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Forum Cinema em Cena

Perdidos no Espaço


Nacka
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Pelos que restam, não vejo motivos para o plágio ter sido cometido. Em primeiro lugar, porque eu estaria sofredo do mesmo mal do Sopa.06 E o que é pior, sou filho único, nem posso dar a eficiente desculpa do irmão.0406 E depois, o Rubysun e o Katso estão definitivamente acima da média quando compõem suas críticas, não precisariam disso. A propósito, Sopa, minha crítica não foi para BTTF.19

 
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Pelos que restam' date=' não vejo motivos para o plágio ter sido cometido. Em primeiro lugar, porque eu estaria sofredo do mesmo mal do Sopa.06 E o que é pior, sou filho único, nem posso dar a eficiente desculpa do irmão.0406 E depois, o Rubysun e o Katso estão definitivamente acima da média quando compõem suas críticas, não precisariam disso. A propósito, Sopa, minha crítica não foi para BTTF.19

 
[/quote']

 

O Quê????????????????13131313

 

WTF!!!!!!!!!!!!!!13131313
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Pelos que restam' date=' não vejo motivos para o plágio ter sido cometido. Em primeiro lugar, porque eu estaria sofredo do mesmo mal do Sopa.06 E o que é pior, sou filho único, nem posso dar a eficiente desculpa do irmão.0406 E depois, o Rubysun e o Katso estão definitivamente acima da média quando compõem suas críticas, não precisariam disso. A propósito, Sopa, minha crítica não foi para BTTF.19

 
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O Quê????????????????13131313

 

WTF!!!!!!!!!!!!!!13131313

 

Mas Silva, você disse que sabia.17 Eu havia escrito aqui mesmo, algumas páginas atrás.
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Eu disse que ACHAVA que sabia...Mas pelo jeito não....Enfim' date=' vamos esperar a sua lista e crítica (a provável vencedora..06) ser publicada...[/quote']

 

Não é provável nada.06 Isso é esquema de vocês, depois acontece como aqui em RS, com o Rigotto.06

 

O tempo não permitiu que eu escrevesse sobre BTTF. Não que o filme analisado fosse mais "simples" (e de forma alguma o é), mas acontece que eu já tinha qualquer coisa pré-escrita sobre ele e, no dia em que eu fizer uma crítica para BTTF, quero me divertir. Vou demorar um mês, cheio de pretextos pra rever o filme quantas vezes forem necessárias.05
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2) Acho que o plágio é teu mesmo' date=' rubysun. Das listas que acho que foram mandadas, faltariam a tua, uma (provável) do Katsushiro e a do Forasteiro (e esta o Nacka já deu uma pitada de quero mais pela qualidade, além do quê, ele não plagiaria BTTF). Veremos...
[/quote']

 

acho que meu irmão andou postando no fórum, sei lá então. 06

 

se o plágio for meu, pode deletar minha conta no fórum, que eu tenho que tratar de esquizofrenia. e além do mais, se não me engano, o Nacka não vai publicar(ia) a lista com o suposto plágio ("contar a história do suposto plágio, o porquê de uma das listas ter ficado de fora").

 

Na verdade houve um suposto plágio. Uma acusação foi feita, houve uma investigação e descobriu-se outra coisa, a meu ver, até mais surpeendente... mas isso eu vou contar depois, ainda hoje. E não, o nome do Rubysun sequer foi citado. Mas já era para vocês terem matado a charada, eu já disse quem me enviou as listas, depois disse que uma estava fora, e já informei também quantas faltam... é só fazer as contas...

 

 
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Aqui está as indicações do Rubysun, boa lista que tem no mínimo duas surpresas, a inclusão do desenho Os Incríveis e o novíssimo A Fonte da Vida... mas já gosto de cara do filme escolhido para representar a lista.

 

LISTA DE FILMES – RUBYSUN<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

 

                                     Avatar   

20º: X-Men (2000) - Dir.: Bryan Singer - O melhor da trilogia dos mutantes. O subtexto da mutação genética e o preconceito foi muito bem utilizado por Bryan Singer, resultando em um filme simples e cru, direto ao ponto. E diverte.

19º: Os Incríveis (The Incredibles, 2004) - Dir.: Brad Bird

A narrativa deste aqui pode ser considerada fantástica ao invés de científica, mas isto varia, dependendo das circunstâncias de uma noite de quarta feira chuvosa. Mas o forte desse filme não é muito o lado sci-fi, mas sim a sátira a milhares de filmes de super-herói, aos quadrinhos, e de sci-fi. Tem um roteiro originalíssimo, e identifica o espectador pela estrutura de filme familiar.

 

18º: Aliens (1986) - Dir.: James Cameron

Ao contrário do primeiro exemplar da série, neste aqui as implicações do lado sci-fi influem diretamente no filme. Todo o poderio visual de Cameron está aqui. A versão extendida é um espetáculo.

 

17º: Os 12 Macacos (Twelve Monkeys, 1995) - Dir.: Terry Gilliam

Um filme muito peculiar, muito bom. A realidade caótica que Gilliam cria é impressionante. Um thriller do caralho. E viagens no tempo são o subgênero mais apaixonante de todos os tempos.

 

16º: Tropas Estelares (Starship Troopers, 1997) - Dir.: Paul Verhoeven

Crítica das mais mordazes ao militarismo, disfarçado de filmeco B de ação, disfarçado de propaganda militar. "Você deseja saber mais?". Isso chega a ser hilário. Só é mais hilária reação negativa ao filme, visto que todo mundo achou o filme fascista. <?xml:namespace prefix = v ns = "urn:schemas-microsoft-com:vml" />

 

15º: Fuga de Nova <?xml:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas:contacts" /><?xml:namespace prefix = st2 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" />York (Escape From New York, 1981) - Dir.: John Carpenter

A narrativa cool do Carpinteiro tá aqui. Mais um filme daquela velha ladainha de futuro caótico, fascista, marginal. E com um protagonista dos mais loucos de se ver na tela que já apareceram. O final absurdo típico do Carpenter está aqui, e é uma conclusão e tanto. E tem uma trilha foda, foda, foda.

 

14º: Parque dos Dinossauros (Jurassic Park, 1993) - Dir.: Steven Spielberg

Esse também pode ser chamado de fantástico demais, mas é qualificável pra entrar. Afinal, retirar o DNA dos dinos de um fóssil de mosquito pode ser absurdo, mas os filmes de sci-fi não são realistas assim.  Um clássico, que marcou a vida de muita gente. Assim como Richard Donner provou que o homem pode voar, Spielberg provou que os dinossauros são muito malvados.

 

13º: O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (Terminator 2: Judgment Day, 1991) - Dir.: James Cameron

Um bom exemplar da série, que uma história muito boa. A megalomania de Cameron já é notável por aqui.

 

12º: O Exterminador do Futuro (The Terminator, 1984) - Dir.: James Cameron

Levemente superior ao segundo, é um dos mais exaltantes filmes de ação, com um Arnoldão impecável. Sério, o papel de robô sem remorso, sem sentimentos, sem expressão, e totalmente destruidor foi feito pra ele.

 

11º: RoboCop (1987) - Dir.: Paul Verhoeven

Vi esse aqui outro dia. O tempo passa como não sei o que de tão rápido. E atira, mesmo que não pra todos os lados, com vigor: polícia, instituições, governos, marginais. Observe a notória falta de reação do high staff na morte de um homem pelo acidente, e sim ficam tristes pelos custos. E pela frieza com que transformam o cara em robocop.

 

10º: A Mosca (The Fly, 1986) - Dir.: David Cronenberg

Um ensaio kafkiano, com a roupagem de um terror psicológico medonho. Das duas uma não. É excepcional pelos dois lados. Destaque pra trilha fantástica do Howard Shore.

 

09º: Matrix (The Matrix, 1999) - Dir.: Andy & Larry Wachowski

Já virou clássico, clichê, que seja. No filme tem de tudo: kung fu, HQ, Platão, referências à religiões, e o cacete a 5.

 

08º: Contatos Imediatos de 3º Grau (Close Encounters of the Third Kind, 1977) - Dir.: Steven Spielberg

ETs fazendo contato seja um assunto pra Spilba deitar e rolar, vc não pisca em nem um segundo. Com direito a um Richard Dreyfuss descacetal.

