Members Srta Moore Posted July 1, 2007 Members Report Share Posted July 1, 2007 Gostaria que você adivinhasse pensamentos,para que eu não precisasse escrever...para que eu não precisasse dizer...que penso muito em você...Gostaria de compartilhar mais momentos,para ter coragem de dizer...que gosto muito de você...Meus pensamentos...em muitos momentos...estão com você. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Srta Moore Posted July 1, 2007 Members Report Share Posted July 1, 2007 Lábios que não beijeiAgora lhes beijo,e agradeço a sobrevivência do sonho,a sobrevivência dos sons, dos ruídos.A hipótese de ser libidinoso e bom.Risos mordidos, escrachados...O escândalo na rua, na calçada,atrás do poste, do muro pichado nas bocas, com bocas coladas.Lábios que não beijeiAgora lhes beijo, e agradeço o guia, mil vezes, refeito pelas mãos velozes.Dedos doidos, inquietos, exploradores;A permanente expedição pela carne.A idéia de ferro e fogoem nossos tecidos desalinhados.A linha rompida, rasgada...A invasão do privado.Os músculos impacientes,a eminente explosão dos botõese a incontinência dos zíperes,na busca do mais fundo...E vem à tona bocasde pernas para o ar em levitação.Lábios que não beijeiAgora lhes beijo, e agradeço o aroma de maçã, cereja,outra fruta...Gosto de amor condensado, intenso.A cisma de apalpar uma escultura,bolinar...Sugar língua clandestinaE, por fim, desvendar uma identidade pelo tato.Lábios que não beijeiAgora lhes beijo, e agradeço a graça e a ilusão de bocasque se bifurcam como nos jardins de Alá,e do além.A falta da úmida saliva,bactérias,o atordoado gesto sumário,a extensão do que não houve...O estado grave, o coma e a cama que não chegamos.Lábios que não beijeiBeijo-lhes agora, de joelhos,e agradeço a distância sensata que nos manteve.O que fomos depoisE nossos lábios desunidos jamais souberamO que somos, e a certeza de quilômetros rodados em outras bocas.O beijo partido...O que me coube nos lábios,a cama que poderia ter sido,poderia ter dado,poderia ser, mais não foi.E não houve...E nem foi ouvido... Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Moviolavídeo Posted July 3, 2007 Members Report Share Posted July 3, 2007 Não é uma poesia propriamente dita, mas muito interessante para uma reflexão: Para ver a si mesmoPara que o homem possa ver a si mesmo,basta dar uma olhada nos outros. A começar pela prole: a Natureza, ao fazer os filhos se parecerem com os pais, permite que uma geração se veja refletida na outra: os pais podem ver na criança aquilo que já não são, enquanto os filhos podem antecipar, mais ou menos, aquilo que poderão vir a ser. A mãe que observa a filha brincando com a boneca pode ter uma boa idéia - às vezes, até surpreendente - do seu próprio comportamento. O princípio é universal: olha bem como o outro é, e vais te reconhecer. Os espartanos, que sabiam disso, costumavam embriagar deliberadamente alguns escravos, a fim de que os jovens constatassem o efeito degradante da bebida sem precisar experimentá-la. Na Antiguidade, quando surgiu o espelho, essa auto-observação ficou muito fácil e mais direta, passando a ser recomendada como uma forma eficiente de conscientização. Em Atenas, Sócrates propunha que o bêbado fosse obrigado a se olhar no espelho, para ver o quanto o vinho havia desfigurado sua fisionomia; da mesma forma, Sêneca, em Roma, punha um espelho na mão do colérico, a fim de que ele percebesse como suas feições estavam alteradas e deformadas por seu nefasto sentimento. Não é por acaso que esses dois autores só falassem do rosto, pois os espelhos, feitos de metal polido, ainda eram tão pequenos que neles era só isso o que se podia ver. O homem gastou vários séculos para poder contemplar por inteiro a sua imagem refletida, e um outro tanto para se acostumar a ela. No séc. 18, quando a indústria do vidro já permitia a fabricação de espelhos de grande tamanho, não passou despercebido a um libertino experimentado como Casanova o fascínio excitante que representava, para as moças simples de aldeia, contemplar, pela primeira vez, a imagem inteira do próprio corpo desnudo. Em pouco tempo, porém, olhar-se no espelho deixou de ser uma novidade, e o homem se tornou, para o bem e para o mal, um eterno espectador de si mesmo. Já na Grécia antiga, no entanto, Platão alertava para o quão imperfeita e incompleta é a imagem vista no espelho, pois ele pode devolver o reflexo das formas e das cores, mas não das palavras e do pensamento. Para o filósofo, nosso