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Forum Cinema em Cena

Encarnação do Demônio


Christopher_P
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Querem um exemplo? Os filmes dos Trapalhões estão saindo em DVD(sou um fã !!!)...a notícia está repercutindo em vários setores da mídia. A mesma mídia que sempre agrediu os filmes que Didi e sua turma faziam.

 

 

Infelizmente isso é verdade foi só o Zacarias e o Mussum morrerem que a mídia passou a valorizar mais os filmes dos Trapalhões

 

Será que só agora dão valor?17

 

Sim! Tanto que só agora em 2008 é que estão dando os merecidos prêmios de homenagem para o Renato Aragão pelos filmes

 

Agora' date=' nem espaço dão para o Mojica. E quando falam mal, são usados argumentos pífios.[/quote']

 

infelizmente essa é a realidade do atual cinema brasileiro

 

 

cinéfilo2008-08-14 16:06:39

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do site bocadoinferno, especializado em filmes de... terror.

 

 

ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO
(Encarnação do Demônio / The Embodiment of Evil)


José Mojica Marins marca seu retorno protagonizando e dirigindo Encarnação do Demônio, encerrando uma trilogia iniciada por À Meia-Noite Levarei sua Alma, de 1964, e Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver, de 1967. Após 30 anos preso numa cela para doentes mentais, Zé do Caixão é finalmente libertado. Novamente em contato com as ruas, o sádico coveiro está decidido a cumprir a mesma meta que o levou preso: encontrar a mulher que possa lhe gerar um filho perfeito. Em seu caminho pela cidade de São Paulo, deixa um rastro de horror, enfrentando leis não naturais e crendices populares.

 

CRÍTICAS

Posso afirmar categoricamente que o terceiro episódio da saga do sádico coveiro ZÉ DO CAIXÃO é a melhor produção nacional dos últimos 20 ou 30 anos. Uma obra de hipnótico impacto visual, com uma Direção de Fotografia espetacular de José Roberto Eliezer. Os talentos que auxiliaram nosso querido Mojica foram muitos. Começando com o roteirista Dennison Ramalho, que dirigiu o clássico curta metragem Amor Só de Mãe. Além do talentoso Dennison, a montagem ficou a cargo de Paulo Sacramento, o melhor em atividade no Brasil. Os efeitos especiais assustadores foram feitos por André Kapel responsável por cenas extremas de auto-canibalismo, numa sutil citação ao clássico da boca do lixo, "O Pasteleiro", episódio do longa "Aqui Tarados", de David Cardoso. Duas cenas porém se sobresaem em sua mescla de grotesco e sublime: aquela da mulher saindo da carcaça de um porco e a polêmica sequência do barril de baratas vivas. Sequências raras, que remetem ao mais surreal dos pesadelos.

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A presença no elenco do genial Jece Valadão é sensacional! O momento em que ele dá uma surra na ex-mulher é muito absurda e remete a todas as performances clássicas do ator quando interpretava o machão cafajeste, papel que marcou sua carreira e construiu o seu mito. A busca de Zé do Caixão pela mulher superior que irá gerar seu ficho ganha em "Encarnação do Demônio" extremos raramente vistos em nosso cinema. O filme já é um clássico instantâneo do cinema extremo, com sofisticadas referências de toda uma filmografia de gênero que os fãs mais ardorosos vão reconhecer com certeza.

As sequências da macumba, da chuva de sangue sobre os amantes - que remete a "Coração Satânico" - e a descida ao Inferno são outros grandes momentos do filme. Mesmo assim, o personagem Zé do Caixão está presente de maneira plena, o filme tem seu espírito, sua força, Mojica não foi domesticado pela produção grande que envolveu esse filme: está ainda mais sádico, ainda mais forte, com muito mais personalidade.

As sequências dos corpos suspensos por ganchos são de grande impacto. A montagem correta de Sacramento e o roteiro muito bem solucionado ajudam a criar no espectador uma sensação única ao ver "Encarnação do Demônio" em uma tela de cinema. O filme é um deleite para os sentidos, para paladares sofisticados que adoram grandes filmes de horror. Comparando com a conclusão da Trilogia das Mães, de Dario Argento, afirmo mais uma vez categoricamente que Mojica foi mais bem sucedido que o italiano. A Lenda continua e Mojica merece com certeza nossos aplausos.

Marcelo Carrard

Quando a maioria das pessoas escuta o nome Zé do Caixão, logo vem a cabeça a imagem do velho doido que aparecia na TV com unhas compridas e roupa preta para rogar praga nos outros. No entanto, o personagem é muito cultuado pelos fãs de terror do mundo todo graças aos filmes do ator e diretor José Mojica Marins.

Na segunda-feira (28/7), assistimos a uma sessão especial para a imprensa de "Encarnação do Demônio", a última parte da trilogia do Zé do Caixão iniciada em "À Meia Noite Levarei Sua Alma" (1964) e "Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver" (1967), ambos lançados em DVD pela Cinemagia.

"Encarnação" era um sonho de Mojica há mais de 40 anos e, por motivos de força maior, nunca era realizado. Graças aos esforços de Paulo Sacramento o filme conseguiu a verba necessária. O longa é dirigido pelo próprio Mojica, que também escreveu o roteiro junto com o cineasta Dennison Ramalho (Amor Só de Mãe). A produção ficou por conta da Olhos de Cão em parceria com a Gullane Filmes, com distribuição da Fox Film.

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O filme narra a história de Zé do Caixão ao ser libertado da cadeia, depois de 40 anos. De volta às ruas, o coveiro sádico está decidido a cumprir a meta que o levou à prisão: encontrar a mulher que possa gerar seu filho perfeito. Em seu caminho pela cidade de São Paulo ele deixa um rastro de horror, enfrentando leis não naturais e crendices populares.

Com certeza, o filme será um verdadeiro marco na forma de pensar cinema fantástico no Brasil, e até mesmo no mundo. A estética realista e ao mesmo tempo lúdica nos leva a ficar do lado do pervertido personagem, mesmo quando ele enfrenta políciais e cidadãos, além de superar em muito a violência vista em filmes como "Jogos Mortais" e "O Albergue". Destaque para as interpretações marcantes de Milhem Cortaz (Tropa de Elite), que mostra sua veia cômica teatral e de Jece Valadão, que morreu durante as gravações do longa, mas que fez um descontrolado chefe de polícia.

Raphael Fernandes
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ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO

por Felipe M.Guerra

Zé do Caixão ataca no século 21 e ensina a nova geração a fazer terror


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Em 1966, no final de ESTA NOITE ENCARNAREI NO TEU CADÁVER, o jovem Zé do Caixão, interpretado pelo diretor José Mojica Marins, afundava num pântano, cercado pelos esqueletos de suas inúmeras vítimas, enquanto, da margem, a população da vila que ele aterrorizou acompanhava a cena. Entre eles, havia um padre. Originalmente, como a cena estava descrita no roteiro de Marins, o vilanesco Zé, ateu confesso, afundaria para a morte gritando, num último suspiro: “Eu não acredito em Deus!”, fazendo chacota do padre que insistia em clamar para que ele se arrependesse e encomendasse a alma aos céus. Tudo muito lindo e maravilhoso, se não fosse pela censura então vigente no Brasil. Além de “sugerir” (leia-se impor) vários cortes nas cenas de nudez e violência da película, os censores obrigaram Mojica a redublar a fala final do Zé do Caixão, que, mesmo ateu confesso, na versão censurada teve que afundar para a morte gritando: “Sim, Deus é a verdade! Padre, a cruz! O símbolo do filho!”. E Mojica, indignado, nada pôde fazer: era prostituir seu personagem, ou correr o risco de nunca ver o filme lançado nos cinemas - e assim não poder recuperar o dinheiro investido na produção.

Demorou 42 anos, mas esta injustiça histórica finalmente foi corrigida. E em alto estilo.

ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO, que estréia nos cinemas brasileiros nesta sexta-feira, numa data cabalística (08/08/08), é o primeiro filme “oficial” do Zé do Caixão desde 1966. Tudo bem, Zé do Caixão apareceu em outras produções posteriormente, como O DESPERTAR DA BESTA e EXORCISMO NEGRO, mas sempre apresentado como uma entidade sobrenatural, e não como o mesmo personagem "humano" da série original, que foi iniciada com o clássico À MEIA-NOITE LEVAREI SUA ALMA (1964) e continuou em ESTA NOITE ENCARNAREI NO TEU CADÁVER. A nova obra fecha com chave de ouro a trilogia. E, sim, valeu a pena esperar.

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Este também é o primeiro filme dirigido por Mojica a chegar aos cinemas desde 1987, quando ele lançou, hã... o pornô vagabundo 48 HORAS DE SEXO ALUCINANTE - onde, entre outras bizarrias, uma mulher entra numa vaca mecânica na tentativa de transar com um touro!!! O próprio cineasta chegou a pensar que o projeto do terceiro e último (???) filme do Zé do Caixão estava amaldiçoado. A primeira versão do roteiro de ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO foi parcialmente escrita por ele ainda em 1966. Mas, até que finalmente saísse do papel, o filme passou por uma odisséia de azar - mudanças e mortes - que poderia muito bem se transformar num argumento para a próxima produção de Mojica. Só para resumir a história, a película demorou 42 anos para chegar aos cinemas devido à dificuldades de obter grana para fazê-la, à censura e... à morte de pelo menos três produtores que tentaram bancá-la!!!

Não vou ficar gastando palavras e nem o tempo do leitor falando sobre a importância de José Mojica Marins para o cinema - não só de horror, mas cinema brasileiro em geral. Alguns desavisados costumam taxá-lo de trash
, depois que o pobre Mojica ficou marcado como apresentador de filmes ruins no Cine Trash, da Bandeirantes
. Este programa deu uma espécie de "upgrade" na carreira então adormecida do cineasta, mas também associou-o, injustamente, aos filmes ruins ou mal-feitos. O fato é que Mojica não tem nada de trash, e muito menos este seu último filme, que é uma produção de primeira linha com grande orçamento. José Mojica Marins é um gênio, e pronto! Quem quiser saber mais, pode ler os artigos que já escreveram sobre sua carreira aqui na Boca do Inferno, ou o livro “Maldito”, de André Barcinski e Ivan Finotti, que eu já li e reli umas cinqüenta vezes - é uma verdadeira bíblia para quem pretende fazer cinema independente e sem recursos.

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Claro que pode parecer esquisito que uma trilogia iniciada há mais de 40 anos seja encerrada somente agora. Principalmente porque o Brasil, e o mundo, mudaram muito nestas quatro décadas. Se nos anos 60 Mojica era uma celebridade, e seus filmes faturavam horrores principalmente entre o povão, sendo exibidos em poeirentos cinemas de rua, como será que o Zé do Caixão será recebido agora, na era da internet e da troca de filmes pela rede, dos cinemas de shopping center com ingresso a mais de 15 reais, um mundo em que Mojica passou de celebridade a curiosidade? Mais esquisito ainda é ver um filme do Zé do Caixão, antigamente sinônimo de produção barata e filmagem improvisada (mas não trash, volto a ressaltar), finalmente sendo apresentado com uma produção de alto nível, onde a qualidade de tudo (elenco, direção, roteiro, fotografia, trilha sonora, edição, efeitos especiais, cenários...) salta aos olhos. E é REALMENTE ESQUISITO ver um filme do Zé do Caixão antecedido pela fanfarra típica da 20th Century Fox!

Esquisitices à parte,
ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO é um filmaço. Não apenas um filmaço, mas o filme nacional “mais macho” desde O DESPERTAR DA BESTA, que o próprio Mojica dirigiu em 1969, e que, por motivos óbvios (entre eles, cenas reais de pessoas enfiando agulhas de seringa na pele), ficou proibido pela censura até 1983. Quando escreveu sobre O DESPERTAR DA BESTA, o também cineasta Carlos Reichenbach usou termos que também podem ser aproveitados para descrever ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO: "Filme macho, pagão, desavergonhado". Inclusive estou muito curioso para saber como será a recepção de um novo filme do Zé do Caixão num cinema de shopping em pleno século 21. Mas tenho certeza muita gente vai sair da sala na metade ou virar o rosto (por pavor ou por nojo) em diversas cenas. É fato: este é o filme que vai fazer a geração JOGOS MORTAIS mijar nas calças, correr para se esconder debaixo da saia da mamãe e dormir de luz acesa por uma semana. E é brasileiro. Que orgulho, hein?

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Violento, sádico e extremamente gráfico, sem poupar o espectador de mutilações explícitas, o trabalho de Mojica transforma celebrados diretores de horror da atualidade, como Eli Roth, Rob Zombie e Alexandre Aja, em inofensivos cordeirinhos que podiam estar dirigindo filmes-família para os Estúdios Disney. Os sádicos de HOSTEL teriam muito que aprender com a crueldade das torturas do Zé do Caixão. A família Firefly, de REJEITADOS PELO DIABO, parece um bando de anjinhos perto da fúria do mestre do horror nacional. E até os mutantes canibais de VIAGEM MALDITA se sentirão nauseados com as cenas de canibalismo vistas no purgatório do Zé do Caixão, incluindo um pênis arrancado a dentadas que provavelmente é a castração mais escabrosa já mostrada pelo cinema de horror em qualquer época!

Embora faça parte de uma trilogia, não é necessário ter visto
À MEIA-NOITE LEVAREI SUA ALMA e ESTA NOITE ENCARNAREI NO TEU CADÁVER para entender o que acontece em ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO, já que o roteiro de Dennison Ramalho (diretor do obrigatório curta-metragem AMOR SÓ DE MÃE) preocupa-se em ser bastante didático, resgatando fatos e personagens dos filmes anteriores. Mas ajuda, claro, ter visto os dois primeiros. Até porque são duas obras-primas recomendadíssimas, muito a frente do seu tempo, já disponíveis em DVD no país.

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ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO já começa furioso, acelerado e mostrando que, tecnicamente, é superior a todos os velhos filmes do diretor. Num típico presídio de terceiro mundo, sujo e escuro, o diretor da cadeia (interpretado por Luís Melo, impagável) desce do seu escritório até uma ala afastada, num longo plano-seqüência, vociferando ao telefone celular, empilhando insultos, porque acabou de receber a ordem para libertar de uma cela de segurança máxima seu prisioneiro mais famoso e perigoso, o agente funerário Josefel Zanatas, vulgo Zé do Caixão. O homem está encarcerado há 40 anos, condenado pelos crimes mostrados nos filmes anteriores. E o célebre personagem entra em cena aos poucos: primeiro vemos apenas suas longas unhas (hoje são próteses, e não reais, como no passado) através da abertura na porta da cela; depois seu rosto barbudo e envelhecido. "Josefel, nós viemos em paz!", apressa-se em declarar o diretor, que, borrando-se de medo, está rodeado de enormes policiais. De dentro de sua cela escura, Zé faz chacota, cínico como é de seu feitio: “Seu Sistema me prendeu, e agora o mesmo Sistema está me libertando. E você não pode fazer nada!”.

Só um parêntese: a história do criminoso doente mental "libertado pelo Sistema"
e que não consegue se adaptar ao mundo contemporâneo após décadas de prisão parece livremente baseada num episódio verídico acontecido no Brasil, o do Bandido da Luz Vermelha. Preso em 1967, acusado por quatro assassinatos, sete tentativas de homicídio e 77 assaltos, João Acácio Pereira da Costa, vulgo Bandido da Luz Vermelha
, foi condenado a 351 anos, 9 meses e três dias de prisão. Mas, encerrados os 30 anos previstos por lei, foi libertado em 1997 e ficou completamente perdido do outro lado das grades. Em apenas quatro meses, ele foi assassinado por um homem que alegou legítima defesa. Mas vamos adiante...

