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Foi Apenas um Sonho (Revolutionary Road)


Bart Scary
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É basicamente o evento que fecha o filme, quando a estrutura do casamento já foi pro brejo há um certo tempo. A semente desse ato, segundo entendi, é consequência direta das escolhas feitas por Frank, que é justamente quem recebe o olhar torto de Mendes pelo conjunto da obra.

 

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O que mais me incomodou no argumento do filme foi o fato de que April foi vitimizada e Frank foi demonizado por completo. O casamento já estava falido e a insistência era de que Frank' date=' por ser incapaz de dialogar com a esposa, era o principal culpado. A própria postura covarde de April, sugerindo a adoção de um ato de rompimento com a rotina que era uma verdadeira loucura (a viagem a Paris com crianças pequenas e os dois desempregados), não foi objeto de qualquer investigação no filme. Pelo contrário, foi tratada como um gesto de coragem pelo matemático quando, de fato, era o extremo oposto.

 

O matemático, aliás, é o pior elemento estrutural do roteiro, disparado. Ele torna verbal (por meio de gritos e caretas, o que é pior) o que já estava sendo esfregado na cara do espectador desde o começo. Com isso Sam Mendes mostrou o quão inseguro ele estava quanto à missão de transmitir ao espectador a essência do fime. Faltou refinamento na linguagem cinematográfica.
[/quote']

 

Sabes, Alexei, que essa estória da mudança pra Paris foi o que, por um breve momento, me fez acreditar que o filme seria bom? Ele começa com aquela discussão patética entre os dois, desenhando um enredo clichê de casal em crise, bla bla bla. Depois que eles anunciam a tal mudança, acreditei que o filme abordaria a reação da sociedade contra aqueles que fogem do normal. Nesse momento eu tive esperança. Mas durou pouco, pq veio o matemático, a gravidez, e aí a vaca foi pro brejo. Aí caímos exatamente no julgamento simples e na falta de ousadia do Mendes.

 

No fim das contas, acredito que ele foi covarde e perdeu a chance de utilizar bem o material que tinha em mãos.

 

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É basicamente o evento que fecha o filme' date=' quando a estrutura do casamento já foi pro brejo há um certo tempo. A semente desse ato, segundo entendi, é consequência direta das escolhas feitas por Frank, que é justamente quem recebe o olhar torto de Mendes pelo conjunto da obra.

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Concordo contigo e com o Alex, o Frank entra em cena mesmo com um atestado de vilão pairando sobre ele. E sai de cena com esse atestado desenhado pro espectador.

 

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Ordinário, como alguém já disse. O roteiro é tão ruim, uma história comum, mediocre, um casal fadado ao fracasso.

 

Achei as atuações realmente muito boas, dramáticas, fortes, mas não ajudaram a salvar o filme. Só não parei de olhar por que realmente gostei da atuação de ambos.

 

 

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Mais uma surpresa...

Achei a performance do Shannon uma metáfora perfeita para o filme, momentos onde beira o genial em sua entrega à personagem, mas acaba oscilando para um transmissor irritante de informação. Sam Mendes sabe filmar, achei diversas cenas magníficas em sua composição (por exemplo as que captavam alguém por trás). Mas ninguém gosta de algo pré-digerido...
Assim como o Daniel, não vi esse julgamento intrusivo do diretor, principalmente porque há cenas para entender o lado de ambos. O desconcerto do Frank, por exemplo, está longe de crucificá-lo, na minha opinião. Também não acho April um monstro (se fosse, teria fugido pra Paris em um lampejo egoísta, não?). O que vi foi um casal fracassado se entregando totalmente às adversidades, quase sempre mais maciças que a vontade de realizar um sonho. O plano deles era tão audacioso, que vem quase como um tapa para o expectador. E no entanto, mesmo sem o terceiro filho ou a oferta de emprego, fica a impressão de que com aquela instabilidade, o sonho estava fadado ao fracasso, sem que ninguém pudesse fazer nada para mudar.