verdadeiro e valioso espelho é a pessoa a quem amamos, porque em seus olhos - e, por conseqüência, em sua alma - eu posso entrever uma imagem preciosa de mim mesmo que só ali pode ser encontrada. O que a Física explica, na Óptica, vale também para o amor: a figura de quem olha aparece refletida na pupila de quem é olhado; por isso, quando um olho olha no olho do outro, ele reconhece a si mesmo. E para não deixar dúvida de que é assim mesmo que acontece, a vida segue mostrando que é daí que provém o sofrimento maior de qualquer amor desfeito: dói muito perder o outro, mas ainda dói muito mais perder aquilo que só o olhar dele fazia existir em mim. Claudio Moreno Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted July 3, 2007 Members Report Share Posted July 3, 2007 Distâncias Dos meus aos teus braços o caminho é bem curto. Nossas bocas fazem o encontro do desejo incontido e longo. Depois, tudo é posse louca. Músculos, carinho, seiva. Paixão da carne que transvasa nas vontades de todos os tempos. Terminou. Músculos lassos. Vontades esgotadas. É longo agora o caminho dos meus para os teus braços Conceição da Costa Neves Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Srta Moore Posted July 5, 2007 Members Report Share Posted July 5, 2007 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Srta Moore Posted July 5, 2007 Members Report Share Posted July 5, 2007 Debruçada na sacada O vento esfria minha face afogueada Corada pela ansiedade de estar contigo É madrugada Fujo Escondo-me de todos Noite bela Céu límpido Estrelas brilhantes E a Lua... Ah...a lua ...linda, clara, luz leitosa. Ilumina os amantes A brisa fria envolve E arrepia meu corpo Lembrando a minha mente Que estas aqui Na carícia do vento Sinto teu toque em meus cabelos E de olhos fechados Percebo teus dedos tocarem meu rosto Perco-me em devaneios loucos Em desejos tantos A fuga de suspiros poucos E estamos juntos Em sentimentos mútuos Em amor profundo Em sentido puro ... e felizes seguimos juntos. Amando mais a cada minuto E na beleza da madrugada A lua ainda clara Ilumina nosso amor e fortalece o momento Deixando escorrer o instante, que marca profundo. Dentro do meu eu Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Srta Moore Posted July 5, 2007 Members Report Share Posted July 5, 2007 Tenho você comigo Tendo você comigo tenho vida Tendo vida sinto Sentindo me aproximo Me aproximando amo Amando te quero Te querendo sonho Sonhando te vejo Te vendo me apaixono Me apaixonando sou tua Sendo tua me tens Tendo-me amas Amando me buscas Me buscando me encontras Nos encontramos então E vivemos este amor Com sabor de fruta doce Sabor romântico da vida que cresce Do novo que nasce Do calor que desperta Neste sentimento puro e belo , que é só nosso E de tão nosso que é Invade nosso ser e arrebata nossas vidas Para vivermos Este intenso amor. Srta Moore2007-07-05 01:37:49 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Srta Moore Posted July 5, 2007 Members Report Share Posted July 5, 2007 Como posso eu saber o que sinto Se simplesmente de mim, O que tenho é você? Não sei de nada Apenas sinto Pois é no toque da tua pele E no pulsar do teu sangue que o meu coração arde. Como sentir sem saber de onde vem, Mas exatamente onde vai me levar? Tudo que sei é que te quero. Tudo que sei é que sem você Eu não encontro a mim mesma Tudo que sinto é meu corpo inflamar Quando escuto tua voz Tudo que sinto é meu coração pular Quando penso em você E o que mais sei é que sinto... Um amor muito louco... Por você!!!! Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Srta Moore Posted July 6, 2007 Members Report Share Posted July 6, 2007 Sempre a Razão vencida foi de Amor Sempre a Razão vencida foi de Amor; Mas, porque assim o pedia o coração, Quis Amor ser vencido da Razão. Ora que caso pode haver maior! Novo modo de morte e nova dor! Estranheza de grande admiração, Que perde suas forças a afeição, Por que não perca a pena o seu rigor. Pois nunca houve fraqueza no querer, Mas antes muito mais se esforça assim Um contrário com outro por vencer. Mas a Razão, que a luta vence, enfim, Não creio que é Razão; mas há-de ser Inclinação que eu tenho contra mim. Luís de Camões Srta Moore2007-07-06 03:22:24 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Srta Moore Posted July 6, 2007 Members Report Share Posted July 6, 2007 Quem diz que Amor é falso ou enganoso Quem diz que Amor é falso ou enganoso, Ligeiro, ingrato, vão desconhecido, Sem falta lhe terá