Members J.McClane Posted December 5, 2010 Members Report Share Posted December 5, 2010 Me deparei agora de manha com essa aqui, é simplesinha, quase poema de primario, mas achei bem bonitinho, e sei la pq me lembrou um poeminha que li numa revistinha do Chico Bento acho que pro Zé Lelé uma vez Se amigos dizem: Te amo! Não custa, te direi, sim. Gostei desse teu jeitinho Com que disseste pra mim. Amor, leal amizade, Sentimentos de alto preço, Fico assim tão radiante, Se de ti tanto mereço. Quando lembrares de mim Saiba que nunca te esqueço Já disse, amor e amizade, São algo que não tem preço. MÍRIAN WARTTUSCH -------------------------------------- "NEGUE" [/quote'] Putz, essa me lembra totalmente minha mãe, ela vive cantarolando essa música desde que eramos pequenos (não que eu tenha crescido muito nesses anos todos, mas enfim) J.McClane2010-12-05 07:35:14 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members HClementte Posted December 10, 2010 Members Report Share Posted December 10, 2010 ISMÁLIA Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar... Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar. No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar... E, no desvario seu, Na torre pôs-se a cantar... Estava perto do céu, Estava longe do mar... E como um anjo pendeu As asas para voar... Queria a lua do céu, Queria a lua do mar... As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par... Sua alma subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar... (Alphonsus de Guimaraens) Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members LOTHAR Posted December 10, 2010 Members Report Share Posted December 10, 2010 A última viagem de Jayme Ovalle Vinicius de Moraes Ovalle não queria a Morte Mas era dele tão querida Que o amor da Morte foi mais forte Que o amor do Ovalle à vida. E foi assim que a Morte, um dia Levou-o em bela carruagem A viajar – ah, que alegria! Ovalle sempre adora viagem! Foram por montes e por vales E tanto a Morte se aprazia Que fosse o mundo só de Ovalles E nunca mais ninguém morria. A cada vez que a Morte, a sério Com cicerônica prestança Mostrava a Ovalle um cemitério Ele apontava uma criança. A Morte, em Londres e Paris Levou-o à forca e à guilhotina Porém em Roma, Ovalle quis Tomar a sua canjebrina. Mostrou-lhe a Morte as catacumbas E suas ósseas prateleiras Mas riu-se muito, tais zabumbas Fazia Ovalle nas caveiras. Mais tarde, Ovalle satisfeito Declara à Morte, ambos de porre: – Quero enterrar-me, que é um direito Inalienável de quem morre! Custou-lhe esforço sobre-humano Chegar à última morada De vez que a Morte, a todo pano Queria dar uma esticada. Diz o guardião do campo-santo Que, noite alta, ainda se ouvia A voz da Morte, um tanto ou quanto Que ria, ria, ria, ria... Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members J.McClane Posted December 14, 2010 Members Report Share Posted December 14, 2010 Li essa hoje no metrô, achei muito bonita - (as 3 ultimas linhas são engraçadas) Saudade Saudade dentro do peito É qual fogo de monturo Por fora tudo perfeito, Por dentro fazendo furo. Há dor que mata a pessoa Sem dó e sem piedade, Porém não há dor que doa Como a dor de uma saudade. Saudade é um aperreio Pra quem na vida gozou, É um grande saco cheio Daquilo que já passou. Saudade é canto magoado No coração de quem sente É como a voz do passado Ecoando no presente. A saudade é jardineira Que planta em peito qualquer Quando ela planta cegueira No coração da mulher, Fica tal qual a frieira Quanto mais coça mais quer. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members jujuba Posted December 19, 2010 Members Report Share Posted December 19, 2010 Como vai você? Como vai você?Eu preciso saber da sua vidaPeça alguém pra me contar sobre o seu diaAnoiteceu e preciso só saber Como vai você?Que já modificou a minha vidaRazão de minha paz já esquecidaNem sei se gosto mais de mim ou de você Vem que a sede de te amar me faz melhorEu quero amanhecer ao seu redorPreciso tanto me fazer feliz Vem que tempo pode afastar nos doisNão deixa tanta vida pra depoisEu só preciso saber...Como vai você? Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members J.McClane Posted December 20, 2010 Members Report Share Posted December 20, 2010 Grande Roberto! Quer dizer, nao foi ele que escreveu, mas ficou famoso na voz dele Uma letra que ouvi e achei linda demais do roberto é "As canções que você fez pra mim", o cara sabia escrever! Ja a musica, a versão cantada por ele acho meia boca, mas na voz da Sandy ficou nota 10. As Canções Que Você Fez Pra Mim Composição: Roberto Carlos / Erasmo Carlos Hoje, eu ouço as canções que você fez pra mim Não sei por que razão tudo mudou assim Ficaram as canções e você não ficou Esqueceu de tanta coisa que um dia me falou Tanta coisa que somente entre nós dois ficou Eu acho que você já nem se lembra mais É tão difícil olhar o mundo e ver O que ainda existe Pois sem você meu mundo é diferente Minha alegria é triste Quantas vezes você disse que me amava tanto Tantas vezes eu enxuguei o seu pranto E agora eu choro só sem ter você aquí Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members HClementte Posted March 29, 2011 Members Report Share Posted March 29, 2011 Recordo ainda, e nada mais me importa Aqueles dias de uma luz tão mansa Que me deixavam, sempre, de lembrança, Algum brinquedo novo à minha porta. Mas veio um vento de Desesperança Soprando cinzas pela noite morta! E eu pendurei na galharia torta Todos os meus brinquedos de criança... Estrada afora após segui, mas ai, Embora idade e senso eu aparente, Não vos iluda o velho que aqui vai: Eu quero os meus brinquedos novamente! Sou um pobre menino, acreditai Que envelheceu, um dia, de repente. (Quintana eterno!) Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members HClementte Posted March 29, 2011 Members Report Share Posted March 29, 2011 Eu sei que determinada rua que eu já passei Não tornará a ouvir o som dos meus passos. Tem uma revista que eu guardo há muitos anos E que nunca mais eu vou abrir. Cada vez que eu me despeço de uma pessoa Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez A morte, surda, caminha ao meu lado E eu não sei em que esquina ela vai me beijar Com que rosto ela virá? Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer? Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque? Na música que eu deixei para compor amanhã? Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro? Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada, E que está em algum lugar me esperando Embora eu ainda não a conheça? Vou te encontrar vestida de cetim, Pois em qualquer lugar esperas só por mim E no teu beijo provar o gosto estranho Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar Vem, mas demore a chegar. Eu te detesto e amo morte, morte, morte Que talvez seja o segredo desta vida Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida Qual será a forma da minha morte? Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida. Existem tantas... Um acidente de carro. O coração que se recusa abater no próximo minuto, A anestesia mal aplicada, A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe, Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio... Oh morte, tu que és tão forte, Que matas o gato, o rato e o homem. Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva E que a erva alimente outro homem como eu Porque eu continuarei neste homem, Nos meus filhos, na palavra rude Que eu disse para alguém que não gostava E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite... Vou te encontrar vestida de cetim, Pois em qualquer lugar esperas só por mim E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar Vem, mas demore a chegar. Eu te detesto e amo morte, morte, morte Que talvez seja o segredo desta vida Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida (Raul Eterno!) Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted March 29, 2011 Members Report Share Posted March 29, 2011 Eu sei que determinada rua que eu já passei Não tornará a ouvir o som dos meus passos. Tem uma revista que eu guardo há muitos anos E que nunca mais eu vou abrir.(...)