situações do dia-a-dia. No caso, entretanto, esse mundo de abstrações parece muito distante de nós. Por outro lado, como você lida com mudanças de perspectivas "bruscas" no mundo real (não em relação ao exemplo, mas em qualquer situação)? Como você agiria, por exemplo, diante de uma pessoa que defende o ideal "nazista"?

 

Trazendo para o universo do Cinema em Cena... como você age quando em qualquer tópico se depara com alguém que possui uma opinião radicalmente oposta à sua tanto externamente (o que você escreve) quanto internamente (no que aquilo realmente te "toca")?


JORGE SOTO - Caraio, que viagem na maionese.. mas vamos ver se entendi. Quando vejo alguém com opinião diferente da minha procuro sempre ver seu ponto de vista e tentar compreendê-lo. Isso mediante a troca sadia e construtiva. Pra isso existe a conversa, claro!

 

Raramente dou braço a torcer até porque sou meio teimoso nesse aspecto, mas já houve ocasiões em que não me restou alternativa senão entregar os pontos e tomar partido de determinadas formas de ver as coisas que eram mais convincentes do que àquela inicalmente defendida.

 

Ter ciência de outras opiniões divergentes descortina novas perspectivas e olhares sobre qualquer coisa. Se você as agrega ou não, isso depende somente de você. Agora quando vem alguém impondo pura e simplesmente seu ponto de vista não tem como não se agarrar mais à própria convicção, mesmo estando equivocada. Porque ai já não há troca é guerrinha básica. Era isso q tu queria saber?

MR. SCOFIELD - Por ser um dos usuários mais antigos e conhecidos do fórum (e conhecer alguns até mesmo pessoalmente), você deve possuir uma percepção do funcionamento desse universo chamado fórum cinema em cena bastante particular.

De tudo o que você viu e vê acontecer por aqui e fora daqui, como você confronta o mundo virtual que percebe e o real, composto pelas pessoas que conhece (seja pessoalmente ou em uma conversa menos formal pelo msn ou orkut, por exemplo)? É possível, em sua opinião, ultrapassarmos esse momento de crise do fórum (incorporados definitivamente agora até mesmo no nosso chef da Cozinha e padrinho Nacka) e voltarmos aos tempos que alguns consideram como tempos de "ouro"? O que você acha que deve mudar para o fórum ficar melhor?

JORGE SOTO - O meio virtual é muito engraçado, justamente porque permite você assumir tipos que podem ou não coincidir com o que se é.

 

Você aqui pode ser qualquer um, nesse sentido. Os encontros me provaram que nem todos são como se mostram aqui, embora isso eu já soubesse faz tempo.

 

Mas aqui, mostra-se com mais intensidade principalmente pela idade media dos usuarios do fórum, adolescentes e pós-adolescentes.

 

Coincidentemtente, gente que ainda está em fase de auto-afirmacao. Daí eu não estranhar que tem muito nego aqui aqui dá uma de fodão e arrogante, mas que pessoalmente é sussa, recatado e retraído.

 

Ou de nenguinho que não  chega nem aos pés daquilo q diz ser, ou diz fazer. E volto a dizer..não sei de onde tiraram esse termo "tempos de ouro"?! Isso não é nada mais que um termo saudosista porque eu não vejo tanta diferenca agora de antigamente, apenas o fato de haver uma renovacao constante de usuários, nada mais.

 

Quiçá essa época de ouro a que se referem seja apenas a saudade deste ou daquele neguinho que nunca mais deu as caras. E só. É o curso normal de um fórum. 

 

E por ora, acho que o que devia mudar já mudou..a moderação. Tanto que parece que o fórum passa por um período de harmonia e tranquilidade que nunca vi antes. Se é pra ser assim, que seja.

 

A  TOMATE (Ou como a conhecemos, Dani, que certamente é a usuária que o Soto comentou que irá conhecer em Belo Horizonte) tem uma perguntinha:

 

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TOMATE - O Jorge é um cara muito aventureiro e inteligente a beça, agora não vem nada em mente, mas você poderia perguntar se ele tem vontade de relatar todas as suas trips em um livro com direito a fotos.

