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Forum Cinema em Cena

Avatar - James Cameron


Nacka
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Como é difícil superar esta conclusão' date=' o Daniel veio com outra verdade: "Mas a guerra civil no Iraque foi causada pela invasão americana". Até aí, tudo bem, o leitor pode inclusive pensar "ele tem toda razão". Mas qual é a relação entre a primeira e a segunda? Nenhuma! O fato de a invasão norte-americana no Iraque ter desencadeado uma guerra civil não invalida o descabimento de se comparar os Na'vi a terroristas. Uma coisa não implica a outra, até porque não se está julgando o ataque dos fuzileiros aos Na'vi, e sim o discurso do general. Esta é uma estratégia de retórica, por sinal muito bem empregada. Se eu não a tornasse explícita, poderiam até pensar que eu estou justificando o ataque aos Na'vi, o que não tem nada a ver.[/quote']

 

No ponto de vista do general... sim, os Na'vi são terrorristas. Ou será que essa visão canalha das coisas é pura ficção? 
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Mesmo que eles fossem seres puros que nunca atacassem os invasores' date=' o simples fato deles estarem sendo minimamente contra os interesses da corporação(não querem deixar seu grande lar) já é motivo suficiente pra imbecilidade militar os classificarem como terror. [/quote']

 

Aah, esse aqui ficou melhor pra comentar do que o post do Nacka. Eu já iria dizer que o simples fato de os Na'vi não serem indefesos não os equipara a terroristas. Isso é algo fácil de constatar. Mas esse post aqui revela o que eu considero um certo desserviço que o James Cameron prestou ao fazer o general se portar daquele jeito.

 

O discurso anti-terror que o partido republicano usou para obter o apoio da opinião pública para invadir o Iraque foi muito mais sofisticado do que isso. Falou-se de guerra preventiva, de defesa da população civil (afinal, no epis'odio do 11 de setembro, morreram muito mais civis do que militares), de "ataques cirúrgicos" contra alvos militares apenas. Ou seja, deu-se uma roupagem de legitimidade a uma guerra de conquista, motivada não só por reservas de petróleo, mas pelos lucros advindos da reconstrução de um país que estaria com sua estrutura fabril arruinada. Vejam só: americanos e europeus desmantelam o parque industrial do Iraque, depois são contratados pelo próprio Iraque para reconstruir o que eles mesmos destruíram, sendo pagos com petróleo! Um negócio da china mesmo.

 

Daí vem o meu desconforto com aquele general. Se a intenção de Cameron era alertar seus espectadores da farsa que é a guerra preventiva contra o terror, não seria melhor tornar a situação de terrorismo minimamente factível? Os terroristas de hoje não são arborícolas amantes da natureza que portam arcos e flechas, eles (por óbvio) empregam táticas de terrorismo, dolorosas por definição. Se Cameron quer nos levar a uma reflexão, foi uma boa idéia transformar aquele general numa caricatura, numa espécie de Sargento Tainha?

 

Claro que ele foi bem-intencionado, mas acho que ele pode até ter prejudicado mais que ajudado. O discurso misturou anti-militarismo e meio-ambiente, mas talvez o mote não comportasse ambos.

 
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E quem garantiria que se o ponto de vista fosse os dos militares... os Na'vi não seriam vistos como monstros hostis? Mas como Cameron resolveu abordar o outro lado... muita gente se incomoda...

 

Você quer dizer que eu estou incomodado com o fato de o Cameron ter resolvido "abordar o outro lado"? Oxe' date=' nava a ver! Hahaha

 

Na verdade, é exatamente o contrário. Eu gostaria que esse outro lado tivesse sido melhor abordado, isso sim. Vamos ver como vem o filme da Kathryn Bigelow a esse respeito.

 

 

No ponto de vista do general... sim, os Na'vi são terrorristas. Ou será que essa visão canalha das coisas é pura ficção? 

  

Não tenho dúvida de que aquela visão canalha das coisas não é ficção. Eu concordo contigo, portanto. Mas, naquele momento, Cameron critica não a visão propriamente dita, e sim o discurso, a manipulação das massas (e é por isso que ele mostra os rostos dos fuzileiros anuindo com o general), e nesse ponto acho que ele foi bem desastrado. As razões estão no meu post anterior, que você pode concordar ou não.

 

Nesse filme, Cameron não critica a instituição militar em si mesma, e sim o mau uso que se faz dela, por manipulação. Ou vocês acham que aquela exclamação de Trudy ("eu não me alistei pra isso!") não revela que ele distingue claramente o que ,e na concepção dele, o bom militar do mau militar?