 

07º: Fonte da Vida (The Fountain, 2006) - Dir.: Darren Aronofsky

Recentíssimo, muito peculiar. Uma experiência sensorial a ser feita. Redenção, amor, morte, toda essa velha história está aqui.

 

06º: Enigma de Outro Mundo (The Thing, 1982) - Dir.: John Carpenter

Explora as possibilidades de um alienígena doppelganger causa no ser humano. Com o tom superprodução B do Carpinteiro, ele faz um terror psicológico (disfarçado de terror físico) de dar nos nervos. Homens lutando contra homens, um com medo do outro, sem saber qual foi possuído. Isso é foda. Além de ter um dos finais mais estupradores de todos os tempos. E uma trilha fantástica do mestre Morricone.

 

05º: Donnie Darko (2001) - Dir.: Richard Kelly

É um filme que geralmente muita gente se identifica. Tem viagens no tempo, oh yeah. E toda a reação em cadeia desencadeada pela turbina dá luz a algo muito peculiar, que é aquele adolescente deasjustado típico dar uma de Messias para os amigos terem uma second chance. Recheado com uma trilha 80's do caralho.

 

04º: De Volta Para o Futuro II (Back to the Future Part II, 1989) - Dir.: Robert Zemeckis

Viagens no tempo again. Acho que esse entra no top 5 dos filmes que mais me divertem. Um ritmo frenético extasiante, uma história muito interessante, e o clima incomparável dado pelo Zemeckis. Explora o máximo de possibilidades que a expressão "viagens no tempo" pode ocasionar e caber em um único filme.

 

03º: 2001: Uma Odisséia no Espaço (2001: A Space Odissey, 1968) - Dir.: Stanley Kubrick

Fantástico, fenomenal, um salto no tempo gritante, a descoberta do monolito, a seqüência dos macacos, o balé espacial, o uso da ferramenta, a desumanização, a máquina humana, o humano máquina, obra-prima, etc.etc.etc.etc.

 

02º: Stalker (1979) - Dir.: Andrei Tarkovsky

O filme definitivo sobre religião. Tem o ritmo lento, mas sedutor. Os três personagens principais parecem representações de desabafos do diretor. O velho confronto arte x religião x ciência. Falar nesse espaço é muito pouco em relação ao que o filme merece. A Zona foi um dos meios mais geniais de desabafar a espiritualidade.

 

01º: Blade Runner (1982) - Dir.: Ridley Scott

 

blade-runner-poster01.jpg

 

Cult. Brega. Estiloso. Existencialista.

 

Esse é provavelmente o filme definição da palavra cult. E ele sintetiza boa parte dos anos 80. Em todos os sentidos, visual, comportamental, etc. Fugindo um pouco do assunto: nos EUA (que levavam de carona boa parte do mundo) o presidente era Ronald Reagan, e o clima entre muitos era o de desilusão total. Boa parte dele foi traduzido em filmes: um exemplo é De Volta para o Futuro, crítica retratada no alcoolismo da mãe de Marty. E Blade Runner foi mais além.

 

blade-runner01.jpg

 

Temos Rick Deckard. Ex-caçador de andróides. Na Los Angeles de 2020, os blade runners são uma espécie de policiais. Eles caçam os replicantes, robôs criados pelo homem, com curto período de vida, e com anseios e divagações semelhantes às do ser humano. Rick Deckard, interpretado por um bom Harrison Ford, tem os seus dilemas. Uma fala dele é mais ou menos assim: "sou ex-blade runner. ex-policial. ex-matador".

 

blade-runner05.jpg

 

Na verdade, as divagações do filme são até simples. Tem o confronto entre o homem e a máquina, o criador e a criatura, que se mostra tão humana quanto os seres sensatos, o dilema de matar para viver. Mas o modo que a história foi contada é que torna tudo tão brilhante.

 

O clima é depressivo, bem anos 80 pós-punk. A trilha do Vangelis, magnífica, acentua todo esse clima down. A direção de arte (uma das melhores de todos os tempos, senão A melhor) lembra muito o Japão: outdoors enormes, propagandas em projeções, as ruas lotadas e caóticas, o famoso aspecto used future, que se tornou referencial para milhares de outros filmes (Blade Runner pode até não ter sido o pioneiro, mas foi marcante).

 

blade-runner02.jpg

 

A roupagem que deu a todos os conflitos existenciais foi quase noir. A narrativa é um suspense, todos os personagens aparentam ter algo a esconder, Sean Young vive a dama fatal com o cigarro, o estado de constante degradação. E aquele velho sentimento de não pertencer a lugar algum, de apenas existir. A existência precede a essência, no caso onde a essência é difícil de encontrar.

 

Blade Runner funciona não só como um filme de sci-fi, mas como experiência sensorial. Você acaba se deixando levar por todos aqueles sentimentos, contidos ou explosivos, trazidos de maneira talentosa por Harrison Ford, Sean Young, Edward James Olmos, Rutger Hauer (esse e Olmos têm em seus respectivos finais, momentos históricos de arrepiar qualquer um), e até mesmo uma novinha Daryl Hannah. Ridley Scott sabe o que tem que fazer. Parece conhecer cada engrenagem daquele universo, e de como cada um dos personagens se encaixa nele (ou desencaixados estão, por assim dizer).

 

blade-runner04.jpg

 

 

Acompanhados pelo texto desiludido do mestre da sci-fi Philip K. Dick, essa é uma OP difícil de classificar, por ser uma progressão de sentimentos tão intensa. Poucos filmes têm momentos tão emocionantes como o apoteótico e sintético discurso de Rutger Hauer ao final, pela vida e a morte.

 

blade-runner06.jpg

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Putz , esse moleque humilha mesmo ! 06

Parabéns , seus comentários estão ótimos , principalmente o texto de Blade Runner .

 

Aliás , todas as listas e comentários estão muito bons . Tenho até aprendido um bocado , pois sci-fi é um gênero que não vem me despertando interesse há um bom tempo ...   
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acho que meu irmão andou postando no fórum' date=' sei lá então. 06

 

se o plágio for meu, pode deletar minha conta no fórum, que eu tenho que tratar de esquizofrenia. e além do mais, se não me engano, o Nacka não vai publicar(ia) a lista com o suposto plágio ("contar a história do suposto plágio, o porquê de uma das listas ter ficado de fora").
[/quote']

 

PS.: Esta minha "acusação" tem um sentido meio irônico, duvidava que você fosse capaz de plagiar alguém, mas seu comentário acima foi dúbio excessivamente (o plágio foi meu?). Acontece que eu estou tentando não usar os emoticons, assim como o Alexei, o problema é eu não saber como expressar em palavras este tom dos pensamentos.

 

Pelos que restam' date=' não vejo motivos para o plágio ter sido cometido. Em primeiro lugar, porque eu estaria sofredo do mesmo mal do Sopa.06 E o que é pior, sou filho único, nem posso dar a eficiente desculpa do irmão.0406 E depois, o Rubysun e o Katso estão definitivamente acima da média quando compõem suas críticas, não precisariam disso. A propósito, Sopa, minha crítica não foi para BTTF.19

 
[/quote']

 

Qual mal? E que diabos foi isto de não resenhar BTTF?

 

Ah, então foi você... 06
ltrhpsm2006-11-26 14:25:20
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O famoso quote democrático... e dentro de poucos instantes uma historinha de ninar contada pelo tio Nacka...

 

 

Aqui está as indicações do Rubysun, boa lista que tem no mínimo duas surpresas, a inclusão do desenho Os Incríveis e o novíssimo A Fonte da Vida... mas já gosto de cara do filme escolhido para representar a lista.

 

LISTA DE FILMES – RUBYSUN<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

 

                                     Avatar   

20º: X-Men (2000) - Dir.: Bryan Singer - O melhor da trilogia dos mutantes. O subtexto da mutação genética e o preconceito foi muito bem utilizado por Bryan Singer, resultando em um filme simples e cru, direto ao ponto. E diverte.

19º: Os Incríveis (The Incredibles, 2004) - Dir.: Brad Bird

A narrativa deste aqui pode ser considerada fantástica ao invés de científica, mas isto varia, dependendo das circunstâncias de uma noite de quarta feira chuvosa. Mas o forte desse filme não é muito o lado sci-fi, mas sim a sátira a milhares de filmes de super-herói, aos quadrinhos, e de sci-fi. Tem um roteiro originalíssimo, e identifica o espectador pela estrutura de filme familiar.