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Acho que esse negócio da viagem não era para ser levada exatamente ao pé-da-letra. Era uma forma de liberdade para o casal, só que Frank já estava conformado com sua situação. A própria April não cansa de dizer "não precisava ser Paris".

 

Eu adorei. Também não acho que Mendes crucifique um ou outro. Frank e April se amavam, mas esse amor acabou sendo esgotado por uma vidinha medíocre. Ele vê o lado de cada um: April é uma mulher impulsiva que imaginava tudo na sua vida, menos isso. Frank um cara que passou a vida inteira sentindo pena do pai, mas que infelizmente acabou seguindo seus passos.

 

Algumas coisas são óbvias, mas não o todo. Por exemplo: aquela cena do café-da-manhã chega a ser brilhante ao mostrar as tentativas de April em conversar com o marido (não que ele não tente entrosar com ela, NÃO!). Mas ao perceber que só num café-da-manhã, ela já ficara entediada, ela percebeu que assim seria o resto de sua vida: uma série de tentativas de fugas fracassadas por um ou outro motivo. Aquele choro dela já diz quase tudo.

 

Outra coisa que eu gostei é que cada personagem é complexo, por menor que seja. Talvez nem seja mérito de Mendes ou Haythe, mas do livro de Yates, mas os personagens são muito bem construídos, desde o casal principal, até o casal amigo deles, passando pelos velhinhos e pelo matemático louco. O choro da Katheryn Hahn simbolizando a inveja de ver alguém se livrando dessa prisão, o olhar de frustração de Kathy Bates ao ver o filho mais uma vez louco (como se pensasse "ai de novo não), a curta cena em que o David Harbour chora ao saber da April, o olhar de estranhamento do Leonardo DiCaprio ao ver a mulher de bom humor  depois de uma terrível briga, etc. Coisinhas pequenas, mas que mostra que existe sutileza no filme.

 

Agora o que eu não gostei de jeito nenhum foram as tentativas mal-sucedidas de Mendes ao enfiar de qualquer jeito alguns toques cômicos: são horrorosos e inadequados.

 

Leonardo DiCaprio merecia com certeza uma indicação ao Oscar. Achei-o melhor até que Winslet (que também está fenomenal). O cara domina mesmo, é de longe sua melhor atuação.

 

A fotografia do Deakins está estupenda e a trilha de Newman merecia maior reconhecimento.
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Revisto hoje:

 

- A cena da discussão no carro' date=' além de um show de fotografia (Deakin ROCKS!), é o único momento de histeria que realmente funciona;

 

- A trilha pode ser discretíssima, mas tb é bem eficiente;
[/quote']

Eu não chamaria a trilha de discreta. Achei até bem marcante. Uma das coisas que mais gostei no filme.

 

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Acho tão cômico dizer que o Shannon é a melhor coisa do filme... srsrsr.

 

Estudo de personagem genial esse roteiro. São tão bem construídos e cheios de subtextos que a cada cena, orgasmos ploriferam. Já começa pela cena inicial no teatro, onde Winslet mostra o que é ser uma ATRIZ realmente. Dali em diante, é uma coisa melhor que a outra (em todos os campos do filme) culminando naquele final extremamente maduro e cruel. Acho genial a abaixada no volume... Esse momento é mais eficiente que todo o Beleza Americana.

06FeCamargo2009-02-28 20:30:35

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Nossa, que posições contrastantes... rsrs

 

Não sou nem 8 nem 80. Acho o filme ótimo, um dos melhores do ano (mas não o melhor), mas não considero o filme a obra-prima da década que alguns críticos e o FeCamargo acharam.

 

Tá, acho Beleza Americana superior, mas Beleza America junto com Senhor Dos Anéis: O Retorno do Rei são os meus filmes favoritos.