bem merecido Que lhe seja cruel ou rigoroso. Amor é brando, é doce, e é piedoso. Quem o contrário diz não seja crido; Seja por cego e apaixonado tido, E aos homens, e inda aos Deuses, odioso. Se males faz Amor em mim se vêem; Em mim mostrando todo o seu rigor, Ao mundo quis mostrar quanto podia. Mas todas suas iras são de Amor; Todos os seus males são um bem, Que eu por todo outro bem não trocaria. Luís de Camões Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted July 7, 2007 Members Report Share Posted July 7, 2007 A Um Ausente Tenho razão de sentir saudade, tenho razão de te acusar. Houve um pacto implícito que rompeste e sem te despedires foste embora. Detonaste o pacto. Detonaste a vida geral, a comum aquiescência de viver e explorar os rumos de obscuridade sem prazo sem consulta sem provocação até o limite das folhas caídas na hora de cair. Antecipaste a hora. Teu ponteiro enloqueceu, enloquecendo nossas horas. Que poderias ter feito de mais grave do que o ato sem continuação, o ato em si, o ato que não ousamos nem sabemos ousar porque depois dele não há nada? Tenho razão para sentir saudade de ti, de nossa convivência em falas camaradas, simples apertar de mãos, nem isso, voz modulando sílabas conhecidas e banais que eram sempre certeza e segurança. Sim, tenho saudades. Sim, acuso-te porque fizeste o não previsto nas leis da amizade e da natureza nem nos deixaste sequer o direito de indagar porque o fizeste, porque te foste. Carlos Drummond de Andrade Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted July 7, 2007 Members Report Share Posted July 7, 2007 Srta Moore, você pensa noutra coisa sem ser Amor? Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Srta Moore Posted July 7, 2007 Members Report Share Posted July 7, 2007 Srta Moore' date=' você pensa noutra coisa sem ser Amor? [/quote'] SE O TÓPICO É SOBRE AMOR, VC QUER QUE EU FALE DE QUE ???? DE CULINÁRIA?????? Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted July 7, 2007 Members Report Share Posted July 7, 2007 Srta Moore' date=' você pensa noutra coisa sem ser Amor? [/quote'] SE O TÓPICO É SOBRE AMOR' date=' VC QUER QUE EU FALE DE QUE ???? DE CULINÁRIA??????[/quote'] 1: Uh... Foices, terra, números, anjos, núvens, eletricidade, madeira, computador, som, verde, estojo, intestino, dedos, bicicletas, sapatos, cachorros, tratores, professores, Holanda, terrorismo... e é claro, vômito. 2: É. Nem sei quando poesia virou sinônimo de amor... Master Miller2007-07-07 12:19:03 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Srta Moore Posted July 7, 2007 Members Report Share Posted July 7, 2007 Srta Moore' date=' você pensa noutra coisa sem ser Amor? [/quote'] SE O TÓPICO É SOBRE AMOR' date=' VC QUER QUE EU FALE DE QUE ???? DE CULINÁRIA??????[/quote']1: Uh... Foices, terra, números, anjos, núvens, eletricidade, madeira, computador, som, verde, estojo, intestino, dedos, bicicletas, sapatos, cachorros, tratores, professores, Holanda, terrorismo... e é claro, vômito.2: É.Nem sei quando poesia virou sinônimo de amor... O fulano, se eu posto uma poesia sobre o amor, é pq tem a ver sim. Agora, faça o que tiver que fazer aqui sem ser desagradável com ninguém. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted July 7, 2007 Members Report Share Posted July 7, 2007 Tá. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Srta Moore Posted July 8, 2007 Members Report Share Posted July 8, 2007 Luís Vaz de Camões Cá nesta Babilónia, donde manaCantando estava um dia bem seguroCara minha inimiga, em cuja mãoChorai, Ninfas, os fados poderososCom grandes esperanças já canteiCom que voz chorarei meu triste fadoCom voz desordenada, sem sentidoComo fizeste, Pórcia, tal ferida?Como podes, ó cego pecadorComo quando do mar tempestuosoContente vivi já, vendo-me isentoConversação doméstica afeiçoaCorrem turvas as águas deste rioCrecei, desejo meu, pois que a VenturaCriou a Natureza damas belas Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Moviolavídeo Posted July 23, 2007 Members Report Share Posted July 23, 2007 Último Pouso A morte a china ma leva Traçoeira que até dá pena Vive a pealar gente buena Sem se importar com o gaudério Não sei que estranho mistério Na minha emoção se espelha Quando minha alma se ajoelha Ante a Cruz de um cemitério Fico por horas bombeando Fingindo frases ficticias Que ali ficam com as noticias Penduradas sobre a losa Dizendo ó tu boa esposa Dorme em paz aos pés de Deus Que dirão então os meus De mim que sou