 

18º: Aliens (1986) - Dir.: James Cameron

Ao contrário do primeiro exemplar da série, neste aqui as implicações do lado sci-fi influem diretamente no filme. Todo o poderio visual de Cameron está aqui. A versão extendida é um espetáculo.

 

17º: Os 12 Macacos (Twelve Monkeys, 1995) - Dir.: Terry Gilliam

Um filme muito peculiar, muito bom. A realidade caótica que Gilliam cria é impressionante. Um thriller do caralho. E viagens no tempo são o subgênero mais apaixonante de todos os tempos.

 

16º: Tropas Estelares (Starship Troopers, 1997) - Dir.: Paul Verhoeven

Crítica das mais mordazes ao militarismo, disfarçado de filmeco B de ação, disfarçado de propaganda militar. "Você deseja saber mais?". Isso chega a ser hilário. Só é mais hilária reação negativa ao filme, visto que todo mundo achou o filme fascista. <?xml:namespace prefix = v ns = "urn:schemas-microsoft-com:vml" />

 

15º: Fuga de Nova <?xml:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas:contacts" /><?xml:namespace prefix = st2 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" />York (Escape From New York, 1981) - Dir.: John Carpenter

A narrativa cool do Carpinteiro tá aqui. Mais um filme daquela velha ladainha de futuro caótico, fascista, marginal. E com um protagonista dos mais loucos de se ver na tela que já apareceram. O final absurdo típico do Carpenter está aqui, e é uma conclusão e tanto. E tem uma trilha foda, foda, foda.

 

14º: Parque dos Dinossauros (Jurassic Park, 1993) - Dir.: Steven Spielberg

Esse também pode ser chamado de fantástico demais, mas é qualificável pra entrar. Afinal, retirar o DNA dos dinos de um fóssil de mosquito pode ser absurdo, mas os filmes de sci-fi não são realistas assim.  Um clássico, que marcou a vida de muita gente. Assim como Richard Donner provou que o homem pode voar, Spielberg provou que os dinossauros são muito malvados.

 

13º: O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (Terminator 2: Judgment Day, 1991) - Dir.: James Cameron

Um bom exemplar da série, que uma história muito boa. A megalomania de Cameron já é notável por aqui.

 

12º: O Exterminador do Futuro (The Terminator, 1984) - Dir.: James Cameron

Levemente superior ao segundo, é um dos mais exaltantes filmes de ação, com um Arnoldão impecável. Sério, o papel de robô sem remorso, sem sentimentos, sem expressão, e totalmente destruidor foi feito pra ele.

 

11º: RoboCop (1987) - Dir.: Paul Verhoeven

Vi esse aqui outro dia. O tempo passa como não sei o que de tão rápido. E atira, mesmo que não pra todos os lados, com vigor: polícia, instituições, governos, marginais. Observe a notória falta de reação do high staff na morte de um homem pelo acidente, e sim ficam tristes pelos custos. E pela frieza com que transformam o cara em robocop.

 

10º: A Mosca (The Fly, 1986) - Dir.: David Cronenberg

Um ensaio kafkiano, com a roupagem de um terror psicológico medonho. Das duas uma não. É excepcional pelos dois lados. Destaque pra trilha fantástica do Howard Shore.

 

09º: Matrix (The Matrix, 1999) - Dir.: Andy & Larry Wachowski

Já virou clássico, clichê, que seja. No filme tem de tudo: kung fu, HQ, Platão, referências à religiões, e o cacete a 5.

 

08º: Contatos Imediatos de 3º Grau (Close Encounters of the Third Kind, 1977) - Dir.: Steven Spielberg

ETs fazendo contato seja um assunto pra Spilba deitar e rolar, vc não pisca em nem um segundo. Com direito a um Richard Dreyfuss descacetal.

 

07º: Fonte da Vida (The Fountain, 2006) - Dir.: Darren Aronofsky

Recentíssimo, muito peculiar. Uma experiência sensorial a ser feita. Redenção, amor, morte, toda essa velha história está aqui.

 

06º: Enigma de Outro Mundo (The Thing, 1982) - Dir.: John Carpenter

Explora as possibilidades de um alienígena doppelganger causa no ser humano. Com o tom superprodução B do Carpinteiro, ele faz um terror psicológico (disfarçado de terror físico) de dar nos nervos. Homens lutando contra homens, um com medo do outro, sem saber qual foi possuído. Isso é foda. Além de ter um dos finais mais estupradores de todos os tempos. E uma trilha fantástica do mestre Morricone.

 

05º: Donnie Darko (2001) - Dir.: Richard Kelly

É um filme que geralmente muita gente se identifica. Tem viagens no tempo, oh yeah. E toda a reação em cadeia desencadeada pela turbina dá luz a algo muito peculiar, que é aquele adolescente deasjustado típico dar uma de Messias para os amigos terem uma second chance. Recheado com uma trilha 80's do caralho.

 

04º: De Volta Para o Futuro II (Back to the Future Part II, 1989) - Dir.: Robert Zemeckis

Viagens no tempo again. Acho que esse entra no top 5 dos filmes que mais me divertem. Um ritmo frenético extasiante, uma história muito interessante, e o clima incomparável dado pelo Zemeckis. Explora o máximo de possibilidades que a expressão "viagens no tempo" pode ocasionar e caber em um único filme.

 

03º: 2001: Uma Odisséia no Espaço (2001: A Space Odissey, 1968) - Dir.: Stanley Kubrick

Fantástico, fenomenal, um salto no tempo gritante, a descoberta do monolito, a seqüência dos macacos, o balé espacial, o uso da ferramenta, a desumanização, a máquina humana, o humano máquina, obra-prima, etc.etc.etc.etc.

 

02º: Stalker (1979) - Dir.: Andrei Tarkovsky

O filme definitivo sobre religião. Tem o ritmo lento, mas sedutor. Os três personagens principais parecem representações de desabafos do diretor. O velho confronto arte x religião x ciência. Falar nesse espaço é muito pouco em relação ao que o filme merece. A Zona foi um dos meios mais geniais de desabafar a espiritualidade.

 

01º: Blade Runner (1982) - Dir.: Ridley Scott

 

blade-runner-poster01.jpg

 

Cult. Brega. Estiloso. Existencialista.

 

Esse é provavelmente o filme definição da palavra cult. E ele sintetiza boa parte dos anos 80. Em todos os sentidos, visual, comportamental, etc. Fugindo um pouco do assunto: nos EUA (que levavam de carona boa parte do mundo) o presidente era Ronald Reagan, e o clima entre muitos era o de desilusão total. Boa parte dele foi traduzido em filmes: um exemplo é De Volta para o Futuro, crítica retratada no alcoolismo da mãe de Marty. E Blade Runner foi mais além.

 

blade-runner01.jpg

 

Temos Rick Deckard. Ex-caçador de andróides. Na Los Angeles de 2020, os blade runners são uma espécie de policiais. Eles caçam os replicantes, robôs criados pelo homem, com curto período de vida, e com anseios e divagações semelhantes às do ser humano. Rick Deckard, interpretado por um bom Harrison Ford, tem os seus dilemas. Uma fala dele é mais ou menos assim: "sou ex-blade runner. ex-policial. ex-matador".

 

blade-runner05.jpg

 

Na verdade, as divagações do filme são até simples. Tem o confronto entre o homem e a máquina, o criador e a criatura, que se mostra tão humana quanto os seres sensatos, o dilema de matar para viver. Mas o modo que a história foi contada é que torna tudo tão brilhante.

 

O clima é depressivo, bem anos 80 pós-punk. A trilha do Vangelis, magnífica, acentua todo esse clima down. A direção de arte (uma das melhores de todos os tempos, senão A melhor) lembra muito o Japão: outdoors enormes, propagandas em projeções, as ruas lotadas e caóticas, o famoso aspecto used future, que se tornou referencial para milhares de outros filmes (Blade Runner pode até não ter sido o pioneiro, mas foi marcante).

 

blade-runner02.jpg

 

A roupagem que deu a todos os conflitos existenciais foi quase noir. A narrativa é um suspense, todos os personagens aparentam ter algo a esconder, Sean Young vive a dama fatal com o cigarro, o estado de constante degradação. E aquele velho sentimento de não pertencer a lugar algum, de apenas existir. A existência precede a essência, no caso onde a essência é difícil de encontrar.