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Através de um longo flashback, descobrimos o que aconteceu com Zé após o famigerado final censurado de ESTA NOITE ENCARNAREI NO TEU CADÁVER. Numa reconstituição fantástica em preto-e-branco do pântano onde aquele filme terminava (até a iluminação da cena parece idêntica à do filme de 1966!), um jovem Zé do Caixão (interpretado pelo norte-americano Raymond Castille, que é a cara do Mojica dos anos 60) emerge do pântano onde havia afundado e corrige aquela ridícula frase imposta pela censura 40 anos atrás. Furioso, ainda utiliza suas longas unhas para furar um dos olhos do jovem policial que assistia à cena, chamado Claudiomiro Pontes (Fausto Maule). Ele então é finalmente preso e deixado para apodrecer na cadeia. Mas, neste longo período em que ficou encarcerado, conseguiu a façanha de matar mais 30 pessoas atrás das grades, tornando-se temido e respeitado até pelos policiais!

De volta ao presente, o espectador testemunha o agora libertado Zé do Caixão
encontrando seu velho companheiro, o corcunda Bruno (que em ESTA NOITE... foi interpretado por Nivaldo Lima, mas aqui é revivido por Rui Rezende). Logo que pisa fora do presídio, o agente funerário homicida parcebe que tudo mudou: acostumado à pequena vila rural onde vivia nos dois filmes anteriores, ele parece perdido e deslocado no centrão de São Paulo. Não deixa de ser curioso ver um Zé do Caixão de capa, cartola e longas unhas desfilando pelas ruas movimentadas da metrópole, entre carros, marginais, prostitutas e crianças usando drogas na calçada, quase como um freak caído do caminhão de algum circo mambembe.

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Bruno leva Zé ao seu novo esconderijo: o barraco de uma favela, bem perto de um matagal. Ali, ele é apresentado a um novo séquito de seguidores, todos jovens moderninhos, tatuados e cobertos de piercings. Mesmo envelhecido, o vilão não desistiu da sua busca pela mulher perfeita, busca esta que tantos crimes gerou nos filmes anteriores. Seu objetivo continua sendo dar continuidade ao seu “sangue superior” através do nascimento de um filho.

Só que os tempos mudaram, e este é o toque mais interessante da “modernização”
proposta pelo roteiro de Dennison e Mojica: se antes Zé era um personagem ameaçador vivendo numa pequena vila do interior nos anos 60, onde podia mandar e desmandar no povo, agora ele mais parece uma ameaça menor num Brasil violento e principalmente numa favela, onde as mortes sangrentas já fazem parte do cotidiano. Ironicamente, diante da brutalidade da polícia - que entra na favela executando pivetes a tiros -, Zé parece um velho gagá e ultrapassado que não pode fazer mal a ninguém. Ênfase no “parece”.

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É lógico que Zé do Caixão continua o mesmo, ou ainda mais furioso do que no passado. Primeiro ele compra briga com os marginais da favela, deixando bem claro que quem manda lá é ele. Depois, manda uma mensagem à polícia ao ferir no pescoço o capitão Oswaldo Pontes (interpretado por Adriano Stuart, que já havia trabalhado com Mojica em EXORCISMO NEGRO). Finalmente, Zé reassume seu posto de “ser superior” ao deixar toda a comunidade da favela aos seus pés. Supersticiosos, os moradores temem o velho agente funerário como se ele fosse um verdadeiro demônio. Nesse momento, respeitado e temido por todos, o vilão 100% nacional volta a caçar sua mulher perfeita, seqüestrando belas donzelas das redondezas para torturar e/ou matar, conforme demonstrem (ou não) que são fortes para poderem gerar o tão sonhado filho do vilão.

Só que a coisa não será tão fácil agora quanto foi nos tempos de
ESTA NOITE ENCARNAREI NO TEU CADÁVER. Se no passado o vilão não tinha antagonistas - o coronel Almendes (Roque Rodrigues), de ESTA NOITE..., não era uma ameaça à altura do vilão -, nesta versão século 21 ele tem rivais perigosos, e em dose tripla. O principal é a própria Polícia Militar carioca. "Tropa de Elite versus Zé do Caixão"? É mais ou menos por aí. O capitão Oswaldo, aquele ferido por Zé no início do filme, vem a ser irmão do agora coronel Claudiomiro Pontes (interpretado por Jece Valadão, em seu último papel no cinema), aquele policial que o agente funerário cegou ao sair do pântano 40 anos antes. Fervorosamente religioso e devoto de Santo Expedito, Claudiomiro tem motivos de sobra para querer o couro do agente funerário.

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Para engrossar o caldo, tem mais gente querendo a cabeça do Zé além dos irmãos Pontes: o padre Eugênio (o ótimo Milhem Cortaz, o sargento Fábio de TROPA DE ELITE, aqui em interpretação caricatural). Ele é um adepto da auto-flagelação (ao estilo Silas, do livro “O Código Da Vinci”) e também filho do dr. Rodolfo, o médico que teve os olhos furados por Zé e foi queimado vivo em À MEIA-NOITE LEVAREI SUA ALMA (na época, interpretado por Ilídio Simões Martins). E assim dois poderes constituídos (a Lei e a Igreja) partem numa santa cruzada em busca de justiça com as próprias mãos: os Pontes querem matar Zé, e o padre Eugênio pretende condenar sua alma aos tormentos do inferno! Sentiu o clima?

Para ser curto e grosso,
ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO é tudo aquilo que os fãs de Mojica vêm sonhando desde que ele parou de fazer filmes com o personagem, ainda nos anos 70. Como todos sabem, ele depois acabaria transformando Zé do Caixão em piada, por causa de suas participações em parques de diversões, eventos de quinta categoria e no próprio Cine Trash - coisas que foi obrigado a fazer em tempos de vacas magras, para não morrer de fome. Felizmente, este novo filme resgata o vilão assustador e violento lá dos anos 60-70. E não poderia ter vindo em melhor hora: o mercado internacional do gênero está tão saturado, com remakes, continuações e cópias dos fantasminhas orientais, que o Zé do Caixão surge como um tsunami de criatividade num mar de bobagens.

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Uma das minhas grandes dúvidas em relação ao filme, desde que surgiram os boatos de que a produção realmente havia engrenado, era se o "novo" Zé do Caixão funcionaria, especialmente para as novas gerações, que não estão acostumadas com as produções antigas do personagem e costumam rir da maneira tosca e improvisada com que Mojica trabalhava (tipo passar purpurina na película para criar fantasmas). Confesso que, no começo, realmente é meio estranho ver o velho Zé do Caixão perambulando em cena, pela primeira vez falando com a própria voz do criador Mojica (nos filmes anteriores ele era dublado), mas sem os erros de português. Sim, o personagem parece meio deslocado nos tempos modernos. Mas, novamente, ênfase no “parece”. Não demora muito para ambos, Mojica e Zé, demonstrarem que ainda têm muito pique para emocionar não só os velhos fãs, mas também uma nova legião de adeptos, esta garotada que acha o remake de O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA a oitava maravilha da humanidade.

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Muitos incrédulos (ou hereges) podem até continuar duvidando do impacto que ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO terá no público. Afinal, comer carne na Sexta-feira Santa não assusta mais ninguém, as cenas sangrentas improvisadas dos seus primeiros filmes já foram há muito ultrapassadas pela nova moda do "torture porn", e cobras e aranhas reais atiradas sobre as atrizes não surpreendem em tempos de bichos feitos em CGI. Tendo isso em mente, Mojica e o roteirista Dennison chutam o pau da barraca, criando algumas das cenas mais fortes vistas na telona nos últimos tempos. Parece até que se Mojica está se vingando da censura (que mutilava seus filmes nos anos 60-70) e do longo período que ficou sem filmar.

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Ainda duvida? Bem, que tal ver uma nádega sendo cortada à faca on-screen? Não, a câmera não vai desviar na hora H para dar um alívio no espectador, como acontece nos filmes norte-americanos. A cena realmente mostra a nádega sendo fatiada e arrancada - e, pior, sendo devorada pela sua própria “dona"! Também há cenas chocantes pelo seu realismo, como um homem suspenso por ganchos atravessados nas costas e uma garota cuja boca é costurada com agulha e linha, tudo on-screen e mostrado em close. Nestes dois casos, o "realismo" é pura realidade mesmo: o sujeito realmente foi suspenso com ganchos nas costas (o artista Freak Garcia já fez isso mais de 20 vezes "profissionalmente"), e a garota realmente teve a boca costurada (Milze Kobashigawa é artista performática e encarou agulha e linha sem anestesia!). Pior sorte teve a pobre atriz Janette Tomiita: num dos melhores momentos da película, ela foi costurada, nua, dentro da carcaça de um enorme leitão!!! Muita gente vai se arrepiar...

