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Forum Cinema em Cena

Perdidos no Espaço


Nacka
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Sobre a crítica do Forasta: me digam se dá para "competir" com isso:

 

 

 

"...Os

“nobres” que o aplaudem representam agora toda a violência disfarçada' date='

todo um circo de boçais hipócritas, estilhaçando, num palco frígido ao

abrir das diáfanas cortinas de fumaça, as frágeis mente(capta)s

provincianas de uma platéia que festeja, inerte, ao som da mais bela

banda podre, dançando conforme sua música. Não era, portanto, o crime

físico que Alex praticava, mas sim o crime moral, muito mais grave,

cometido, no caso, pelo Governo, e desta forma, simbolicamente

aplaudido pela sociedade."

 

 

[/quote']

 

Simplesmente 13,  digno de aplausos: 101010.

 

 

 

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Calma Silva, não se desespere... 06

 

Gosto dessa parte aqui:

 

Laranja Mecânica' date=' de Stanley Kubrick (o diretor que virou subtítulo de suas obras), é mais que um exemplo. A maior dificuldade em falar sobre Laranja não é sua complexidade, sua filosofia e críticas, sua imensurável beleza plástica. É não cair em redundância, em quase risco de plágio. Se você quiser ser realmente original ao falar sobre o filme, fale mal. O problema vai ser de onde raios tirar argumentos.[/quote']
Nacka2006-11-28 10:32:37
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Mas eu não estou desesperado, já tinha falado para o Forasta que ele era um dos mais cotados para vencer...Ele só confirmou isso...

 

(Na verdade isso foi uma tática para desestabilizar o adversário, deixá - lo com excesso de confiança até que, na reta final, ele seja surpreendido com o resultado final...06)

 

 

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Pois é , Forasta também tem demonstrado ser uma ótima revelação ... E pensar que no passado aparentava nutrir um certo desprezo com essa gente esquisita que são os cinéfilos .06

 

Com revelações como Rubysun e Forasteiro , o REF se torna cada vez mais inútil na imprensa brasileira . 
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Tinha esquecido que era hoje' date=' levei um susto quando entrei aqui.06 Bem, obrigado a todos pelos elogios (menos ao estratégico Silva, pare com isso rapaz06). A propósito, Nacka, edita o sub-título do tópico.03[/quote']

 

É estratégico, mas tem um fundo de verdade....06
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A lista again...

 

 

A última lista do Perdidos no Espaço é a do Forasteiro, fiel às suas preferências ele não deixa de fora a trilogia inteira de Robert Zemeckis e ainda acrescenta desconhecidos (ao menos para mim): Vôo do Navegador,  Meia noite e Um (12:01). Coisas fantásticas como o Feitiço do Tempo e Alta Frequência (nem tanto pelo aspecto sci-fi, mas por incluirem também relações pessoais de forma admirável) e eu ainda nem falei do filme que ele escolheu para a crítica, com vocês a...

 

                LISTA DO FORASTEIRO<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

                         Avatar  

 

1 – De Volta Para o Futuro (Back To The Future) – Robert Zemeckis – 1985

        

Viagens no tempo exercem fascínio na maioria das pessoas, e eu não sou diferente. Aqui, Zemeckis tratou o tema com toda a fantasia que ele merece e que, de alguma forma, ainda é para nossa realidade. Poder ver a adolescência dos pais, pega-los em contradição, presenciar e tornar possível sua união é pura magia. Tudo é perfeito nesta obra-prima dos anos 80. Destaque para a cena do raio da torre, minha preferida de toda a história.

 

2 – De Volta Para o Futuro 2 (Back To The Future) – Robert Zemeckis – 1989

 

As possibilidades de uma viagem no tempo são bem melhor exploradas neste 2º filme. Principalmente, porque finalmente vemos as conseqüências de um paradoxo. Além de tudo, a idéia de visitar o roteiro original é brilhante, brilhante, brilhante, e não poderia funcionar tão bem em outro filme que não fosse na trilogia do Zemeckis.