 

 

 

O Shannon da uma boa atuação, mas acho que o filme funcionaria melhor sem esse personagem. Ele basicamente mastiga tudinho para o espectador, além de servir como um alívio para a narrativa, já que diz aos personagens o que o espectador gostaria de dizer, aliviando um pouco assim a sensação de raiva e sufoco extremo que o filme poderia transmitir. Entretanto, o Shanon consegue milagrosamente que essa alegoria ambulante não soe forçada.

 

 

 

Já sobre o filme, gosto muito do fato do filme não tentar suavizar as coisas (fora o Shannon)e muitas vezes discutir os temas com crueza e crueldade.

 

Só acho que não consigo gostar tanto do filme porque não consegui me identificar com os personagens, diferente de Belza Americana ou com a família de o casamento de rachel, e também pelo fato de que vc desde o início percebe que o plano de ir para Paris irá para o buraco. Se conseguíssemos acreditar nisso e depois vissemos ele se destruindo, o filme teria um impacto MUITO mais forte (isso tb cansa porque vc passa metade do filme esperando chegar a hora da destruição dos sonhos, dando uma sensação de "anda logoooooooooooooooooo" para o início do filme).

 

As crianças serem meros coadjuvantes não me atrapalhou. Acho ate que funciona melhor sem elas porque assim o filme se centra mais em mostrar o desmoronamento do relacionameto de Frank e April e não da família de Frank e April, o que tem uma certa diferença.

 

 

 

Acho o filme bem superior a Pecados íntimos (Little Children), bem mais elogiado e premiado faz alguns anos. Até hoje eu não sei explicar o que faltava naquele filme (que considero apenas razoavel, não sei direito porque), mas sei que considero Revolutionary Road bem superior a ele.

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  • 3 months later...
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Adoro quando um filme gera várias opniões diferente, isso mostra que o filme é bom.

O filme cria um paradox entre sonho e realidade, onde DiCaprio mostra o lado real e Kate o lado do sonho. Também achei legal esse lance de deixar as crianças e focar mais no casal em si. Gostei que o lado real prevalece, pois é assim mesmo que acontece, e mesmo assim, não faz das nossas vidas mediocres. Acredito que você mesmo faz da sua vida dessa maneira, como o próprio Frank falou, poderiam eles, serem felizes onde estavam, só mudar o que achavam errado.

No resto o filme também funciona muito bem. Atuações, direção, trilhar, tudo bem trabalhado. 
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Adoro quando um filme gera várias opniões diferente' date=' isso mostra que o filme é bom.

[/quote']

 

 

Isso mostra que a qualidade do filme é discutível, isso sim. 06

 

07

Pode ser. Independente isso, eu continuo gostando quando um filme gera vários interpretações.
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Gostei muito do filme, ainda fresco na mente, muitas interpretações, mas no geral a dupla que possibilita a qualidade do filme, estão irretocavéis. Não entendi a não indicação da Winslet por este, obviamente superior a "Reader"; e a esnobada do DiCaprio. Gostei de quase tudo - odiei a música. E a Kate realmente é a melhor coisa do filme, perfeita, sua melhor interpretação, eu diria.

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  • 1 year later...
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Adotando um verniz de introspecção
maturada passados nem dez anos anos de sua estreia como cineasta,
debruçando-se sobre o estilhaçar da ilusão do “sonho americano” num
subúrbio de Connecticut na década de 1950, Mendes explora o choque de aspirações entre um jovem casal de mentalidade progressista (DiCaprio e Winslet,
nunca melhores), cujas partes estão cada uma em busca de si próprias há
algum tempo, sem sucesso, o que ocasiona uma grave crise marital.


Deixados de lado os floreios estilísticos exuberantes e a verve que tornaram Beleza Americana
um marco moderno, a aposta recai na sobriedade para pintar um quadro
revelador da hipocrisia numa sociedade contentada com falsas aparências,
porém resiliente o bastante para sufocar aspirações individuais.


Assistir à gradual dissolução do
casamento dos protagonistas, enquanto se torce pelo remédio de um final
feliz, é uma experiência angustiante.

9/10

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