Members laure Posted September 8, 2009 Members Report Share Posted September 8, 2009 Quase uma oração Um dia a gente acorda e percebe que mudou,depois de levar muita porrada e ter os ossosmoídos junto aos sonhos. Um dia a gente acordae percebe que nem toda mudança precisaser amarga, embora o que nos mova quasesempre seja a dor, esta parceira do imprevisto.Um dia a gente acorda e descobre do lado doavesso um espaço zen, uma espécie de pazinterior que nos adula e acaricia, como se a mãevoltasse a nos pegar no colo.Neste dia, inexplicavelmente, decidimos que omelhor a fazer numa manhã é plantar um girassolsó para ver, dali a um tempo, sem angústia,dilema ou rejeição, que a vida dança a dançados dervixes...e que a nossa entrega à vidaé um ritual sem hoje nem amanhã.A felicidade pode ser o ato de movimentar -secomo os girassóis, para lá e para cá, só pra veronde começa e onde termina o dia...sem pressa.Os acontecimentos não nos pertencem. (Célia Musilli) Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members jujuba Posted September 12, 2009 Members Report Share Posted September 12, 2009 O tempo presente e o tempo passadoEstão ambos talvez presentes no tempo futuroE o tempo futuro contido no tempo passado.Se todo tempo é eternamente presenteTodo tempo é irredimível.O que poderia ter sido é uma abstraçãoQue permanece, perpétua possibilidade,Num mundo apenas de especulação.O que poderia ter sido e o que foiConvergem para um só fim, que é sempre presente.Ecoam passos na memóriaAo longo das galerias que não percorremosEm direção à porta que jamais abrimosPara o roseiral. Assim ecoam minhas palavrasEm tua lembrança. Mas com que fimPerturbam elas a poeira sobre uma taça de pétalas,Não sei. Outros ecosNo jardim se aninham. Seguiremos? (célia musilli)<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /> Recebido de Lau... lindo!!! Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted September 16, 2009 Members Report Share Posted September 16, 2009 Chica, que bom que gostou!!! Aí vai mais um dela. As vezes tem sarau no Cemitério de automóveis e ela declama seus poemas. Lindo demais!! Desfolhamento<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /> ao escutar seu silêncio me dei por vencida depois de jurar ouvir diálogos onde não havia passos invisíveis na casa-fantasma vi a chegada de uma carta-bilhete com todas as promessas assinadas embaixo como um canteiro de tulipas num jardim suspenso ah! amor do meu amor quando construí palácios de sonhos e coloquei móveis e cortinas diáfanas de insustentável realidade pensei que meu afeto seria o alimento à mesa a ser levado às colheradas à sua boca como o pacto dos romances que resistem depois veio o rio caudaloso a força d´água a tempestade-ira que me tirou o sossego no início senti medo adivinhei o perigo decifrei a ausência na imaterialidade sem palavras sabia que dali em diante sem fazer planos nem contas o amor me subtraíra (Célia Musilli) Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted September 23, 2009 Members Report Share Posted September 23, 2009 Amigas e amigos queridos... que venha a primavera! Canção da Primavera (Para Érico Veríssimo)Primavera cruza o rioCruza o sonho que tu sonhas.Na cidade adormecidaPrimavera vem chegando.Catavento enloqueceu,Ficou girando, girando.Em torno do cataventoDancemos todos em bando.Dancemos todos, dancemos,Amadas, Mortos, Amigos,Dancemos todos atéNão mais saber-se o motivo...Até que as paineiras tenhamPor sobre os muros florido! Mario Quintana Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members flower Posted September 23, 2009 Members Report Share Posted September 23, 2009 “Pensando em fazer, pensando em fazer, se passaram 20 anos Não consegui, não consegui, se passaram 20 anos Ai, por que não fiz?, ai, por que não fiz?, se passaram 20 anos Assim, se passaram 60 anos Essa é a biografia de uma vida vazia.” (Provérbio tibetano) -------------------------------------------- A Águia e a GalinhaUma metáfora da condição humana Era uma vez um camponês que foi a floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Coloco-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros. Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista: - Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia. - De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu criei como galinha. Ela não é mas uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão. - Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração a fará um dia voar ás alturas. - Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia. Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse: - já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não a terra, então abra suas asas e voe! A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas. O camponês comentou: - Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha! - Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã. No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe: - Águia, já que você é uma águia, abra as suas asas e voe! Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas. O camponês sorriu e voltou à carga: - Eu lhe havia dito, ela virou galinha! - Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma ultima vez. Amanhã a farei voar. No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas. O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe: - Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe! A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte. Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias e ergue-se, soberana, sobre se mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez mais para o alto. Voou... voou... até confundir-se com o azul do firmamento...<?:NAMESPACE PREFIX = O /> E Aggrey terminou conclamando: - Irmãos e irmãs, meus compatriotas! Nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus! Mas houve pessoas que nos fizeram pensar como galinhas. E muitos de nós ainda acham que somos efetivamente galinhas. Mas nós somos águias. Por isso, companheiros e companheiras, abramos as asas e voemos . Voemos como as águias. Jamais nos contentemos com os grãos que nos jogarem aos pés para ciscar. (Autor: Frei Leonardo Boff) flower2009-09-23 22:26:55 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted September 27, 2009 Members Report Share Posted September 27, 2009 A Solidão (Rodrigo Garcia Lopes) a solidão sempre aparece com beijos & bombons a solidão faz visitas regulares a seus amigos íntimos a solidão brinca no mar com seus dedos de açúcar a solidão vive sorrindo pra desconhecidos a solidão ainda se emociona com filmes antigos na televisão a solidão imagina gueixas cujos olhos são borboletas de vidro a solidão bebe em meu corpo seu próprio desespero a solidão adora esconde-esconde e amarelinha a solidão coleciona diários e discos do Coltrane a solidão usa pijamas de bolinhas e óculos quebrados a solidão depois do sexo ainda se sente sozinha a solidão e eu somos apenas bons amigos a solidão corta meus pulsos com uma gilete de sal depois sai chapada pelas ruas com uma folha de alface na lapela. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Mr. Ibanez Posted October 11, 2009 Members Report Share Posted October 11, 2009 TABACARIA Não sou nada.Nunca serei nada.Não posso querer ser nada.À parte isso' date=' tenho em mim todos os sonhos do mundo. Janelas do meu quarto,Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é(E se soubessem quem é, o que saberiam?),Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada. Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,E não tivesse mais irmandade com as coisasSenão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da ruaA fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitadaDe dentro da minha cabeça,E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida. Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.Estou hoje dividido entre a lealdade que devoÀ Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro. Falhei em tudo.Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.A aprendizagem que me deram,Desci dela pela janela das traseiras da casa.Fui até ao campo com grandes propósitos.Mas lá encontrei só ervas e árvores,E quando havia gente era igual à outra.Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar? Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!Gênio? Neste momentoCem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,E a história não marcará, quem sabe?, nem um,Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.Não, não creio em mim.Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?Não, nem em mim...Em quantas mansardas e não-mansardas do mundoNão estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,E quem sabe se realizáveis,Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?O mundo é para quem nasce para o conquistarE não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,Ainda que não more nela;Serei sempre o que não nasceu para isso;Serei sempre só o que tinha qualidades;Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,E ouviu a voz de Deus num poço tapado.Crer em mim? Não, nem em nada.Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardenteO seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.Escravos cardíacos das estrelas,Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;Mas acordamos e ele é opaco,Levantamo-nos e ele é alheio,Saímos de casa e ele é a terra inteira,Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido. (Come chocolates, pequena;Come chocolates!Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.Come, pequena suja, come!Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.) Mas ao menos fica da amargura do que nunca sereiA caligrafia rápida destes versos,Pórtico partido para o Impossível.Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,Nobre ao menos no gesto largo com que atiroA roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,E fico em casa sem camisa. (Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!Meu coração é um balde despejado.Como os que invocam espíritos invocam espíritos invocoA mim mesmo e não encontro nada.Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,Vejo os cães que também existem,E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,E tudo isto é estrangeiro, como tudo.) Vivi, estudei, amei e até cri,E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o raboE que é rabo para aquém do lagarto remexidamente Fiz de mim o que não soubeE o que podia fazer de mim não o fiz.O dominó que vesti era errado.Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.Quando quis tirar a máscara,Estava pegada à cara.Quando a tirei e me vi ao espelho,Já tinha envelhecido.Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.Deitei fora a máscara e dormi no vestiárioComo um cão tolerado pela gerênciaPor ser inofensivoE vou escrever esta história para provar que sou sublime. Essência musical dos meus versos inúteis,Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,Calcando aos pés a consciência de estar existindo,Como um tapete em que um bêbado tropeçaOu um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada. Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltadaE com o desconforto da alma mal-entendendo.Ele morrerá e eu morrerei.Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,E a língua em que foram escritos os versos.Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como genteContinuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas, Sempre uma coisa defronte da outra,Sempre uma coisa tão inútil como a outra,Sempre o impossível tão estúpido como o real,Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra. Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.Semiergo-me enérgico, convencido, humano,E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário. Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-losE saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.Sigo o fumo como uma rota própria,E gozo, num momento sensitivo e competente,A libertação de todas as especulaçõesE a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto. Depois deito-me para trás na cadeiraE continuo fumando.Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando. (Se eu casasse com a filha da minha lavadeiraTalvez fosse feliz.)Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universoReconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu. Álvaro de Campos, 15-1-1928 [/quote'] Fernando Pessoa é um dos melhores da língua portuguesa. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted October 12, 2009 Members Report Share Posted October 12, 2009 o que fazer quando te quero tanto e não posso, no entanto, transformar em pele, carne, linfa a tua ausência que me faz te amar no verbo de todas as línguas (célia musilli) Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members kika Posted October 26, 2009 Members Report Share Posted October 26, 2009 Soneto XVII No te amo como se fueras rosa de sal, topacio o flecha de claveles que propagan el fuego: te amo como se aman ciertas cosas oscuras, secretamente, entre la sombra y el alma.Te amo como la planta que no florece y lleva dentro de sí, escondida, la luz de aquellas flores, y gracias a tu amor vive oscuro en mi cuerpo el apretado aroma que ascendió de la tierra.Te amo sin saber cómo, ni cuándo, ni de dónde, te amo directamente sin problemas ni orgullo: así te amo porque no sé amar de otra manera,sino así de este modo en que no soy ni eres, tan cerca que tu mano sobre mi pecho es mía, tan cerca que se cierran tu ojos con mi sueño. Pablo Neruda Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members kika Posted November 14, 2009 Members Report Share Posted November 14, 2009 Sem Mais Adeus Vim, cheio de saudadeCheio de coisas lindas pra dizerVim porque sentiaQue nada existia fora de vocêNem a poesia, amorNa sua ausência quis me receberVim banhado em prantoEu te amo tantoVem, vem aos braços meusSem mais adeusOh, vem Vinicius de Moraes Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted November 16, 2009 Members Report Share Posted November 16, 2009 Dia difícil. É necessário fazer o degelo de pensamentos congelados. Há anos disfarço a intensa lucidez com as tarefas do dia a dia. O gelo espoca no copo de uísque. Meu corpo acostumou com este ritual e o marulho do líquido descendo pelo organismo é um indício de coragem. Há anos abandonei o vício de fazer aquilo que não quero. Os fantasmas saíram trotando mas há indeléveis marcas desta cavalgada de fuga - patas, rastros, ferraduras - Agora, toda manhã, consigo estalar os dedos e me sentir mais viva. (Karen Debértolis) Se quiserem ouvir: http://www.myspace.com/karendebertolis Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Renata