 

O problema é que a manipulação real, que ocorre aqui em nosso planeta, é muito mais bem-feita do que aquilo.

 
Alexei2009-12-30 20:57:08
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Eu entendo o que o Alexei quer dizer em relação a profundidade dos personagens principais e dos "dois lados" da guerra. A questão é bem simples até: O Cameron optou por um discurso mais simples nesse aspecto, sem maiores arrojos (talvez por achar desnecessário algo mais elaborado, uma vez que o impacto das imagens seria o bastante), enquanto que o Alexei gostaria de uma abordagem mais aprofundada (visto que ele achava que o mote do filme seria uma boa oportunidade para abordar isso).

 

Particularmente eu não me incomodei muito com essa abordagem mais direta e simples do Cameron, mas entendo quem se importou com isso...

 

 

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Você quer dizer que eu estou incomodado com o fato de o Cameron ter resolvido "abordar o outro lado"? Oxe' date=' nava a ver! Hahaha

 

Na verdade, é exatamente o contrário. Eu gostaria que esse outro lado tivesse sido melhor abordado, isso sim. Vamos ver como vem o filme da Katryn Bigelow a esse respeito.[/quote']

 

Mas aí você está querendo comparar um filme que fala diretamente sobre a Guerra do Iraque com uma analogia em um sci-fi? É algo totalmente diferente...

 

Eu não quero aqui defender terroristas, longe disso... acredito que é necessário o combate. Mas nós sabemos de fato o que se passa por lá... no que eles acreditam... o que faz as suas cabeças? Por que diabos lá os EUA são o grande mal a ser derrotado? Eles se vêem como terroristas?

 

Guardados os devidas proporções... e como disse antes, as diferenças são enormes... os Na'vi são vistos como pacíficos e tudo mais... porque estamos vendo o seu lado das coisas. E como são vistos pelos militares... como fanáticos, ignorantes, hostis, agressivos. Quem garante se o filme fosse pensado pelo ponto de vista militar nós não pensaríamos o mesmo?

 

Não tenho dúvida de que aquela visão canalha das coisas não é ficção. Eu concordo contigo' date=' portanto. Mas, naquele momento, Cameron critica não a visão propriamente dita, e sim o discurso, a manipulação das massas (e é por isso que ele mostra os rostos dos fuzileiros anuindo com o general), e nesse ponto acho que ele foi bem desastrado. As razões estão no meu post anterior, que você pode concordar ou não.

 

Nesse filme, Cameron não critica a instituição militar em si mesma, e sim o mau uso que se faz dela, por manipulação. Ou vocês acham que aquela exclamação de Trudy ("eu não me alistei pra isso!") não revela que ele distingue claramente o que ,e na concepção dele, o bom militar do mau militar?

 

O problema é que a manipulação real, que ocorre aqui em nosso planeta, é muito mais bem-feita do que aquilo.[/quote']

 

Daqui não tenho o que discordar. Apenas que dentro do que o filme propõe funciona para mim...
Lucas2009-12-30 21:01:03
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Lucas, a edição que fiz ao meu post explica melhor meu posicionamento. E o Silva entendeu o que eu quis dizer, embora não tenha concordado com minha valoração do assunto. Nem é importante que alguém concorde comigo, e sim que me entenda. Só isso justifica a tortura de posts tão longos! Hah

 

Mas eu continuo achando, sim, que a crítica à manipulação que se faz sob a égide de "guerra ao terror" ficou bem ruim. Mas isso não me faz, no geral, desgostar do filme não. Ao contrário, eu tive uma experiência muito agradável no cinema, inclusive pelas boas intenções do diretor. Mesmo com tantas coisas que eu meio que torci o nariz.

 

Eu sou chato mesmo, exigente.

 

 
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Bem, vi o filme em 2D, e vou começar usando uma comparação que fizeram com o Filme Matrix.

 

  Na verdade a semelhança de Matrix é exatamente o inverso, enquanto um explora o anseio de sair do mundo-teatro e descobrir seu velho mundo-livre, o Avatar explora a imersão em um outro mundo e ao descobri-lo, o anseio por esse novo mundo. Neo agora estava querendo que a sua realidade fosse a realidade ali apresentada. E a comparação da festa do Matrix reload com o ritual dos Na´vi é sem fundamentos, pois é o mesmo que chamar as pesquisas científicas de festas e bacanal. O ritual feito ali pelo povo é a base da sua cultura, é sua investigação, seu conhecimento, sua fé, suas leis e morais... é tudo, mas tudo muito além de uma festa, portanto, não existe ligação em uma coisa e outra!

