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2007: Uma Quinzena Com Kubrick


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Barry Lyndon, por Enxak:

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"Foi no reinado de George III que os personagens desta história viveram e brigaram. Bons ou maus, bonitos ou feios, ricos ou pobres, agora são todos iguais". É com essa declaração contundente e ironicamente desesperançosa, que Kubrick encerra este que é, a meu ver (dos que assisti, claro), sua obra mais "limpa", linear, sóbria, talvez até comum demais, para quem já viu 2001: Uma Odisséia No Espaço e suas inúmeras indagações existenciais,ou Laranja Mecânica,e sua extravagância estética. Barry Lyndon é puramente lindo e só por isso já se basta. Muito se fala de sua fotografia única, sua iluminação natural (Kubrick dispensou o uso de iluminação artificial, até mesmo em cenas noturnas, utilizando-se apenas de velas, emulando o tipo de iluminação que era realmente utilizado na época, século XVIII) e de como cada quadro do filme é tratado como se fosse uma verdadeira obra de arte, evocando o histórico, nos proporcionando uma viagem deveras prazerosa àqueles campos, àqueles hábitos, àqueles tempos. Nada disso é mentira, o mesmo impacto causado por suas demais obras, em Barry Lyndon, é causado justamente por esse fator: a beleza, a perfeição de cada enquadramento, a quase inatingível perfeição.

 

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O jovem irlandês Redmond Barry (interpretado de forma "estranha" por Ryan O'Neal, como se fosse um boneco manipulado pela trama, sem poder reagir), é apresentado inicialmente para nós como um herói romântico,que demonstra sentimentos nobres, como a bravura e a pureza. Apaixona-se pela prima, a qual é cortejada por um nobre do exército inglês, resultando num duelo entre ele e seu opositor, que por vez resulta no afastamento de Barry do seio familiar, iniciando-se aí sua saga, ao refugiar-se em Dublim. Sofre um assalto no caminho,e para sobreviver ingressa no Exército Britânico, desertando algumas batalhas;  depois, sendo capturado e recrutado pelo exército da Prússia, onde torna-se espião a serviço do Capitão Potzdorf, que o encarrega de espionar um certo Chevalier de Balibari, ao qual decide se aliar – ao invés de espioná-lo, auxiliando-o em suas atividades dentro da elite européia – o que lhe abre o caminho para vir a conhecer (e casar-se) com a Senhorita Lyndon, de quem herda o sobrenome pomposo. Estabelecido na aristocracia, porém muito endividado, sofrendo com a morte do filho que teve com Lyndon e tendo que enfrentar a desaprovação explícita de seu enteado – que o julga como um aproveitador – Barry Lyndon vai afundando lentamente em sua pompa, cada dia menos pomposa, de aristocrata ascendente.

kubrickfmjct3.jpg

 

A forma como o enredo nos é apresentado, com uma narração que nos aproxima dos fatos e da história, muitas vezes até revelando coisas que ainda nem aconteceram, envolve, por ser permeada por reviravoltas; o que conseqüentemente resulta em mudanças constantes na forma como vemos Barry, o protagonista, que de forma gradual, sutil e incrivelmente coesa, passa de herói romântico para tirano detestável e sem escrúpulos, sem jamais parecer "forçado". Entendemos, no nosso âmago,que Barry mudou porque foi levado a isso, pelos acontecimentos e consequências que o marcaram desde sua fuga, após o duelo sem recompensa (apesar da vitória) com o nobre do exército inglês. Estaria Kubrick,mais uma vez,manipulando nosso senso de certo/errado? A beleza estética do filme serviria para ocultar, de forma propositadamente púdica, algo não tão belo?

 

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O filme termina com um segundo duelo, dessa vez com Barry saindo derrotado. E sem uma das pernas. A pausa feita na última cena em que ele é mostrado, subindo em uma charrete, e desequilibrando-se, devido à deficiencia física, funciona de forma a poupar Barry, o nosso herói romântico (e nos poupar também), daquela última vergonha, da derrocada vexatória que aquela cena causaria à forma elegante e plena como tudo nos tinha sido apresentado.  Não o vemos tropeçar e cair, de forma patética, antes de subir na charrete; mas sabemos que ele caiu, terminando da mesma forma como começou. "Bons ou maus, bonitos ou feios, ricos ou pobres, agora são todos iguais". É assim que Kubrick nos joga na cara a indagação eternamente pertinente em nossa existência, em torno dos rumos que damos à nossa vida, em torno de atitudes que julgamos serem as mais aceitáveis para uma vida sadia em sociedade, em torno de um caráter que moldamos para apresentarmos aos outros, aos pouquinhos, enfrentando – e muitas vezes confrontando – os percalços que nos são apresentados. Tudo isso para, no fim, nos indagarmos, rendidos à fadiga de uma vida longa e sem volta: "Serei punido/Serei recompensado/Foi tudo em vão"? Barry Lyndon, como eu disse no princípio, é um filme admiravelmente belo, quase não permitindo a nós uma análise que passe de uma mera percepção e vislumbramento de sua... beleza. Pode não ser o melhor filme da filmografia de Kubrick, afirmar isso da filmografia de quem quer que seja é absolutamente subjetivo, mas é, provavelmente, o que atesta com mais veemência sua condição de diretor extremamente aplicado.

fightclub1tq4.jpg

 

Bem, apesar de vocês terem parado de comentar este final de semana (com raras exceções), conseguimos chegar à página 6 do tópico e postei a crítica do Enxak para mais uma obra-prima do Kubrick - na minha opinião, seu terceiro melhor filme - Barry Lyndon e, provavelmente, o mais suvestimado; um filme aparentemente com uma "capa" leve, mas que no fundo é intrigante e lindo. Se o silva preferiu comentar curiosidades e frases épicas do seu filme, o Alexei retratar a poesia e explorar os contornos maiores de 2001, o Forasteiro falar de (quase) todas as cenas de O Iluminado e o The Fox ser direto, porém colocando em xeque o principal ponto de discussão do filme; o Enxak narrou em primeira pessoa do plural com muita firmeza e categoria na utilização de vírgulas. Com esta comprovação de qualidade variável dos textos do Fórum, chegamos à metade do Festival. Ânimo, pessoal!
ltrhpsm2007-03-25 20:22:15
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Revi Laranja Mecânica hoje. No pc' date=' porque o DVD estava emprestado, só então consegui perceber sobre o Ministro que confesso que não tinha prestado muita atenção nas duas primeiras revisadas desse anos (fanático). E também não tinha reparado no disco de 2001. Burrice minha já que tava na cara 06

Quando é o Pablito de Ouro? Tem algum tópico para que eu possa ler pra saber o que é exatamente?
[/quote']

 

Troy, o "Pablito de Ouro" é uma premiação quer nós fazemos desde o início do fórum premiando em categorias "técnicas", os usuários do fórum em várias categorias, como "Melhor Avatar", "Aquele que mais entende de cinema", "A Revelação", dentre outros. Normalmente essa cerimônia é feita no final do ano...