 

Blade Runner funciona não só como um filme de sci-fi, mas como experiência sensorial. Você acaba se deixando levar por todos aqueles sentimentos, contidos ou explosivos, trazidos de maneira talentosa por Harrison Ford, Sean Young, Edward James Olmos, Rutger Hauer (esse e Olmos têm em seus respectivos finais, momentos históricos de arrepiar qualquer um), e até mesmo uma novinha Daryl Hannah. Ridley Scott sabe o que tem que fazer. Parece conhecer cada engrenagem daquele universo, e de como cada um dos personagens se encaixa nele (ou desencaixados estão, por assim dizer).

 

blade-runner04.jpg

 

 

Acompanhados pelo texto desiludido do mestre da sci-fi Philip K. Dick, essa é uma OP difícil de classificar, por ser uma progressão de sentimentos tão intensa. Poucos filmes têm momentos tão emocionantes como o apoteótico e sintético discurso de Rutger Hauer ao final, pela vida e a morte.

 

blade-runner06.jpg

[/quote']
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Bom, com todo o mistério em torno desse negócio de plágio, vim me esclarecer:

 

quem começou com essa história fui eu, mas de uma forma impulsiva. acontece que eu estava escrevendo uma MP pro Nacka quando me deparei com uma crítica muito parecida (até nas fotos usadas) com a de uma pessoa já publicada aqui.

mas não cabe dizer o nome da pessoa, nem as razões da desconfiança, já que se foi perceber depois que não se tratava de uma grande besteira.

 

bom, depois que abordei esse tema com o Nacka, ele me tirou uma dúvida  sobre um mesmo suposto plágio em minhas críticas. acontece que isso se tornou uma confissão.

não do plágio. de que eu sou escritor de uma revista famosa de cinema e que procuro não misturar minha vida pessoal/profissional com peripécias nesse fórum (que é mais objeto de estudo), e que com um simples (e único, válido dizer) deslize, fui pego pelos ávidos olhos de certos usuários do fórum.

 

para os que sabem quem sou (ou acham que sabem, porque a vida revela surpresas), peço carecidamente para que não revelem minha identidade, já que toda minha vida virtual nesse fórum é fruto de um estudo e de uma tese que estou a escrever.

 

obrigado pela atenção e a lista que ficou fora de jogo é a minha. 02

 
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acho que meu irmão andou postando no fórum' date=' sei lá então. 06

 

se o plágio for meu, pode deletar minha conta no fórum, que eu tenho que tratar de esquizofrenia. e além do mais, se não me engano, o Nacka não vai publicar(ia) a lista com o suposto plágio ("contar a história do suposto plágio, o porquê de uma das listas ter ficado de fora").
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PS.: Esta minha "acusação" tem um sentido meio irônico, duvidava que você fosse capaz de plagiar alguém, mas seu comentário acima foi dúbio excessivamente (o plágio foi meu?). Acontece que eu estou tentando não usar os emoticons, assim como o Alexei, o problema é eu não saber como expressar em palavras este tom dos pensamentos.

 

Pelos que restam' date=' não vejo motivos para o plágio ter sido cometido. Em primeiro lugar, porque eu estaria sofredo do mesmo mal do Sopa.06 E o que é pior, sou filho único, nem posso dar a eficiente desculpa do irmão.0406 E depois, o Rubysun e o Katso estão definitivamente acima da média quando compõem suas críticas, não precisariam disso. A propósito, Sopa, minha crítica não foi para BTTF.19

 
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Qual mal? E que diabos foi isto de não resenhar BTTF?

 

Ah, então foi você... 06

 

"Esquizofrenia". Sobre BTTF, está explicado na outra página.03
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Bom' date=' com todo o mistério em torno desse negócio de plágio, vim me esclarecer:

 

quem começou com essa história fui eu, mas de uma forma impulsiva. acontece que eu estava escrevendo uma MP pro Nacka quando me deparei com uma crítica muito parecida (até nas fotos usadas) com a de uma pessoa já publicada aqui.

mas não cabe dizer o nome da pessoa, nem as razões da desconfiança, já que se foi perceber depois que não se tratava de uma grande besteira.

 

bom, depois que abordei esse tema com o Nacka, ele me tirou uma dúvida  sobre um mesmo suposto plágio em minhas críticas. acontece que isso se tornou uma confissão.

não do plágio. de que eu sou escritor de uma revista famosa de cinema e que procuro não misturar minha vida pessoal/profissional com peripécias nesse fórum (que é mais objeto de estudo), e que com um simples (e único, válido dizer) deslize, fui pego pelos ávidos olhos de certos usuários do fórum.

 

para os que sabem quem sou (ou acham que sabem, porque a vida revela surpresas), peço carecidamente para que não revelem minha identidade, já que toda minha vida virtual nesse fórum é fruto de um estudo e de uma tese que estou a escrever.

 

obrigado pela atenção e a lista que ficou fora de jogo é a minha. 02

 
[/quote']

 

É ótimo saber que temos um profissional bem sucedido entre nós.05 Só espero que, depois de terminar sua tese, não nos abandone.

 

A propósito, sua lista está fora do jogo, mas será postada, certo?
Forasteiro2006-11-26 14:39:34
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Bom' date=' com todo o mistério em torno desse negócio de plágio, vim me esclarecer:

 

quem começou com essa história fui eu, mas de uma forma impulsiva. acontece que eu estava escrevendo uma MP pro Nacka quando me deparei com uma crítica muito parecida (até nas fotos usadas) com a de uma pessoa já publicada aqui.

mas não cabe dizer o nome da pessoa, nem as razões da desconfiança, já que se foi perceber depois que não se tratava de uma grande besteira.

 

bom, depois que abordei esse tema com o Nacka, ele me tirou uma dúvida  sobre um mesmo suposto plágio em minhas críticas. acontece que isso se tornou uma confissão.

não do plágio. de que eu sou escritor de uma revista famosa de cinema e que procuro não misturar minha vida pessoal/profissional com peripécias nesse fórum (que é mais objeto de estudo), e que com um simples (e único, válido dizer) deslize, fui pego pelos ávidos olhos de certos usuários do fórum.

 

para os que sabem quem sou (ou acham que sabem, porque a vida revela surpresas), peço carecidamente para que não revelem minha identidade, já que toda minha vida virtual nesse fórum é fruto de um estudo e de uma tese que estou a escrever.

 

obrigado pela atenção e a lista que ficou fora de jogo é a minha. 02

 
[/quote']

 

É ótimo saber que temos um profissional bem sucedido entre nós.05 Só espero que, depois de terminar sua tese, não nos abandone.

 

A propósito, sua lista está fora do jogo, mas será postada, certo?

 

obrigado pela compreensão aê. e abandonar talvez não seja o termo certo, mas me ausentar uns tempos, daqui a pouco tempo vou ser obrigado a fazer sim....

 

pédi pru nacka aí. se ele não quiser eu posto. é que eu fiz ela rápido no computador da minha namorada... então ia dar mais trabalho a mim recuperá-la do que ao nacka postá-la. mas enfim... qualquer coisa, estamos aí.
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Bom' date=' com todo o mistério em torno desse negócio de plágio, vim me esclarecer:

 

quem começou com essa história fui eu, mas de uma forma impulsiva. acontece que eu estava escrevendo uma MP pro Nacka quando me deparei com uma crítica muito parecida (até nas fotos usadas) com a de uma pessoa já publicada aqui.

mas não cabe dizer o nome da pessoa, nem as razões da desconfiança, já que se foi perceber depois que não se tratava de uma grande besteira.

 

bom, depois que abordei esse tema com o Nacka, ele me tirou uma dúvida  sobre um mesmo suposto plágio em minhas críticas. acontece que isso se tornou uma confissão.

não do plágio. de que eu sou escritor de uma revista famosa de cinema e que procuro não misturar minha vida pessoal/profissional com peripécias nesse fórum (que é mais objeto de estudo), e que com um simples (e único, válido dizer) deslize, fui pego pelos ávidos olhos de certos usuários do fórum.

 

para os que sabem quem sou (ou acham que sabem, porque a vida revela surpresas), peço carecidamente para que não revelem minha identidade, já que toda minha vida virtual nesse fórum é fruto de um estudo e de uma tese que estou a escrever.

 

obrigado pela atenção e a lista que ficou fora de jogo é a minha. 02 [/quote']

 

 

Katsushiro, eu diria que olhos atentos te pegaram... àvidos porquê? Não creia que havia uma busca intencional da natureza particular de suas ações aqui no fórum, mas os assuntos aqui acabam ligados de forma misteriosa e às vezes algumas deduções levam a caminhos inesperados...