E tem mais: quem achava que Mojica iria arregar com a idade vai se espantar ao ver que ele continua usando bichos reais (e vivos) em cenas pra lá de nojentas. Há aranhas peludas, milhares de nojentas baratas (pobre da atriz e esposa do Mojica, Edileine Silva, rebatizada Leny Dark, que tem o rosto enfiado num tonel repleto das bichinhas) e até uma ratazana assanhada enfiada em certo orifício da anatomia feminina (coisa que a censura iria adorar cortar há algumas décadas). Sabe aqueles avisos sensacionalistas nas capinhas dos filmes, dizendo que não devem ser vistos por cardíacos ou mulheres grávidas? Bem, no caso de
ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO, este aviso seria plenamente justificável.

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Mas não se trata apenas da violência explícita e gratuita. Sim, ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO é sangrento e violentíssimo. Entretanto, num universo de Jasons e Leatherfaces, o filme ao menos tem um personagem forte e coerente, que fala e discursa expondo suas idéias e convicções (um tanto deturpadas, mas ainda assim ele tem sua filosofia, diferente do Freddy Krueger, por exemplo). Também tem ótimas idéias e cenas belíssimas, muitas destinadas a se tornarem antológicas, como Zé transando com uma garota (Nara Sakarê) num terreiro de macumba, debaixo de dois cadáveres enforcados que começam a pingar sangue. Os pingos se transformam numa chuva e num literal banho de sangue (esqueça HOSTEL 2), semelhante a uma cena do já clássico CORAÇÃO SATÂNICO, de Alan Parker.

Utilizando um recurso dramático muito semelhante a
ESTA NOITE ENCARNAREI NO TEU CADÁVER, Dennison também envia o personagem ao purgatório durante o delírio provocado por uma mistura alucinógena (no filme anterior, Zé tinha sonhado que ia para o inferno). Se antigamente o "inferno" era uma estrutura pobretona de isopor construída dentro de um sinagoga do Brás, agora o purgatório é representado como um túnel de carne humana e um deserto desolado onde os "pecadores" são punidos das formas mais sangrentas. Ali, Zé tem um encontro com o Mistificador (José Celso Martinez Corrêa, um dos mais importantes diretores de teatro do país) e com a própria Morte (Geanine Marques).

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Curiosamente, esta visita do personagem é um dos poucos detalhes do primeiro roteiro de ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO aproveitados por Dennison na nova versão. Lá atrás, nos anos 60, Mojica tinha imaginado o purgatório como a viagem de um Zé do Caixão chapado de LSD, que entrava pela privada e ia parar dentro do corpo humano! O "novo" purgatório foi filmado numa desolada pedreira em Itaquaquecetuba, onde pessoas crucificadas contrastam com condenados devorando carne podre e coberta de vermes ou praticando canibalismo. Tudo mostrado com um festival de filtros e cores (predominância do vermelho) que daria inveja ao Dario Argento e ao Mario Bava.

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Mantendo a postura dos filmes antigos do personagem, a história é levada absolutamente a sério, sem lances de humor para quebrar o clima tétrico e pesado da narrativa, embora alguns dos diálogos entre os policiais sejam impagáveis, como o personagem de Jece orientando seus comandados: "Vamos nos separar para procurar este puto! Quem encontrar primeiro grita: 'Ó o puto aqui!'". hahahaha. O roteiro de Dennison também é mais redondinho e menos fragmentado que a maioria dos filmes feitos por Mojica nos anos 70, como O DESPERTAR DA BESTA e DELÍRIOS DE UM ANORMAL, que não passavam de seqüências de bizarras cenas de alucinação e horror, quase sem história para costurá-las. Ou seja: será mais fácil para o espectador não acostumado às loucuras de Mojica acompanhar este novo filme do que ver os antigos.

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Finalmente, chegamos às qualidades técnicas de ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO. Quem chamar o filme de trash (pior que alguns já o fizeram...), merece ser suspenso por ganchos e receber um tridente lá naquele lugar (ou mais de um, dependendo da satisfação pessoal do torturado). Mojica trabalha aqui com o maior orçamento da sua carreira - cerca de 1,8 milhão de reais. Com este dinheiro, ele provavelmente faria uns 6 filmes ao seu estilo, nos velhos tempos. Mas não com um time respeitado e de primeira linha nos bastidores, como acontece agora.

O roteirista Dennison também é diretor assistente, e muito do que há no filme é sugestão dele. O montador é Paulo Sacramento, que produziu e editou AMARELO MANGA
. Paulo também produziu o filme, ao lado de Caio e Fabiano Gullane (nas coletivas com a imprensa, Mojica brincou dizendo que eram muitos produtores para morrer, e desta vez ele não ficaria na mão). A belíssima fotografia (méritos, novamente, para a recriação do final de ESTA NOITE...) é de José Roberto "Zé Bob" Eliezer (de O CHEIRO DO RALO). André Abujamra compôs a trilha sonora junto com Marcio Nigro, e até o renomado estilista Alexandre Herchcovitch está presente, colocando seu nome de grife em alguns dos figurinos. Já os sangrentos efeitos especiais, muito eficientes e repelentes em tempos de computação gráfica, são de André Kapel. O site oficial do filme informa que foram utilizados mais de 3.800 litros de sangue falso nas filmagens. Para comparar, HOSTEL, de Eli Roth, usou cerca de 200 litros!

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Um detalhe bastante interessante é o uso de crendices tipicamente nacionais para tentar amedrontar o povão mais supersticioso. Em um momento, por exemplo, aparece em cena o temido Livro Preto de São Cipriano, considerado demoníaco por 99% dos brasileiros (uma amiga da minha namorada faz o sinal-da-cruz à simples menção do nome de tal publicação). Mojica ainda filma um ritual de candomblé em seus detalhes mais assustadores. E uma das mulheres cobiçadas por Zé, Helena (Nara Sakarê), é aprendiz de feiticeira das tias Lucrécia e Cabíria, duas bruxas interpretadas por Helena Ignez (musa do cinema marginal, que foi esposa de Glauber Rocha e de Rogério Sganzerla) e Débora Muniz (musa das pornochanchadas nacionais, que já havia trabalhado com Mojica em PERVERSÃO). A personagem de Helena Ignez é cega, e a cada close dos seus olhos vazados eu me lembrava do diretor italiano Lucio Fulci...

Também é preciso ressaltar a quantidade de belas mulheres (e de belas mulheres nuas). O cinema nacional anda tão casto, talvez com uma vergonha hipócrita da época das produções da Boca do Lixo, que é ótimo ver uma produção brasileira com coragem para pelar seu elenco feminino. Neste caso, tem até nudez frontal, para que ninguém tenha saudade das moças de baby-doll e peitos de fora vistas nos outros filmes de Mojica.

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Se há um grande defeito em ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO, este é justamente a quantidade de personagens. É tanta mulher e inimigos do Zé do Caixão que, às vezes, alguns ficam perdidos na trama, esquecidos, e só reaparecem no final. Numa cena, por exemplo, Zé aprisiona quatro policiais. Assume-se que todos morreram. Mas, perto do final, descobrimos que duas das policiais (duas moças) ainda são prisioneiras do vilão. A primeira "mulher superior" seqüestrada por Zé (uma bioquímica chamada dra. Hilda, e interpretada por Cléo De Páris) e uma garota que se oferece voluntariamente para gerar o filho do agente funerário (Maira, interpretada por Thaís Simi) também somem da narrativa e só voltam no final. Num problema que faz lembrar os filmes do Batman, há muitos antagonistas para o personagem principal (os irmãos policiais e o padre), o que não permite um melhor desenvolvimento de cada um deles e de suas motivações.