 

Se você quiser saber maiores detalhes, procura no fórum o tópico "4º Pablito de Ouro" (que deve estar perdido no limbo do fórum)...
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Segunda-Feira, aqui:

 

invernogi8.jpg + hitchcockxr3.jpg + fightclub1pl7.jpg + kubrickfmjhc7.jpg

 

Noonan, Kubrick e Roma... O que nos espera?

 

Cronograma atualizado:
27/03 - Lolita, por Jack_Ryan
28/03 - De Olhos Bem Fechados, por rubysun
29/03 - O Grande Golpe, por David Dunn

30/03 - Glória Feita de Sangue, por Guests
31/03 - O Iluminado, por G4mbit
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Gostei da crítica do Enxak... direto ao ponto, falando da alma do filme. Que bom que ele decidiu fazer essa crítica.

Sobre o filme, não dá pra não repetir: é lindo! É o filme mais bonito, estéticamente falando, que eu já vi. Além de que a frase "Bons ou maus, bonitos ou feios, ricos ou pobres, agora são todos iguais" encerra o filme de forma magistral.

Deu vontade de revê-lo. Aliás, com esse festival deu vontade de rever todos os filmes do Kubrick!

 

Ah... sobre a crítica do Lt, não deu pra ler ainda... tá muito grande, mas pretendo ler em breve.
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Comentário duplo:

 

Sobre Laranja Mecânica - Crítica magnífica do Lt, esmiuçou muito bem alguns aspectos que geralmente são deixados de lado, fugindo um pouco das "discussões primordias" levantadas pelo filme. Bem, não há muito mais o que dizer... É impressionante como cada cena de Laranja passa a impressão de que não poderia ter sido feita de outra forma: a briga em câmera lenta entre Alex e seus drugues, toda a cena em que ele é escolhido para participar do tratamento Ludovico (a música que toca, aliada ao que acontece na tela, gera um efeito irônico e engraçadíssimo), e qualquer outra - iria descrever o filme inteiro aqui, se continuasse.

 

Barry Lyndon - O Enxak captou o cerne do filme; ele não é só visualmente belo, é um estudo interessantíssimo sobre a condição humana, como deixa bem claro a frase final (que é uma porrada - e das fortes - na cara, aliás). É uma história sobre as decisões que tomamos, os motivos que tivemos para tomá-las e o peso que elas terão no futuro. E, como de praxe nos filmes do diretor, deixa o espectador inquieto e cheio de pontos de interrogação na cabeça ao terminar. Para mim, uma das quatro grandes obras do diretor (as outras são 2001, Laranja e Dr. Fantástico).
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Parabéns ao ltrhpsm pela condução do festival, excelente até o momento. Não houve nenhuma resenha que eu não tenha gostado, mas uma avaliação detalhada vai ficar para o fechamento do evento.

Também quero agradecer - atrasado em função do BBB - aos comentários elogiosos. Valeu Fox, Jail, Foras, Silva, Noonan, Troy. Fiquei realmente comovido!

 

Troy, sobre o antagonismo entre o homem e a máquina (toquei nesse assunto no começo do penúltimo parágrafo, em uma frase apenas), é que eu tenho uma percepção diferente da sua. Acho que 2001 não expõe essa dicotomia; pelo contrário, ele a joga ralo abaixo. Tudo no filme aponta para uma transitoriedade da matéria e persistência da consciência. Sendo HAL um ser consciente, como são Dave e Frank, o filme os trata de maneira igual, independentemente de serem orgânicos ou inorgânicos. Essa é uma das muitas idéias subversivas de Clarke e Kubrick no filme.

 

P.S. com SPOILER: Em 2061, terceiro livro da série, Heywood Floyd se encontra com HAL 9000 depois da destruição do Discovery a partir da explosão de Júpiter. Ele passou por um processo similar ao do Dave, ou seja, libertou-se das amarras da matéria e tornou-se uma ferramenta na mão dos alienígenas que também construíram o monólito. Essa concepção, de que o pensamento é o que dá individualidade ao ser (e não sua espécie ou composição química), é muito bem trabalhada em todos os livros da saga.

 

Anjo da Semana no BBBCeC

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Agradeço aos que leram,e gostaram (e aos que não gostaram tbm,ao menos leram 06) da minha crítica.Suei pra escreve-la. 

Ficou curta,mas como eu disse no texto,é difícil falar de Barry Lyndon.Acho que o acúmulo de análises,nos festivais e no Cineclube dificultam bastante que a gente consiga acompanhar tudo.E isso é ótimo,diga-se de passagem.
Enxak2007-03-26 13:45:40
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Ainda sobre O Iluminado...

 

 

2. Sobre toda a questão sobrenatural do filme. Vejo muita gente dizendo que O Iluminado nunca deixa claro se ocorreram eventos sobrenaturais na história' date=' ou os fantasmas foram simplesmente imaginação de Jack... e discordo completamente. Ora, lógico que existiam fantasmas no Overlook - Danny e Wendy também os viram; e lógico que há a porção sobrenatural - Danny é "o iluminado", Halloran ouviu o "chamado psíquico" do garoto a quilômetros de distância, e assim por diante.[/quote']

 

Hmmmm... discordo que a sobrenaturalidade do filme esteja restrita aos fantasmas. Há um tom no filme de algo que está além do material, além do natural, mas isso não quer dizer que seja personificado somente pelos fantasmas.

 

Não é possível que os 'fantasmas' nada mais sejam do que alucinação dos personagens em função do isolamento naquele lugar?

 

Para mim' date=' a grande sacada de Kubrick é deixar no ar a questão se o Overlook foi mesmo o "culpado" por tudo o que aconteceu. Foi mesmo por causa dos tais fantasmas que Jack ficou louco? Ou ele teria ficado de qualquer maneira? Ou os fantasmas foram apenas uma desculpa bem-vinda? Afinal, Grady e os outros dizem a Jack exatamente o que ele quer ouvir, na minha visão... É como se Jack quisesse fazer tudo o que fez, mas estivesse esperando que alguém o incitasse a fazer, para depois poder se justificar - "Foi ele que mandou".[/quote']

 

Concordo, por isso que levanto a questão se na verdade a loucura de Torrance não foi causada pelo isolamento a que ele foi submetido.

 

 

3. Sobre Halloran. Bem' date=' eu não sou muito fã do final do livro exatamente por causa de Halloran (ele chega, salva Wendy e Danny, os três fogem e o hotel explode com Jack dentro). Fica aquela impressão de deus ex machina, de que o final poderia ter sido melhor mas King ficou com preguiça, depois de já ter escrito bastante.[/quote']

 

Pois é... quer final mais clichê do que esse? Embora Kubrick tenha mantido a essência dele (Jack morre ao final), é inegável que a sua conclusão é muito mais elegante e assustadora.

