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Juventude Transviada


ltrhpsm
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Ué, cadê os detratores deste filme? Vamos ver se agora eu consigo entender porque a média é tão baixa pra um filme marcante como este no IMDb; afinal meu comentário não gerou nenhum quote. Então segue:

Juventude Transviada

juventude-transviada-poster05t.jpg

Introdução:

Ao lançar Juventude Transviada nos cinemas, James Dean não colocava nas salas de projeção mais um filme. Ele colocava para os americanos – e futuramente para o Mundo – um novo estilo de vida que uma nova sociedade Pós-Guerra incorporava, com os chamados “rebeldes sem causa”. Se hoje temos grupos latinos ridículos e com fãs sem concepção como os grandes “Rebeldes”, na década de 50 ser rebelde era sinônimo de contestação ideológica e fundamentada perante os valores – algo admirado, portanto.

Personagens:

Em Juventude Transviada, há uma relação das diversas personagens presentes entre si e com a vida na época. Dentre tantos figurantes e coadjuvantes, podemos selecionar três que interligar-se-ão aos outros. Vamos a eles:

Jim (James Dean):

Jim é o grande rebelde do filme. Jovem de classe média é sua relação com a família em casa que o leva a atos fanfarrões. Logo no começo, ele passa a contar seus sentimentos a um homem do Juizado de Menores; a relação que o filme faz com a realidade é complexa. Em primeiro ponto, temos a fraqueza do pai perante sua mãe e sua esposa e a falta de autoridade para com tantos problemas (note sua roupa de cozinheira numa das cenas), falando apenas de um futuro – para Jim insignificante – sem nem saber direito o que deve falar ou não ao filho (se é que o conhece).
A mãe, por sua vez, é a típica protetora-a-qualquer-custo; acobertando o filho e culpando a vizinhança por sua vida. Então, pode-se concluir que a grande crítica da personagem principal é ao desmonte da família americana (que voltaria a ser estudada em Beleza Americana). Notamos, em nossa vida mesmo, que as reuniões já não são como foram no passado. Em momento algum, entretanto, esta distância é por pura birra – ele tem seus motivos para considerar a casa dele um zoológico.
Jim age, como pode, da maneira “errada” – bebendo, brigando, etc; sem culpa direta na personagem, foi assim que a vida modelou aqueles jovens, sendo que ele é a versão “exagerada” que carrega todos seus sentimentos de rancor, tentando livrar-se deles através das contradições.

Platão:

Este é mais simples. Platão, como foi apelidado, sofre pela falta da família – a distância foi imposta por fatores teoricamente externos – buscando alguém para poder ter relações mais que amigáveis, buscando o “colo” que não pode ter. E suas ações são explosivas – tem uma mente esfacelada pelas vilanias do Mundo – ainda que tenha uma aparência aparentemente dócil e à primeira vista vemos-no como uma personagem fútil e boba.

Judy (Natalie Wood):

Ela tem uma família cuidadosa, um irmão menor, mas procura o amor. Seu pai rejeita ceder o amor a uma mocinha em fase de formação para tornar-se mulher. Sem poder expor suas idéias, ela faz parte dos bandos colegiais, zombando de novatos; deixando em segundo plano o que verdadeiramente acha para poder ter alguns amigos (possivelmente, falsos na hora da verdade, ou seja para acolhe-la). Na sua casa é interessantíssima a manifestação do irmão – ainda mirim – atirando e falando em violência.

Desenvolvimento:

Quando Jim chega à uma nova cidade, ele já vai, na véspera de seu primeiro dia de aula no novo colégio, à cadeia após uma bebedeira. Lá, já conhecemos repentinamente os outros três futuros amigos do garoto. Em apenas um dia, veremos tantas coisas se desencadearem de maneira acelerada e intensa, unindo os estudantes em torno de seus objetivos numa grande amizade rebelde.
O diretor Nicholas Ray é bom, evitando momentos à la Crash de Paul Haggis onde as falas são falsas e não há sentimentos, inclusive por causa do grande elenco com o qual trabalha – e não havia ninguém melhor que o jovem James Dean para fazer Jim, caracterizando a época e mudando o figurino e o way of life - sejam os adultos (com grande destaque para o pai de Jim) como o trio principal.
O grande desafio do filme, porém, é abandonar o tom de ingenuidade que rondava as salas de cinema – e o roteiro contorna bem isso, como na cena na mansão: é impossível não unirmo-nos aos três amigos na alegria, quando a alegria finalmente atinge seus corações. Claro que, se nas mãos de um Elia Kazan por exemplo, o filme poderia ter tornado-se ainda mais crítico e sério; pois temos algumas seqüências um tanto quanto frouxas na edição e futilmente leves (a perseguição, na mesma mansão, do grupo de Buzz a Platão).

Conclusão:

É num ritmo, sem pressa, e contagiante que somos levados nesta barca. Pode ser que o efeito de Juventude Transviada hoje não seja tanto quanto um Táxi Driver, pois vivemos o futuro da história, mas este longa transformou as concepções dos americanos capitalistas sobre seu mundinho – e racionalmente, analisar a capacidade de o crítico do mesmo acabar numa situação tensa (mas vívida); sempre tendo a esperança de no meio da troca de balas entre os humanos teoricamente racionais, sair ileso.

juventude-transviada09t.jpg

ltrhpsm2007-04-18 15:33:49
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Eu também acho "Juventude Transviada" um ótimo filme. É um pequeno estudo sobre o espírito "pró-liberdade" da juventude dos anos 50, ainda presa aos convencionalismos do "American Way of Life". Além disso, também é um filme bastante divertido, muito bem interpretado (ver James Dean atuando é sempre bom), e com uma direção ágil e segura de Nicholas Ray. Embora muitas pessoas o considerem simplório, acredito ser este um dos melhores representantes da contra-cultura americana dos anos 50.
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  • 1 year later...
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Acho muito bom, mas serve bem mais pela importância e pelo que representa junto à figura do Dean do que qualquer outra coisa.

 

Pra constar, tem texto no mp!,  do autor do tópico, no especial do Dean: http://multiplot.wordpress.com/2008/09/30/juventude-transviada-nicholas-ray-1955-especial-james-dean/
Forasteiro2008-10-13 00:06:33
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É um dos que eu mais gosto até hoje, não só pelo personagem do Dean que é o que permeia o filme mas por toda a demonstração daquela época, talvez até mesmo por nostalgia própria, foi um filme que eu cresci assistindo aqui em casa.

 

Seria bom ver alguma opinião contrária, eu lembro de ter visto alguém aqui no fórum dizer que Juventude Transviada "não envelheceu bem, não é mais atual" mas sinceramente acho que é a constatação mais distante do que o filme realmente representa .
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