 

3 – De Volta Para o Futuro 3 (Back To The Future) – Robert Zemeckis – 1990

 

Na verdade, sempre encarei a Trilogia De Volta Para o Futuro como um filme só. As relações entre as três partes geram sutilezas que são descobertas mesmo depois de ter visto o filme mais de dez vezes. Nesta terceira parte, o clássicos westerns são homenageados, como conseqüência do excelente final do segundo filme (com a frase “To Be Concluded”, sugerindo uma versão única e definitiva para a trilogia). Citando um dos detalhes deste terceiro filme: quando Doc Brown está sobre o trem, no final (que revisita o final do primeiro, fechando brilhantemente a trilogia em círculo), Clara aparece na parte de trás do trem. Quando Doc a vê, somos apresentados a um dilema complicado. Doc tem, à sua frente, o futuro. A máquina do tempo que o levará direto a 1985, um século depois. Atrás dele, está Clara, seu próprio futuro alternativo. Se ele pulasse no DeLorean, iria para o futuro, com a idéia fixa do passado que perdeu, e que poderia ter sido o seu futuro. Se ele salva Clara, permanecerá no PASSADO, onde terá SEU FUTURO. Finalmente constituirá a família que não teve, finalmente desvendará o mistério do universo citado no segundo filme, as mulheres. Toda a saga do Doutor, portanto, terminaria num retrocesso tecnológico de um século, mas na verdade o faria viver como nunca. E ele sabe disso, quando parte com Clara nos braços e um longo sorriso no rosto. Quando eu finalmente tiver tempo de escrever uma crítica para a trilogia, como diria um dos meus personagens preferidos da série Fresh Prince, que só aparece uma vez, “tecerei maiores detalhes”.

 

4 – Laranja Mecânica (A Clockwork Orange) – Stanley Kubrick – 1971

 

Tá aí embaixo.

 

5 – Matrix (The Matrix) – Irmãos Wachowsky – 1999

 

Recheado de filosofia, de referências e estas coisas que os punheteiros mentais, como eu, adoram. As metáforas são geniais, como o espelho que se liquefaz, a ressurreição, a mão levantada, messias, mito da caverna, a colher que se dobra com o reflexo, enfim. A aura de clássico também encharca Matrix de quadro a quadro. Os figurinos, a chuva, o verde e azul, o bullet time, o tiroteio do saguão, o duelo do metrô, enfim de novo. O único ponto fraco do filme é exatamente o Keanu Reaves. Até o dublador do cara é péssimo. Mas isto não chega a prejudicar o filme de maneira mais forte, até porque, já é, hoje, difícil imaginar outro ator no mesmo papel (e, concordemos, melhor ele que o Will Smith, que importaria todas aquelas piadinhas infames de MIB e Bad Boys para Matrix). Matrix pode não ter sido agraciado com uma conclusão de trilogia brilhante (longe, meu Deus, léguas disso), mas nem por isto este primeiro filme deve ser diminuído. Terei orgulho, daqui a 30 anos, de dizer “ah, esse é do meu tempo”. Acho mesmo que sua aprovação se intensificará com o passar dos anos.

 

6 – O Show <?xml:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas:contacts" />de Truman (The <?xml:namespace prefix = st2 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" />Truman Show) – Peter Weir – 1998

 

Assim como Matrix, O Show de Truman também usa como base o Mito da Caverna. Jim Carrey e Ed Harris estão fantásticos e a crítica, aqui, toma um encorpamento mais leve e divertido. O lado despretensioso de Truman Show me conquista.

 

7 – O Vôo do Navegador (Flight of the Navigator) – Randal Kleiser – 1986

 

Talvez apenas a Trilogia De Volta Para o Futuro seja mais significativa, entre clássicos da Sessão da Tarde, que O Vôo do Navegador. Nunca entendi o porquê de este não ter se tornado um dos grandes sucessos dos anos 80, como E.T. e o próprio BTTF. De qualquer forma, Navigator mistura forças alienígenas, naves espaciais, e o meu elemento favorito: viagens no tempo. Além de tudo, possui hoje um efeito nostalgia, limitado apenas às coisas mais especiais da minha infância. Não tinha como eu não me apaixonar.