 

Mas Kubrick é um diretor que nunca se rendeu ao óbvio. E' date=' em O Iluminado ele não só foge do óbvio como faz uma piada com ele - e para isso Halloran está no filme, na minha opinião. O cozinheiro, também iluminado, que aparece no início do filme, recebe o chamado do garoto e atravessa o país para salvá-lo. Isso pode não incomodar muita gente, mas o espectador que conhece Kubrick se pergunta "Pô, Stanley, você vai se render a uma saída tão fácil?" E Halloran, depois de sua jornada, que aliás tomou alguns minutos do filme, chega ao hotel, heróico... e morre! Morre sem cerimônia alguma, inclusive. Chega, leva uma machadada e acabou.[/quote']

 

É a desconstrução do clichê. Spielberg comentou esse processo na sequência do 'muito trabalho, pouca diversão fazem de Jack um bobão', dizendo que pela estrutura da cena e do desenvolvimento do filme até aquele momento, o que se esperava era justamente o clichê: Wendy lendo os escritos e Jack assustando-a de repente e ao público também. E o que Kubrick faz? Descontrói o clichê mostrando Jack por vários instantes se aproximando de Wendy. Perdemos o susto, mas ganhamos arte. E King chora as mágoas..........

 

 

Para mim' date=' isso é Kubrick fazendo piada com o óbvio; logo no início, Halloran diz "Me peça ajuda, se algo ruim acontecer", e é um filme de terror, logo algo ruim irá sim acontecer. Desde o começo, o espectador já supõe que Halloran reaparecerá, para salvar o dia. E aqui está o reaparecimento. Talvez Kubrick tenha tido a intenção de zoar a cara do King, também, não sei. Para mim, foi genial, de qualquer maneira.

[/quote']

 

É esse tipo de sutileza que os fãzóides do livro e King não sacaram...

  

 

4. Sobre as cenas de horror "inúteis". Discordo totalmente dessa parte da resenha. Cinema é primordialmente imagem' date=' e Kubrick sabia disso. Eu acho válido quando um diretor foge um pouco do enredo, ou da lógica, para criar uma cena visualmente bonita, ou perturbadora, no caso. Dessa maneira, se, para criar cenas como a primeira aparição das gêmeas, ou a do quarto 237, que são antológicas, Kubrick deveria deixar um pouco de lado a "relevância que elas teriam à trama", para mim está ótimo.[/quote']

 

Nada a acrescentar. Sublime.

 

 

Afinal' date=' tais cenas, mesmo que não acrescentem nada ao enredo do filme, acrescentam muito à sua eficácia em deixar quem assiste perturbado. E, para mim, nesse caso, isso é o que importa.[/quote']

 

Idem aqui.

 

 

5. Sobre a tomada final' date=' para mim aquilo é uma espécie de generalização. Jack, o Jack pré-Overlook, é basicamente como qualquer um de nós, e qualquer um de nós é como o Jack pré-Overlook. "O zelador sempre foi você", diz Grady. Sempre pessoas como você. Pessoas normais.

 

Será que todos nós não deixaríamos aflorar nosso desejos mais escondidos (no caso de Jack, a dominação sobre a mulher e o filho) em uma situação propícia - isolamento + uma "justificativa"? É essa a pergunta que sempre me fica na cabeça quando sobem os créditos. E isso é o cinema de Stanley Kubrick.
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Essa sequência final embanana... Havia uma crítica interessante no Voz do Cinéfilo no site com uma explicação curiosa sobre a cena (e sobre o filme inteiro). Pena que parece ter se perdido na mudança de estética do site, dando espaço a uma única crítica do filme redigida por um fãzóide de King...

 

07

 
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Spartacus, por Noonan

Spartacus (1960). Com: Kirk Douglas, Laurence Olivier, Jean Simmons, Charles Laughton, Peter Ustinov, John Dall, John Gavin, Herbert Lom. Roteiro de: Dalton Trumbo, baseado no livro de Howard Fast.

 

Spartacus foi o filme mais importante para a carreira de Stanley Kubrick.

 

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Antes que o leitor fique indignado ao ver obras como 2001 ou Laranja Mecânica preteridas em relação a esse épico, devo lembrar que há uma considerável diferença entre “filme mais importante da carreira” e “filme mais importante para a carreira”. Spartacus foi uma experiência bastante traumática para Kubrick: contratado por Kirk Douglas, produtor executivo e ator principal do projeto, para substituir Anthony Mann, o diretor sentiu-se amarrado durante toda a produção — suas idéias raramente batiam com as de Douglas, que tinha a palavra final. Foi por causa de Spartacus, portanto, que Kubrick decidiu que nunca mais trabalharia como diretor contratado — garantiu que, dali em diante, só entraria em projetos nos quais tivesse liberdade criativa absoluta. E é por esse motivo que considero o filme como o mais importante para a carreira do diretor; foi o estopim que permitiu a realização das posteriores obras-primas do cineasta.

 

É um exercício interessante comparar Spartacus com os primeiros filmes de Kubrick, A Morte Passou por Perto e O Grande Golpe (Fear and Desire não conta, já que era renegado pelo próprio diretor e foi tirado de circulação): se nestes podemos perceber os primeiros traços de um jovem que um dia se revelaria um gênio, em Spartacus podemos ver o mesmo realizador de antes, já em condições de fazer um filme brilhante (afinal, a obra anterior do cineasta fora o inesquecível Glória Feita de Sangue), mas não fazendo, por algum motivo. É a diferença entre “esse sujeito ainda vai filmar uma obra-prima” e “ele poderia ter feito melhor dessa vez”.

 

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Isso não significa que Spartacus seja ruim ou medíocre, pelo contrário. Embora não esteja à altura das obras subseqüentes (com exceção de Lolita), o filme é um ótimo épico, mesmo tendo vindo depois de Ben-Hur. E, apesar de tudo, não há como negar que foi dirigido por Stanley Kubrick: sua assinatura inconfundível está lá, mesmo que um pouco apagada. Na beleza estética, podemos reconhecer o Kubrick que mais tarde nos presentearia com Barry Lyndon; no fundo político da trama, o Kubrick que mais tarde faria Dr. Fantástico e Laranja Mecânica; na escala grandiosa do filme, o Kubrick que mais tarde mostraria ao mundo seu épico peculiar, 2001: Uma Odisséia no Espaço.

 

Sem mais delongas, um resumo do enredo: Spartacus é um escravo trácio comprado por Lenulus Batiatus (Peter Ustinov, irrepreensível), que possui uma escola onde treina gladiadores. Durante uma visita do general Marcus Licinius Crassus (Laurence Olivier), Batiatus é persuadido a realizar dois combates que deverão se estender até que um dos oponentes morra. A situação é especialmente traumática para os escravos, que se vêem obrigados a lutar até a morte contra um amigo. A conseqüência é o início de uma rebelião na escola de gladiadores — rebelião que ganha aos poucos proporções épicas e se transforma no maior levante de escravos da história de Roma. Do outro lado, no Senado romano, estão o próprio Crassus, que vê na revolta uma oportunidade para adquirir poder, e Gracchus (Charles Laughton), que procura a solução que cause menos transtornos.