Posted November 19, 2009 Members Report Share Posted November 19, 2009 NADA A FAZER “Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos' date=' resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho… o de mais nada fazer.” (Clarice Lispector)[/quote'] Belíssimo! Quanto ao Oswaldo Montenegro, tá aí um cara que eu respeito. Aqui algo dele que eu gosto bastante. (Embora saia um pouco de todo o romantismo que ele costuma fazer.) A Lista Faça uma lista de grandes amigos Quem você mais via há dez anos atrás Quantos você ainda vê todo dia? Quantos você já não encontra mais? Faça uma lista dos sonhos que tinha Quantos você desistiu de sonhar? Quantos amores jurados pra sempre? Quantos você conseguiu preservar? Onde você ainda se reconhece: Na foto passada ou no espelho de agora? Hoje é do jeito que achou que seria? Quantos amigos você jogou fora? Quantos mistérios que você sondava? Quantos você conseguiu entender? Quantos segredos que você guardava Hoje são bobos, ninguém quer saber? Quantas mentiras você condenava? Quantas você teve que cometer? Quantos defeitos sanados com o tempo Eram o melhor que havia em você? Quantas canções que você não cantava Hoje assovia pra sobreviver? Quantas pessoas que você amava Hoje acredita que amam você?dark_angel2009-11-19 13:26:48 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members kika Posted December 1, 2009 Members Report Share Posted December 1, 2009 Nunca fui como todosNunca tive muitos amigosNunca fui favoritaNunca fui o que meus pais queriamNunca tive alguém que amasseMas tive somente a mimA minha absoluta verdadeMeu verdadeiro pensamentoO meu conforto nas horas de sofrimentonão vivo sozinha porque gostoe sim porque aprendi a ser só... Florbela EspancaKikas2009-12-01 15:57:32 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted December 7, 2009 Members Report Share Posted December 7, 2009 Gilete "Corta o meu barato nas noites de ferro corta a minha doze em tiras de metal bebe o sangue do pulso das meninas depois passeia chapada esperando o final Gilete na bolsa das putas Gilete nos olhos dos loucos Gilete nas línguas das virgens Gilete no sangue de poucos Corta o meu barato nas noites de vício leva mil baladas pra segurar este hospício lava com whisky os pecados dos meninos depois convoca a alcatéia pra um ensaio geral" (Mário Bortolotto) “Se na hora grave de um homem toda a compaixão de outros homens se juntasse para impedi-lo de partir, esse homem não morreria.” (Pedro Maciel) Que essa oração chegue aos ouvidos de quem decide: Deus, Zeus, Tupã... Que a vida continue a pulsar no coração ferido a bala do Mário e ele viva para continuar a desfilar como um menino, com seus coturnos com os cadarços desamarrados. laure2009-12-09 00:18:14 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted December 9, 2009 Members Report Share Posted December 9, 2009 COME LIE WITH ME AND BE MY LOVE Venha deitar comigo e ser meu amor Amor minta comigo Jaza aqui comigo Ao pé do cipreste No doce gramado Onde o vento fenece Onde o vento perece Enquanto a noite marca passo Venha deitar comigo A noite toda comigo E me beije até se fartar E se farte de fazer amor E deixe nossos eus falarem em par Por toda a noite ao pé do cipreste Sem fazer amor ** Lawrence Ferlinghetti (Starting from San Francisco, 1961) Versão brasileira: Cardoso & Santana Translation Productions Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Mia Thermopolis Posted December 23, 2009 Members Report Share Posted December 23, 2009 Salexistência: um poema de Tenório Telles SalárioSalsalga meus sonhos meus olhosSalque fereminhas chagassalmouradassalgada existênciaA vida por um saláriosalexistênciaO sal da terrasalga-nos os ossos. Adooooro. Ele esbanja criatividade para metaforizar coisas notórias....lindo. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members jujuba Posted January 15, 2010 Members Report Share Posted January 15, 2010 Presentaço (aço...aço) virei fã absoluta e incondicional O QUE EU NÃO DISSE<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /> O silêncio é arma a fustigar entranhas Quando dói me recolho Como bicho Intuindo o sacrifício E a quietude sangra, incendeia Fecho bem os olhos A solidão na veia Aberta à perda Na correnteza do rio Uivo, laivo, cio na manhã que se despedaça Flor, pétala entre os dedos, O silêncio é minha dor E meu segredo. Célia Musilli Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members kika Posted January 18, 2010 Members Report Share Posted January 18, 2010 Uma taça feita de um crânio humano Não recues! De mim não foi-se o espírito... Em mim verás - pobre caveira fria - Único crânio que, ao invés dos vivos, Só derrama alegria. Vivi! amei! bebi qual tu: Na morte Arrancaram da terra os ossos meus. Não me insultes! empina-me!... que a larva Tem beijos mais sombrios do que os teus. Mais vale guardar o sumo da