 

8 – Donnie Darko (Donnie Darko) – Richard Kelly – 2001

 

“Rever, rever, rever”, de fato, é a ordem neste absurdo cinematográfico injustiçado, também difícil de enquadrar em algum gênero. Alugar não basta, é preciso comprar o filme e escrever sobre ele para organizar as idéias. “Pense, porra!”, posso ouvir o Richard Kelly gritando pros adolescentes americanos abobalhados.

 

9 – O Exterminador do Futuro 2 (Terminator 2: Judgement Day) – James Cameron – 1991

 

Cresci com ele. Ainda lembro do tempo em que era mania mundial, principalmente na escola, dizer “hasta la vista, baby”. E aquele vilão, o que é aquilo?! Robert Patrick interpreta a criatura móvel mais fria que eu já tive o prazer de ver em um filme.

 

10 – V de Vingança (V for Vendetta) – James McTeigue - 2006

 

Assisti V de Vingança há pouco tempo, mas já me apaixonei. Realmente uma pena não ter tido contato com a graphic novel homônima. Engraçado que eu comecei torcendo pro V tirar a máscara, depois torci pra ele não tirar. E, particularmente, gostei do ar pretensioso do filme. Tudo ficou lindo! As raras explosões, a cena final... Fora que V é um personagem já à primeira vista fascinante. Primeiro por seu mistério, depois por sua idéia de revolução e, finalmente, por seu modo de vida.

 

11 – Alta Freqüência (Frequency) – Gregory Hoblit – 2000

 

Mais um sobre viagens no tempo, mas abordado de forma totalmente diferente. Os personagens interagem apenas pela voz, por meio de um rádio amador. Assim, o pai ajuda o filho, que está há trinta anos de distância, a capturar um assassino e evitar diversas mortes, inclusive a da sua mãe, causadas por uma primeira intervenção nos fatos. Passava direto no SBT, agora, não mais...

 

12 – Minority Report: A Nova Lei (Minority Report) – Steven Spielberg – 2002

 

Mesclando uma trama hollywoodiana envolvente com uma questão das mais pertinentes, Speilberg se diferencia aqui dele próprio por estar mais frio e sóbrio. Sobre os efeitos, nem há o que falar. A única coisa que me incomoda é o fato do Spielberg resolver questões demais. Não se ousa encerrar um assunto tão promissor. Minority Report poderia ter vida mais longa na mente dos seus espectadores.

 

13 – Sinais (Signs) – M. Night Shyamalan – 2002

 

O sci-fi, aqui, é um mero pano de fundo. Sinais é mais sobre a redescoberta da fé do que qualquer outra coisa. Mesmo assim, a ficção está presente, com todas as conhecidas e elaboradas metáforas do Shyamalan.

 

14 – Tropas Estelares (Starship Troopers) – Paul Verhoeven – 1998

 

Esse aqui é um clássico da nojeira que, estranhamente, conquistou fãs e tomou aura de cult em poucos anos. Eu mesmo não sei dizer o que vi no filme. De alguma forma, uma guerra entre humanos e insetos gigantes é algo absurdo demais pra ser ruim.

 

15 – Independence Day (Independence Day) - Roland Emmerich – 1996

 

Um exemplo de como até os mais exigentes cinéfilos podem se divertir com mais de duas horas de um roteiro burocrático e uma trama entrelinhada com tantos clichês quanto você puder contar. Aperte o off, e aprecie as explosões. São lindas.

