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Poesias


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    Uma boa definição do quanto um poeta sofre para atingir a perfeição q Clarice atinge:

 

    Um Poema

 

um bom poema

leva anos

cinco jogando bola,

mais cinco estudando sânscrito,

seis carregando pedra,

nove namorando a vizinha,

sete levando porrada,

quatro andando sozinho,

três mudando de cidade,

dez trocando de assunto,

uma eternidade, eu e você,

caminhando junto

 

Paulo Leminski

 

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O teu riso

 

 

 

Tira-me o pão, se quiseres,

 

tira-me o ar, mas não

 

me tires o teu riso.

 

 

 

Não me tires a rosa,

 

a lança que desfolhas,

 

a água que de súbito

 

brota da tua alegria,

 

a repentina onda

 

de prata que em ti nasce.

 

 

 

A minha luta é dura e regresso

 

com os olhos cansados

 

às vezes por ver

 

que a terra não muda,

 

mas ao entrar teu riso

 

sobe ao céu a procurar-me

 

e abre-me todas

 

as portas da vida.

 

 

 

Meu amor, nos momentos

 

mais escuros solta

 

o teu riso e se de súbito

 

vires que o meu sangue mancha

 

as pedras da rua,

 

ri, porque o teu riso

 

será para as minhas mãos

 

como uma espada fresca.

 

 

 

À beira do mar, no outono,

 

teu riso deve erguer

 

sua cascata de espuma,

 

e na primavera, amor,

 

quero teu riso como

 

a flor que esperava,

 

a flor azul, a rosa

 

da minha pátria sonora.

 

 

 

Ri-te da noite,

 

do dia, da lua,

 

ri-te das ruas

 

tortas da ilha,

 

ri-te deste grosseiro

 

rapaz que te ama,

 

mas quando abro

 

os olhos e os fecho,

 

quando meus passos vão,

 

quando voltam meus passos,

 

nega-me o pão, o ar,

 

a luz, a primavera,

 

mas nunca o teu riso,

 

porque então morreria.

 

 

 

Pablo Neruda

 

 

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    Esse é o cara,Pablo Neruda, sempre amei essa poesia dele:

 

Antes de amar-te

 

Antes de amar-te, amor, nada era meu:

vacilei pelas ruas e coisas:

nada contava nem tinha nome:

o mundo era do ar que esperava.

E conheci salões cinzentos,

túneis habitados pela lua,

hangares cruéis que se despediam,

perguntas que insistiam na areia.

Tudo estava vazio,morto e mudo,

caído,abandonado e decaído,

tudo era inalienavelmente alheio,

tudo era dos outros e de ninguém,

até que tua beleza e tua pobreza

de dádivas encheram o outono.

 

Pablo Neruda

 

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    Então um pouquinho mais do mestre Neruda:

 

Tu eras também uma pequena folha

 

que tremia no meu peito.

 

O vento da vida pôs-te ali.

 

A princípio não te vi: não soube

 

que ias comigo,

 

até que as tuas raízes

 

atravessaram o meu peito,

 

se uniram aos fios do meu sangue,

 

falaram pela minha boca,

 

floresceram comigo.

 

 

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 q lindu issu! nuusss...

 

 Renúncia (Manuel Bandeira)

Chora de manso e no íntimo... Procura
Curtir sem queixa o mal que te crucia:
O mundo é sem piedade e até riria
Da tua inconsolável amargura.

Só a dor enobrece e é grande e é pura.
Aprende a amá-la que a amarás um dia.
Então ela será tua alegria,
E será, ela só, tua ventura...

A vida é vã como a sombra que passa...
Sofre sereno e de alma sobranceira,
Sem um grito sequer, tua desgraça.

Encerra em ti tua tristeza inteira.
E pede humildemente a Deus que a faça
Tua doce e constante companheira...
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Haverá um dia em que todos voltaremos a ser felizes

 

Será o dia em que:

 

ROSINHA será apenas uma flor

 

GAROTINHO apenas uma criança

 

SERRA apenas um acidente geografico ou uma ferramenta

 

GENRO apenas o marido da filha

 

SEVERINO apenas o porteiro do prédio

 

e

 

LULA apenas um fruto do mar!

 

 

 

Agora quando olho o meu titulo de eleitor entendo o verdadeiro

 

significado de "ZONA ELEITORAL."