 

A mim não parecia que você quisesse se manter anônimo aqui e se não queria chamar a atenção sobre si, permita-me dizer que  trabalhou mal. No entanto, bacana de sua parte vir aqui e esclarecer parte da suspeição de plágio... mas ainda assim acho que você devia contar a história toda, mas a escolha é sua.

 

Afinal, que mal há agora? E você realmente aguçou a curiosidade do seu objeto de estudo...

 

Forasteiro, abaixo segue a lista e crítica do Katsushiro, só não achei correto ele participar sendo um profissional. Isso aqui é uma brincadeira entre cinéfilos amadores e não seria justo com os demais.  

 

Ainda esclarecendo, as fotos postadas aqui nas críticas de todos os que participaram do Perdidos, são escolhidas por mim. Na maioria das vezes retiradas do site adorocinema, e têm função meramente ilustrativas, recebo as listas e críticas sem foto e às vezes sem formatação alguma. Coincidentemente fotos utilizadas em uma crítica bateram com o link sugerido pelo Katsushiro.

 

Mas nas próprias palavras dele, após eu ter postado o aviso sobre a possível existência de plágio:

 

Dei uma lida rápida na crítica do site de novo e comparei as duas... não é pra tanto alarme' date=' provavelmente ele escreveu a dele olhando pra aquela, mas não façamos chuva em copo d'água por isso. deixa o cara... edita o post lá e engaveta a questão...[/quote']

 

  

1 - 2001 – Uma Odisséia no Espaço, 1968;

2 - *Metrópolis, 1927;

3 - Alphaville, 1965;

4 - Stalker, 1979;

5 - Fahrenheit 451, 1966;

6 - Star Wars, 1977-1983;

7 - Blade Runner, 1982;

8 - Eles Vivem!, 1988;

9 - Matrix, 1999;

10 - Alien, 1979;

11 - Laranja Mecânica. 1977;

12 - Contatos Imediatos do Terceiro Grau, 1977;

13 - Gattaca, 1997;

14 - Donnie Darko, 2001;

15 - Planeta dos Macacos, 1968;

16 - Guerra dos Mundos, 1953;

17 - O Dorminhoco, 1973;

18 - O Exterminador do Futuro, 1984;

19 - 12 Macacos, 1995;

20 - De Volta Para o Futuro, 1985;

Crítica do Katsushiro para o filme Metropolis de Fritz Lang (fora de competição)

Avatar

 

Metropolis: Mito, Razão e Chanchada na República de Weimar.

 

Metropolis-Poster02.jpg



Não há quem não reconheça o impacto plástico de Metropolis, sonho de uma organização racional do espaço e de piruetas barrocas contidas neste espaço ideal. Mas o filme sempre proporcionou um certo malaise ideológico, que os fãs de Lang preferiam atribuir ao roteito um tanto quanto "suspeito" de Madame Von Harbor, sobretudo a simplista e politicamente reacionária mediação entre trabalho e cérebro através do coração. Ao revê-lo ontem, me refiz deste mal-estar, e pude reinserir Metropolis numa dimensão crítica onde gerações de preconceitos nos impediram de inserir o filme.


Um robot - Imagem do filme Metropolis, de Fritz Lang

 

A base para um tal resgate me veio da inspiração proporcionada por Adorno em Dialética do esclarecimento, livro que, em seu capítulo inicial, pouco ou nada envelheceu, visto que o controle (agora) virtual do homem sobre o mundo é antes um prolongamento que uma ruptura do princípio de "violência mítica" que Adorno analisa ali. A dialética básica é entre razão e mito. Em linhas gerais, a tão sublime razão ocidental carrega os germes da violência mítica, de uma origem natural cujo exorcismo sempre foi o seu impulso primevo. Agora depurado, evidentemente. Ou acaso não seria igualmente violenta a ação do conceito, em seu élan redutor, uniformizante da diversidade dos entes, não seria esta a versão espiritualizada da tendência de controle e domínio da Natureza, que desde senmpre moveu o homem neste empreendimento delirante chamado cultura?


Pois bem. Tanto Lang quanto a sua roteirista tinham a intenção de marcar o filme com o estigma de duas dimensõeds, aparentemente irreconciliáveis: o mito imemorial e a técnica moderna, como refúgio do futuro. O cientista maluco do filme tem um laboratório up-to-date ( ao menos à época) em relação à técnica; e, no entanto, guarda inconfundíveis traços de bruxo, de um mago levado, em sua ambição, por um pathos não tão nobre como a paixão do conhecimento. É a tara pela defunta mãe do herói, mulher de seu rival, na verdade, que move o seu delírio, e a descoberta de inter-títulos perdidos dá ao filme esta dimensão "suja", mítica, este abismo tipicamente alemão com o qual Lang queria complementar a sua visão da cidade futurista. O filme se situaria numa encruzilhada, mil anos à frente e para trás. Ora, semelhante visão é a contrapartida exata da dialética entre mito e razão de Adorno, da visão de uma interpolação constante entre modernidade e instâncias primordiais, arquetípicas da cultura .

metropolis.gif

 

A dimensão do mito não se nota apenas no décor, no mínimo esdrúxulo, de uma cidade futurista que tem em seu centro uma catedral gótica ( as referências à era medieval abundam no filme, e o clímax é a bruxa futurista queimada na fogueira.) Ela se mostra sobretudo nas representações inconscientes dos personagens, que afloram num verdadeiro caleidoscópio, turbando a construção severa de Lang com um cortejo de obssessões-sexuais, destrutivas- que fariam inveja ao Pabst de A caixa de Pandora. O sonho do herói, fantasmagorizado pela mulher onipresente-ora como a mãe ausente e ideal, representada pela Maria "jeunne fille", ora como um demônio cuja tarefa é trazer à tona pulsões inconscientes que, em seu atabalhoado cortejo, mostram-nos o abismo sombrio onde as paixões de Metropolis- e da moderniadde que nele se prefigura-se ancoram.

Todos estes recursos, dramáticos e plásticos, tem a função de nos remeter à esfera do mito. A modernidade racionalista está nos décors do filme, em sua claridade estéril, na organização do espaço de que Lang é mestre ( alguém ressaltou com propriedade o paradoxo fundante de sua obra muda: espaço organizado, composição rigorosa, forma límpida a revestir conteúdos barrocos, rocambolescos, folhetinescos. Metropolis é assumidamente um melodrama).
A dialética está presente. Mas a História tem das suas ironias, pertinazes e cruéis. Quis o Destino, de que Lang celebra a implacabiliadde na elegia As três luzes ( 1924), que a dialética não ficasse só na arte ( como se já não fosse o suficiente). Ela se encarnaria neste viperino mosaico de todas as contradições da cultura, sua amálgama de mito e modernidade, que veio a ser o nazismo. E Metropolis "prevê", com uma clarividência só encontrada nas intuições do gênio, a mélange estranha e perigosa que a História engendraria.

 

27metropolis.jpg


Ora, a técnica, figura moderna da dominação mítica, encarnada aqui na figura do cientista-mago, é aliada da política, exercida pelo pai do herói com mão de ferro. Ele é uma espécie de factótum do poder, sua estrutura tentacular personificada. Encarna seu aspecto mítico ( O pai eterno e inflexível), econômico ( o provedor da cidade e do futuro que ela representa) e político ( é um ditador implacável). Nesta junção entre técnica ( mito sob a sua feição moderna) e poder absoluto temos o cadinho do fascismo. Hitler manipula a comunicação, mas com o intuito de desvelar, no seio da técnica, os seus poderes hipnóticos, mágicos. Ele a aborda sob a ótica do bruxo, embora este agora venha armado de estações de rádio e cinema, e não mais de caldeirões. O líder ditatorial de Metropolis, como uma metáfora antecipadora do líder alemão,terminaria por arcar com as implicações destrutivas das forças que ele desencadeara, através de sua manipulação metódica. Ele pagará um alto preço pela indiscriminada utilização do poder, mas sobretudo pela imbricação essencial deste poder com pressupostos míticos, regressivos, violentos. O cientista louco, lugar-comun da visão popular a respeito do homem dedicado à escarafunchar os segredos da vida, o era desde o início do filme. Mas não por encarnar a vontade de conhecimento, pura e simplesmemte, e sim pelo reconhecimento implícito de um potencial destrutivo inerente a toda pesquisa, do caráter violento de seu percurso e arbitrário de seu objeto. O ceticismo, entenda-se, não é contra o conhecimento em si; ou antes, não há conhecimento em si. A lição de Niesztche nos ensina a averiguar com atenção o "que há por trás do pano", a origem mítica da cultura e de seus mecanismos de implantação. Hitler também pagou um alto preço, ao despertar as potências do mito inerentes a todos os estágios da cultura. E Lang, em seu filme premonitório, deixa-nos entrever as forças reacionárias que turvam a bonomia humanista da República de Weimar.