 

16 - Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros (Jurassic Park) – Steven Spielberg - 1993

 

Ah, o Spielberg não faz mais filmes como antigamente. Não que isto seja ruim, mas ele parece ter crescido. O lado pipoca do Spielberg é fechado, com chave de ouro, por este que hoje já é mais um clássico da Sessão da Tarde. Outro filme com o qual muitos de nós passaram sua infância. Ainda tenho minhas figurinhas que vinham no chocolate “Surpresa”, lembram disso?

 

17 – Feitiço do Tempo (Groundhog Day) – Harold Ramis – 1993

 

Viver o mesmo dia repetidamente é mais uma das várias possibilidades oferecidas pela viagem no tempo, neste caso, uma prisão. O Bill Murray está hilário, principalmente no terceiro ou quarto dia, quando ele vai ficando cada vez mais irritado.

 

 

18 – E. T. – O Extra-Terrestre (E.T., The Extra-Terrestrial) – Steven Spielberg – 1982

 

Em E.T., clássico absoluto dos maravilhosos anos 80, podemos contemplar um Spielberg em estado puro, como veio ao mundo, realizando aqui um Sessão da Tarde de encher os olhos (literalmente, em muitos casos). O poder do diretor sobre o público só pode ser mensurado pelo fato inédito de ter-nos feito apaixonar por um horrendo boneco de espuma, que ilustraria perfeitamente algum filme da série Mestre dos Desejos.

 

19 – Meia Noite e Um (12:01) – Jack Sholder – 1993

 

Mais viagem no tempo. Não sei por que a Globo nunca mais passou esse filme. Apesar de bem parecido com “Feitiço do Tempo”, 12:01 torna as coisas mais rápidas com um ritmo frenético que não se vê no primeiro, e que o diferencia.

 

20 – A. I. – Inteligência Artificial (A.I. – Artificial Inteligence) – Steven Spielberg – 2001

 

Spielberg está passando por uma fase sci-fi nesta década. A. I. é um trabalho primoroso, desde o processo pelo qual nos apaixonamos por David até o término da sua busca pela fada azul. A atuação do Halei Joel Osment é genial, talvez a melhor da história entre atores da sua idade. E a exemplo de Laranja Mecânica, o final de A.I (que leva uns dedos do Kubrick, afinal) é maravilhosamente polêmico. Especialmente pela fama do Spielberg em desmanchar suas obras com finais felizes.

 

laranja-mecanica-poster02.jpg

 

Laranja Mecânica

 

Cinema é uma arte curiosa. Mais por seus apreciadores que seus realizadores. A 7ª, bem mais que as outras, tem seus gênios fincados na história por um público massivo, elaborado, diversificado, multifacetado. É uma forma de arte extremamente abrangente e derramada pelos mais diversos cantos e tipos de espectadores, conseguindo atingir a todos, de uma forma ou de outra. Exatamente pela total ausência de uma consciência universal (que sobrevive, ainda que em pequenos fragmentos, nas outras formas de arte), o cinema exige o girar da roda para que seja compreendido em totalidade (se é que isto é possível). Assim sendo, certos filmes parecem viajar no tempo, ter vindo direto do futuro para marcarem uma era e serem reconhecidos apenas anos mais tarde.

 

laranja-mecanica01.jpg

 

Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick (o diretor que virou subtítulo de suas obras), é mais que um exemplo. A maior dificuldade em falar sobre Laranja não é sua complexidade, sua filosofia e críticas, sua imensurável beleza plástica. É não cair em redundância, em quase risco de plágio. Se você quiser ser realmente original ao falar sobre o filme, fale mal. O problema vai ser de onde raios tirar argumentos. Eu mesmo sofria com esta dificuldade, pois confesso que não gostava nada desta obra-prima. Mas suas qualidades eram quase de caráter objetivo. Quase inegáveis (“quase” pra poder dizer que questioná-las com embasamento não é impossível, apesar de inacreditavelmente improvável). No entanto, ele foi me conquistando. É daquelas obras de arte que precisam do tempo para nos fazer entender que tínhamos sido uns imbecis. A única forma de estabelecer esta justiça tardia é cair de joelhos perante a grandiosidade de Laranja Mecânica e agradecer por ter percebido a tempo de contemplá-la. Ter percebido que Kubrick era um profeta e que via através das paredes.