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Neste aspecto, pelo menos, há uma explicação lógica. Jece Valadão e seu coronel Claudiomiro seria o grande perseguidor de Zé do Caixão na primeira versão do roteiro, assessorado pelo padre Eugênio. Mas a morte do ator, em 27 de novembro de 2006, antes de concluir a filmagem de todas as suas cenas, jogou um balde de água fria em todos os envolvidos. Óbvio que resolveram manter as cenas do falecido no filme, mas seria preciso achar uma forma para costurar a trama. O pepino sobrou para o roteirista Dennison, que precisou inventar o irmão de Claudiomiro para consertar tudo. Com a soberba edição de Sacramento, o espectador desavisado nem vai perceber que o capitão Oswaldo só está no filme para tapar buraco. O fato do falecido Valadão e de Adriano Stuart nunca terem se encontrado no set, mas de dividirem várias cenas, só torna ainda mais perfeita a edição do longa.

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O único momento em que fica evidente que Jece não está mais ali é o destino de seu personagem, abrupto e anti-climático (e, claro, utilizando um dublê de costas). Também por causa da morte do ator, toda uma subtrama envolvendo a antiga relação amorosa da esposa do coronel, Lucy, com Zé do Caixão teve que ser cortada. A personagem continua no filme, mas aparece bem menos. É interpretada por outra das celebridades do elenco: Cristina Aché, que no passado arrasava corações em filmes como OS SETE GATINHOS e CONTOS ERÓTICOS.

Mas não dá para querer achar defeitos no roteiro de
ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO sem citar uma de suas melhores idéias: a quantidade de referências e citações aos dois filmes anteriores, forma criativa de mergulhar no universo do Zé do Caixão aqueles que não conhecem tão bem o personagem. Em determinado ponto da trama, o envelhecido vilão começa a sofrer conflitos internos, manifestados na forma de assombrações que representam suas vítimas do passado. Estas vítimas (que, obviamente, não são representadas pelos mesmos atores dos outros filmes) surgem como fantasmas em preto-e-branco, que se destacam naturalmente nas cenas coloridas.

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É muito legal ver Zé diante do fantasma enforcado de Terezinha (interpretada por Magda Mei em À MEIA-NOITE LEVAREI SUA ALMA), ou da aparição de sua esposa Lenita (que em À MEIA-NOITE... era personificada por Valéria Vasquez), entre outros personagens conhecidos que fazem participações especiais como assombrações. O falecido dr. Rodolfo surge na foto de um porta-retrato sobre a mesa do padre Eugênio. Em outro momento inspirado, o coronel Claudiomiro abre os arquivos sobre Josefel Zanatas, tirando recortes de jornal, fotos das vítimas dos dois filmes anteriores e até o certidão de óbito de Lenita Zanatas. O close dos olhos de Zé com as veias dilatadas também é uma recriação de cena famosa dos outros filmes, e há diálogos citando títulos das obras de Mojica, como na frase do padre Eugênio: "São delírios de um anormal!". Uma prova de que a produção foi assinada por pessoas que têm afinidade e paixão pelo material original. Para arrematar, dois antigos colaboradores de Mojica, Mário Lima e Satã, aparecem em pontas como moradores da favela.

O legal é que, como acontecia no passado, o retorno triunfal do Zé às telas já está gerando uma série de produtos que vem no embalo do filme, incluindo quadrinhos (uma paixão antiga do próprio Mojica). A editora Conrad
mandou para as livrarias uma graphic-novel 100% nacional chamada "Prontuário 666 - Os Anos de Cárcere de Zé do Caixão", desenhada por Samuel Casal a partir de roteiros de Adriana Brunstein e outros escritores não-creditados. Como o título já diz, o livro de 120 páginas dedica-se a contar o que aconteceu no período de 40 anos em que o agente funerário ficou preso, quando matou mais de 30 pessoas. Uma iniciativa bastante interessante, que permite complementar a narrativa do filme.

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Me alonguei demais. A verdade é que ainda estou abobado com ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO, e duvido que verei, em 2008, filme de terror melhor - e mais forte - do que este bem-vindo retorno de Mojica ao gênero que o consagrou. Não é apenas um ótimo filme, mas principalmente uma forma de fazer justiça a um gênio injustiçado que deixaram 20 anos sem filmar, enquanto qualquer atorzinho da Globo sem experiência na área ganha 5 milhões de reais do governo para deixar o trabalho pela metade.

Vou tomar emprestadas novamente as palavras de Carlos Reichenbach em sua crítica de
O DESPERTAR DA BESTA: "O tarado me violentou. Não vou escrever mais. Assistam ao filme!". Vá ao cinema (sim, ver Zé do Caixão no shopping!) e deixe o tarado violentar você também. Esqueça críticas imbecis e mal-informadas, que andam dizendo que Mojica se vendeu ao moderno "torture porn" (não sei como pode, se o homem já aparece torturando gente em filmes da década de 60!!!), e vá ver com seus próprios olhos esta sangrenta maravilha.

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E sim, eu ainda estou curioso para saber se ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO encontrará ou não o seu público. Independente disso, a crítica pelo menos ele já conquistou. O que é um grande feito, para não dizer "milagre", considerando que todos os filmes do pobre Mojica eram injustamente malhados pela maioria dos críticos. Como uma espécie de "vão tomar no c*!" para estes críticos afetados que condenavam suas produções antigas, o homem já faturou sete prêmios numa das primeiras exibições não-oficiais de seu novo trabalho, no 1º Festival de Cinema de Paulínia, no interior de São Paulo, incluindo melhor filme e, acredite ou não, o prêmio de crítica! Outra conquista recente, confirmada enquanto escrevo estas linhas, é que o filme será exibido fora da mostra competitiva no Festival de Veneza, em agosto/2008, uma excelente vitrine internacional para o Zé e para o Mojica. Destaques merecidíssimos, diga-se.

No final da projeção de
ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO, pelo menos para mim, o que ficou é a frase de Zé do Caixão para um surpreso capitão Oswaldo: "Imagens não morrem, capitão!". Verdade verdadeira. E aí está o Zé do Caixão, 30 anos depois de seu último longa-metragem (DELÍRIOS DE UM ANORMAL, de 1978), mostrando que ainda vai enterrar muita gente antes de descansar em paz...

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Infelizmente é a mentalidade colonizada do brasileiro mais uma vez se manifestando. A grama do vizinho é sempre mais verde, Zé do Caixão é um tiozinho maluco que fala engraçado e faz filmes trashs... mas os terrores-bostas que Hollywood manda pra cá são sucessos...

 

Lucas2008-08-14 16:36:51

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nao sei quem falou ai q nao ta achando nem criticas alguma desse filme..ai vao 3, do portal Globo, Jovemnerd e Omelete..pra ver mais, tem um tal de google..

Crítica: 'Encarnação do demônio' é superprodução trash

Com orçamento de R$ 1,8 milhão, Mojica investe pesado em sangue e tortura.
Filme encerra trilogia do personagem Zé do Caixão, iniciada na década de 60.

Débora Miranda Do G1, em São Paulo ico_email2.gifentre em contato

ALTERA O
TAMANHO DA LETRA

 

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Após 40 anos de hiato, o personagem mais célebre do terror nacional está de volta. Zé do Caixão, interpretado por José Mojica Marins, retorna aos cinemas nesta sexta-feira, 08/08/08, data escolhida a dedo –e unhas– pelo mestre do pânico. Volta em grande estilo, importante ressaltar, com orçamento de produção de R$ 1,8 milhão disponibilizado para que Mojica pudesse criar e comandar de acordo com suas vontades. A verba não é alta, mas para quem era acostumado a trabalhar apenas com o negativo e a colaboração do elenco, é dinheiro de superprodução.

Figuras influentes do atual cinema brasileiro se mobilizaram, dispostas a tornar realidade o maior sonho de Mojica: encerrar –dignamente– a trilogia iniciada nos anos 60 com "À meia-noite levarei sua alma" (1964) e "Esta noite encarnarei no teu cadáver" (1967). Juntaram-se Paulo Sacramento (diretor de "O prisioneiro da grade de ferro" e montador de filmes como "Amarelo manga" e "Chega de saudade"), Cássio Amarante (diretor de arte de "O ano em que meus pais saíram de férias", entre muitos outros), José Roberto Eliezer (diretor de fotografia de "O cheiro do ralo", "Se eu fosse você"), André Abujamra na trilha sonora e tantos outros que dedicaram-se a transformar "Encarnação do demônio" na superprodução trash que de fato ele é.