Como toda obra que se preze,o filme não merece ser confinado ao contexto histórico de sua criação. Como toda obra que se presta à crítica e seus poderes analíticos, é inalienável deste mesmo contexto e situação. Todos reconhecemos o gênio de Mozart, sem deixar de admitir, igualmente, o caráter tipicamente "século das Luzes" de sua música. Situar uma obra, assinalar-lhe a origem histórica, não é diminuí-la. Pelo contrário. Só assim é possível discernir as suas intuições premonitórias, sua elevada capacidade de captação das correntes e tendências históricas que passam desapercebidas para a maioria das pessoas, demasiado limitadas ao cotidiano de suas necessidades.


Metropolis é, assim, um filme datado -pela República de Weimar e suas tempestades iminentes, pelo Expressionismo - embora Lang negasse ser expressionista, há autores que identificam no filme todas as característicvas do movimento, como a ênfase no artificial, a questão dos duplos, etc, pelo ideal art-nouveau de concepção do espaço e de seus arabescos ( ideal este compartilhado por uma figura incômoda como Albert Speer, braço-direito de Htler na estruturação arquitetônica da Berlim fascista). Mas não apenas. O filme carrega em si aquela verdade que se presta sempre a desnortear, ou seja, a permanecer. Seu impacto plástico, a dialética exposta, (que não se limita a uma ilustração da Alemanha nazista) , o caráter paradigmático de explicitar uma característica dominante do Lang do período alemão- espaço formal, claro, organizado, conteúdos folhetinescos). Não são méritos menores. Revê-lo é sempre o elemento-chave,catalizador de toda a nossa admiração.
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Que bom que tudo fcou esclarecido...

 

Agora, Katsu, espero que você não nos abandone depois de escrever sua tese. Pode até não parecer, mas asua presença ajuda e muito ao crescimento do fórum...

 

Só por curiosidade: Daria para você uma breve análise das críticas postadas aqui??? Seria interessante ouvir uma opinião de alguém que já trabalha no ramo...

 

Sobre a crítica do Ruby: O Fernando resumiu perfeitamente. O garoto arrasa!!!!!10

 
silva2006-11-26 17:34:07
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Com esse imbroglio todo (ainda que não tenha sido minha intenção) a lista do Rubysun foi pouco comentada...

 

Bem, amigos, hoje encerramos o Perdidos no Espaço. Agradeço imensamente a colaboração de todos e seu empenho em participar desta agradável brincadeira, não tenho dúvidas de que ao compartilhar suas preferências deste gênero do cinema os participantes falaram muito sobre si mesmo e ainda tivemos as listas fora da competição, que revelaram o potencial de seus autores.

 

Chamei alguns usuários para junto comigo decidir quem levará o prêmio pela melhor lista e crítica enviada. Então nos próximos dias o material publicado estará sendo avaliado pelo Jailcante, Dook, Mr. Scofield e o The Deadman. Eles avaliarão não só a qualidade da lista ou crítica, mas principalmente o conjunto. Após dar uma nota para cada trabalho, conheceremos o vencedor.

 
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A última lista do Perdidos no Espaço é a do Forasteiro, fiel às suas preferências ele não deixa de fora a trilogia inteira de Robert Zemeckis e ainda acrescenta desconhecidos (ao menos para mim): Vôo do Navegador,  Meia noite e Um (12:01). Coisas fantásticas como o Feitiço do Tempo e Alta Frequência (nem tanto pelo aspecto sci-fi, mas por incluirem também relações pessoais de forma admirável) e eu ainda nem falei do filme que ele escolheu para a crítica, com vocês a...

 

                LISTA DO FORASTEIRO<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

                         Avatar  

 

1 – De Volta Para o Futuro (Back To The Future) – Robert Zemeckis – 1985

        

Viagens no tempo exercem fascínio na maioria das pessoas, e eu não sou diferente. Aqui, Zemeckis tratou o tema com toda a fantasia que ele merece e que, de alguma forma, ainda é para nossa realidade. Poder ver a adolescência dos pais, pega-los em contradição, presenciar e tornar possível sua união é pura magia. Tudo é perfeito nesta obra-prima dos anos 80. Destaque para a cena do raio da torre, minha preferida de toda a história.

 

2 – De Volta Para o Futuro 2 (Back To The Future) – Robert Zemeckis – 1989

 

As possibilidades de uma viagem no tempo são bem melhor exploradas neste 2º filme. Principalmente, porque finalmente vemos as conseqüências de um paradoxo. Além de tudo, a idéia de visitar o roteiro original é brilhante, brilhante, brilhante, e não poderia funcionar tão bem em outro filme que não fosse na trilogia do Zemeckis.

 

3 – De Volta Para o Futuro 3 (Back To The Future) – Robert Zemeckis – 1990

 

Na verdade, sempre encarei a Trilogia De Volta Para o Futuro como um filme só. As relações entre as três partes geram sutilezas que são descobertas mesmo depois de ter visto o filme mais de dez vezes. Nesta terceira parte, o clássicos westerns são homenageados, como conseqüência do excelente final do segundo filme (com a frase “To Be Concluded”, sugerindo uma versão única e definitiva para a trilogia). Citando um dos detalhes deste terceiro filme: quando Doc Brown está sobre o trem, no final (que revisita o final do primeiro, fechando brilhantemente a trilogia em círculo), Clara aparece na parte de trás do trem. Quando Doc a vê, somos apresentados a um dilema complicado. Doc tem, à sua frente, o futuro. A máquina do tempo que o levará direto a 1985, um século depois. Atrás dele, está Clara, seu próprio futuro alternativo. Se ele pulasse no DeLorean, iria para o futuro, com a idéia fixa do passado que perdeu, e que poderia ter sido o seu futuro. Se ele salva Clara, permanecerá no PASSADO, onde terá SEU FUTURO. Finalmente constituirá a família que não teve, finalmente desvendará o mistério do universo citado no segundo filme, as mulheres. Toda a saga do Doutor, portanto, terminaria num retrocesso tecnológico de um século, mas na verdade o faria viver como nunca. E ele sabe disso, quando parte com Clara nos braços e um longo sorriso no rosto. Quando eu finalmente tiver tempo de escrever uma crítica para a trilogia, como diria um dos meus personagens preferidos da série Fresh Prince, que só aparece uma vez, “tecerei maiores detalhes”.

 

4 – Laranja Mecânica (A Clockwork Orange) – Stanley Kubrick – 1971

 

Tá aí embaixo.

 

5 – Matrix (The Matrix) – Irmãos Wachowsky – 1999

 

Recheado de filosofia, de referências e estas coisas que os punheteiros mentais, como eu, adoram. As metáforas são geniais, como o espelho que se liquefaz, a ressurreição, a mão levantada, messias, mito da caverna, a colher que se dobra com o reflexo, enfim. A aura de clássico também encharca Matrix de quadro a quadro. Os figurinos, a chuva, o verde e azul, o bullet time, o tiroteio do saguão, o duelo do metrô, enfim de novo. O único ponto fraco do filme é exatamente o Keanu Reaves. Até o dublador do cara é péssimo. Mas isto não chega a prejudicar o filme de maneira mais forte, até porque, já é, hoje, difícil imaginar outro ator no mesmo papel (e, concordemos, melhor ele que o Will Smith, que importaria todas aquelas piadinhas infames de MIB e Bad Boys para Matrix). Matrix pode não ter sido agraciado com uma conclusão de trilogia brilhante (longe, meu Deus, léguas disso), mas nem por isto este primeiro filme deve ser diminuído. Terei orgulho, daqui a 30 anos, de dizer “ah, esse é do meu tempo”. Acho mesmo que sua aprovação se intensificará com o passar dos anos.