 

Um fator que diferencia Spartacus de outros épicos, e onde já se manifesta a marca de Kubrick, é que o maniqueísmo aqui é bem mais moderado. Todos os escravos são retratados como pessoas boas, simples, fazendo brincadeiras entre si, sem defeito algum, praticamente, mas o mesmo não ocorre no núcleo romano da história (que, por sinal, é o mais envolvente). Tomemos Gracchus como exemplo: simplificando as coisas, ele seria um dos mocinhos do filme, mas não é mostrado em momento algum como alguém perfeito ou completamente virtuoso — há inclusive um momento em que ele diz “Política é uma profissão prática. Se o criminoso tem o que você quer, negocie com ele.”, o que, infelizmente, não deixa de ser verdade.

 

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Esse fundo político da trama, aliás, é um dos melhores aspectos de Spartacus, e mais um que traz a marca de seu diretor. (O filme foi acusado de ser comunista na época de seu lançamento, e ainda trazia Dalton Trumbo, que estava na lista negra de Hollywood, nos créditos.) É extremamente interessante acompanhar as jogadas (não há outra maneira de defini-las) dos senadores romanos, que não pensam duas vezes antes de manipular alguém ou se utilizar de uma oratória invejável com o objetivo de enfraquecer uma visão contrária à sua. Usando mais uma vez Gracchus como exemplo: a certa altura do filme, ele indica Marcus Glabrus (John Dall), comandante da Guarda Romana e pupilo de Crassus, para ir ao encontro do exército de Spartacus e vencê-lo. O ponto é que há uma grande chance de Glabrus perder o combate e voltar humilhado — e, assim, quem o substituiria seria o comandante provisório (que, por sua vez, é pupilo de Gracchus). Outros momentos ótimos são as estratégias e contra-estratégias de Gracchus e Crassus, das quais não vou falar aqui por ocorrerem já com o filme bastante avançado.

 

E chegamos a Crassus, que pode ser definido como o vilão da história… mas as coisas não são tão simples quanto parecem. Como dito acima, Spartacus é um filme que foge do maniqueísmo em certo aspecto — e isso é notável quando se trata do personagem do general. Embora o roteiro dê a oportunidade de retratá-lo como um homem maléfico e terrível, Crassus se mostra como alguém que simplesmente decidiu se adaptar ao seu meio — Roma, no caso. A cena em que ele diz ao seu criado que Roma domina o mundo inteiro, e que a única escolha inteligente é admirá-la e servi-la, revela bastante de sua personalidade. Crassus considera Roma um império indestrutível, e vislumbra a chance de chegar ao poder. Méritos para Kubrick e, principalmente, para Laurence Olivier, brilhante — houve momentos em que eu cheguei a torcer pelo general.

 

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A direção de Kubrick também é ótima, embora não tão estupenda quanto a dos filmes que viriam a seguir, ou a de Glória Feita de Sangue. As seqüências de ação são incríveis, especialmente a batalha final entre os exércitos de Spartacus e Crassus: antes de ela começar efetivamente, Kubrick gasta vários minutos acompanhando a movimentação das tropas (em tomadas que certamente Peter Jackson viu), estabelecendo um clima de tensão admirável. Lançar um épico com cenas de ação marcantes apenas um ano depois de Ben-Hur e sua espetacular corrida de bigas é coisa para poucos. E, antes que me esqueça, preciso citar aquela que considero a melhor cena do filme: aquela <?:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" /><?:NAMESPACE PREFIX = ST1 />em que Antoninus recita um poema cujo tema é o retorno para casa. É lírica, esplêndida… seria Kubrick ensaiando para 2001?

 

Não há muito mais o que falar sobre Spartacus. Elogiar a fotografia, de Russell Metty, ou a bela seqüência de abertura, do genial Saul Bass, e demais aspectos técnicos seria chover no molhado, repetir o óbvio. Ao contrário das obras posteriores de Kubrick, esse épico (ou melhor, Kirk Douglas) nunca teve a intenção de dar margem a discussões complexas sobre o homem, a guerra ou a sociedade. Inclusive, quando decidi escrever sobre Spartacus, o fiz por imaginar que seria mais fácil (fui preguiçoso, admito). Quase me arrependi da escolha, depois de rever o filme duas vezes em dois dias e contemplar o cursor piscando numa página em branco durante várias horas. Acabei chegando a uma conclusão: é difícil escrever sobre qualquer filme do diretor. Mas isso não deveria ser uma surpresa para mim; afinal, estamos falando de Stanley Kubrick.

 

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A devoção do Noonan em rever o filme e resenhá-lo numa semana prévia de suas provas parece ter feito muito bem. Sua tática de fugir da personagem principal para analisar o contexto da situação - tanto da Roma retratada filme como das filmagens de Spartacus - foi  ousada e bem-sucedida. Na contra-mão de outros comentário, ele fugiu da redenção de Spartacus e a atuação de Kirk Douglas, preferindo retratar a política romana e questões escondidas no quarto longa-metragem de Kubrick, o seu "menos bom" dentre os que eu vi.
ltrhpsm2007-03-27 12:02:21
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Laranja Mecânica' date=' por ltrhpsm:

A Clockwork Orange (1971). Com: Malcom MacDowell, Patrick Magee, Michael Bates, Warren Clarke, John Clive, Adrienne Corri, Carl Duering, Paul Farrel, James Marcus, Aubrey Morris, Sheira Raynor, Anthony Sharp e Philip Stone. Roteiro de: Stanley Kubrick.

 

(resenha na página 6)

 
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Itt, se não for incômodo, peço pra que você por favor me envie um autógrafo pelo correio.06 Não tenho a menor dúvida de que veremos seu nome por aí. A crítica está sublime, extremamente bem escrita, estruturada sobre um tema (a sua descoberta do cinema) e, o que é especialmente interessante pra mim, completamente diferente da que eu fiz na época do Cinéfilo. Adorei as referências ao filme que você jogou no início do texto, impregnadas já na linguagem. Além disso, conseguiu traduzir perfeitamente para o português como foi sua libertação para o mundo do cinema, começando com uma breve introdução que dá idéia do que mais ou menos ele representava antes do filme, e numa analogia à própria obra do Kubrick, como tudo mudou depois dele. Como disse antes, ela está bem diferente da que eu tinha feito, algo que só ilustra o tamanho de Laranja Mecânica, sua universalidade, todo o cosmos de interpretações que ele desperta. Só acho que você exagerou um pouquinho quando envolveu um ato divino para a concepção do filme. Mas aí é subjetivo.

 

E desculpe o atraso, tenho ainda três resenhas e as respostas do Dook pra ler. Tá uma loucura isso aqui.0616

 
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Este festival está ótima, apesar de ter assistido poucos filmes do mestre Kubrick, eu li todas as críticas e só me fez ter vontade de procurar os outros, e em tempo a crítica de Laranja Mecânica está maravilhosa, e eu preciso urgentemente assistir Barry Lyndon.

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Avisei na CMJ que que os "defeitos" que eu enxergava no filme eram bem subjetivos' date=' e os filmes são o que são, afinal, não o que queríamos que eles fossem, como diria David Dunn.

 

 
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Hey! O David Dunn nunca disse isso! 06
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A Morte Passou Por Perto' date=' por Dan...