(Raul Eterno!) Ismália tinha no meu livro na época do colégio, sempre achei linda!!! E para continuar com o eterno Raul, essa é pq estamos chegando no dia 31/03, e é uma letra que diz tudo sobre o início do longo período macabro da história recente do nosso pais. Metrô Linha 743 Raul Seixas Ele ia andando pela rua meio apressadoEle sabia que tava sendo vigiadoCheguei para ele e disse: Ei amigo, você pode me ceder um cigarro?Ele disse: Eu dou, mas vá fumar lá do outro ladoDois homens fumando juntos pode ser muito arriscado!Disse: O prato mais caro do melhor banquete éO que se come cabeça de gente que pensaE os canibais de cabeça descobrem aqueles que pensamPorque quem pensa, pensa melhor parado.Desculpe minha pressa, fingindo atrasadoTrabalho em cartório mas sou escritor,Perdi minha pena nem sei qual foi o mêsMetrô linha 743 O homem apressado me deixou e saiu voandoAí eu me encostei num poste e fiquei fumandoTrês outros chegaram com pistolas na mão,Um gritou: Mão na cabeça malandro, se não quiser levar chumbo quente nos cornosEu disse: Claro, pois não, mas o que é que eu fiz?Se é documento eu tenho aqui...Outro disse: Não interessa, pouco importa, fique aíEu quero é saber o que você estava pensandoEu avalio o preço me baseando no nível mentalQue você anda por aí usandoE aí eu lhe digo o preço que sua cabeça agora está custandoMinha cabeça caída, solta no chãoEu vi meu corpo sem ela pela primeira e última vezMetrô linha 743 Jogaram minha cabeça oca no lixo da cozinhaE eu era agora um cérebro, um cérebro vivo à vinagreteMeu cérebro logo pensou: que seja, mas nunca fui tieteFui posto à mesa com mais doisE eram três pratos raros, e foi o maitre que pôsSenti horror ao ser comido com desejo por um senhor alinhadoMeu último pedaço, antes de ser engolido ainda pensou grilado:Quem será este desgraçado dono desta zorra toda?Já tá tudo armado, o jogo dos caçadores canibaisMas o negócio aqui tá muito bandeiraDá bandeira demais meu DeusCuidado brother, cuidado sábio senhorÉ um conselho sério pra vocêsEu morri e nem sei mesmo qual foi aquele mêsAh! Metrô linha 743 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members laure Posted April 25, 2011 Members Report Share Posted April 25, 2011 Morreu hoje o poeta chileno Gonzalo Rojas. EL PRINCIPIO Y EL FIN(Gonzalo Rojas) Cuando abro en los objetos la puerta de mí mismo:¿quién me roba la sangre, lo mío, lo real?¿Quién me arroja al vacíocuando respiro? ¿Quiénes mi verdugo adentro de mí mismo?Oh Tiempo. Rostro múltiple.Rostro multiplicado por ti mismo.Sal desde los orígenes de la música. Saldesde mi llanto. Arráncate la máscara riente.Espérame a besarte, convulsiva belleza.Espérame en la puerta del mar. Espérameen el objeto que amo eternamente. laure2011-04-25 11:46:57 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members J.McClane Posted April 26, 2011 Members Report Share Posted April 26, 2011 Li essa hoje, achei legal:SaudadeSaudade é solidão acompanhada, é quando o amor ainda não foi embora, mas o amado já... Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida...Saudade é sentir que existe o que não existe mais... Saudade é o inferno dos que perderam, é a dor dos que ficaram para trás, é o gosto de morte na boca dos que continuam... Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade: aquela que nunca amou. E esse é o maior dos sofrimentos: não ter por quem sentir saudades, passar pela vida e não viver. O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido. Pablo Neruda Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members kika Posted July 25, 2011 Members Report Share Posted July 25, 2011 Lindissima Ausência Eu deixarei que morra em mimo desejo de amar os teus olhos que são doces Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada. Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite. Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa. Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço. E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado. Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos. Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir. E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelasSerão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada. Vinícius de Moraes Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Mr. Ibanez Posted September 4, 2011 Members Report Share Posted September 4, 2011 Gregório de Matos Descrição da Cidade de Sergipe D'el-Rei Três dúzias de casebres remendados, Seis becos, de mentrastos entupidos, Quinze soldados, rotos e despidos, Doze porcos na praça bem criados. Dois conventos, seis frades, três letrados, Um juiz, com bigodes, sem ouvidos, Três presos de piolhos carcomidos, Por comer dois meirinhos esfaimados. As damas com sapatos de baeta, Palmilha de tamanca como frade, Saia de chita, cinta de raqueta. O feijão, que só faz ventosidade Farinha de pipoca, pão que greta, De Sergipe d'El-Rei esta é a cidade. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members jujuba Posted March 28, 2012 Members Report Share Posted March 28, 2012 Esse é provável a coisa mais linda que li esse ano : "VIGÍLIA" Adormeceu em meus braços o meu amado Seus cabelos e sua boca exaustos de tantos beijos Adormeceu, plácido, feito um anjo Em meu abraço E eu não pude dormir, pois a luz do seu rosto Tornava a noite tão resplandecente quanto o dia Eu o contemplava embevecida, em verdadeira adoração E meu espírito sorria Não pude dormir, pois tive medo Que ao acordar, meu amado houvesse ido E permaneci em vigília, noite adentro Sentinela dos seus sonhos tranquilos Que ele estivesse sonhando comigo, desejei Que eu habitasse seus devaneios Como ele habita meus pensamentos Noite e dia Doce insônia que me acometeu Morfeus, comovido de tanta ternura Se esqueceu de mim E foi suave a minha vigília Então irrompeu a alvorada E suas tintas douradas e rubras Tornaram ainda mais belo O meu amado Meio dormindo, meio acordado; mas todo belo Ele me enlaçou em seus braços fortes E, mesmo que eu temesse não mais encontrá-lo Quando eu acordasse Renunciei à minha vigília E adormeci, plácida Feito um anjo, talvez ele diria Em seu abraço Emília Schemering Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Tica Posted May 22, 2012 Members Report Share Posted May 22, 2012 Não sei se já postaram, mas uma das minhas prediletas: Madrigal melancólico (Manuel Bandeira) O que eu adoro em ti, Não é a tua beleza. A beleza, é em nós que ela existe. A beleza é um conceito. E a beleza é triste. Não é triste em si, Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza. O que eu adoro em ti, Não é a tua inteligência. Não é o teu espírito sutil, Tão ágil, tão luminoso, - Ave solta no céu matinal da montanha. Nem a tua ciência Do coração dos homens e das coisas. O que eu adoro em ti, Não é a tua graça musical, Sucessiva e renovada a cada momento, Graça aérea como o teu próprio pensamento, Graça que perturba e que satisfaz. O que eu adoro em ti, Não é a mãe que já perdi. Não é a irmã que já perdi. E meu pai. O que eu adoro em tua natureza, Não é o profundo instinto maternal Em teu flanco aberto como uma ferida. Nem a tua pureza. Nem a tua impureza. O que eu adoro em ti - lastima-me e consola-me! O que eu adoro em ti, é a vida. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members jujuba Posted May 23, 2012 Members Report Share Posted May 23, 2012 Tk u, Tica, por reavivarar o tópico ! Linda! Essa ainda não tinha lido! São duas terras unidas, São duas flores nascidas Talvez no mesmo arrebol. Vivendo no mesmo galho, Da mesma gota de orvalho, Do mesmo raio de sol. Autor desconhecido Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Tica Posted May 23, 2012 Members Report Share Posted May 23, 2012 Jujuba, não dava pra deixar um tópico lindo desse mofando!! E como uma boa parnasianista: Dualismo (Olavo Bilac) Não és bom, nem és mau: és triste e humano... Vives ansiando, em maldições e preces, Como se, a arder, no coração tivesses O tumulto e o clamor de um largo oceano. Pobre, no bem como no mal, padeces; E, rolando num vórtice vesano, Oscilas entre a crença e o desengano, Entre esperanças e desinteresses. Capaz de horrores e de ações sublimes, Não ficas das virtudes satisfeito, Nem te arrependes, infeliz, dos crimes: E, no perpétuo ideal que te devora, Residem juntamente no teu peito Um demônio que ruge e um deus que chora. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members J.McClane Posted May 23, 2012 Members Report Share Posted May 23, 2012 Muito bonita essa Madrigal Melancolico, Tica! Uma que achei bonitinha é essa: Tu és Tu és pura como a água cristalina, Suave como a brisa do mar, Brilhante como a estrela matutina, Bela como a noite de luar... Tu és doce como o mel, Forte como a leoa, Infinita como o céu, Livre como o pássaro que voa... Tu és preciosa como uma jóia rara, Encantada como um oásis no deserto, Maravilhosa como a rua clara, Penetrante como um olhar tão perto... Tu és sincera como a palavra verdadeira, Gostosa como a doce loucura, Eficaz como uma flecha certeira, Cativante como uma paixão sem cura... Tu és ingênua como a flor, Delicada como a nobreza, Eterna como o verdadeiro amor, Perfeita como à própria natureza. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Tica Posted May 24, 2012 Members Report Share Posted May 24, 2012 Cara, muito linda! Quem é o autor, sabe? Ele respeitou bastante a sequência de rima intercalada ( AB-AB- C...) Essa acredito que não seja das mais conhecidas desse autor, mas acho muito profunda: Soneto a Quatro Mãos (Paulo Mendes Campose Vinícius de Moraes) Tudo de amor que existe em mim foi dado. Tudo que fala em mim de amor foi dito. Do nada em mim o amor fez o infinito Que por muito tornou-me escravizado. Tão pródigo de amor fiquei coitado Tão fácil para amar fiquei proscrito. Cada voto que fiz ergueu-se em grito Contra o meu próprio dar demasiado. Tenho dado de amor mais que coubesse Nesse meu pobre coração humano Desse eterno amor meu antes não desse. Pois se por tanto dar me fiz engano Melhor fora que desse e recebesse Para viver da vida o amor sem dano. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members LOTHAR Posted May 24, 2012 Members Report Share Posted May 24, 2012 NUANÇA "Meus caminhos, meus mapas, meus caminhos. Tudo está em ordem em minha vida. Como se faltasse alguma coisa." Antonio Brasileiro para Tica Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members LOTHAR Posted May 24, 2012 Members Report Share Posted May 24, 2012 Com licença, gente, mas aí vai mais uma do Antonio Brasileiro. Grande poeta, dá vontade de ficar aqui postando suas obras sem parar. Mas, se vcs gostarem, irei postando aos poucos. ESTUDO 179 "Quero fazer um poema reto. Sem emoções – que essas nos embaraçam. Sem sutilezas semânticas ou glaxúrdias gramáticas. Quero fazer um poema simples, sem sentido. (Que o essencial não tem sentido.) Quero escrever como se uma árvore soubesse olhar as nuvens: um poema que só por existir se explique e me explique." Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members J. de Silentio Posted May 24, 2012 Members Report Share Posted May 24, 2012 <> BEETHOVEN Meu caro Luís, que vens fazer nesta hora de antimúsica pelo mundo afora? Patética, heróica, pastoral ou trágica, tua voz é sempre um grito modulado, um caminho lunar conduzindo à alegria. Ao não-rumor tiraste a percepção mais íntima do coração da Terra, que era o teu. Urso-maior uivando a solidão aberta em cântico: entre mulheres passando sem amor. Meu rude Luís, tua imagem assusta na parede, em medalhão soturno sobre o piano. Que tempestade passou em ti e continua a devastar-te no limite em que a própria morte exausta se socorre da vida, e reinstala o homem na fatalidade de ser homem? Nós, os surdos, não captamos o amor doado em sinfonia, a paz em allegro enérgico sobre o caos, que nos ofertas do fundo de teu mundo clausurado. Nós, computadores, não programamos a exaltação romântica filtrada em sonatino adágio murmurante. Nós, guerreiros nucleares, não isolamos o núcleo da paixão de onde se espraia pela praia infinita essa abstrata superação do tempo e do destino que é razão de viver, razão florente e grave. Tanto mais liberto quanto mais em tua concha não acústica cerrado, livre da corte, da contingência, do barroco, erguendo o sentimento à culminância da divina explosão, que purifica o resíduo mortal, angústia mísera, que vens fazer, do