Members Srta Moore Posted September 20, 2007 Members Report Share Posted September 20, 2007 O mais que perfeito... AH!!quem me dera ir-me contigo agora Para um horizonte firme (Comum embora) AH!!quem me dera ir-me! AH!!quem me dera amar-te Sem mais ciúmes De alguém em algum lugar Que não presumes... AH!!quem me dera amar-te AH!!quem me dera ver-te Sempre ao meu lado Sem precisar dizer-te Jamais: cuidado AH!! quem me dera ver-te AH!! quem me dera ter-te Como um lugar Plantado num chão verde Para eu morar-te Morar-te até morrer-te Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Srta Moore Posted September 20, 2007 Members Report Share Posted September 20, 2007 Sozinha... São tão triste as horas que passo sozinha Que solidão,os minutos sem você Os segundos são pesadelos Não sei o que fazer Minha cama esta fria Minha alma esta chorando E vão se passando os dias E meu amor vai aumentando... E assim vou sofrendo Mas não sei como dizer Que no fundo da minha alma Meu amor quer te esquecer... Se não me deixasse 'sozinha Nada podia acontecer Nem meu coração choraria Minha cama não ficaria fria Meu amor,nunca iria te perder!! Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted September 20, 2007 Members Report Share Posted September 20, 2007 SonetoEncontrei-te. Era o mês... Que importa o mês? Agosto, Setembro, outubro, maio, abril, janeiro ou março,Brilhasse o luar que importa? ou fosse o sol já posto, No teu olhar todo o meu sonho andava esparso.Que saudades de amor na aurora do teu rosto!Que horizonte de fé, no olhar tranqüilo e garço!Nunca mais me lembrei se era no mês de agosto,Setembro, outubro, abril, maio, janeiro, ou março.Encontrei-te. Depois... depois tudo se someDesfaz-se o teu olhar em nuvens de ouro e poeira.Era o dia... Que importa o dia, um simples nome?Ou sábado sem luz, domingo sem conforto, Segunda, terça ou quarta, ou quinta ou sexta-feira, Brilhasse o sol que importa? ou fosse o luar já morto? Alphonsus de Guimaraens Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Srta Moore Posted September 20, 2007 Members Report Share Posted September 20, 2007 SonetoEncontrei-te. Era o mês... Que importa o mês? Agosto' date=' Setembro, outubro, maio, abril, janeiro ou março,Brilhasse o luar que importa? ou fosse o sol já posto, No teu olhar todo o meu sonho andava esparso.Que saudades de amor na aurora do teu rosto!Que horizonte de fé, no olhar tranqüilo e garço!Nunca mais me lembrei se era no mês de agosto,Setembro, outubro, abril, maio, janeiro, ou março.Encontrei-te. Depois... depois tudo se someDesfaz-se o teu olhar em nuvens de ouro e poeira.Era o dia... Que importa o dia, um simples nome?Ou sábado sem luz, domingo sem conforto, Segunda, terça ou quarta, ou quinta ou sexta-feira, Brilhasse o sol que importa? ou fosse o luar já morto? Alphonsus de Guimaraens [/quote'] AAAaaaaaamei Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted September 20, 2007 Members Report Share Posted September 20, 2007 Enquanto a chuva caiA chuva cai. O ar fica mole...Indistinto... ambarino... gris...E no monótono matizDa névoa enovelada boleA folhagem como o bailar.Torvelinhai, torrentes do ar!Cantai, ó bátega chorosa,As velhas árias funerais.Minh'alma sofre e sonha e gozaÀ cantilena dos beirais.Meu coração está sedentoDe tão ardido pelo pranto.Dai um brando acompanhamentoÀ canção do meu desencanto.Volúpia dos abandonados...Dos sós... — ouvir a água escorrer,Lavando o tédio dos telhadosQue se sentem envelhecer...Ó caro ruído embalador,Terno como a canção das amas!Canta as baladas que mais amas, Para embalar a minha dor!A chuva cai. A chuva aumenta.Cai, benfazeja, a bom cair!Contenta as árvores! ContentaAs sementes que vão abrir!Eu te bendigo, água que inundas!Ó água amiga das raízes,Que na mudez das terras fundasÀs vezes são tão infelizes!E eu te amo! Quer quando fustigasAo sopro mau dos vendavaisAs grandes árvores antigas, Quer quando mansamente cais.