 

  Sim, há argumentos já explorados como messias, gaia, e o bom selvagem, e até com algum exagero e sensacionalismo metafórico(tudo estar conectado como uma rede de neuronio, uma clara alusão ao famigerado efeito estufa). Mas excetuando tal tendeciosismo, os pensamentos nunca ficam velhos, nunca se tornam clichês. Pensamento e conhecimento não são pacotes impressionistas que envelhecem e perdem o efeito. Para quem os vê assim é porque está cristalizado, aprisionado em seus próprios muros.

 

 O filme é de insight de experiência, não de conhecimento. Ali não está conceitos que farão-nos despertar para um novo horizonte, mas sim uma experiência de vida que nos fará vivenciar o outro horizonte. Entrar noutra cultura é de um muro de difícil transposição, e para isso Cameron criou o seu nativo, o seu mundo, e suas correlações ecológicas. Mas esse contexto permanece atual, basta lembrarmo-nos do massacre de corumbiar que até hoje ouve-se suas consequências, culminando num documentário.

 

 A criatividade do filme está justamente em vivenciar todo aquele mundo e suas belezas, a história do povo "nativo", e seu maior poder é desmistificar a hierarquia cultural, ao vivenciarmos o saber dos nativos, também estamos descobrindo suas formas de pensar e saber, seres atuantes e moduladores de um mundo tanto quanto os humanos. E ai que cria-se o muro entre uma festa,  de um saber, e de suas ferramentas. O jongo, pai do samba, para os brasileiros(negros e apreciadores/pesquisadores) é uma recuperação de nossas raizes e uma festa, para os negros cativos era o seu saber, o religamento deles com os deuses e espíritos da mãe africa, o cordão umbilical entre os negros escravos do Brasil e a sua cultura na áfrica. E isto responde ao questionamento de que eles irão gostar de estradas que liguem um ponto do planeta a outro!

 

 Este filme não é feito de diálogos, assim como a experiência da vida não é feito de discursos fundamentados e filosóficos, e sim feito pela própria experiência da vida, e sim as fundamentações e pensamentos é que é feito pela própria vida, e um filme que explora a experiência corre o risco de cair em redundância ao criar diálogos e argumentos que já a vida ali vivida expressa.

 

 Já se falou que Cameron entrega-nos tudo pronto, mastigado, restando a nós aceita-lo ou não. Mas isto é resultado não só de uma superficialidade em certos aspectos mas ao fato do filme residir justamente na vivência, pois ali são povos que ele criou, que existe no mundo pandora, cabendo a você vivencia-la e assim aprecia-la ou não. É o mesmo que ter uma tribo que tem um conhecimento, crença, e tradições e costumes cabendo a você vivencia-lá ou não, aprecia-la ou não. Querer questionar a criação de Cameron para mim é um erro, beirando a ingenuidade e estatelar na superficialidade de uma tela de cinema. O que está em voga ali não é se os nativos(seja eles indios, Nav´is, pigmeus...) são bons ou não, e sim sua existência, e consequentemente seus direitos, seus poderes sobre o seu conhecimento e sobre a terra em que eles vivem...

 

 Agora, mais uma vez Cameron pecou na caretice de ferramentas narrativas chamativas em muitas partes, como a cena em que o Jack é confrontado por um "rinoceronte martelo" e perseguido por uma "pantera dilofossauro" é de uma fórmula batida e extremamente forçada, de vilões caricatos e rasos como um pires  e na falta de coragem ao colocar um final em que os bichos atacam os humanos, e os nativos derrotam e tecnologia e o homem sai da terra de fininho, ali é como se precisasse da vitória dos Nav´is sobre os humanos para atestar seu valor tal qual o nosso. E dessas falhas é que o filme deixa de ser a obra que potencialmente seria.

 

 

O filme é um filme de massa poético, uma experiência oriunda de uma visão romanceada mas não tão longe do real. Ao invez de colocar os Nav´is como camarões animalescos que nos causaria uma depreciação(como em Distrito 9), fez-nos vê-los como homens, e nós como aberrações animalescas produtos de tecnologias cujo combustível é a cobiça. Há N filmes que exploraram essas premissas de contatos ocidentais com nativos de melhor forma, de forma mais erudita e profunda, mas através dos efeitos visuais, do olhar intimo e sensível que o visual se conecta com a história e o contexto, acredito que o Cameron foi positivo na vivência e no lirismo.