longe de dois séculos, escuro Luís, Luís luminoso em nosso tempo de compromisso e omisso? Do fogo em que te queimaste, uma faísca resta para incendiar corações maconhados, sonolentos, servos da alienação e da aparência? Quem comporá a Apassionata de nosso tempo, que removerá as cinzas, despertará a brasa, quem reinventará o amor, as penas de amor, quem sacudirá os homens do seu torpor? Boto no pickup o teu mar de música, nele me afogo acima das estrelas. Carlos Drummond de Andrade Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Tica Posted May 24, 2012 Members Report Share Posted May 24, 2012 NUANÇA "Meus caminhos' date=' meus mapas, meus caminhos. Tudo está em ordem em minha vida. Como se faltasse alguma coisa." Antonio Brasileiro para Tica[/quote'] Há! LOTHAR, adorei conhecer este autor! Bom que vai ficar postando as obras dele aqui! Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Tica Posted May 24, 2012 Members Report Share Posted May 24, 2012 O Gregório de Matos não poderia ter outro apelido que não fosse "boca do inferno". Adoro o modo como ele critica, o incrível é que sua obra se encaixa perfeitamente na nossa sociedade contemporânea (o que mostra que não evoluímos tanto assim!). Do Século XVII para o XXI: Epigrama Gregório de Mattos e Guerra I Juízo anatômico dos achaques que padecia o corpo da República em todos os membros, e inteira definição do que em todos os tempos é a Bahia. Que falta nesta cidade?... Verdade. Que mais por sua desonra?... Honra. Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha. O demo a viver se exponha, Por mais que a fama a exalta, Numa cidade onde falta Verdade, honra, vergonha. Quem a pôs neste rocrócio?... Negócio. Quem causa tal perdição?... Ambição. E no meio desta loucura?... Usura. Notável desaventura De um povo néscio e sandeu, Que não sabe que perdeu Negócio, ambição, usura. Quais são seus doces objetos?... Pretos. Tem outros bens mais maciços?... Mestiços. Quais destes lhe são mais gratos?... Mulatos. Dou ao Demo os insensatos, Dou ao Demo o povo asnal, Que estima por cabedal, Pretos, mestiços, mulatos. Quem faz os círios mesquinhos?... Meirinhos. Quem faz as farinhas tardas?... Guardas. Quem as tem nos aposentos?... Sargentos. Os círios lá vem aos centos, E a terra fica esfaimando, Porque os vão atravessando Meirinhos, guardas, sargentos. E que justiça a resguarda?... Bastarda. É grátis distribuída?... Vendida. Que tem, que a todos assusta?... Injusta. Valha-nos Deus, o que custa O que El-Rei nos dá de graça. Que anda a Justiça na praça Bastarda, vendida, injusta. Que vai pela clerezia?... Simonia. E pelos membros da Igreja?... Inveja. Cuidei que mais se lhe punha?... Unha Sazonada caramunha, Enfim, que na Santa Sé O que mais se pratica é Simonia, inveja e unha. E nos frades há manqueiras?... Freiras. Em que ocupam os serões?... Sermões. Não se ocupam em disputas?... Putas. Com palavras dissolutas Me concluo na verdade, Que as lidas todas de um frade São freiras, sermões e putas. O açúcar já acabou?... Baixou. E o dinheiro se extinguiu?... Subiu. Logo já convalesceu?... Morreu. À Bahia aconteceu O que a um doente acontece: Cai na cama, e o mal cresce, Baixou, subiu, morreu. A Câmara não acode?... Não pode. Pois não tem todo o poder?... Não quer. É que o Governo a convence?... Não vence. Quem haverá que tal pense, Que uma câmara tão nobre, Por ver-se mísera e pobre, Não pode, não quer, não vence. Obs.: Achei esse vídeo que é uma adaptação cantada pelo Rappin Hood ( a pessoa filmou a apresentação lá no Museu da língua Portuguesa ): Tica2012-05-24 22:08:19 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Tica Posted May 29, 2012 Members Report Share Posted May 29, 2012 Tu eras também uma pequena folha (Pablo Neruda) Tu eras também uma pequena folha que tremia no meu peito. O vento da vida pôs-te ali. A princípio não te vi: não soube que ias comigo, até que as tuas raízes atravessaram o meu peito, se uniram aos fios do meu sangue, falaram pela minha boca, floresceram comigo. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
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