 

 

The Killer's Kiss (1955). Com: Frak Silvera, Jamie Smith, Irene Kane, Jerry Jarret e Mike Dana. Roteiro de: Stanley Kubrick e Howard Sackler (não creditado).

 

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Alguns diretores conseguem a proeza de, em cada uma de suas obras, implantarem pequenos detalhes que permitem o discernimento automático dos cinéfilos acerca de quem a está dirigindo. Basta visualizarmos um único plano do filme para subitamente percebermos que se trata de um trabalho do autor. Para não ir tão longe, cito dois profissionais que ainda continuam em atividade no cinema contemporâneo: Oliver Stone e Jonathan Demme. Stone prima pela diversidade de técnicas cinematográficas, sempre utilizando-se de artifícios visuais ousados e enquadramentos extremamente inusitados, enquanto Demme possui a irritante mania de filmar os diálogos de seus filmes em câmera subjetiva, algo que me enoja com facilidade. Porém, embora as marcas destes autores sejam bastante perceptíveis para qualquer espectador razoavelmente atento, nenhum diretor em toda a história conseguiu imprimir em suas obras marcas tão autorais quanto as do gênio Stanley Kubrick.

 

Esse detalhe já é perceptível logo em seu longa de estréia (o filme na verdade é o segundo do diretor, que já havia produzido anteriormente Fear and Desire, mas que fora retirado de circulação por Kubrick ter considerado sua qualidade muito discutível), o modesto, porém ótimo film noir A Morte Passou Por Perto. Grande parte dos elementos característicos do diretor, que viriam a marcar incisivamente suas obras subseqüentes, estão presentes, mesmo que em menor escala, neste seu pequeno projeto independente. Narração em off, uso do flash-back, experimentações com enquadramento e montagem, utilização constante de travellings laterais, fotografia pesada e rebuscada, iluminação forte, com luzes estourando na tela e composições visuais detalhadas são algumas das características mais marcantes da filmografia do diretor, e podem ser sentidas ao longo de toda a duração da obra.

 

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Estruturalmente, A Morte Passou Por Perto é um típico filme da época: na história, um boxeador (Jamie Smith), ao voltar para casa logo após perder uma importante luta, salva uma dançarina de cabaré (Irene Keane) das mãos de seu agenciador, um perigoso gângster Nova Yorkino (Frank Silvera). A partir desta ação, sua vida começa a correr perigo, já que decide proteger a dançarina das ameaças feitas pelo malfeitor, provocando a ira do mesmo e fazendo com que ele e a moça, pela qual acaba se apaixonando, tenham que se esconder dos capangas do mafioso Utilizando de maneira bastante simples os elementos básicos do cinema noir, como a fotografia escura, os ambientes degradados, o retrato do submundo noturno e a femme fatalle, mulher loira cuja maior característica é a capacidade de criar problemas astronômicos para o protagonista, Kubrick nos entrega um filme simples, porém muito eficiente dentro de suas limitações.

 

Limitações estas que, admitamos, são claramente perceptíveis ao longo da projeção. A Morte Passou Por Perto foi uma produção barata, independente, feita com pouco mais de U$ 40 mil, fato que gera alguns problemas principalmente a respeito de sua parte técnica. Os sons e diálogos, por exemplo, tiveram de ser gravados posteriormente às filmagens, em estúdio, pois Kubrick não possuía dinheiro suficiente para gravá-los durante as filmagens. Com isso, podemos notar, eventualmente, alguma falta de sincronia entre voz e imagem, além da falta de profundidade no som, mas nada que possa atrapalhar de forma muito abrupta a imagem da obra perante o espectador. Ademais, a pouca verba também influenciou na metragem do filme, que possui pouco mais de uma hora de duração, já que a aquisição de película e outros materiais necessários para filmagem de maior número de cenas ficara inviável.

 

Mas, ao notificarmos estes pequenos defeitos técnicos da obra, é que percebemos a genialidade incomparável de Stanley Kubrick. Mesmo submerso em tantas adversidades, o jovem diretor (estava com apenas 26 anos na época), que também assinara roteiro, produção, direção de fotografia e edição de som e imagem do filme, ainda conseguira produzir momentos de extrema qualidade, que não deixam a desejar diante de todas as obras-primas que viria a produzir depois, como 2001: Uma Odisséia no Espaço e Dr. Fantástico. Seus criativos enquadramentos de câmera e a ousada fotografia, que acrescentam à obra um charme único, tipicamente “kubrickiano”, nos proporcionam momentos de puro deleite visual, além de terem servido para mostrar ao mundo que o novato diretor não estava adentrando o universo do cinema à toa.

 

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Para exemplificar meu argumento, citarei e dissertarei acerca de três seqüências, que considero as mais importantes do longa, tanto em sua narrativa quanto para a carreira e aprimoramento técnico do diretor: a primeira, passada ainda na introdução da obra, é a já famosa cena da luta de boxe. Particularmente, não faço parte do grupo de adoradores do esporte, quanto menos de seu retrato no cinema (embora seja um grande entusiasta de Touro Indomável - por motivos que não chegam nem perto dos ringues), mas tenho de demonstrar minha admiração por esta seqüência filmada por Kubrick. Claro, não chegam aos pés das maravilhosas cenas captadas pelas lentes de Martin Scorsese no supracitado filme sobre a vida do boxeador Jake La Motta, mas também não faria sentido algum compará-las.

 

É impressionante a inteligência com que Kubrick posiciona sua câmera ao longo da luta. Inicialmente, suas lentes evitam a entrada no ringue, acompanhando toda a movimentação dos atletas por detrás das cordas, tremendo a imagem e enfocando principalmente a região peitoral, onde são proferidos a maior parte dos socos (reparem também na péssima qualidade dos efeitos sonoros, resultantes da já discutida falta de recursos). Conforme a intensidade da luta aumenta, a câmera passa a fazer parte da briga, sendo posicionada em meio aos dois atletas ou até mesmo tomando o lugar de um deles, subjetivando suas imagens (como na cena em que um atleta cai após ter levado um forte soco no rosto). É um trabalho visual bastante apurado, que intensifica a força das imagens de maneira singular.

 

A segunda cena separada por mim não é tão explícita quanto a anterior, passando despercebida por grande parte dos espectadores. Realmente é uma seqüência bastante sutil, mas permite que constatemos a classe com que Kubrick planejava as cenas de seus filmes. Falo do momento em que Davey, o boxeador, está conversando ao telefone com seu tio, poucos momentos após o término da luta. É incrível o número de informações passadas pelo diretor em uma tela e espaço de tempo tão pequenos. Em primeiro plano, vemos Davey, de costas para um espelho, falando ao telefone com o tio. Ao fundo, através do espelho, podemos enxergar toda a movimentação do apartamento da dançarina, que está se despindo após ter chego com o dono do cabaré. Portanto, temos o primeiro plano, composto pelo boxeador e todos os objetos existentes ao seu redor, um segundo plano, no qual estão presentes os reflexos do boxeador e dos objetos existentes ao seu redor, e, ademais, o terceiro plano, do qual fazem parte a garota e todos os objetos de seu apartamento. Tudo isso em uma tela 4x3. É estupendo.