 

Quanto as formas das criaturas e das naves e armas, estou indiferente a essas pequenisses, uma vez que entrar em mérito se tal espécie é inovadora, que criar uma nave como aquela foi criativa ou não é se prender em superficialidades sem base, uma vez que os elementos de tudo que criamos está na realidade que experimentamos.

 

 

(...)

 

Não entendo pq as reações de vcs' date=' que deixaram claro que acharam o filme apenas legalzinho, despertaram reações meio exaltadas.

 

(...)

 

[/quote']

Os diálogos, a narração em off, eu acredito que são apenas a exteriorização do problema, que é a falta de refinamento na linguagem do James Cameron. Lá pelo final, o tal general solta algo do tipo "vamos combater o terror com o terror", e logo em seguida aparecem os rostos de fuzileiros concordando e murmurando "yeah". Eu fiz a maior cara de wtf, já que aquela alegoria do terrorismo como é praticado e combatido na Terra ficou um negócio muito gratuito e desproporcional. Não se pode comparar os Na'vi com as pessoas que usam cintos feitos com explosivos e os detonam em aviões e escolas. O buraco é bem mais embaixo.

 

Sobrou boa intenção da parte do diretor - o filme é flagrantemente anti-militarista, na minha concepção -, mas faltou classe e até mesmo consistência de discurso. Nem por isso deixou de ser um filme interessante e bonito de se ver, mas poderia ter sido um tanto melhor.

 

 

A questão não é comparar os Na´vi com pessoas que usam cintos feitos com explosivos e bla bla bla. O que está em jogo é um precursor, a postura pretenciosa e superior, a visão cultualizadora do bem contra o mal, do mais desenvolvido contra o menos desenvolvido. Se a cultura ocidental desde que se emancipou da oriental no periodo romano e idade média vêm adotando essa postura, e desde o periodo romano os muçulmanos vem conquistando terras abandonadas ou em declinio, quem veio primeiro? os terroristas, ou a visão invasiva? aonda estavam os terroristas quando o ocidente estava focalizado na URSS?

 

Concordo com você que essa visão cartunesca dos militares e visionários da terra é o calcanhar de aquiles do Cameron, só vindo a provar que por mais profundo seja o tema que o Cameron desenvolva, mais ele demonstra sua visão de horizonte limítrofe. Mas isso também é, em parte, culpa da cultura contemporânea que espera sempre algo mastigado, uma repetição de valores, que vem ecoando na mídia, nos bares, no cinema, como falas de papagaios sem o conhecimento dos processos simbólicos que as fundamentam.

 

 

scofa acabou de enterrar o filme com essa comparação. 06

Avatar me lembrou muito Matrix' date=' na verdade.
[/quote']

 

Eu também, mas não gostei do que vi. Aquela parte em que estão todos sentados entoando uma espécie de mantra... (a rave de Revolutions?)

 

 


nah, só o matrix original, ok. 06 essas pegadas de curandeirismo, mantras etc é bastante comum nesse tipo (menos evoluído?) de povo, é como se eles fossem uma espécie de índios, tribo, etc. é comum. isso te incomodou, padrinho?

Olha o darwinismo social de volta 07!

 

não existe povo mais ou menos evoluido. Cada povo é mais evoluido com relação a sua própria história, cada cultura se desenvolve distintamente. Cada etnia tem suas próprias tecnologias, tanto materiais quanto abstratas, simbólicas. Mantras, curandeirismos, ... é comum para algumas etnias assim como a pesquisa científica é comum para o capitalismo.

 

Mesmo que eles fossem seres puros que nunca atacassem os invasores' date=' o simples fato deles estarem sendo minimamente contra os interesses da corporação(não querem deixar seu grande lar) já é motivo suficiente pra imbecilidade militar os classificarem como terror. [/quote']

 

Aah, esse aqui ficou melhor pra comentar do que o post do Nacka. Eu já iria dizer que o simples fato de os Na'vi não serem indefesos não os equipara a terroristas. Isso é algo fácil de constatar. Mas esse post aqui revela o que eu considero um certo desserviço que o James Cameron prestou ao fazer o general se portar daquele jeito.