parreira Do que ao verme do chão ser pasto vil; - Taça - levar dos Deuses a bebida, Que o pasto do réptil. Que este vaso, onde o espírito brilhava, Vá nos outros o espírito acender. Ai! Quando um crânio já não tem mais cérebro ...Podeis de vinho o encher! Bebe, enquanto inda é tempo! Uma outra raça, Quando tu e os teus fordes nos fossos, Pode do abraço te livrar da terra, E ébria folgando profanar teus ossos. E por que não? Se no correr da vida Tanto mal, tanta dor ai repousa? É bom fugindo à podridão do lado Servir na morte enfim p'ra alguma coisa!... Lord Byron Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Mia Thermopolis Posted January 20, 2010 Members Report Share Posted January 20, 2010 Acho que Lord Byron deve ter ensinado tudo a Augusto dos Anjos rs Qd li esse poema "Uma taça feita de um crânio humano" Lembrei-me do augusto..com seus Versos íntimos que arrepiam Conhecem? Uma coisa estilo ler...e encantar-se com a ousadia e desencantar-se com o imaginário que ao lê-lo te traz...rs Vês?! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a ingratidão - esta pantera - Foi tua companheira inseparável!Acostuma-te à lama que te espera! O homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera.Toma um fósforo, Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja.Se alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja esta mão vil que te afaga, Escarra nesta boca que te beija! Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted January 31, 2010 Members Report Share Posted January 31, 2010 sem tido tudo tem sentido se sentido fortudo que sentimostudo tão sentidoque não tem sentido algumficar sentado aquimentindo Rodrigo Garcia Lopes Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Mia Thermopolis Posted January 31, 2010 Members Report Share Posted January 31, 2010 De um dos meus autores preferidos Carlos Drummond de Andrade... MemóriaAmar o perdidodeixa confundidoeste coração.Nada pode o olvidocontra o sem sentidoapelo do Não.As coisas tangíveistornam-se insensíveisà palma da mãoMas as coisas findasmuito mais que lindas,essas ficarão. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted February 2, 2010 Members Report Share Posted February 2, 2010 Pinot Noir Com a língua Passo vinho E tinjo O mármore dos teus lábios Para aquecer o teu beijo E encorajar-te A libertar o desejo Há séculos sufocado (Marcus Nogueira) Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members J.McClane Posted February 3, 2010 Members Report Share Posted February 3, 2010 Pode ser que um dia deixemos de nos falar... Mas, enquanto houver amizade, Faremos as pazes de novo. Pode ser que um dia o tempo passe... Mas, se a amizade permanecer, Um de outro se há-de lembrar. Pode ser que um dia nos afastemos... Mas, se formos amigos de verdade, A amizade nos reaproximará. Pode ser que um dia não mais existamos... Mas, se ainda sobrar amizade, Nasceremos de novo, um para o outro. Pode ser que um dia tudo acabe... Mas, com a amizade construiremos tudo novamente, Cada vez de forma diferente. Sendo único e inesquecível cada momento Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre. Há duas formas para viver a sua vida: Uma é acreditar que não existe milagre. A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre Einstein Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Mia Thermopolis Posted February 3, 2010 Members Report Share Posted February 3, 2010 Que boniiiiiiiiiiitoooooooo Clane! *.* Q poema fofo! rs Einstein merecia um prêmio por isso! rs Lembrei-me de Fernando Pessoa, poeta preferido da minha mãe... Poema do amigo aprendiz Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos. Nem tão longe e nem tão perto. Na medida mais precisa que eu puder. Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida, Da maneira mais discreta que eu souber. Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar. Sem forçar tua vontade. Sem falar, quando for hora de calar. E sem calar, quando for hora de falar. Nem ausente, nem presente por demais. Simplesmente, calmamente, ser-te paz. É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender! E por isso eu te suplico paciência. Vou encher este teu rosto de lembranças, Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias... Fernando Pessoa Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members kika Posted March 3, 2010 Members Report Share Posted March 3, 2010 Motivo Eu canto porque o instante existee a minha vida está completa.Não sou alegre nem triste:sou poeta.Irmão das coisas fugidias,não sinto gozo nem tormento.Atravesso noites e diasno vento.Se desmorono ou edifico,se permaneço ou me desfaço,- não sei, não sei. Não sei se ficoou passo.Sei que canto. E a canção é tudo.Tem sangue eterno e asa ritmada.E sei que um dia estarei mudo:- mais nada Cecília Meireles Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
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