 

6 – O Show <?xml:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas:contacts" />de Truman (The <?xml:namespace prefix = st2 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" />Truman Show) – Peter Weir – 1998

 

Assim como Matrix, O Show de Truman também usa como base o Mito da Caverna. Jim Carrey e Ed Harris estão fantásticos e a crítica, aqui, toma um encorpamento mais leve e divertido. O lado despretensioso de Truman Show me conquista.

 

7 – O Vôo do Navegador (Flight of the Navigator) – Randal Kleiser – 1986

 

Talvez apenas a Trilogia De Volta Para o Futuro seja mais significativa, entre clássicos da Sessão da Tarde, que O Vôo do Navegador. Nunca entendi o porquê de este não ter se tornado um dos grandes sucessos dos anos 80, como E.T. e o próprio BTTF. De qualquer forma, Navigator mistura forças alienígenas, naves espaciais, e o meu elemento favorito: viagens no tempo. Além de tudo, possui hoje um efeito nostalgia, limitado apenas às coisas mais especiais da minha infância. Não tinha como eu não me apaixonar.

 

8 – Donnie Darko (Donnie Darko) – Richard Kelly – 2001

 

“Rever, rever, rever”, de fato, é a ordem neste absurdo cinematográfico injustiçado, também difícil de enquadrar em algum gênero. Alugar não basta, é preciso comprar o filme e escrever sobre ele para organizar as idéias. “Pense, porra!”, posso ouvir o Richard Kelly gritando pros adolescentes americanos abobalhados.

 

9 – O Exterminador do Futuro 2 (Terminator 2: Judgement Day) – James Cameron – 1991

 

Cresci com ele. Ainda lembro do tempo em que era mania mundial, principalmente na escola, dizer “hasta la vista, baby”. E aquele vilão, o que é aquilo?! Robert Patrick interpreta a criatura móvel mais fria que eu já tive o prazer de ver em um filme.

 

10 – V de Vingança (V for Vendetta) – James McTeigue - 2006

 

Assisti V de Vingança há pouco tempo, mas já me apaixonei. Realmente uma pena não ter tido contato com a graphic novel homônima. Engraçado que eu comecei torcendo pro V tirar a máscara, depois torci pra ele não tirar. E, particularmente, gostei do ar pretensioso do filme. Tudo ficou lindo! As raras explosões, a cena final... Fora que V é um personagem já à primeira vista fascinante. Primeiro por seu mistério, depois por sua idéia de revolução e, finalmente, por seu modo de vida.

 

11 – Alta Freqüência (Frequency) – Gregory Hoblit – 2000

 

Mais um sobre viagens no tempo, mas abordado de forma totalmente diferente. Os personagens interagem apenas pela voz, por meio de um rádio amador. Assim, o pai ajuda o filho, que está há trinta anos de distância, a capturar um assassino e evitar diversas mortes, inclusive a da sua mãe, causadas por uma primeira intervenção nos fatos. Passava direto no SBT, agora, não mais...

 

12 – Minority Report: A Nova Lei (Minority Report) – Steven Spielberg – 2002

 

Mesclando uma trama hollywoodiana envolvente com uma questão das mais pertinentes, Speilberg se diferencia aqui dele próprio por estar mais frio e sóbrio. Sobre os efeitos, nem há o que falar. A única coisa que me incomoda é o fato do Spielberg resolver questões demais. Não se ousa encerrar um assunto tão promissor. Minority Report poderia ter vida mais longa na mente dos seus espectadores.

 

13 – Sinais (Signs) – M. Night Shyamalan – 2002

 

O sci-fi, aqui, é um mero pano de fundo. Sinais é mais sobre a redescoberta da fé do que qualquer outra coisa. Mesmo assim, a ficção está presente, com todas as conhecidas e elaboradas metáforas do Shyamalan.

 

14 – Tropas Estelares (Starship Troopers) – Paul Verhoeven – 1998

 

Esse aqui é um clássico da nojeira que, estranhamente, conquistou fãs e tomou aura de cult em poucos anos. Eu mesmo não sei dizer o que vi no filme. De alguma forma, uma guerra entre humanos e insetos gigantes é algo absurdo demais pra ser ruim.

 

15 – Independence Day (Independence Day) - Roland Emmerich – 1996

 

Um exemplo de como até os mais exigentes cinéfilos podem se divertir com mais de duas horas de um roteiro burocrático e uma trama entrelinhada com tantos clichês quanto você puder contar. Aperte o off, e aprecie as explosões. São lindas.

 

16 - Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros (Jurassic Park) – Steven Spielberg - 1993

 

Ah, o Spielberg não faz mais filmes como antigamente. Não que isto seja ruim, mas ele parece ter crescido. O lado pipoca do Spielberg é fechado, com chave de ouro, por este que hoje já é mais um clássico da Sessão da Tarde. Outro filme com o qual muitos de nós passaram sua infância. Ainda tenho minhas figurinhas que vinham no chocolate “Surpresa”, lembram disso?

 

17 – Feitiço do Tempo (Groundhog Day) – Harold Ramis – 1993

 

Viver o mesmo dia repetidamente é mais uma das várias possibilidades oferecidas pela viagem no tempo, neste caso, uma prisão. O Bill Murray está hilário, principalmente no terceiro ou quarto dia, quando ele vai ficando cada vez mais irritado.

 

 

18 – E. T. – O Extra-Terrestre (E.T., The Extra-Terrestrial) – Steven Spielberg – 1982

 

Em E.T., clássico absoluto dos maravilhosos anos 80, podemos contemplar um Spielberg em estado puro, como veio ao mundo, realizando aqui um Sessão da Tarde de encher os olhos (literalmente, em muitos casos). O poder do diretor sobre o público só pode ser mensurado pelo fato inédito de ter-nos feito apaixonar por um horrendo boneco de espuma, que ilustraria perfeitamente algum filme da série Mestre dos Desejos.

 

19 – Meia Noite e Um (12:01) – Jack Sholder – 1993

 

Mais viagem no tempo. Não sei por que a Globo nunca mais passou esse filme. Apesar de bem parecido com “Feitiço do Tempo”, 12:01 torna as coisas mais rápidas com um ritmo frenético que não se vê no primeiro, e que o diferencia.

 

20 – A. I. – Inteligência Artificial (A.I. – Artificial Inteligence) – Steven Spielberg – 2001

 

Spielberg está passando por uma fase sci-fi nesta década. A. I. é um trabalho primoroso, desde o processo pelo qual nos apaixonamos por David até o término da sua busca pela fada azul. A atuação do Halei Joel Osment é genial, talvez a melhor da história entre atores da sua idade. E a exemplo de Laranja Mecânica, o final de A.I (que leva uns dedos do Kubrick, afinal) é maravilhosamente polêmico. Especialmente pela fama do Spielberg em desmanchar suas obras com finais felizes.

 

laranja-mecanica-poster02.jpg

 

Laranja Mecânica

 

Cinema é uma arte curiosa. Mais por seus apreciadores que seus realizadores. A 7ª, bem mais que as outras, tem seus gênios fincados na história por um público massivo, elaborado, diversificado, multifacetado. É uma forma de arte extremamente abrangente e derramada pelos mais diversos cantos e tipos de espectadores, conseguindo atingir a todos, de uma forma ou de outra. Exatamente pela total ausência de uma consciência universal (que sobrevive, ainda que em pequenos fragmentos, nas outras formas de arte), o cinema exige o girar da roda para que seja compreendido em totalidade (se é que isto é possível). Assim sendo, certos filmes parecem viajar no tempo, ter vindo direto do futuro para marcarem uma era e serem reconhecidos apenas anos mais tarde.

 

laranja-mecanica01.jpg

 

Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick (o diretor que virou subtítulo de suas obras), é mais que um exemplo. A maior dificuldade em falar sobre Laranja não é sua complexidade, sua filosofia e críticas, sua imensurável beleza plástica. É não cair em redundância, em quase risco de plágio. Se você quiser ser realmente original ao falar sobre o filme, fale mal. O problema vai ser de onde raios tirar argumentos. Eu mesmo sofria com esta dificuldade, pois confesso que não gostava nada desta obra-prima. Mas suas qualidades eram quase de caráter objetivo. Quase inegáveis (“quase” pra poder dizer que questioná-las com embasamento não é impossível, apesar de inacreditavelmente improvável). No entanto, ele foi me conquistando. É daquelas obras de arte que precisam do tempo para nos fazer entender que tínhamos sido uns imbecis. A única forma de estabelecer esta justiça tardia é cair de joelhos perante a grandiosidade de Laranja Mecânica e agradecer por ter percebido a tempo de contemplá-la. Ter percebido que Kubrick era um profeta e que via através das paredes.