qualquer coisa Basta morrer pra ser bueno Basta sofrer pra ser junto Quem nasce ou morre de susto Nem frases fingidas tem E dizer que no além As almas são tão iguais Pra que estes luxos demais Depois que somos ninguém Mais feliz é a cruz solita longe no ermo da estrada Sem fita sem flor sem nada Marcando o fim de uma vida Fica dormindo aquecida No sol que logo a desbota Sem frase fria ou lorota Nesta sesteada comprida Gosto da cruz do proscrito Na solidão da campanha Tendo a garrafa de canha Por promessa recebida Me dêem esta cruz perdida Pra que o gaúcho passando Viva sempre me acenando Numa eterna despedida Tomara que Santo Onofre Seja no céu meu parceiro Garanto que o dia inteiro Vamos beber canha e vinho E assim farei meu cantinho Na invernada do Senhor Serei mais um pecador Tendo um santo por padrinho Sei que vão falar de mim Por mulherengo ou andejo Mas fica aqui meu desejo Expresso nesta oração Não falem de um coração Que no céu não terá luz E amarrem bem minha cruz Com as cordas do meu violão. Luís Menezes Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members jujuba Posted July 26, 2007 Members Report Share Posted July 26, 2007 Cântico II Cecília Meirelles Não sejas o de hoje. Não suspires por ontens...não queiras ser o de amanhã. Faze-te sem limites no tempo. Vê a tua vida em todas as origens. Em todas as existências. Em todas as mortes. E sabes que serás assim para sempre. Não queiras marcar a tua passagem. Ela prossegue: É a passagem que se continua.É a tua eternidade. És tu. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted July 26, 2007 Members Report Share Posted July 26, 2007 O filho do homem O mundo parou A estrela morreu No fundo da treva O infante nasceu. Nasceu num estábulo Pequeno e singelo Com boi e charrua Com foice e martelo Ao lado do infante O homem e a mulher Uma tal Maria Um José qualquer. A noite o fez negro Fogo o avermelhou A aurora nascente Todo o amarelou. O dia o fez branco Branco como a luz À falta de um nome Chamou-se Jesus. Jesus pequenino Filho natural Ergue-te, menino É triste o Natal. Vinicius de Morais Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted July 28, 2007 Members Report Share Posted July 28, 2007 Soneto de Amor Talvez não ser é ser sem que tu sejas, sem que vás cortando o meio-dia como uma flor azul, sem que caminhes mais tarde pela névoa e os ladrilhos, sem essa luz que levas na mão que talvez outros não verão dourada, que talvez ninguém soube que crescia como a origem rubra da rosa, sem que sejas, enfim, sem que viesses brusca, incitante, conhecer minha vida, aragem de roseira, trigo do vento, e desde então sou porque tu é, e desde então é, sou e somos e por amor serei, serás, seremos. Pablo Neruda Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted July 28, 2007 Members Report Share Posted July 28, 2007 CIGANA ERRANTE Cigana errante, já amou bastante nesta tua vida nômade... Procure um porto seguro, quem sabe, um amor puro, alguém que ainda não vistes em teu baralho, nem tua bola de cristal detectou, mas que em tua vida já entrou... Procure esse teu cigano, e não caia em outro engano... Tua liberdade, é tua felicidade, e dela tens necessidade, como do ar que respiras... Teu cigano também é livre e apenas quer amar, e do amor jamais se fartar... Encontre-o... Ame-o... Caminhe com ele pela vida, sem pensar que ela está perdida... A vida apenas está começando, quando se está amando... Teu cigano está te procurando... Por aqui e por ali caminhando... Ouça teu coração, vai bater mais forte na emoção do encontro mágico... Mas será trágico, se não souber encontrá-lo, pois não poderá amá-lo... Que te diz teu baralho, cigana? Ele nunca se engana, pois, "as cartas não mentem jamais..." Marcial Salaverry Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Moviolavídeo Posted July 29, 2007 Members Report Share Posted July 29, 2007 Não é uma poesia, mas é um bom texto para refletirmos sobre o assunto: O ocasional e o essencial Os dias quecorrem, hoje, indicam que nossa vida amorosa irá se intensificar ainda mais. Mas este barulho todo não oculta nosso questionamento mais secreto: haverá alguém que, entre todos, poderia ter justificado nossa existência de forma mais intensa? Uma das razões quetorna o escritor Ian McEwan um dos grandes nomes da literatura contemporânea é que ele escreve tão bem que consegue nos capturar para dentro de seus livros. Você não lê: você vive aquilo que está escrito. No seu mais recente lançamento, Na Praia, os