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    Uma homenagem aos poetas de um grande poeta:

 

Os Invasores

 

Há muito que os marcianos invadiram o mundo

são os poetas

e

como não sabem nada de nada

limitam-se a ter os olhos muito abertos

e a disponibilidade de um marinheiro em terra...

Eles não sabem nada nada

-e só por isso é que descobrem tudo.

 

Mario Quintana

 

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Essa é sobre o amor... afff! 08

 

Faltando pedaço

 

O amor é um grande laço, um passo pr'uma armadilha
Um lobo correndo em círculos pra alimentar a matilha
Comparo sua chegada com a fuga de uma ilha:
Tanto engorda quanto mata feito desgosto de filha

O amor é como um raio galopando em desafio
Abre fendas cobre vales, revolta as águas dos rios
Quem tentar seguir seu rastro se perderá no caminho
Na pureza de um limão ou na solidão do espinho

O amor e a agonia cerraram fogo no espaço
Brigando horas a fio, o cio vence o cansaço
E o coração de quem ama fica faltando um pedaço
Que nem a lua minguando, que nem o meu nos seus braços


 
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 lindíssimooooooo!!!101010...mas qm escreveu ele??

 

 

 Das Utopias

Se as coisas são inatingíveis... ora!
não é motivo para não querê-las.
Que tristes os caminhos, se não fora
a mágica presença das estrelas!

 

                                            Mário Quintana

 

 
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Inicial

 

 

 

O dia não é hora por hora.

 

É dor por dor,

 

o tempo não se dobra,

 

não se gasta,

 

mar, diz o mar,

 

sem trégua,

 

terra, diz a terra,

 

o homem espera.

 

E só

 

seu sino

 

está ali entre os outros

 

guardando em seu vazio

 

um silêncio implacável

 

que se repartirá

 

quando levante sua língua de metal

 

onda após onda.

 

 

 

De tantas coisas que tive,

 

andando de joelhos pelo mundo,

 

aqui, despido,

 

não tenho mais que o duro meio-dia

 

do mar, e um sino.

 

 

 

Eles me dão sua voz para sofrer

 

e sua advertência para deter-me.

 

Isto acontece para todo o mundo,

 

continua o espaço.

 

 

 

E vive o mar.

 

 

 

Existem os sinos.

 

 

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Aí vai, Nara, com autor08:

                                              REVELAÇÃO

Eu me esqueci no armário.

Pensei estar vivendo,
estudando, trabalhando, sendo!

Pensei ter amado e odiado,
aprendido e ensinado,
fugido e lutado,
confundido e explicado.

Mas hoje, surpreso,
me vi no armário embutido
calado, sozinho, perdido, parado.

Fabio Rocha

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  • Members

 valew gnt....o certo eh Náira....06

 

...Maria Shy, achei o site desse Fabio Rocha, ele escreve mto bem....e Kikas..amei Inicial...eh lindíssimo!!!

 

 

 gente..amo muito Mário Quintana....curte aih::

 

 

 Da Inquieta Esperança

Bem sabes Tu, Senhor, que o bem melhor é aquele
Que não passa, talvez, de um desejo ilusório.
Nunca me dê o Céu... quero é sonhar com ele
Na inquietação feliz do Purgatório.

 

 

 Das Utopias

Se as coisas são inatingíveis... ora!
não é motivo para não quere-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
a magica presença das estrelas!

 

 

 

 Eu Escrevi um Poema Triste

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!


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P/ os poetas e p/ o s  que apreciam suas obras 10

 

A Morte do Poeta<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

A cada novo poema,
Ao morte do peota poeta morre:
É um pedaço dele que ali se vai;
A cada novo poema,
O poeta sofre:
Dia a dia, mais e mais;
A cada novo poema,
O poeta foge:
De si mesmo e da sua realidade;
A cada poema,
Ele sonha:
Com sua irreal felicidade;
E então no próximo
Ele chora:
Pois vai embora o sonho e fica a saudade;
E a cada novo poema,
O poeta sente:
Ora amor, ora solidão;
E a cada novo escrito,
Ele mente:
Acreditando que encontrou a solução;
E então novamente,
Ele sofre, morre,
Mente e sente;
Para no próximo poema,
De repente,
Deixar-se cair no chão,
E levar consigo
Todos os seus escritos
Para o fúnebre caixão.