 

Alex DeLarge é o líder de uma gangue inglesa num futuro (para os anos 70) próximo indefinido. Tudo que o move é, como diz na contracapa do DVD (começou a redundância...), “violência, violação e Beethoven”. Depois de uma traição, Alex é condenado a 14 anos de cárcere pelo Estado, que o leva para um tratamento experimental afim de “curar” sua violência, o reintegrando, desta forma, à sociedade.

 

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O que torna, à primeira vista, o fascínio arrebatador possível é o universo único de Laranja Mecânica. As cores, a música, o comportamento alienado de Alex e, principalmente, seu modo de falar (que rendeu bordões proliferados até hoje), fazem com que o mundo criado por Stanley Kubrick não exista (no melhor dos sentidos). O diretor consegue, ainda, invadir a mente conturbada de Alex com uma precisão e sensibilidade jamais vistas. Ele traduz para nós, espectadores recém chegados àquela maravilhosa dimensão paralela (que, por sua vez, reflete de forma intensa a assustadora realidade), exatamente o que Alex vê. Se Alex enxerga a beleza na violência, temos uma cena ao pôr do sol, na beira d’água, em câmera lenta, ao som de Beethoven, na qual Alex bate em dois de seus drugues. É lindo! Se ele se diverte, temos uma cena de espancamento na qual o mais raro humor negro floresce (Alex bate no escritor cantando Singing in the Rain). Se ele vê o sexo (no seu caso, estupro) como arte, assim a temos no spa da “mulher dos gatos”. Você não apenas acompanha a história de Alex, mas sim, é como se fosse o próprio! Exatamente esta maneira incomparável com a qual somos maravilhosamente manipulados, faz com que nunca mais apareça ninguém com a habilidade de Stanley Kubrick para lidar com imagens. E se aparecer, certamente não o reconheceremos, pois será algo fora da compreensão humana (assim como o próprio Kubrick já foi, e ainda é, pra muita gente).

 

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Outro aspecto louvável em Laranja Mecânica é a nossa relação com Alex DeLarge. Nós começamos o odiando, pela absurda crueldade com o mendigo e, principalmente, na casa do escritor. Conforme a evolução da história, vamos nos sensibilizando com ele, até que passamos a torcer para seu final feliz. O melhor de tudo, no entanto, é que Alex jamais deixa de ser o jovem maquiavélico que sempre foi. Portanto, não é porque Alex muda, que começamos a vê-lo de modo diferente. Quem muda somos nós! Somos arrebatados por uma paixão quase inexplicável por um assassino estuprador a ponto de realmente desejarmos que ele volte a ser o que sempre foi. Dá, afinal, pra acreditar no absoluto poder que Kubrick mantém sobre seus espectadores?

 

Outro elemento fundamental para que o efeito supracitado se faça possível é a atuação absurda de Malcolm McDowell. Seu olhar de baixo pra cima abre o filme de forma assustadora. Este olhar pode encabeçar um ranking, pra mim. Malcolm com seu Alex DeLarge no topo, Anthony Hopkins com o canibal Hannibal Lecter em segundo e Ralph Fiennes com o nazista Amon Goeth, em A Lista de Schindler, em terceiro. Nenhum deles, por mais que aqui eu me esforce, podem ter suas expressões traduzidas em qualquer língua conhecida. É coisa de outro mundo. Além dos olhos, o sempre meio sorriso de Alex e sua forma de falar sopram os ventos afiados do sarcasmo sobre Laranja Mecânica.