 

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Já a terceira seqüência, na verdade, é o terceiro ato por completo, extremamente tenso e movimentado, bem ao estilo inconfundível dos filmes policiais da época. Porém, o diferencial aqui é grande: mais uma vez, Kubrick merece grande destaque por suas escolhas no tocante ao posicionamento e à movimentação da câmera, conferindo um realismo irrepreensível à perseguição que envolve o “cafetão” e o boxeador. Em certos momentos, principalmente naqueles passados sobre o telhado de um edifício, o diretor utiliza apenas os sons dos passos como trilha sonora, deixando um longo e interminável silêncio conduzir a cena de forma incrível.

 

Também é no terceiro ato que se encontra a mais famosa cena da obra: a luta entre os dois indivíduos em uma sala cheia de manequins, filmada de maneira extremamente “kubrickiana”, principalmente pelo uso da câmera-de-mão para conferir tensão - e, como de praxe nos filmes do diretor, o recurso funciona maravilhosamente bem. A luta é coreografada com precisão e realismo, fechando com chave de ouro um filme que, embora não seja uma obra-prima, abriu as portas do cinema para aquele que viria a ser o diretor mais importante de toda a história. Mesmo que inferior às suas obras seguintes, é um ótimo trabalho, e merece ser conferido com carinho pelos fãs do diretor. 

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Dando continuidade ao nosso Festival, uma crítica sobre um filme escondido na carreira do Kubrick, inclusive por ser um de seus primeiros e não ter um orçamento adequado, A Morte Passou por Perto. Um autor que já se tornou nome marcado pelos Fetivais do Cineclube, mas que também andava escondido, o Dan..., foi quem preparou a resenha. Àcima, o resultado. Uma curiosidade: este foi o último filme de Kubrick em que ele não se baseou em um livro para desenvolver o roteiro.
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Não vi e pra ser sincero nem li (medo de spoilers)... Tá aí mais um pecado a ser remido...
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2001: Uma Odisséia no Espaço' date=' por Alexei

2001: A Space Odyssey (1968). Com: Keir Dullea, Gary Lockwood, William Sylvester, Douglas Rain, Margaret Tyzac, Leoanrd Rossiter, Robert Beatty, Sean Sullivan e Daniel Richter. Roteiro de: Stanley Kubrick & Arthur C. Clarke.

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Desde o início da história, a capacidade de olhar para o céu e indagar seu significado é um dos elementos que mais individualizam a espécie humana dos demais animais que habitam o planeta Terra. Todos nós, mamíferos, aves, invertebrados, bactérias, temos invariavelmente as mesmas necessidades básicas: se alimentar, crescer, transmitir nossos genes, perpetuar a espécie. Mas a curiosidade, a reflexão e o respeito pela imensidão do infinito, que fazem tão bem a qualquer ser senciente, estão indubitavelmente entre nossos mais inspirados atributos.
 
Em contraponto, basta olhar ao redor para perceber como o ser humano vem se tornando cada vez mais inadaptado ao meio em que vive. A busca por novos alimentos para o corpo e para o espírito levou, paradoxalmente, à necessidade de uma artificialização progressiva. À medida que o homem invadia novos espaços, precisava cada vez mais de artefatos para subsistir; não bastava conquistar o novo território, era preciso mantê-lo. E isso ele jamais poderia fazer tendo sua própria carne como único veículo.
 
O que produziu essa aberração que é o ser humano? Por que isso aconteceu apenas conosco nesse planeta, e como? No final da década de 60, Arthur C. Clarke e Stanley kubrick propuseram, sob a forma de sons e imagens em película, uma resposta arrojada para tais perguntas: somos produto de uma intervenção externa. Este é o mote central de 2001: Uma Odisséia no Espaço (2001: A Space Odissey, 1968), um filme no qual o ciclo da vida, da morte e da transcendência que lhes permeia é retratado da pré-história a um futuro que ficou no passado e que, por estas e outras razões, foi imortalizado para sempre em nossas consciências.

 

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O início de 2001 é inteiramente dominado por um grupo de humanos, anônimos, do tempo em que éramos mais assemelhados aos demais símios do que somos hoje. Os afazeres de então, em sua essência, não mudaram muito ao longo dos séculos: alimentação, vestuário, segurança, conforto. O rompimento das preocupações com as tarefas mundanas e a busca pelo significado da própria existência são proporcionados por um monólito negro, a fagulha da auto-consciência materializada em um objeto de formas e dimensões perfeitas.
 
Em um sensacional salto no tempo, o osso que havia sido usado como arma há poucos segundos se transforma em uma estação espacial, momento em que é apresentada uma nova humanidade, mais proficiente tecnicamente porém igualmente orgulhosa de si própria e ainda apegada às mesmas atividades mundanas. O monólito precisa agir mais uma vez e é o que ele faz, apresentando-se na Cratera Raiada de Tycho, na Lua. Se antes ele havia sido a faísca do desenvolvimento tecnológico, agora ele desencadeia reflexões de ordem filosófica: Alguém além de nós fez isso. Quem? E por que? Para obter tais respostas a humanidade rompe novas barreiras físicas e vai a Júpiter a bordo da nave Discovery, em uma missão comandada por três seres. Dois deles são humanos, Dave Bowman (Kleir Dullea, excepcional) e Frank Poole (Gary Lockwood). O terceiro é mecânico: o supercomputador HAL 9000. Independentemente de serem compostos de carbono ou de silício, os três têm aspirações, desejos e medos, os quais invariavelmente colidirão em eventos de proporções trágicas. 

 

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Na concepção de 2001, HAL é tão consciente e digno de consideração quanto os demais componentes da tripulação, pois tem memória – o que lhe possibilita criar sentimentos –, curiosidade e desejo de aprender. Um universo de máquinas humanizadas e humanos mecânicos, tecnologicamente dominantes porém amarrados a paradigmas cartesianos, representa uma subversão tão grande dos conceitos da humanidade sobre si própria que não poderia ser apresentado de maneira superficial ou rápida ao espectador. Por esta razão é que Stanley Kubrick optou por uma estrutura narrativa que mais se assemelha a um balé. Seu filme se desenvolve cadenciada e harmoniosamente, associando uma trilha sonora clássica (tendo Assim Falou Zaratustra, de Richard Strauss, como ícone) a imagens de um apuro visual ainda hoje impressionante. Repletos de simbolismos, os poéticos frames de 2001 parecem pinturas dispostas em seqüência, acompanhados e uma música suave e contrastante com a brutalidade das idéias apresentadas.
 