personagens Edward e Florence, recém casados, travam uma conversa que definirá o futuro de cada um. É um diálogo difícil, delicado, forte, emocionante, verdadeiro, triste e nenhum destes adjetivos vêm em nosso socorro para ajudar a compreender a cena, não é preciso: a gente está ali com eles, ouvindo tudo, sofrendo junto. Enquanto eles conversavam, escutei não apenas suas vozes, mas o barulho das ondas, a interferência da brisa e a lenta batida do coração de cada um. Quase paramos todos de respirar - o casal e eu. A questão dolorosa do livro é uma pergunta para a qual dificilmente encontramos resposta: a pessoa que você amou e perdeu no passado era essencial na sua vida? Uns tiveram muitos amores entre os 16 e os 80 anos, outros tiveram poucos, mas todos nós possuímos um passado, não há quem tenha vivido com o coração desocupado. Os dias que correm, hoje, indicam que nossa vida amorosa irá se intensificar ainda mais, uma vez que as possibilidades de encontro se multiplicam (a Internet fazendo sua parte), os preconceitos diminuem (aumentando a oferta de "composições") e a necessidade de desejar e ser desejado tem se imposto à necessidade de casar e ter filhos. Na prática, estas mudanças já vêm acontecendo. Há diversas formas de se relacionar, e se o número de adeptos de formas menos tradicionais ainda não é volumoso, o respeito por todas elas está, ao menos, quase sedimentado. Este entre-e-sai de homens e mulheres na vida uns dos outros dinamiza as relações, incrementa biografias, dá uma sensação de estarmos aproveitando bem o nosso tempo. E o amor não está excluído da festa, pode marcar presença forte em quaisquer dos novos padrões de comportamento. Mas este barulho todo não oculta nosso questionamento mais secreto: haverá alguém que, entre todos os que cruzaram nosso caminho, poderia ter nos transformado, nos acrescido, nos desviado desta eterna experimentação e justificado nossa existência de uma forma mais intensa? Terá esta pessoa cruzado por nós e a perdemos por causa de uma frase mal colocada, por uma palavra dita com agressividade, por uma precipitação, por um medo ou um equívoco? Não é uma resposta que chegue cedo para todos. Sorte de quem já a tem. Em Na Praia, Ian McEwan não oferece um final infeliz a seus personagens, mas não os priva de uma dúvida comum a todos: que destino teríamos se um amor vivido errado tivesse sido vivido certo. Como assumir este amor sem sofrer as influências da época, da sociedade e da nossa própria imaturidade. Como valorizar o que se tem no momento em que se tem, e não depois. Como livrar-se do fantasma do "se eu tivesse dito, se eu tivesse feito, se eu...". O maravilhoso mundo das relações amorosas progride, se reinventa, se liberta das convenções, se movimenta para um lado e para o outro, mas seguimos mantendo a íntima esperança de que, entre todos os "muitos" que nos fizeram felizes, possamos reconhecer aquele "um" que calaria todas as nossas perguntas. Martha Medeiros Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted August 2, 2007 Members Report Share Posted August 2, 2007 Sentimento do mundo Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo, mas estou cheio de escravos, minhas lembranças escorrem e o corpo transige na confluência do amor. Quando me levantar, o céu estará morto e saqueado, eu mesmo estarei morto, morto meu desejo, morto o pântano sem acordes. Os camaradas não disseram que havia uma guerra e era necessário trazer fogo e alimento. Sinto-me disperso, anterior a fronteiras, humildemente vos peço que me perdoeis. Quando os corpos passarem, eu ficarei sozinho desfiando a recordação do sineiro, da viúva e do microscopista que habitavam a barraca e não foram encontrados ao amanhecer esse amanhecer mais noite que a noite. Carlos Drummond de Andrade Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted August 2, 2007 Members Report Share Posted August 2, 2007 Amor... Amizade... Sentimentos que tem o poder de fazer com que possamos sentir-nos "juntos ainda que distantes..." É muito mais interessante, estar junto ainda que distante,do que sofrer em conjunto, estando distante ainda que junto...Mais do que lamentar a ausencia, é melhor "sentir" a presença... Para sentir essa felicidade, é preciso um tanto de sensibilidade...É preciso saber "sentir" com a alma...E "ver" ao lado, quem está longe... Acabaram de me passar essa. Achei linda. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
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