 

O discurso anti-terror que o partido republicano usou para obter o apoio da opinião pública para invadir o Iraque foi muito mais sofisticado do que isso. Falou-se de guerra preventiva, de defesa da população civil (afinal, no epis'odio do 11 de setembro, morreram muito mais civis do que militares), de "ataques cirúrgicos" contra alvos militares apenas. Ou seja, deu-se uma roupagem de legitimidade a uma guerra de conquista, motivada não só por reservas de petróleo, mas pelos lucros advindos da reconstrução de um país que estaria com sua estrutura fabril arruinada. Vejam só: americanos e europeus desmantelam o parque industrial do Iraque, depois são contratados pelo próprio Iraque para reconstruir o que eles mesmos destruíram, sendo pagos com petróleo! Um negócio da china mesmo.

 

Daí vem o meu desconforto com aquele general. Se a intenção de Cameron era alertar seus espectadores da farsa que é a guerra preventiva contra o terror, não seria melhor tornar a situação de terrorismo minimamente factível? Os terroristas de hoje não são arborícolas amantes da natureza que portam arcos e flechas, eles (por óbvio) empregam táticas de terrorismo, dolorosas por definição. Se Cameron quer nos levar a uma reflexão, foi uma boa idéia transformar aquele general numa caricatura, numa espécie de Sargento Tainha?

 

Claro que ele foi bem-intencionado, mas acho que ele pode até ter prejudicado mais que ajudado. O discurso misturou anti-militarismo e meio-ambiente, mas talvez o mote não comportasse ambos.

 

 

Mas alexei, primeiro temos que ter em mente que ali é uma alegoria!

 

Mas o problema não é o discurso em si, pois ali estavam se juntando uma caralada de Na´vi para confronta-los, então como medida preventiva a um planeta hostil, com habitantes perigosos, usar a violência. O problema está na concepção militar dos personagens(principalmente do coronel) em contraste ao contexto, o que torna a oratória inverossimel para quem assiste, e assim possivelmente aos militares que ouvem. Mas o filme é feito através dos olhos Na´vi
Gustavo Adler2009-12-30 22:38:47
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Mesmo que eles fossem seres puros que nunca atacassem os invasores' date=' o simples fato deles estarem sendo minimamente contra os interesses da corporação(não querem deixar seu grande lar) já é motivo suficiente pra imbecilidade militar os classificarem como terror. [/quote']

 

Aah, esse aqui ficou melhor pra comentar do que o post do Nacka. Eu já iria dizer que o simples fato de os Na'vi não serem indefesos não os equipara a terroristas.

 

Alexei eu nem imaginei isso, como disse o Silva a coisa toda é muito mais simples. Para mim é óbvio que Cameron conta a história apoiado no auxílio luxuoso (e poderoso) das imagens de Pandora. Essas implicações militares não são aprofundadas no filme, mas elas estão lá, continuo achando que a pista está nas imagens, elas dizem mais que qualquer diálogo, diálogos esses muito mais circunstanciais do que simbólicos.

 

Tomemos como exemplo a cena em que vemos a queda da árvore/casa dos Na'vi, nenhum diálogo ali tem substância é tudo papo de militar, instruções operacionais mas as imagens ah, essas sim: Naves formando um semi-círculo ao redor da árvore mais importante do planeta despejando mísseis transformando tudo em uma bola de fogo e cinzas, os nativos ainda sem acreditar que seu lar havia sido destruído que o grande símbolo de poderio fora ao chão, então, os "homens do céu" não eram só poderosos, eram maus também... 

 

Achei interessante este trecho que retirei de um blog:

 

O filme de Cameron é um marco na história do cinema: visualmente intocável' date=' narrativamente muito bom, e sobretudo apresenta-se como uma obra auto-consciente. Alerta de forma pouco pretensiosa e camuflada sobre o estado em que a humanidade e o nosso mundo se encontram, permitindo que o espectador desfrute da experiência, mas que ao mesmo tempo reflicta sobre o tema. Avatar, sem obrigar de forma invasiva a que algo moralista seja retirado da película, permite à nossa consciência apreciar apenas o ‘thrill’ de tal obra-prima visual, ou se assim o entendermos, realmente tirar uma lição da história.[/quote']

 

 

Sobre o comportamento do General Quatrich pode ser difícil para um civil entender tudo aquilo lá sem achar que é cartunesco, no entanto, lembram das cenas de treinamento de Full Metal Jacket? Pois é, tudo verdade...