 

Alex DeLarge é o líder de uma gangue inglesa num futuro (para os anos 70) próximo indefinido. Tudo que o move é, como diz na contracapa do DVD (começou a redundância...), “violência, violação e Beethoven”. Depois de uma traição, Alex é condenado a 14 anos de cárcere pelo Estado, que o leva para um tratamento experimental afim de “curar” sua violência, o reintegrando, desta forma, à sociedade.

 

laranja-mecanica04.jpg

 

O que torna, à primeira vista, o fascínio arrebatador possível é o universo único de Laranja Mecânica. As cores, a música, o comportamento alienado de Alex e, principalmente, seu modo de falar (que rendeu bordões proliferados até hoje), fazem com que o mundo criado por Stanley Kubrick não exista (no melhor dos sentidos). O diretor consegue, ainda, invadir a mente conturbada de Alex com uma precisão e sensibilidade jamais vistas. Ele traduz para nós, espectadores recém chegados àquela maravilhosa dimensão paralela (que, por sua vez, reflete de forma intensa a assustadora realidade), exatamente o que Alex vê. Se Alex enxerga a beleza na violência, temos uma cena ao pôr do sol, na beira d’água, em câmera lenta, ao som de Beethoven, na qual Alex bate em dois de seus drugues. É lindo! Se ele se diverte, temos uma cena de espancamento na qual o mais raro humor negro floresce (Alex bate no escritor cantando Singing in the Rain). Se ele vê o sexo (no seu caso, estupro) como arte, assim a temos no spa da “mulher dos gatos”. Você não apenas acompanha a história de Alex, mas sim, é como se fosse o próprio! Exatamente esta maneira incomparável com a qual somos maravilhosamente manipulados, faz com que nunca mais apareça ninguém com a habilidade de Stanley Kubrick para lidar com imagens. E se aparecer, certamente não o reconheceremos, pois será algo fora da compreensão humana (assim como o próprio Kubrick já foi, e ainda é, pra muita gente).

 

laranja-mecanica03.jpg

 

Outro aspecto louvável em Laranja Mecânica é a nossa relação com Alex DeLarge. Nós começamos o odiando, pela absurda crueldade com o mendigo e, principalmente, na casa do escritor. Conforme a evolução da história, vamos nos sensibilizando com ele, até que passamos a torcer para seu final feliz. O melhor de tudo, no entanto, é que Alex jamais deixa de ser o jovem maquiavélico que sempre foi. Portanto, não é porque Alex muda, que começamos a vê-lo de modo diferente. Quem muda somos nós! Somos arrebatados por uma paixão quase inexplicável por um assassino estuprador a ponto de realmente desejarmos que ele volte a ser o que sempre foi. Dá, afinal, pra acreditar no absoluto poder que Kubrick mantém sobre seus espectadores?

 

Outro elemento fundamental para que o efeito supracitado se faça possível é a atuação absurda de Malcolm McDowell. Seu olhar de baixo pra cima abre o filme de forma assustadora. Este olhar pode encabeçar um ranking, pra mim. Malcolm com seu Alex DeLarge no topo, Anthony Hopkins com o canibal Hannibal Lecter em segundo e Ralph Fiennes com o nazista Amon Goeth, em A Lista de Schindler, em terceiro. Nenhum deles, por mais que aqui eu me esforce, podem ter suas expressões traduzidas em qualquer língua conhecida. É coisa de outro mundo. Além dos olhos, o sempre meio sorriso de Alex e sua forma de falar sopram os ventos afiados do sarcasmo sobre Laranja Mecânica.

 

Por falar em sarcasmo, desde e que assisti ao filme pela primeira vez, não sei em qual estante da locadora colocá-lo. Bem que poderiam facilitar e pôr uma estante do gênero “obras-primas” e pronto. Laranja Mecânica é comédia, mas nem sempre. Apenas os que têm tolerância à violência e senso apurado de humor negro conseguem classificá-lo desta forma. Laranja mecânica é ficção científica. Nem sempre, sendo que a ficção é uma mera metáfora da mais impactante realidade reinante até hoje, 35 anos depois do seu lançamento. Laranja Mecânica é drama. Sem dúvida, mas nem sempre. Em primeiro lugar, porque este gênero é, como direi, “genérico” demais. Em segundo, porque até o ponto do tratamento Ludovico, e depois da tentativa de suicídio, o ar debochado das ações de Alex e sua diversão contagiante fazem com que nos recostemos e gargalhemos, ainda que sem razão lógica.

 

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Chegando enfim aos termos de crítica à sociedade, desta vez com mais méritos para o escritor Anthony Burgess (autor do romance no qual o filme foi inspirado), Laranja Mecânica é uma ogiva nuclear, programada para explodir na mente dos que assim permitirem. Kubrick já havia falado sobre a humanização da máquina, que tal agora falar sobre a mecanização do homem? Mas não se iluda, na verdade você estará debatendo, daqui a mais 30 anos, qual de fato era o epicentro do filme. Maldade inerente ao ser humano, descaso do Governo em tratar o problema de forma “preguiçosa”, a violência (de Alex) gerando violência (da sociedade), manipulação, enfim...

 

Para tentar resumir, posso falar da famigerada frase final (“I was curd all right”, “Eu estava curado mesmo”) que de alguma forma, resume um pouco a própria idéia do filme. O fato é que Alex recuperara sua humanidade. A capacidade de tomar decisões morais, de escolher entre o “bem” e o “mal”, e principalmente, a capacidade de errar, constuindo assim o final feliz mais surpreendentemente controverso da história do cinema. O erro, a crueldade e a violência são inerentes ao ser humano. Ou seja, ele finalmente estava curado, mas não como imaginavam os mentores do tratamento Ludovico. Alex enfim havia reconquistado sua possibilidade de escolha, de optar, acabara naquele instante de abandonar a forma de “laranja mecânica”. Era um humano verdadeiro, outra vez. Se continuaria a fazer as coisas das quais sempre gostou, não importava (pra ninguém), pois o yang ying está intrínseco no seu caráter de qualquer forma. A cura era a possibilidade de praticá-lo, de materializar seus dantescos desejos. Era poder optar por sua maldade, sua personalidade original. Concomitante, está a cena na qual a frase é dita. Os “nobres” que o aplaudem representam agora toda a violência disfarçada, todo um circo de boçais hipócritas, estilhaçando, num palco frígido ao abrir das diáfanas cortinas de fumaça, as frágeis mente(capta)s provincianas de uma platéia que festeja, inerte, ao som da mais bela banda podre, dançando conforme sua música. Não era, portanto, o crime físico que Alex praticava, mas sim o crime moral, muito mais grave, cometido, no caso, pelo Governo, e desta forma, simbolicamente aplaudido pela sociedade. 

 

Laranja Mecânica permite à humanidade que aprenda com ele, como era o eterno objetivo do diretor. É intrigante, no entanto, que nem um gênio como Stanley Kubrick, com uma filmografia de tom tão crítico e cortante, conseguiu mudar de forma significativa o meio que o rodeava. No entanto, não há o que exigir de Kubrick, ele já fez o seu papel, que não guardava nenhuma pretensão exagerada. “Apenas” mudando, esporadicamente, a forma de ver o mundo de algumas pessoas abertas à possibilidade, vítimas satisfeitas das flechadas sublimes deste diretor inacreditável, tenho certeza de que ele já se daria por satisfeito. E que desçam as cortinas!

 

laranja-mecanica05.jpg

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 Excelente crítica!!! Engraçado... Não gostei muito da lista do Foras, mas não posso me furtar de dizer que fiquei muito feliz ao ver "O Vôo do Navegador" figurar no ranking dos 20 mais. 05 Também me surpreendi ao ver "00:01" na lista do Foras... (Entrou na minha lista de "Menções Honrosas"). Excelente filme!    

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Essa questão do estudo' date=' aliada ao anonimato, me incomoda um pouco. Mas se é a opção dele, paciência.

[/quote']

 

Também me incomoda essa história de que estávamos sendo cobaias do Katso Jean-Paul Belmondo Pierrot Le Fou , que tem todo o jeito de ser o maior sátiro que já passou por estas bandas ,hehehe.
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