Pode soar contraditório, mas se não fosse trash não seria Zé do Caixão. O estilo que consagrou o gênio do terror foi preservado e atualizado –novas formas de tortura se revezam com trechos dos filmes antigos do cineasta. "Encarnação do demônio" vem sendo comentado por todo canto, ganhou prêmios no Festival Paulínia de Cinema, onde fez sua estréia, e vai para o Festival de Veneza. Mas não espere que o glamour tenha trazido escrúpulos para o protagonista. As cenas de tortura retratadas no filme são de dar pesadelo à noite, em especial aquelas em que mulheres são submetidas, das piores formas jamais imaginadas, a ratos e baratas.

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Divulgação

Muito sangue e tortura em ''Encarnação do demônio'', filme de Zé do Caixão (Foto: Divulgação)

A história começa com a libertação do assassino da cadeia, depois de ele ter cumprido o tempo máximo permitido pela lei brasileira. Já nas ruas, é recebido pelo corcunda Bruno (Rui Rezende), seu fiel serviçal e cúmplice, que prepara tudo para a volta do criminoso.

As instalações –numa favela paulistana– continuam tendo caixões, ossadas e clima macabro. E as intenções de Zé do Caixão seguem as piores possíveis. Como nos filmes anteriores, ele ainda quer encontrar a mulher superior com quem poderá procriar e finalmente ter seu tão sonhado filho perfeito.

Para ver "Encarnação do demônio" e apreciá-lo de alguma forma, é preciso deixar alguns conceitos do lado de fora do cinema. Não espere, por exemplo, coerência nem um roteiro sem buracos. Não ache que haverá efeitos especiais ou computação gráfica. Não acredite que você verá shows de interpretação.

Sem tais expectativas, a experiência de ser assombrado por Mojica pode ser muito mais rica. Se o roteiro tem falhas, também tem o mérito de humanizar o bandido sanguinário dos anos 60, tranformando-o em um homem perturbado pelos fantasmas das próprias vítimas. Se não há efeitos de última geração, causa muito mais impacto saber que a maioria das seqüências aterrorizantes foram de fato realizadas. E se o filme conta com atores jovens e inexperientes, também tem figuras magistrais, como Milhem Cortaz, Jece Valadão, José Celso Martinez e o próprio Mojica, que com seu estilo caricato transformou Zé do Caixão em um clássico.

 

 

 

Encarnação do Demônio | Crítica

O mestre do terror tupiniquim está de volta!


 

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Mário "Fanaticc" Abbade

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Para deleite dos fãs, Encarnação do Demônio (2008) encerra, após quarenta anos, a trilogia iniciada em 1964 com A meia-noite levarei sua alma, que ainda gerou Esta noite encarnarei no teu cadáver em 1967. Apesar da distancia temporal, cineasta José Mojica Marins, criador e interprete do protagonista Zé do Caixão nos três filmes, conseguiu modernizar a narrativa sem perder a mítica do personagem.

A trama atualiza a história para os dias atuais. Após 30 anos preso, Zé do Caixão (José Mojica Marins) é finalmente libertado. Novamente em contato com as ruas, o sádico coveiro está decidido a cumprir a mesma meta que o levou preso: encontrar a mulher que possa lhe gerar um filho perfeito. Em seu caminho pela cidade de São Paulo, deixa um rastro de horror, enfrentando leis não-naturais e crendices populares.

Mojica utiliza a técnica do flashback para construir uma ponte de ligação com os dois filmes anteriores. Ao mesmo tempo, esse recurso serve para familiarizar o espectador que não conhece sua obra. São noventa minutos de sangue, vísceras e escatologia, influenciados por uma linguagem cinematográfica nostálgica que utiliza a presença de Zé do Caixão para transportar o espectador para um universo de violência extrema. Uma mistura de terror e erotismo aguçados pelos efeitos especiais de André Kapel. Todos esses maneirismos visuais não são gratuitos. Cada seqüência de violência acerbada é justificada objetivamente através de uma coerência narrativa com a psicologia e obsessão do protagonista. Fica claro que os meios justificam o fim.

Em certos momentos, o exagero provoca um humor involuntário. Mesmo isso é proposital. Inteligentemente, essas ocasiões têm como missão relaxar a tensão. Com essa metodologia, Mojica visa minimizar cenas muito fortes. O riso é uma poderosa ferramenta de contraste.

As interpretações excessivas do elenco corroboram essa premissa. Em uma primeira analise, o público tende a achar tudo demasiadamente exagerado, mas esse tom farsesco é essencial para o universo caótico criado por Mojica. Profissionais como Jece Valadão e Rui Rezende emprestam suas típicas assinaturas interpretativas para acrescentar aos seus papéis, facetas já conhecidas através de outros personagens célebres criados anteriormente. Ao lado desses veteranos, um time de beldades de causar inveja as esquálidas modelos do mundo fashion.

Para justificar todas essas escolhas, Mojica abusa dos tons escuros e carregados, mesmo nas cores vivas como o vermelho. A fotografia de José Roberto Eliezer aliado a direção de arte de Cássio Amarante possuem requintes gregorianos que nos remete ao cinema dos anos 70 do mestre do giallo Dario Argento. Esse painel de matizes sombrias transformam a cidade de São Paulo em uma espécie de terra paralela, em que o real ganha uma camada de fantasia nebulosa oriunda de uma dimensão bestial e funesta. No meio desse cenário lúgubre, mensagens subliminares surgem disfarçadas de forma que a cadencia da trama não perca o seu ritmo avassalador. A edição de Paulo Sacramento pontua esse compasso junto com a ótima trilha sonora composta pela dupla André Abujamra e Marcio Nigro.

Interessante que todo esse apuro técnico acabou sendo obra do destino. A idéia era finalizar a história de Zé do Caixão ainda nos anos 60, mas perseguido pela ditadura, Mojica não conseguiu viabilizar o projeto. Foram décadas tentando arranjar uma verba que pudesse levar o capítulo final da saga da figura dramática mais famosa do terror tupiniquim. A solução começou a surgir, quando Mojica foi descoberto pelas cabeças pensantes lá de fora. Seu personagem ganhou o nome de Coffin Joe e foi imortalizado por milhares de fãs espalhados pelos quatro cantos do mundo. Ele passou a ser convidado para festivais de filmes fantásticos e chamou a atenção dos novos cineastas do terror como Rob Zombie (Casa dos 1000 Corpos) e Eli Roth (O Albergue), entre outros.

Com toda essa fama, Mojica acabou sendo redescoberto no Brasil. Com a aprovação do 1ºmundo, o 3ºmundo passou a vê-lo com outros olhos. Se o Zé do Caixão era um pastiche nas décadas de 80 e 90, no novo milênio passou a ser considerado cult pelos intelectuais e estudantes de cinema brasileiros. Uma pena que essa conclusão tenha partido de fora para dentro. Mas toda essa demora acabou criando a oportunidade de contar com novos recursos tecnológicos e uma verba decente. Nunca Mojica teve um orçamento desse porte. Foram 1,8 milhões de reais onde o diretor pode por em prática toda sua habilidade de artesão cinematográfico. Resta saber se o público responderá a altura nas bilheterias.

 

Encarnação do Demônio

Filme tem sangue e nudez, mas extremas mesmo são as idéias de Zé do Caixão

07/08/2008

A tortura para ele não é uma punição, mas uma benção. Sobreviver a ela significa enxergar com dignidade a beleza de estar vivo - afinal, não existe nada depois da morte.

Não estamos falando de Jigsaw e Jogos Mortais, como pode parecer, mas de Zé do Caixão e Encarnação do Demônio, o fecho da trilogia do mais conhecido personagem do escasso gênero do terror nacional, iniciada em 1963 com À Meia-noite Levarei sua Alma e emendada em 1966 com Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver. Se Jigsaw é o símbolo do que se convencionou hoje chamar torture porn, Zé do Caixão é seu avô safado.