 

Por falar em sarcasmo, desde e que assisti ao filme pela primeira vez, não sei em qual estante da locadora colocá-lo. Bem que poderiam facilitar e pôr uma estante do gênero “obras-primas” e pronto. Laranja Mecânica é comédia, mas nem sempre. Apenas os que têm tolerância à violência e senso apurado de humor negro conseguem classificá-lo desta forma. Laranja mecânica é ficção científica. Nem sempre, sendo que a ficção é uma mera metáfora da mais impactante realidade reinante até hoje, 35 anos depois do seu lançamento. Laranja Mecânica é drama. Sem dúvida, mas nem sempre. Em primeiro lugar, porque este gênero é, como direi, “genérico” demais. Em segundo, porque até o ponto do tratamento Ludovico, e depois da tentativa de suicídio, o ar debochado das ações de Alex e sua diversão contagiante fazem com que nos recostemos e gargalhemos, ainda que sem razão lógica.

 

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Chegando enfim aos termos de crítica à sociedade, desta vez com mais méritos para o escritor Anthony Burgess (autor do romance no qual o filme foi inspirado), Laranja Mecânica é uma ogiva nuclear, programada para explodir na mente dos que assim permitirem. Kubrick já havia falado sobre a humanização da máquina, que tal agora falar sobre a mecanização do homem? Mas não se iluda, na verdade você estará debatendo, daqui a mais 30 anos, qual de fato era o epicentro do filme. Maldade inerente ao ser humano, descaso do Governo em tratar o problema de forma “preguiçosa”, a violência (de Alex) gerando violência (da sociedade), manipulação, enfim...

 

Para tentar resumir, posso falar da famigerada frase final (“I was curd all right”, “Eu estava curado mesmo”) que de alguma forma, resume um pouco a própria idéia do filme. O fato é que Alex recuperara sua humanidade. A capacidade de tomar decisões morais, de escolher entre o “bem” e o “mal”, e principalmente, a capacidade de errar, constuindo assim o final feliz mais surpreendentemente controverso da história do cinema. O erro, a crueldade e a violência são inerentes ao ser humano. Ou seja, ele finalmente estava curado, mas não como imaginavam os mentores do tratamento Ludovico. Alex enfim havia reconquistado sua possibilidade de escolha, de optar, acabara naquele instante de abandonar a forma de “laranja mecânica”. Era um humano verdadeiro, outra vez. Se continuaria a fazer as coisas das quais sempre gostou, não importava (pra ninguém), pois o yang ying está intrínseco no seu caráter de qualquer forma. A cura era a possibilidade de praticá-lo, de materializar seus dantescos desejos. Era poder optar por sua maldade, sua personalidade original. Concomitante, está a cena na qual a frase é dita. Os “nobres” que o aplaudem representam agora toda a violência disfarçada, todo um circo de boçais hipócritas, estilhaçando, num palco frígido ao abrir das diáfanas cortinas de fumaça, as frágeis mente(capta)s provincianas de uma platéia que festeja, inerte, ao som da mais bela banda podre, dançando conforme sua música. Não era, portanto, o crime físico que Alex praticava, mas sim o crime moral, muito mais grave, cometido, no caso, pelo Governo, e desta forma, simbolicamente aplaudido pela sociedade. 

 

Laranja Mecânica permite à humanidade que aprenda com ele, como era o eterno objetivo do diretor. É intrigante, no entanto, que nem um gênio como Stanley Kubrick, com uma filmografia de tom tão crítico e cortante, conseguiu mudar de forma significativa o meio que o rodeava. No entanto, não há o que exigir de Kubrick, ele já fez o seu papel, que não guardava nenhuma pretensão exagerada. “Apenas” mudando, esporadicamente, a forma de ver o mundo de algumas pessoas abertas à possibilidade, vítimas satisfeitas das flechadas sublimes deste diretor inacreditável, tenho certeza de que ele já se daria por satisfeito. E que desçam as cortinas!

 

laranja-mecanica05.jpg

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Bom' date=' com todo o mistério em torno desse negócio de plágio, vim me esclarecer:

 

quem começou com essa história fui eu, mas de uma forma impulsiva. acontece que eu estava escrevendo uma MP pro Nacka quando me deparei com uma crítica muito parecida (até nas fotos usadas) com a de uma pessoa já publicada aqui.

mas não cabe dizer o nome da pessoa, nem as razões da desconfiança, já que se foi perceber depois que não se tratava de uma grande besteira.