É que na tua voz selvagem,Voz de cortante, álgida mágoa,Aprendi na cidade a ouvirComo um eco que vem na aragemA estrugir, rugir e mugir,O lamento das quedas-d'água! Manuel Bandeira Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted September 20, 2007 Members Report Share Posted September 20, 2007 Soneto da intimidade Nas tardes de fazenda há muito azul demais. Eu saio as vezes, sigo pelo pasto, agora Mastigando um capim, o peito nu de fora No pijama irreal de há três anos atrás. Desço o rio no vau dos pequenos canais Para ir beber na fonte a água fria e sonora E se encontro no mato o rubro de uma amora Vou cuspindo-lhe o sangue em torno dos currais. Fico ali respirando o cheiro bom do estrume Entre as vacas e os bois que me olham sem ciúme E quando por acaso uma mijada ferve Seguida de um olhar não sem malícia e verve Nós todos, animais, sem comoção nenhuma Mijamos em comum numa festa de espuma. Vinicius de Moraes Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted September 20, 2007 Members Report Share Posted September 20, 2007 Samba de Orly 1970 Vai meu irmão Pega esse avião Você tem razão De correr assim Desse frio Mas beija O meu Rio de Janeiro Antes que um aventureiro Lance mão Pede perdão Pela duração Dessa temporada Mas não diga nada Que me viu chorando E pros da pesada Diz que eu vou levando Vê com é que anda Aquela vida à toa E se puder me manda Uma notícia boa Vinicius de Moraes Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members jujuba Posted September 21, 2007 Members Report Share Posted September 21, 2007 Os versos que te dou os fiz hoje que sinto o coração contente enquanto teu amor for meu somente, eu farei versos...e serei feliz... versos de sonho e de amor, e hei depois relembrar o passado de nós dois... esse passado que começa agora... versos meus, mas que são teus, também... Sozinha, hás de escuta-los sem ninguém que possa perturbar vossa ventura... hás de um dia mais tarde, revive-los nas lembranças que a vida não desfez... JG de Araújo Jorge Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Srta Moore Posted September 22, 2007 Members Report Share Posted September 22, 2007 Os versos que te dou os fiz hoje que sinto o coração contente enquanto teu amor for meu somente, eu farei versos...e serei feliz... versos de sonho e de amor, e hei depois relembrar o passado de nós dois... esse passado que começa agora... versos meus, mas que são teus, também... Sozinha, hás de escuta-los sem ninguém que possa perturbar vossa ventura... hás de um dia mais tarde, revive-los nas lembranças que a vida não desfez... JG de Araújo Jorge [/quote'] A Shy tá xonada Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted September 22, 2007 Members Report Share Posted September 22, 2007 As sem-razões do amorEu te amo porque te amo,Não precisas ser amante,e nem sempre sabes sê-lo.Eu te amo porque te amo.Amor é estado de graçae com amor não se paga.Amor é dado de graça,é semeado no vento,na cachoeira, no eclipse.Amor foge a dicionáriose a regulamentos vários.Eu te amo porque não amobastante ou demais a mim.Porque amor não se troca,não se conjuga nem se ama.Porque amor é amor a nada,feliz e forte em si mesmo.Amor é primo da morte,e da morte vencedor,por mais que o matem (e matam)a cada instante de amor. Carlos Drummond de Andrade Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted September 22, 2007 Members Report Share Posted September 22, 2007 CONTO ERÓTICO -Assim ? -É. Assim. -Mais depressa ? -Não. Assim está bem. Um pouco mais para... -Assim ? -Não, espere. -Você disse que... -Eu sei. Vamos recomeçar. Diga quando estiver bem. -Estava perfeito e você... -Desculpe. -Você se descontrolou e perdeu o... -Eu já pedi desculpa ! -Está bem. Vamos tentar outra vez. Agora. -Assim ? -Um pouco mais pra cima. -Aqui ? -Quase. Está quase ! -Me diga como você quer. Oh, querido... -Um pouco mais para baixo. -Sim. -Agora para o lado. Rápido ! -Amor, eu... -Para cima ! Um pouquinho... -Assim ? -Aí ! Aí ! -Está bom ? -Sim. Oh, sim. -Pronto. -Não ! Continue. -Puxa, mas você.. -Olha aí... Agora você... -Deixa ver... -Não, não. Mais para cima. -Aqui ? -Mais para o lado. -Assim ? -Para a esquerda !! O lado esquerdo ! -Aqui ? -Isso ! Agora coça. Luís Fernando