O roteiro co-escrito por Denisson Ramalho (do curta de horror Amor Só de Mãe, que escandalizou festivais Brasil afora) e dirigido por José Mojica Marins inclui todos os desaforos aos bons costumes que um orçamento de 2 milhões de reais - valor que em meio século de carreira Mojica jamais havia levantado - consegue pagar. Tem cabeça afundada em tonel de baratas, mulher que come carne da própria nádega, outra que sai de dentro de um porco e até ratazana enfiada na vagina. Gastaram com carcaças e animais vivos todo o dinheiro que economizaram nos figurinos. (Ainda assim as poucas pessoas com roupas vestem Herchcovitch.)

A cena de O Albergue 2 em que a mulher nua se banha no sangue da vítima, tão falada ano passado, parece uma provocação pueril se comparada com a liberdade com que Mojica filma sexo e violência. O que Encarnação do Demônio tem de mais extremo, porém, não é nada gráfico, mas sua ideologia: a ridicularização das religiões organizadas (como diz Zé do Caixão, "Deus não foi convidado para a festa", e o padre que critica a tortura mas se auto-flagela só pode ser um hipócrita), da sociedade organizada (Zé do Caixão deixa a prisão depois de 40 anos caçoando do sistema carcerário) e o uso de drogas (o coveiro sempre fuma um cachimbo antes de ter suas alucinações).

A roleta russa antes que se iniciem os "festejos" é emblemática: um jogo de entrega e morte para celebrar a liberdade e a vida. Em sua busca pela mulher perfeita, que lhe dará o filho que ele tanto quer - afinal, "só o sangue é eterno" -, Zé do Caixão é antes de tudo um ateu pragmático. Os filmes de terror que estamos acostumados a ver no circuito trabalham com a aceitação do oculto (leva-se um remake de suspense oriental inteiro para explicar de onde saem as almas penadas), e o oculto é a primeira coisa que Encarnação do Demônio renega.

Só essa questão do pragmatismo já serve para livrar o filme daquelas explicações sem fim que amarram os filmes hollywoodianos. Não há nada para se explicar no filme de Mojica, há apenas a vivência, o momento. Nesse ponto, é injusto dizer que seu filme se filia ao torture porn de um Eli Roth. Todo instante de tortura de Encarnação do Demônio é materialização da ideologia do coveiro. Em um Jogos Mortais, por exemplo, a câmera não mostra Jigsaw assistindo às torturas. Já aqui a câmera o tempo inteiro fecha o close-up nos olhos de Mojica, olhos pesados e brilhantes de quem tem uma única crença, a crença na experiência carnal, individual e desmistificada.

 

 
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  • 2 weeks later...
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Não

é que não tenha gostado, mas esperava algo bem diferente, mais sinistro e tal,

e achei bem trash mesmo, as situações dão mais nojo do que medo mesmo, mas é

legal, talvez minhas expectativas que tenham me tapeado um pouco. E a fotografia é muito boa, o melhor do filme. 3/5

 

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 Graças à Deus voltou a passar numa sala aqui em BH. Semana que vem, tô garrado!!! 05

 

 PS: Ontem, finalmente conferi o curta "Amor, Só de Mãe" do Ramalho e o troço é 13 13... Melhor que muito filme de "terror" lançado por aí nos últimos tempos.

 Vale à pena conferir. Soturno e diabólico até o osso, bem produzido e super bem interpretado com destaque para a atuação de Débora Muniz (Deus me livre e guarde!! Que coisa sinistra...).    
The Deadman2008-08-29 08:16:02
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VENEZA 2008: Encarnação do Demônio é bem recebido
(29/08/2008 - 16h58)

Da Redação www.cineclick.com.br

 

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Zé do Caixão em Encarnação do Demônio
O cineasta José Mojica Marins está em Veneza para divulgar seu filme, Encarnação do Demônio. O personagem Zé do Caixão empolgou o público nesta sexta-feira (29/8) durante entrevista coletiva.

Segundo informações da agência EFE, Mojica afirma que deu tudo de si pelo filme. "Pus torturas, insetos. Não há computadores, trabalhamos com três mil escaravelhos. Tudo o que compreende terror está neste filme", que o cineasta classifica o longa como a "Bíblia do terror na América Latina".

Com cenas de mulheres nuas, órgãos genitais devorados e nádegas esquartejadas, além de pessoas suspensas por ganhos nas costas, o cineasta afirma que quis dar o melhor para seu público. "Devíamos ao público as melhores cenas, a melhor música, a melhor iluminação. Pôr todos os recursos aos seus pés", contou.

Sobre as cenas mais quentes do filme, o diretor confessa que "o terror sempre precisou de sensualidade e, como em tantas outras coisas, também não a poupamos".

Encarnação do Demônio foi lançado 42 anos após a estréia de Esta Noite Encarnarei no seu Cadáver (1966) e Mojica falou sobre a espera pela produção do longa. "Pensávamos que, efetivamente, o filme teria lugar em nossa próxima encarnação", brincou.

Sobre a reação do público brasileiro com o filme, o cineasta contou que o impacto já era esperado. "No Brasil, (o filme) produziu pesadelos, as pessoas vomitavam no cinema. Criou o impacto que queríamos: deixar o público alucinado. Agora vamos ver como o resto do mundo o recebe", conta.

Na trama, que se passa 40 anos depois do filme de 1966, após quatro décadas em reclusão - uma delas num manicômio e 30 anos preso na ala de Saúde Mental da Penitenciária do Estado de São Paulo -, Zé do Caixão é finalmente libertado.

Novamente em contato com as ruas, o sádico coveiro está decidido a cumprir a mesma meta que o levou preso: encontrar a mulher que possa lhe gerar um filho perfeito. Em seu caminho pela cidade de São Paulo, deixa um rastro de horror, enfrentando leis não-naturais e crendices populares.
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Simplesmente Excelente! Uma autêntica fábula de terror brasileiro, digna do material predecessor do Mojica, anabolizada com algumas sequências grotescas que os recursos (e, principalmente, a censura) de antes não permitiriam que fecha com chave de ouro a trilogia.

Os outros dois capítulos foram rodados nos fins dos anos 60, desde então até os fins dos anos 80,  o Mojica continuou com uma constante produção cinematográfica, alguns longas contando até com o personagem e mitologia do Zé do Caixão. Porém, ele nunca teve a liberdade que queria para encerrar sua saga, e, até pouco tempo, tudo indicava que esta nunca receberia seu desfecho.

 

A baixa bilheteria, não compatível com a grandeza do evento, se deu principalmente por essa longa espera.

 

Os filmes do Zé do Caixão estão esquecidos pelo público brasileiro, a única lembrança que se guarda do personagem é a de uma figura exótica que por vezes faz uma aparição debochada e questionável na TV.

 

A memória do cinema brasileiro é tão ausente neste país que seus filmes não constam no imaginário cinéfilo como um clássico do gênero da mesma forma que, por exemplo, "A noite dos Mortos vivos" que é da mesma safra.

 

Zé do Caixão tornou-se uma auto-paródia, mas a história há de corrigir esse erro...
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 Encarnação do Demônio - 3,0/5,0

 

 Bom filme. Na verdade esperava mais, principalmente no quesito terror. Falta "atmosfera" ao filme e dado os recursos técnicos de excelente nível do longa (com destaque para a fotografia) e pelo fato do roteirista ser o Denisson, isso me deixou contrariado e desapontado.

 Há também falhas de continuidade e de lógica em certas passagens do roteiro (o Zé, depois de ficar 40 anos trancafiado, sai da cadeia usando a mesma vestimenta - limpa e perfeita - à despeito de ter engordado... Mulheres raptadas à contragosto se tornam escravas e adoradoras do Zé do Caixão depois de passar por atrocidades mil e sem nenhuma razão minimamente plausível que mostre o porquê disso, o sumiço de Bruno do filme de uma hora pra outra etc).

 Além disso, com raras exceções, as atrizes que sofrem na mão do Zé e as que aparecem nuas, têm interpretações sofríveis...