 

 

 

 

 
Nacka2009-12-30 22:38:47
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Pessoal,

 

 

 

Quanto mais leio, mais mantenho o meu 3, tanta filosofia para explicar a única razão do filme, que era expor uma evolução do “CGI” no cinema, esse deve ser o futuro dos filmes, na verdade Avatar não será lembrado por ter sido um filme mágico como as muitas "Brancas de Neves" estão idolatrando, mas sim por ter sido mais um filme a utilizar uma evolução do CGI no cinema, diferente de Matrix, que alem de ser marco da tecnologia no cinema, foi um exemplo, muitas vezes imitado tanto na tecnologia como na sua forte "história".

 

 

 

Para resumir, a comparação é absurda e quase vomitei só de ler. Mas sei lá, fã é fã...

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Lucas' date=' a edição que fiz ao meu post explica melhor meu posicionamento. E o Silva entendeu o que eu quis dizer, embora não tenha concordado com minha valoração do assunto. Nem é importante que alguém concorde comigo, e sim que me entenda. Só isso justifica a tortura de posts tão longos! Hah

 

 

 

Mas eu continuo achando, sim, que a crítica à manipulação que se faz sob a égide de "guerra ao terror" ficou bem ruim. Mas isso não me faz, no geral, desgostar do filme não. Ao contrário, eu tive uma experiência muito agradável no cinema, inclusive pelas boas intenções do diretor. Mesmo com tantas coisas que eu meio que torci o nariz.

 

 

 

Eu sou chato mesmo, exigente.

 

 

 

 
[/quote']

 

 

 

"Chato" vc pode até ser 06.gif, mas ao se auto-intitular "exigente", vc passa uma idéia de "meu gosto é superior ao de quem gostou". Imagino que não seja sua intenção dizer isso (assim como todos aqui, vc pode até PENSAR que seu gosto vale mais, mas não creio que queira afirmar assim, na caruda 06.gif)

 

 

 

Tem gente reclamando da "superficialidade" da abordagem de Cameron sobre o terrorismo (e outros assuntos), mas eu encaro de forma diferente: menos é mais. Um filme que passa a mensagem com pouquíssimas palavras pode ter um efeito mais retumbante que esses filmes/panfleto ganhadores de prêmios lustrosos. Não que isso importe, já que a intenção do diretor foi outra...

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O filme de Cameron é um marco na história do cinema: visualmente intocável, narrativamente muito bom, e sobretudo apresenta-se como uma obra auto-consciente. Alerta de forma pouco pretensiosa e camuflada sobre o estado em que a humanidade e o nosso mundo se encontram, permitindo que o espectador desfrute da experiência, mas que ao mesmo tempo reflicta sobre o tema. Avatar, sem obrigar de forma invasiva a que algo moralista seja retirado da película, permite à nossa consciência apreciar apenas o ‘thrill’ de tal obra-prima visual, ou se assim o entendermos, realmente tirar uma lição da história.

 

 

Sobre o comportamento do General Quatrich pode ser difícil para um civil entender tudo aquilo lá sem achar que é cartunesco, no entanto, lembram das cenas de treinamento de Full Metal Jacket? Pois é, tudo verdade...

 

 

Bem, temos vários exemplos de General Qjuatrich. Se ver o documentário Corumbiar, vai ver um adevogado com uma retórica pior, um personagem ainda mais cartunesco 02
Gustavo Adler2009-12-30 23:18:07
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Nacka, eu entendi o que você quis dizer. É uma concepção interessante, sem dúvida. Mas eu preferiria que o material todo fosse melhor elaborado. Não foi, paciência.

 

O Gustavo Adler escreveu umas coisas bacanas na página anterior, fez referência a algo que eu havia escrito antes no tópico. Concorda com algumas opiniões minhas, discorda de outras, traz novas leituras também.

 

E não, eu não acho que minha opinião valha mais que a dos outros.

 
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Discordo. Quando esses aspectos que você despreza

são bem cuidados' date=' ajudam muito na imersão. Se você acha que geografia

não faz diferença, compare o planeta Pandora com a ilha do filme King

Kong: em King Kong, os seres pré-históricos parecem ter sido "jogados

de qualquer jeito", não há sentido naquele ecossistema, tudo parece

feito às pressas, tipo "vamos colocar somente criaturas assustadoras

para fazer a platéia tremer!". Outro que consigo lembrar é O Mundo

Perdido - Jurassic Park, onde vemos planícies e bosques de sequóias em

uma ilha que, supostamente, deveria ser tropical. Talvez a maioria das

pessoas não ligue pra isso, mas quem tem um entendimento maior,

percebe. E isso influencia no julgamento depois.