O clímax do filme é, em todos os aspectos, a seqüência final na qual Dave Bowman, já próximo a Júpiter, parte numa expedição extraveicular com o objetivo de salvar a missão e, em último grau, sua própria sanidade. Dave vivencia o mesmo gênero de transição que os humanos primitivos do início, porém numa escala muito maior; na pré-história, o monólito liberta a mente primeva das amarras de uma programação biológica incompleta (o DNA) para desenvolver a tecnologia; no presente/passado/futuro de 2001, o monólito ajuda uma mente um pouco mais evoluída a libertar-se da própria matéria. Caem as últimas barreiras, as da carne e de suas naturais limitações – o que nos remete ao início desse texto. Desta vez sem artefatos, a consciência livra-se de sua prisão corpórea. Dave Bowman vê a si próprio e a sua história; Dave Bowman envelhece; Dave Bowman morre. Vida longa a Dave Bowman, agora renascido sobre a forma da criança-estrela. Toda a experiência, retratada sob a forma de uma verdadeira apoteose de sons e imagens, tem diferentes significados para cada pessoa que a vê, mas o sentido final, de libertação e transcendência, é acessível a qualquer um de nós. Assim como foi para Stanley Kubrick, cuja passagem não deve ter sido menos gloriosa.

 

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Texto direto, preciso e emocinalmente harmônico, sem cumprimentos, conferido pelo Alexei à obra-prima da ficção científica, que perdura até os presentes dias com muita polêmica, dúvidas, interpretações e análises - mas marcada pelo conceito da perfeição; 2001: Uma Odisséia no Espaço. Além de conter uma estrutura leve, o texto permite ao espectador saborear o filme e mastigá-lo na direção certa, porém, à vontade.
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Sem palavras... 131313131313

 

Alexei para o Pablito do ano que vem já!!!

 

Enfim, toda essa leitura de 'libertação' (a qual eu concordo), me fez pensar se isso não pode ser encaixado dentro de um prisma espiritual.
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Acabei de ler a critica do Sopa. 131313

Excelente!! Tá muito bem escrita, além de traduzir muito bem a obra.

Quero um autógrafo também! 06

Laranja Mecânica pra mim é, de longe, o melhor filme que eu já vi... Impossível retratar em palavras a sensação que eu tiva quando o filme terminou. A única coisa que me vem na cabeça é: Obra-Prima.
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Bom, agora a única crítica que eu não li foi a de Spartacus... spoilers?

 

Bom, ao que vai:

O Iluminado --> boa a crítica do Foras, embora minha opinião sobre o filme já foi meio que sintetizada no post do Dook. Além disso, acho que o filme flerta um pouco com o trash, mas a cena da Shelley Duvall correndo com um machado na mão não chegam a me fazer rir, mas sim de um jogo do Kubrick com o óbvio, com vc não poder torcer pra ninguém (embora talvez um sushi de Wendy não faria mal a ninguém 19). O filme brinca com o mundano e o fantástico, o natural e o sobrenatural; então achei interessante a colocação dos personagens: um é Torrance/Nicholson, um é a débil mental da Wendy, os outros são quem tem uma visão menos prejudicada sobre as coisas. O Kubrick pra mim não deixou muito claro se tem ou não o sobrenatural, pq todos ali são meio perturbados, e isso num filme de terror fica muito foda. Clube da Luta também usa de um recurso que O Iluminado usa: o nome Jack, sendo esse um dos mais comuns para os anglófonos; um cara comum acaba acabando no que acabou o filme.

Eu acho um filme de ficar perplexo, pq ao mesmo tempo em que não é um terror comum, ele faz um jogo com o terror comum, talvez até uma manipulação do Kubrick se faça funcionar por aqui para dar mais impacto as cenas, o que foi positivo pra mim... btw, discordo sobre as coisas que 'nada acrescentam ao enredo'; acho que até a própria vida não é composta de enredo, o filme não está num crescendo lógico, mas sim artístico e emocional. A inclusão do Danny na trama é mais um ingrediente para a salada que o Kubrick faz com os personagens e gera cenas antológicas, como as dele com o triciclo e a beirando o camp com o Jack berrando DAAAAANNYYYYYYY... e além disso, o filme coleciona cenas assustadoras, o rio de sangue (13), aquelas duas menininhas (13), a morte do Halloran como inversão de expectativa...

 

Dr. Fantástico --> só assisti esse filme uma única vez, recheada de incontáveis e inúmeros wtfs que eu pronunciava. Eu até me estranhei um pouco porque o tal Dr. Fantástico aparece em apenas duas cenas do filme, que eu não entendi porra nenhuma de início, mas me diverti pra cacete. Me aparentou bem como um delírio, dispor os fatos de maneira absurda, e a inserção de um doutor nazista mein führer é bem oportuna para uma ironia kubrickiana... achei a crítica do Silva bem eficiente em levantar os aspectos do filme, não tenta esclarecê-lo, mas apenas dar mais uma base para que possamos pensar nele... muito bom.

 

Laranja Mecânica --> muito boa a crítica do Sopa também, bem preocupado, e quase detalhista; as vezes meio pesada. Muito sincera, e revela muito bem o caráter de impressão. O tópico desse filme até foi movimentado por aqui, e acho que já dei minha opinião sobre essa top comedy lá. Nada a acrescentar.

 

Barry Lyndon --> gostei da resenha do Enxak, embora alguns momentos eu tenha perdido um pouco, é bem sintética e eficiente também em mostrar o que o filme transmitiu pra ele, e tbm pra mim.
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Lolita, por Jack_Ryan:

Lolita (1962). Com: Sue Lyon, James Mason, Shelley Winters, Gary Cockrell, Jerry Stovin, Diana Decker e Lois Maxwell. Roteiro de: Vladimir Nabokov & Stanley Kubrick (não creditado).

 

Stanley Kubrick dizia gostar de adaptar livros medíocres, pois eles rendiam bons filmes. Assim sendo, não chega a surpreender a ironia de que o livro mais célebre adaptado para o cinema pelo diretor tenha resultado em sua obra de menor prestígio – com as possíveis exceções de Fear and Desire e A Morte Passou por Perto, obras do início da carreira do diretor. Trata-se da adaptação do romance Lolita, escrito pelo russo Vladmir Nabokov, narrando a estória do professor Humpert Humpert, que se apaixona pela personagem título, uma menina de apenas 14 anos.


O primeiro passo para analisar Lolita deve ser, então, buscar razões com que se possa justificar o motivo de ser essa a obra que menos agrada o público. O motivo mais óbvio é o tema, bastante indigesto. Afinal, todo ser humano tem um limite de tolerância para com a torpeza da vida e da humanidade, e o sofrimento de crianças e jovens, em especial por motivos sexuais, excede esse limite para muita gente. Isso pode ser especialmente verdadeiro para espectadores conservadores e para pais e mães que vejam na menina Lolita suas próprias crianças. Com relação aos cinéfilos, em especial os fãs do diretor, o motivo anterior perde força, e o que provavelmente mais pesa contra Lolita é a comparação com os outros filmes de Kubrick. É provável que, ao assistir a esse filme, se tenha em mente a ousadia narrativa e visual dos clássicos 2001 – Uma Odisséia no Espaço e Laranja Mecânica, e Lolita, bem menos ousado e inovador, sai perdendo.