 ENTRETANTO, como disse, o filme tem mais méritos que deméritos: o tom teatral e exagerado de Mojica é um troço aterrorizante e engraçado ao mesmo tempo (a fala dele que sela o destino das feiticeiras cegas é impagável...06). Isso sem falar nas suas elocubrações filósoficas sobre o que ele pensa sobre a vida e a morte, sobre a eternidade do sangue e de estar acima do bem e do mal. A abertura do filme é espetacular (a edição de som e as imagens são fantásticas!) e a música do Abujamra é tenebrosa (me deixou realmente impressionado... 13).

 O filme tem passagens de sadismo e gore que valem o ingresso, of course, para os aficcionados... 03 Destaque para as cenas da escalpelação, a do queijo derretido/rato na vagina e a das baratas... Isso sem falar em falas impagáveis ("Quem achar o puto primeiro grita: O puto táqui!!" ou "Imagens não morrem, Capitão!" ou "Se o Inferno existisse eu iria pra lá com meus próprios pés!" ou "Morre filhadaputa!!" - dita pelo padre!! etc).

 Um filme diferente, bem produzido e feito com carinho por todos os envolvidos e que vale a conferida! Não é tão terrorzão como muitos insistem em dizer, mas têm imagens fortes e corajosas e uma mensagem interessantemente perturbadora dado que se trata de um filme de terror: insiste em questionar o invisível, o místico e a crença religiosa. Tudo isso, nada mais que um monte de MENTIRAAAAS e um monte de besteiras!! (imaginem o Zé do Caixão abrindo os braços com suas garras, olhar esbugalhado e com aquele sotaque...)  

 Eterno mesmo, só o sangue.

 Real mesmo, só o aqui e agora!!         

 

PS 1: O brasileiro é trouxa mesmo... Uma pequena fila na entrada da sala pra ver "Zohan" e apenas eu e mais quatro pessoas pra conferir o filme do Mojica... Lamentável. 09

 

PS 2: Entre os atores "profissa" destaque pro Jesse Valadão e Rui Resende. Ambos muito dignos e competentes nos seus papéis.               

                
The Deadman2008-08-31 13:56:02
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Não sei dele... mas reclamar da roupa na cadeia é preciosismo demais. Com toda a certeza é implausível ele estar assim... mas é o Zé do Caixão pombas... o personagem É a sua caracterização... pau no cú da plausibilidade! No caso das mulheres então, não precisa de mais explicação... o Zé seduz pela tortura... pau no cú da plausibilidade de novo e mais uma vez!

 

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 Crítica do Contracampo...

 

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São dois desafios:

1) Evitar o sério risco de cair no conservadorismo que rege a atual crítica brasileira, completamente moldada pelo gosto médio e, salvo raras (cada vez mais) exceções, muito mal acostumada com o dejeto que as distribuidoras vêm despejando em nosso circuito.

2) Fazer uma crítica de um filme que já está em sua segunda semana, e que já rendeu textos primorosos de Inácio Araujo e Francis Vogner dos Reis.

O primeiro desafio é até fácil de ser vencido. Começar o texto dessa forma é um bom sinal. Ele pode até ser ruim, mas conservador, jamais. O segundo só é possível de ser contornado. Já que tudo, ou quase, disseram sobre este filme notável, restam alguns tiros no escuro, algumas parcas tentativas de se apreender o jorro de imagens furiosas e represadas que Mojica colocou nas telas de cinema.

Porque Encarnação do Demônio é isso: energia represada. Esporro violento de cenas desafiadoras, deflagadoras de uma notável distinção: o cinema brasileiro ainda existe, escondido debaixo de plim-plins e favelas, driblando leis de incentivo e dinamitando padrões de bom gosto com bichos escrotos, leitão escondendo mulher nua e banhos de sangue na hora da transa.

Como Serras da Desordem, Cão sem Dono, Falsa Loura, e mais uns poucos, a nova estripulia do Zé do Caixão ignora que certo tipo de cinema está praticamente banido do interesse dos freqüentadores de multiplexes – falo em freqüentadores porque se falar em cinéfilos serei obrigado a falar de gueto, e não quero falar disso agora. Pois é justamente neles que o filme se sujeita ao vaticínio de alguns, superiores demais para enxergar alguma originalidade, soberbos ao extremo, e, por isso, incapazes de perceber onde está o desafio, onde pecam pelo conservadorismo.

O filme de Tonacci desafia quem queira rotulá-lo, e nesta terra de caolhos quem não é rotulado dificilmente é compreendido; na verdade, dificilmente recebe a atenção necessária para ser compreendido. O de Brant consegue furar alguns bloqueios, mas não sai ileso do precipício a que se atira. E o de Carlão é a prova definitiva de que o gosto popular encolheu, ficou pior, e já não pode mais abrigar ousadias estéticas ou citações filosóficas.

Agora vem o novo Mojica para tentar desbravar a barreira da bilheteria. E vêm os comentaristas do pós-tudo analisar o que foi feito de errado na estratégia de marketing, na escolha do dia de estréia, nas capitais escolhidas para receberem o filme em primeira mão. Não consegue desbravar tal barreira, não tem como conseguir. Mas houve mesmo um erro? Ou o erro foi apostar na coragem de um público cada vez mais distante do que é diferente? Zé do Caixão, fosse um homem da vida, e não um personagem, desaprovaria todos os risinhos de deboche com unhas enfiadas na cara. Mas felizmente ele é só um personagem, e suas torturas ficam restritas à tela.

Não pretendo com estas palavras dizer que quem não gostou do filme é conservador, ou pouco entende de cinema. Mas é inevitável observar que as críticas negativas são carregadas de um tipo de preconceito que parece abalizado por alguma instância que também dita as escolhas das distribuidoras: procurar obras que mantenham o espectador com suas certezas, e não estraguem o jantar que se segue ao filme.

Outra coisa, destinada a quem já deve se perguntar "onde está a crítica?". Não, isto não é uma crítica. É uma resposta. Resposta? Sim, ao que se disse por aí, ao que se pensa nas esquinas, ao que se pode ler. Se ainda existe um espaço para que um jorro desgovernado de cinema seja respondido com um jorro desgovernado de palavras, e se este despautério seja encarado como um fruto sincero e inseguro de uma paixão ainda pulsante – sim, uma paixão que é sabotada, dia a dia, por 90% do que estréia em nossos cinemas –, então que se encare este texto como algo possível no cenário crítico brasileiro.

Menos uma carta de intenções do que uma provocação, muito menos um não ter o que dizer do que o reconhecimento de que outros já disseram-no bem, e de que chover no molhado é a pior forma de reverência crítica. Enfim, um suicídio crítico, se quiserem alguns, um desesperado grito por mudanças, se sintonizarem a mesma faixa. Sobretudo, um tapa na cara – desajeitado, trem doido, mas com paixão – da cartilha crítica, como o tapa dado por Mojica no bom gosto vigente.


 Sérgio Alpendre

 
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Por Luiz Zanin, Seção: Cinema, Festivais às 15:56:56 - Estado de São Paulo

VENEZA- Mojica teve uma boa sessão ontem à noite. Umas 300 pessoas na Sala Grande, que tem pouco mais de mil poltronas. Pouca gente foi embora. Houve aplausos para o diretor na apresentação e durante o filme, em especial nas cenas de tortura que, pelo jeito, caíram no gosto de uma certa tribo. No final, mais aplausos. Há um nicho de mercado para Mojica. Qual o tamanho dele, não se sabe. O fato é que o filme fracassou no Brasil.

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 Enquanto pessoas aqui preferirem enfrentar fila pra conferir "Zohan" à filmes como o do Mojica, realmente não tem como ser sucesso...  

 
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 "Pau no cu da plausibilidade". Hummmm...17

  Excelente argumento. 10


Perdão pelas palavras de baixo calão. Sodomia na plausibilidade!!!

Melhor?

PS: Bela saída estratégica pela direita' date=' hein?
[/quote']

 

 Não precisa perdir desculpas pelo uso do palavreado chulo. Pau no cu, sodomia, fazer sexo anal, empurrar o barro da plausibilidade ou whatever relativo ao reto que queira: seu "argumento" continua ridículo. Com ironia ou sem. Pela direita ou pela esquerda.

 Mas, que bom que à despeito da sua bobeira, curtiu o filme. Isso é o que interessa.  03

 

 

 

 

         
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