 

 

 

A mesma coisa quando um diretor de quinta inventa qualquer

"uga-buga" e diz que é uma linguagem alienígena ou de um povo exótico.

Por algum motivo, a gente percebe quando a coisa é mal-feita (eu

percebo), e os diálogos soam a pastiche.

 

 

 

Acho que o bom cinema é feito não apenas com o principal (roteiro,

atuações, etc), mas também de detalhes. São os detalhes que dão vida,

que trazem veracidade.

 

 

 

Concordo contigo que APENAS esses aspectos não fazem um bom filme.

Quem gostou viu um "algo mais", quem não gostou, não viu.[/quote']

 

 

 

Os dinossauros não prejudicaram em nada a imersão no King Kong de Peter

Jackson. Bem como as sequóias (se é que eram mesmo sequóias) em O Mundo

Perdido. Aliás, o que faz e o que não faz sentido em um ecossistema fictício e totalmente diferente e isolado dos conhecidos por nós? Percebe que o que você disse não tem sentido algum?

 

 

 

Por algum motivo você percebe quando é uma coisa mal-feita... Esse "algum motivo" é o fato de você saber que não tem um linguista trabalhando na produção. Ou atuações tão ruins que deixam evidente que as palavras são aleatórias. Do contrário você nem perceberia, pois um bom filme te deixaria imerso mesmo com um uga-buga randômico. A menos que você seja especialista ou estudioso da área.

 

A maior prova de que inventar idiomas, geografia e cultura alien para um filme não faz diferença é o próprio Avatar. Com todo esse cuidado com a cultura dos thunder-smurfs e com o ecosssistema de Pandora o filme ainda é fraco, vazio e desinteressante. Se metade desse esforço fosse direcionado para criar uma história interessante, em vez de um Pocahontas high tech, o filme teria ficado bem melhor.

 

 

 

E você vem falar em veracidade no tópico de Avatar? Me poupe...  06

 

 

 

 

 

 

 

Como eu disse sobre a inveja, dor de cotovelo, etc...

 

É claro que Avatar é um veículo para exibir tecnologia, evidente não?
 

[/quote']

 

Como eu disse sobre os fanzóides, deslumbrados, etc...

Nostromo2009-12-31 02:15:49

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Daí vem o meu desconforto com aquele general. Se a intenção de Cameron era alertar seus espectadores da farsa que é a guerra preventiva contra o terror' date=' não seria melhor tornar a situação de terrorismo minimamente factível? Os terroristas de hoje não são arborícolas amantes da natureza que portam arcos e flechas, eles (por óbvio) empregam táticas de terrorismo, dolorosas por definição. Se Cameron quer nos levar a uma reflexão, foi uma boa idéia transformar aquele general numa caricatura, numa espécie de Sargento Tainha?

 

Claro que ele foi bem-intencionado, mas acho que ele pode até ter prejudicado mais que ajudado. O discurso misturou anti-militarismo e meio-ambiente, mas talvez o mote não comportasse ambos.

 

[/quote']

Acho que o Alexei expôs bem..a questão eh bem simples...não há combater terror com terror quando se não há terror do outro lado...em nenhum momento do filme o "povo do céu" foi atacado. eles só resistiam em sair da sua terra e só.

 

O único ataque ocorreu, olha só, da parte do Jake qdo ele sobe num tanque e quebras as câmeras.

 
Big One2009-12-31 08:51:15
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Poxa' date=' eh bem desproporcional, não tem comparação...existe um guerra civil no Iraque, tem uns terroristas no meio...mas os Navi são totalmente pacificos, da paz..o buraco eh bem embaixo sim....concordo com o Alexei...[/quote']

 

Guerra civil que surgiu com a invasão do país pelos marines pipizudos dos EUA...

 

Ó o Daniel usando táticas de retórica!

 

 

Táticas de retórica para uma afirmação retórica e descabida... Como se guerra civil com "uns terroristas no meio" justificasse a invasão de um país soberano.

 

 

Meu querido Daniel (e ele é meu querido mesmo' date=' a gente debate bastante, às vezes até se exaltando, mas continuamos nos querendo bem) acabou de lançar mão de uma estratégia de discurso que é bem conhecida: ao ser confrontado com uma proposição difícil de ser desmentida, rebata com uma outra proposição, igualmente verdadeira, ainda que não tenha relação com a primeira. Na mente do leitor ou do ouvinte, a força da primeira proposição será diminuída ou mesmo anulada.[/quote']

 

Não vejo como uma proposição difícil de ser desmentida. A fala do militar é uma fala inflamada, chamando os soldados à guerra. Mesmo que fosse para massacrar seres indefesos (o que não é o caso dos Na'vi), o discurso seria esse e qualquer um sabe que no exército existem psicopatas prontos a seguirem as ordens cegas de algum líder ainda mais psicopata.