 

bom, depois que abordei esse tema com o Nacka, ele me tirou uma dúvida  sobre um mesmo suposto plágio em minhas críticas. acontece que isso se tornou uma confissão.

não do plágio. de que eu sou escritor de uma revista famosa de cinema e que procuro não misturar minha vida pessoal/profissional com peripécias nesse fórum (que é mais objeto de estudo), e que com um simples (e único, válido dizer) deslize, fui pego pelos ávidos olhos de certos usuários do fórum.

 

para os que sabem quem sou (ou acham que sabem, porque a vida revela surpresas), peço carecidamente para que não revelem minha identidade, já que toda minha vida virtual nesse fórum é fruto de um estudo e de uma tese que estou a escrever.

 

obrigado pela atenção e a lista que ficou fora de jogo é a minha. 02

 
[/quote']

 

 Gostaria, se não for pedir demais, que você coloque aqui o(s) objetivos(s) de sua tese. O que me leva a fazer tal pedido é, além da óbvia curiosidade e sensação incômoda de me ver como “objeto de estudo”, a tese que defendo (aproveitando que a frase remete ao assunto em questão) de que se assim proceder, talvez e só talvez, consiga levar a cabo sua empreitada (que julgo ser não apenas a confirmação de pressupostos e premissas, mas a necessária continuidade das suas observações, sem as quais não chegará a lugar algum) sem “contaminações”.

 

 Ora, independente de ficarmos, ou não, conhecedores da sua identidade real, claro está para mim que devido à sua “confissão” o desenrolar daqui pra diante de suas observações (e consequentemente a conclusão da sua tese) se dará num cenário completamente diferente (ou não?) daquele que existia antes desse imbróglio. Logo, sua preocupação em manter-se no anonimato é injustificada (nesse sentido, que fique claro!) e não resguardará nenhum benefício real. Outrossim, você tem todo o direito do mundo de não dizer quem é. Existem mil motivos pessoais e profissionais que justifiquem isso, mas achar que ser atendido fará alguma diferença efetiva no seu intuito (desenvolvimento da tese), vai uma grande diferença. Pois, sinceramente, acho que não vai. Afinal, já sabemos (sabemos?) que você não é um usuário comum (afirmação ironicamente paradoxal e quase absurda, visto que, na realidade, é) e sim um profissional de uma renomada revista. Mas...e daí?!  

 

 PS: Fico a me perguntar o que leva uma pessoa a dizer, quiçá realmente acreditar (pois a vida é pródiga em nos mostrar pessoas que dizem algo e fazem outro, ainda mais nesses meios virtuais...) que exista alguma vantagem real em “não misturar vida pessoal/profissional com as peripécias num fórum de internet”... Como se a opção de ter um ou vários comportamentos distintos aqui ou em qualquer outro lugar, fosse ato desvinculado da nossa pessoalidade, do nosso caráter (ou falta dele) e a separação (ou mistura) entre uns e outros fosse meritória de entendimento e aceitação inconteste por terceiros em detrimento (ou não) de outra faceta nossa, desconhecida, por mera questão de conveniência. Essa última, única e exclusivamente, nossa. Só nossa. Eis aqui um ótimo tema para o desenvolvimento de uma outra tese. Alguém se abilita?    

 

“Não se faz o que se quer e, contudo, se é responsável pelo que se é: eis o fato!” Jean Paul Sartre
The Deadman2006-11-28 16:47:37
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Observações muito pertinentes, Deadman. Eu, particularmente, não agiria de maneira diferente neste fórum apenas por saber da presença desta ou daquela pessoa me observando.