Veríssimo Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted September 22, 2007 Members Report Share Posted September 22, 2007 Tristeza do Infinito Anda em mim, soturnamente, uma tristeza ociosa, sem objetivo, latente, vaga, indecisa, medrosa. Como ave torva e sem rumo, ondula, vagueia, oscila e sobe em nuvens de fumo e na minh'alma se asila. Uma tristeza que eu, mudo, fico nela meditando e meditando, por tudo e em toda a parte sonhando. Tristeza de não sei donde, de não sei quando nem como... flor mortal, que dentro esconde sementes de um mago pomo. Dessas tristezas incertas, esparsas, indefinidas... como almas vagas, desertas no rumo eterno das vidas. Tristeza sem causa forte, diversa de outras tristezas, nem da vida nem da morte gerada nas correntezas... Tristeza de outros espaços, de outros céus, de outras esferas, de outros límpidos abraços, de outras castas primaveras. Dessas tristezas que vagam com volúpias tão sombrias que as nossas almas alagam de estranhas melancolias. Dessas tristezas sem fundo, sem origens prolongadas, sem saudades deste mundo, sem noites, sem alvoradas. Que principiam no sonho e acabam na Realidade, através do mar tristonho desta absurda Imensidade. Certa tristeza indizível, abstrata, como se fosse a grande alma do Sensível magoada, mística, doce. Ah! tristeza imponderável, abismo, mistério, aflito, torturante, formidável... ah! tristeza do Infinito! Cruz e Sousa Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Srta Moore Posted September 22, 2007 Members Report Share Posted September 22, 2007 Nunca esquecerei você ... cada movimento que faz em minha direção deliro ... vibro com muita emoção Uma nuvem densa em minha mente encobre todas as passagens doloridas rebeldes amargas sofridas fazendo crescer o brilho de minha estrela guia enaltecendo a irradiação positiva lançada em nossas almas provinda de uma fonte divina Recebo esses raios por merecimento é uma forte vibração de onde jamais foram detectadas sombras ... nem luzes trêmulas Meu coração valente ... firmemente persevera e a vida reverencia ... esta enorme afeição afinal ... nossas almas nunca foram separadas eu em você ... você em mim ...... Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Srta Moore Posted September 22, 2007 Members Report Share Posted September 22, 2007 Gosto de gente ... que tem conteúdo ... e sabe ser gente !... Que tem muito amor dentro de si Que erra e reconhece seus erros Que apanha e assimila os golpes Que cai e se levanta Que tira lições de seu sofrimento Que chora um choro sentido Que faz com que suas lágrimas lavem sua dor mais doída Que não perde o seu humor e sabe demonstrar alegria ... em seus piores momentos Que consegue fazer alguem feliz mesmo quando o seu coração ... se encontra em pedaços Que sabe calar quando o ideal seria gritar sua angústia Que consola quando precisaria ser consolado Que elogia quando poderia maldizer Que mantém sua fé Que perdoa mesmo sabendo que jamais poderá esquecer a mágoa Que manteve a calma em seu momento de pior desespero Que vibra mesmo tendo lágrimas no canto de seus olhos Que mesmo doido consegue irradiar tranquilidade Que guarda e espelha a felicidade que trás dentro de si ... ultrapassando o que parece ser impossivel Que tem orgulho de suas atitudes leais Que não finge ... que não trai ... que não mente Que não dissimula a dor que sente Que demonstra e trata de sua ferida ... sincera e honestamente Que olha nos meus olhos quando falo Que sabe ouvir com paciência ... mesmo não compreendendo o que esta ocorrendo ... sabe respeitar o sentimento alheio Que briga por um amigo sem saber ao menos o que ocorreu Que diz as verdades ... que nem sempre as pessoas querem ouvir Que crê numa amizade Que nunca virou as costas ... que nunca desistiu Que estende sua mão permanentemente leal Que fica junto da gente nas alegrias ... e bem a nosso lado ... no meio das tempestades Que se empenha em buscar ... sem medo de revelar a verdadeira realidade ... que mora em sua alma Que soube ultrapassar todos os obstáculos com dignidade Que tem satisfação em viver feliz com o seu proceder Gosto de gente ... que tem conteúdo ... e sabe ser gente !... Por isso ... amo você !... Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted September 22, 2007 Members Report Share Posted September 22, 2007 SONETO DO MAIOR AMOR Maior amor nem mais estranho existeQue o meu, que não sossega a coisa amadaE quando a sente alegre, fica tristeE se a vê descontente, dá risada. E que só fica em paz se lhe resisteO amado coração, e que se agradaMais da eterna aventura em que persisteQue de uma vida mal-aventurada. Louco amor meu que quando toca, fereE quando fere, vibra, mas prefereFerir a fenecer - e vive a esmoFiel à sua lei de cada instanteDesassombrado, doido, deliranteNuma paixão de tudo e de si mesmo. Vinicius de Moraes Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Srta Moore Posted September 22, 2007 Members Report Share Posted September 22, 2007 SONETO DO MAIOR AMOR Maior amor nem mais estranho existeQue o meu, que não sossega a coisa amadaE quando a sente alegre, fica tristeE se a vê descontente, dá risada. E que só fica em paz se lhe resisteO amado coração, e que se agradaMais da eterna aventura em que persisteQue de uma vida mal-aventurada. Louco amor meu que quando toca, fereE quando fere, vibra, mas prefereFerir a fenecer - e vive a esmoFiel à sua lei de cada instanteDesassombrado, doido, deliranteNuma paixão de tudo e de si mesmo. Vinicius de Moraes[/quote'] Sou fã dos poemas que tú posta aqui Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted September 22, 2007 Members Report Share Posted September 22, 2007 valeu, moore mais um dele... Soneto do Amor Total Amo-te tanto meu amor... não cante O humano coração com mais verdade... Amo-te como amigo e como amante Numa sempre diversa realidade. Amo-te enfim, de um calmo amor prestante E te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfim, com grande liberdade Dentro da eternidade e a cada instante. Amo-te como um bicho, simplesmente De um amor sem mistério e sem virtude Com um desejo maciço e permanente. E de te amar assim, muito e amiúde É que um dia em teu corpo de repente Hei de morrer de amar mais do que pude. Vinícius de Moraes Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted September 22, 2007 Members Report Share Posted September 22, 2007 A INVENÇÃO DO "O" Na era da pedra lascada da língua falada antes de inventarem a letra que imitava a lua as palavras diziam nada e nada levava a nada (aliás, nem precisava rua). A frase ficava estática de maneira majestática a grandes falas presumíveis permaneciam indizíveis - imagens invisíveis a distâncias invencíveis. Vivia-se em cavernas mentais numa inércia dramática. Ir e vir, nem pensar ninguém mudava de lugar que dirá de sintática. Aí inventaram o "O" e foi algo portentoso. Assombroso, maravilhoso. Tudo começou a rolar e a se movimentar. O Homem ganhou "horizontes" e palavras viraram pontes e hoje existe a convicção que sem a sua invenção não haveria Civilização. Um dia, como o raio inaugural sobre aquela célula no pantanal que deu vida a tudo, veio o acento agudo. E o homem pôde cantar vitória. E começou a História. (Depois ficamos retóricos e até um pouco gongóricos). Luis Fernando Veríssimo Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted September 22, 2007 Members Report Share Posted September 22, 2007 Carne Que importa se a distância estende entre nós léguas e léguas Que importa se existe entre nós muitas montanhas? O mesmo céu nos cobre E a mesmas terra liga nossos pés. No céu e na terra é a tua carne que palpita Em tudo eu sinto o teu olhar se desdobrando Na carícia violenta do teu beijo. Que importa a distância e que importa a montanha Se tu és a extensão da carne Sempre presente? Vinicius de MoraesKah*2007-09-22 23:20:59 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted September 22, 2007 Members Report Share Posted September 22, 2007 TU E EU Somos diferentes, tu e eu. Tens forma e graça e a sabedoria de só saber crescer até dar pé. E não sei onde quero chegar e só sirvo para uma coisa - que não sei qual é! És de outra pipa e eu de um cripto. Tu, lipa Eu, calipto. Gostas de um som