 

Acompanhem comigo. A primeira proposição consiste na impossibilidade de se comparar os Na'vi com os terroristas do Iraque' date=' que, obviamente, empregam táticas de terrorismo (guerrilha, atentados contra a população civil, ataques suicidas etc.). Não há um só momento no filme em que os Na'vi se comportem como terroristas, eles estão apenas se defendendo de uma invasão. Dai surge o despropósito e a gratuidade da frase "vamos combater terror com terror". O verdadeiro discurso anti-terror é muito mais sofisticado do que isso, mas este é um assunto para o próximo post, quando eu comentar a afirmação do Nacka.[/quote']

 

O point aí é o seguinte: quem está comparando os Na'vi com o Iraque? Definitivamente não é Cameron.
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Ok, vi o filme e lá vai minha opinião:

 

Venho aguardando Avatar desde que este foi anunciado. Acompanhei aqui no fórum as pequenas novidades, as primeiras imagens e confesso que nada me preparou para a experiência que tive.

 

Avatar é de encher os olhos em todos os sentidos. Acredito que precisarei assisitr mais algumas vezes para conseguir compreender toda as informações dadas sobre o universo de Pandora. E que universo. Concebido com uma riqueza de detalhes que me deixou encantada. Da paleta de cores usadas, as layers que compunham aqueles cenários... é fruto de um trabalho minucioso, sem dúvida, de pessoas brilhantes que conseguiram desenvolver um novo mundo, palpável e real. Pandora existiu por 3 horas e foi uma experiência indescritível visita-la.

 

Sim, temos um versão right tech de um plot que já vimos antes: O 'forasteiro' que é enviado para dominar o povo local e acaba se envolvendo com o universo destes, trocando de lado e lutando para defende-los da guerra eminente.Eu me importei? Nem um pouco. 05

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Penny Lane2009-12-31 11:44:03

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Acho que o Alexei expôs bem..a questão eh bem simples...não há combater terror com terror quando se não há terror do outro lado...em nenhum momento do filme o "povo do céu" foi atacado. eles só resistiam em sair da sua terra e só.

 

O único ataque ocorreu' date=' olha só, da parte do Jake qdo ele sobe num tanque e quebras as câmeras.

 
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Pois é, né? Naquele momento Jake era o quê? Um Na'vi...
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Disponha... 06

 

Mas eu tenho que falar: A inveja é mesmo uma merda... den

 

Que venha Avatar 2 em 4 dimensões se possível for (pelo tempo que Cameron leva para elaborar seus filmes, alguém duvida?) com outros mundos a explorar e que sirva para expandir cabecinhas medíocres confinadas no eterno "ah, falta arco dramático" pfff... como eu disse, o homem criou um mundo com linguagem e geografia próprias e fez um convite, quem aceitou de coração aberto se refestelou os outros estão à cata do tal "arco"...

 

 

 

 

 

 

 
[/quote']

 

Podem trancar o tópico, por favor... Esse post aqui acaba com essa discussão de "falta substância, isso e aquilo"

 

 

Nacka wins!16

 

 

06

 

To em Floripa e tá impossível ver o filme aqui. Tem que entrar na fila às 15h pra pegar a sessão de 21:30.06

 

Mental masturbation level IV no tópico, hein. Brincadeirinha... 05

Divirtam-se, pessoal. Vou me matar aqui por um ingressinho.08

 
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O Nostromo entendeu (e vocês também).

O fato é que não entro no cinema descartando um dos elementos de um filme. E acho isso estranho. Esse elemento (ruim' date=' no caso) pode se tornar irrelevante durante o filme, que é o que eu acho que aconteceu para vocês e não para mim.

E detalhe, não são só os diálogos que eu acho ruim aqui.

Mas enfim, no geral é um filme bonzinho, e só.


[/quote']

 

 

Tá acabando meu tempo aqui, mas po, Kakito, e o Indy 4? Olha o tempão que aquele roteiro ficou no forno pra sair "aquilo" (e quem gostou provavelmente lavou as mãos para o roteiro, so fine then).

Tá, tá, não pode citar outros filmes, ok...08
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