 

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Não obstante, nada disso significa tratar-se de uma obra pequena ou medíocre. É possível notar a mão talentosa de Kubrick em diversas seqüências. Tomem-se como exemplos a conversa entre Humpert e o psicólogo da escola de Lolita, o encontro de Humpert e de Clare Quilty na varanda do hotel e a perseguição na auto-estrada, todas elas realizadas com maestria, criando tensão de uma forma que poucos diretores conseguiriam extrair de seqüências tão “simples”. As duas primeiras cenas citadas acontecem em ambientes escuros e claustrofóbicos, e contrapõem os personagens de maneira que o resultado é o que mais perto se poderia chegar de um duelo de faroeste expressionista. A seqüência da perseguição de carros, além de tecnicamente excelente, é também emblemática, pois marca o ponto a partir do qual o pouco controle que ainda restava a Humpert sobre sua vida termina. A partir dali, os acontecimentos o carregam, sem que ele consiga impedi-los, até que o personagem chegue a seu trágico destino.


Mais interessante do que os méritos técnicos, porém, são os questionamentos que a obra levanta e os temas que ela aborda. A segunda versão cinematográfica para o romance dá especial atenção para o motivo pelo qual Humpert se apaixona por Lolita – havia tido, na juventude, uma namoradinha que faleceu. A versão de Kubrick não perde tempo justificando os motivos do personagem. O que importa é o comportamento obsessivo de Humpert, sua degradação mental, a perda do seu caráter, e eventualmente, a maneira como a obsessão de Humpert destrói todos os que entram em contato com ela. Kubrick transforma uma vaga noção de amor que o personagem teria pela menina, e o arremessa em um redemoinho que inicialmente, por ser muito amplo, não dá a impressão de estar puxando Humpert para o fundo. Pois o amor tem mesmo uma faceta obsessiva, que obviamente não se manifesta em todos na forma corrosiva que destrói Humpert, mas que é capaz de, em alguns momentos, trazer à tona o pior de cada pessoa. Quando o amor é sadio, porém, essa exposição é seguida de compreensão e o que termina por ficar à superfície mesmo é o que cada um tem de melhor. Isso não ocorre com o personagem principal de Lolita por dois motivos. O primeiro é óbvio, sua própria natureza instável. O segundo se refere a sua amada, e ao comportamento dela em relação a ele.

 

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E surge disso um outro questionamento essencial da obra: até que ponto existe mesmo a tal inocência da juventude. A personagem título não é exatamente uma criança, mas para a época em que o romance foi escrito, ainda deveria estar na idade da inocência. Não obstante, ela manipula e engana Humpert seguidamente. Seria apenas um reflexo da presença negativa dele e da proximidade entre os dois? Teria ela consciência das regras que infringia – não apenas leis, mas também regras sociais? Considerando que há um debate sempre acirrado em relação à diminuição da maioridade penal no Brasil, Lolita é uma obra que, mesmo após mais de quatro décadas, não deixa de ser atual. Pois se no filme o catalisador da “maldade” da personagem é o sexo, na vida real são a miséria e o crime, mas que diferença existe mesmo entre Lolita e os menores envolvidos no tráfico de drogas? Seria possível evitar a virada deles para o caminho do crime apenas retirando a presença negativa que os cerca? E se sim, por que é que jovens de classe média também se envolvem com o mundo do crime?


Enfim, quando se pensa não apenas no caráter atemporal de sentimentos como amor e obsessão, mas na criminalidade infantil e nos casos de pedofilia, envolvendo até membros do clero, percebe-se que é pouco provável que Lolita deixe de ser uma obra atual. E isso é provavelmente a maior conquista a que uma obra de arte pode almejar, pois críticos e opiniões vêm e vão, mas quem dá a última palavra é sempre o tempo. A única maneira digna de terminar essa resenha é lembrar a memorável atuação de Peter Sellers (ou mais uma delas) e dizer que, apesar de ser um dos filmes menos prestigiados do diretor, Lolita tem um mundo a oferecer ao espectador, se ele tiver estômago para embarcar na jornada. Em uma palavra, é Kubrick.

 

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Não pude ler esta, por medo de spoilers; porém, planejei ver Lolita (e ler a resenha do Jack_Ryan) no começo de abril, de preferência, no final de semana seguinte ao encerramento do tópico - para tentar sacudi-lo novamente.

 

Agora, ruby, sobre a minha crítica: não entendi o que você quis dizer com "às vezes meio pesada". Parece que O Iluminado foi o que mais rendeu discussões, não? Talvez, por isso, eu tenha começado e terminarei com ele. Acho que devo participar na Mega-Sena semana que vem, hehe.
ltrhpsm2007-03-28 02:06:46
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Também é boa a crítica do Jack Ryan... achei que ele levantou bem o aspecto do Kubrick gostar de adaptar livros medíocres e esta se tornar uma obra menos conhecida... vi esse uma vez apenas também, e até a um relativo tempo; mas me pareceu que com o diretor trabalhando com um material seguindo fielmente, e às vezes funciona, tanto é o que o Jack levantou na crítica dele; mas é que Lolita se apóia/precisa se apoiar muito em James Mason, que ora me convencia, ora eu achava canastrão. eu precisaria rever, mas o Kubrick que viria a aparecer depois pra mim, se mostrou em poucas partes do filme, como no final (spoilers - o do filme e o dentro do filme) e no personagem de Peter Sellers.

 

Sopa, acho que dá pra ler a crítica numa boa, ou pelo menos ler de relance pra poder postar as figurinhas... 06

 

Agora' date=' ruby, sobre a minha crítica: não entendi o que você quis dizer com "às vezes meio pesada". [/quote']

 

tanto pelo jeito de escrever, quanto pela ênfase e (especialmente 06) pelo tamanho, quase um pouco prolixo mesmo...
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Esta quarta-feira, no Festival de Kubrick:

 

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Uma personagem de um filme do Indo-Americano M. Night Shyamalan voltará à ativa? Justamente com o Kubrick? Num audacioso plano de jóquei? Encilhamento? Confiram, à noite.

 

É' date=' minha crítica ficou sem figurinhas 04

 

06

 

Corri pra entregar a crítica dia 22 e hoje descubro que ela recém foi postada, hehehe. Vou ver se amanhã eu leio as resenhas já postadas e faço comentários.
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Jack, eu mandei uma MP para todos os usuários inscritos, pedindo a confirmação; para que eu ficasse tranqüilo. Infelizmente, você pôde vir apenas no dia de entregar, não que eu desconfiasse de você, proém tinha de deixar tudo programado, caso você não pudesse vir. E, s evocê não voltasse, eu ainda teria de arranjar alguém para resenhar Lolita, daí adiei (dando tempo para um outro alguém escrever, o que - graças - não foi preciso). Desculpe-me, espero ter deixado claro.

 

E já coloquei as figuras; é que eu só estava encontrando a mesma. Nem pôster, eu consegui arranjar diferente.

 

 

Agora' date=' ruby, sobre a minha crítica: não entendi o que você quis dizer com "às vezes meio pesada". [/quote']

 

tanto pelo jeito de escrever, quanto pela ênfase e (especialmente 06) pelo tamanho, quase um pouco prolixo mesmo...

 

Pô, magoou... 04 Nem adianta fingir rindo, seu miserável. 110606 Não fossem suas ajudas, eu iria atrás da sua cabeça. 06
ltrhpsm2007-03-28 13:20:54
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