 

JORGE SOTO - Sabe, Dani, você não é a única que já me perguntou ou que me propôs isso. Muitas pessoas já me recomendaram isso e até eu me pergunto porque ainda não o fiz. Material não falta, fruto do prazer que eu tenho de redigir sempre alguma crônica da empreitada mais recente; tenho quase 4Mb no meu hd de relatos, bastaria revê-los e/ou revisá-los. E muita foto pra ilustrar.. Bem, quem sabe esteja na hora de pensar mais seriamente sobre o assunto e fazer acontecer... basta ter tempo e  disposição para isso, algo que no momento me falta.<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

 

 

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Como não podia faltar o doce da entrevista, Abelha foi convidada para fazer perguntas ao Soto e mandou a seguinte mp:

 

O Jorge é um cara bacana, amigo, companheiro, carinhoso, com um talento incrível pra designer e uma baita disposição pra caminhadas! Noooossaaaaa!09

 

A minha pergunta é se ele lembra de algo daqui de Niterói. O que ele mais gostou da viagem e não vale dizer que foi de mim!

 

Sobre o affair, é verdade. Um affair de acordo com o que pode haver com duas pessoas civilizadas, que se respeitam e que estavam apenas no início de um relacionamento, com muito pra conhecer da personalidade um do outro!

 

Beijos para o Jorge e boa sorte no Cozinha do Inferno!01

 

Abelha!

 

E claro que Jorginho respondeu:

 

JORGE SOTO - Claro que me recordo de Niterói, sem duvida! Das ocasiões que estive la sempre me vêem a mente o quão bom é se ter a orla marítima quase do lado, passear no calçadão tomando água de coco e por ai vai. Lógico que me recordo também dos familiares dela que são tão cativantes quanto a própria Zum, especialmente o sobrinho fofucho dela, que agora deve estar um meninão.

Mas prefiro lembrar com carinho dos ó-te-mos e inesquecíveis momentos que passei na companhia dela, principalmente sentados juntos seja na areia da praia ou nos quiosques na orla de Nikiti e Charitas, tomando uma cervejinha básica...

 

 

Chegamos ao fim de mais uma entrevista, o Cozinha fará um recesso que esperamos seja temporário, até para que vocês possam tomar fôlego e tenham a oportunidade de ler as demais entrevistas.

 

Obrigado,

 

 

Nacka e Equipe.

 

 


 

 

 
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Só alguns comentários rápidos...

 

JORGE SOTO - A principio uma deveria complementar a outra' date=' de forma sadia. Porem o que se vê é uma se tornar extensão da outra em detrimento do que as duas linguagens têm a dizer. Desde que Lucas e Spielberg criaram o termo blockbuster e a MTV passou a ditar novos tipos de edição, o cinema não foi mais o mesmo. [/quote']

 

O termo blockbuster (o que ele significa na prática na indústria cinematográfica) não foi criado por Spielberg e Lucas... Ben-Hur é um blockbuster, da mesma forma que alguns filmes do Hitchcock (Psicose, o maior exemplo) e por aí vai...

 

A diferença foi que Spielberg e Lucas trouxeram isso de volta nos anos 70. Mas sempre existiu.

 

Ué' date=' agora são 2 e não 3 ocasiões???<?:namespace prefix = v ns = "urn:schemas-microsoft-com:vml" /> Quando entrarem num consenso quiçá me pronuncie (como se devesse satisfações..) mas concordo que de fato é falta de educação, da mesma forma que é no mínimo falta de hombridade e caráter atentar para nhenhenhém somente após o encontro (e ainda por cima via net) e não na ocasião.[/quote']

 

1) Não fui em todos os encontros;

 

2) Não tinha como te avisar na hora do ocorrido. Vc já tinha ido embora, saído de fininho, lembra-se?

 

06

 

 

Porque então não chamaram a atenção na hora? (1) Simples' date=' pq sabiam que além de disparate eu não ia deixar barato, e + de alguém ia voltar com rosto amaciado para casa...(2)
[/quote']

 

1) Repito: vc já tinha ido embora... Nas duas vezes você falou que ia ao banheiro e não retornou. Foi só quando pedimos a conta que percebemos a sua ausência...

 

2) What a attitude! Acho interessante a animosidade referente a esse evento sendo que, pelo que pude perceber, vc NEGA o ocorrido... Logo, quem não deve, não teme, certo? Ademais, se vc tivesse pago a sua parte, não haveria razão para ninguém te cobrar.

 

Enfim' date=' uma cômoda aporrinhacão da qual ao menos poupei meu irmão de responsabilizar...<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

 

[/quote']

Nem teria como responsabilizá-lo, afinal, foi um encontro de corpo presente e nós VIMOS você lá... A menos que vc tenha um irmão gêmeo... 17

 

06
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