Bem, se esta é uma opção do pesquisador, não há muito a fazer, não é mesmo? Voltemos, porquinhos da índia, aos nossos postos dentro do labirinto. Vem de lá, Dead, vou tentar achar a saída por aqui...
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Observações muito pertinentes' date=' Deadman. Eu, particularmente, não agiria de maneira diferente neste fórum apenas por saber da presença desta ou daquela pessoa me observando.

Bem, se esta é uma opção do pesquisador, não há muito a fazer, não é mesmo? Voltemos, porquinhos da índia, aos nossos postos dentro do labirinto. Vem de lá, Dead, vou tentar achar a saída por aqui...
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 Ok! Quem achar primeiro, dá um guincho bem alto pro resto saber... 06 06 06   
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Já comecei a receber as notas para a avaliação das listas e crítica, por enquanto, o primeiro "jurado" achou que apenas um participante teve méritos para receber quase a nota máxima e idênticas para a lista e crítica. Aguardemos portanto os demais jurados, queria se possível fechar tudo ainda esta semana...
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presentes.gif

 

Aviso aos navegantes, teremos prêmio para o 2º Lugar também, Jail (nosso verdadeiro Papai Noel) me mandou uma lista inacreditável de filmes (alguns dos quais, queridinhos das listas publicadas aqui) ele vai escolher um e mandar de presente, detalhe, dvd novo, vai comprar e mandar para o feliz segundo lugar.

 

Como eu já havia pensado desde do início os filmes seguirão a mesma temática do tópico.

 

O resultado deve sair no máximo até Sexta Feira dia 08 e os prêmios seguirão na Segunda Feira dia 11 de Dezembro. Vocês poderão colocar aqui filmes que desejariam ganhar, quem sabe não ganham exatamente aqueles que desejam?  

 

 

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2001: Uma Odisséia no Espaço / Fahrenheit 451 / Alien: O Oitavo Passageiro.

Nesta ordem. Mas duvido que eu ganhe algo. E dêem o BOX De Volta Para O Futuro para o Forasteiro, coitado.

 

Espero o resultado anisosamente, espero não ficar em último.
ltrhpsm2006-12-04 16:40:33
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Também acho que não vou ganhar (talvez o segundo lugar, quem sabe...), mas mesmo assim vou deixar aqui o meu pedido (na verdade uma lista de 10 opções):

 

1) Alien 3 (para completar a coleção Alien)

2) Fahrenheint 451;

3) Solaris (acho meio difícil ganhar esse, mas não custa nada tentar...06)

4) Tropas estelares;

5) Blade Runner (será que é pedir demais???06)

6) O planeta dos Macacos (versão 1968);

7) Os 12 macacos;

8) THX 1138 (quem sabe?? não custa nada sonhar...06)

9) Stalker (não custa nada tentar...06);

10) Rollerball (o original);

 

Pode ser qualquer um dessa lista....Se mesmo assim ficou difícil, pode ser 2001 ou Laranja Mecânica mesmo...06
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Os dois têm muita chance de ganhar o que pediram... isso se ficarem entre os 2 primeiros colocados. 06 Sinceramente, eu queria dar um box de presente para o primeiro colocado e dvds para cada um que participou da brincadeira. Mas daria muito trabalho pegar endereço de todo mundo...  (vocês entenderam né?) 06
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2001: A Space Odyssey (1968, Stanley Kubrick)

Metropolis (1927, Fritz Lang)

Alien (1979, Ridley Scott)

The Day the Earth Stood Still (1951, Robert Wise)

Blade Runner (1982, Ridley Scott)

Back to the Future (1985, Robert Zemeckis)

Solyaris (1972, Andrei Tarkovsky)

Invasion of the Body Snatchers (1956, Don Siegel)

Stalker (1979, Andrei Tarkovsky)

The Matrix (1999, The Wachowski Brothers)

Night Of The Living Dead (1968, George A. Romero)

Aliens (1986, James Cameron)

The Thing (1982, John Carpenter)

The Terminator (1984, James Cameron)

Terminator 2: Judgment Day (1991, James Cameron)

 

15 aqui. Completa com Star Wars e pronto.

 

 

 

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