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Querer (Pablo Neruda)

 

Não te quero senão porque te quero

E de querer-te a não querer-te chego

E de esperar-te quando não te espero

Passa meu coração do frio ao fogo.

 

Te quero só porque a ti te quero,

Te odeio sem fim, e odiando-te rogo,

E a medida de meu amor viageiro

É não ver-te e amar-te como um cego.

 

Talvez consumirá a luz de janeiro

Seu raio cruel, meu coração inteiro,

Roubando-me a chave do sossego.

 

Nesta história só eu morro

E morrerei de amor porque te quero,

Porque te quero, amor, a sangue e a fogo.

 

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Antes de amar-te, amor, nada era meu

 

Vacilei pelas ruas e as coisas:

 

Nada contava nem tinha nome:

 

O mundo era do ar que esperava.

 

E conheci salões cinzentos,

 

Túneis habitados pela lua,

 

Hangares cruéis que se despediam,

 

Perguntas que insistiam na areia.

 

Tudo estava vazio, morto e mudo,

 

Caído, abandonado e decaído,

 

Tudo era inalienavelmente alheio,

 

Tudo era dos outros e de ninguém,

 

Até que tua beleza e tua pobreza

 

De dádivas encheram o outono.

 

 

 

Pablo Neruda

 

 

 

 

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OLHE AO REDOR

 

Olhe para todos a seu redor e veja o que temos feito de nós.
Não temos amado, acima de todas as coisas.
Não temos aceito o que não entendemos porque não queremos passar por tolos.

Temos amontoado coisas, coisas e coisas, mas não temos um ao outro.
Não temos nenhuma alegria que já não esteja catalogada.
Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora, pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas.
...
Temos procurado nos salvar, mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes.

Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de ciúme e de tantos outros contraditórios.
...
Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer "pelo menos não fui tolo" e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz.

Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos.
Temos chamado de fraqueza a nossa candura. 
... 

Clarice Lispector
Maria shy2006-10-30 20:53:42
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Retrato

 

 

 

Eu não tinha este rosto de hoje,

 

Assim calmo, assim triste, assim magro,

 

Nem estes olhos tão vazios,

 

Nem o lábio amargo.

 

 

 

Eu não tinha estas mãos sem força,

 

Tão paradas e frias e mortas;

 

Eu não tinha este coração

 

Que nem se mostra.

 

 

 

Eu não dei por esta mudança,

 

Tão simples, tão certa, tão fácil:

 

- Em que espelho ficou perdida

 

A minha face?

 

 

 

Cecilia Meireles

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  • Members

 poxa...sempre achei Retrato taum triste...04

 

 

 gent...preciso de ajuda..alguém conhece poesias dos anos 60? eh pra um trabalho de escola ...por enquanto jah achei Paulo Leminski e mais um monte da Tropicália tipo Caetano Veloso...mas eu precisava de poesia internacional tb...alguem pod m ajudar....???

 

 

 

Amor Bastante

quando eu vi você
tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante

basta um instante
e você tem amor bastante

um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto

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 poxa...sempre achei Retrato taum triste...04

 

 

 gent...preciso de ajuda..alguém conhece poesias dos anos 60? eh pra um trabalho de escola ...por enquanto jah achei Paulo Leminski e mais um monte da Tropicália tipo Caetano Veloso...mas eu precisava de poesia internacional tb...alguem pod m ajudar....???

 

 

 

Amor Bastante

quando eu vi você
tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante

basta um instante
e você tem amor bastante

um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto

 Paulo Leminski
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 Nara, essa é de 60 ou 66 (não me lembro)

 

      CONTIGO APRENDO COISAS TÃO SIMPLES<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

 

Contigo aprendi coisas tão simples como
a forma de convívio com o meu cabelo ralo
e a diversa cor que há nos olhos das pessoas
Só tu me acompanhastes súbitos momentos
quando tudo ruía ao meu redor
e me sentia só e no cabo do mundo
Contigo fui cruel no dia a dia
mais que mulher tu és já a minha única viúva
Não posso dar-te mais do te dou
este molhado olhar de homem que morre
e se comove ao ver-te assim presente tão subitamente

 

Ruy Belo (poeta português -1933-1978)

 

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