tempestade roque lenha muito heavy Prefiro o barroco italiano e dos alemães o mais leve. És vidrada no Lobão eu sou mais albônico. Tu,fão. Eu,fônico. És suculenta e selvagem como uma fruta do trópico Eu já sequei e me resignei como um socialista utópico. Tu não tens nada de mim eu não tenho nada teu. Tu,piniquim. Eu,ropeu. Gostas daquelas festas que começam mal e terminam pior. Gosto de graves rituais em que sou pertinente e, ao mesmo tempo, o prior. Tu és um corpo e eu um vulto, és uma miss, eu um místico. Tu,multo. Eu,carístico. És colorida, um pouco aérea, e só pensas em ti. Sou meio cinzento, algo rasteiro, e só penso em Pi. Somos cada um de um pano uma sã e o outro insano. Tu,cano. Eu,clidiano. Dizes na cara o que te vem a cabeça com coragem e ânimo. Hesito entre duas palavras, escolho uma terceira e no fim digo o sinônimo. Tu não temes o engano enquanto eu cismo. Tu,tano. Eu,femismo. Luis Fernando Veríssimo Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted September 23, 2007 Members Report Share Posted September 23, 2007 Verme <?:NAMESPACE PREFIX = O /> Existe uma flor que encerra Celeste orvalho e perfume. Plantou-a em fecunda terra Mão benéfica de um nume. Um verme asqueroso e feio Gerado em lodo mortal, Busca esta flor virginal E vai dormir-lhe no seio. Morde, sangra, rasga e mina, Suga-lhe a vida e o alento; A flor o calix inclina; As folhas, leva-as o vento, Depois, nem resta o perfume Nos ares da solidão... Esta flor é o coração, Aquele verme o ciúme. Machado de Assis Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted September 23, 2007 Members Report Share Posted September 23, 2007 Poema que aconteceu Nenhum desejo neste domingo nenhum problema nesta vida o mundo parou de repente os homens ficaram calados domingo sem fim nem começo. A mão que escreve este poema não sabe o que está escrevendo mas é possível que se soubesse nem ligasse. Carlos Drummond de Andrade Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted September 23, 2007 Members Report Share Posted September 23, 2007 CançãoPus o meu sonho num navioe o navio em cima do mar;- depois, abri o mar com as mãos,para o meu sonho naufragarMinhas mãos ainda estão molhadasdo azul das ondas entreabertas,e a cor que escorre de meus dedos colore as areias desertas.O vento vem vindo de longe,a noite se curva de frio;debaixo da água vai morrendomeu sonho, dentro de um navio...Chorarei quanto for preciso,para fazer com que o mar cresça,e o meu navio chegue ao fundo e o meu sonho desapareça.Depois, tudo estará perfeito;praia lisa, águas ordenadas,meus olhos secos como pedrase as minhas duas mãos quebradas. <?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /> Cecília Meireles Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted September 24, 2007 Members Report Share Posted September 24, 2007 O amor (Gonçalves Dias) Amare amabam.S. Agostinho Amor! enlevo d'alma, arroubo, encanto Desta existência mísera, onde existes? Fino sentir ou mágico transporte, (O quer que seja que nos leva a extremos, Aos quais não basta a natureza humana;) Simpática atração d'almas sinceras Que unidas pelo amor, no amor se apuram, Por quem suspiro, serás nome apenas?A inútil chama ressecou meus lábios, Mirrou-me o coração da vida em meio, E à terra fez baixar a mente errada Que entre nuvens, amor, por ti bradava! Não te pude encontrar! — em vão meus anos No louco intento esperdicei; gelados, Uns após outros a cair precípitesNa urna do passado os vi; eu triste,Amor, por ti clamava; — e o meu desertoAos meus acentos reboava embalde.Em vão meu coração por ti se fina,Em vão minha alma te compreende e busca,Em vão meus lábios sôfregos cobiçamLibar a taça que aos mortais of’reces!Dizem-na funda, inesgotável, meiga;Enquanto a vejo rasa, amarga e dura!Dizem-na bálsamo, eu veneno a sorvo:Prazer, doçura, — eu dor e fel encontro!Dobrei-me às duras leis que me impuseste, Curvei ao jugo teu meu colo humilde,Feri-me aos teus ardentes passadores,Prendi-me aos teus grilhões, rojei por terra...E o lucro?... foram lágrimas perdidas,Foi roxa cicatriz qu'inda conservo,Desbotada a ilusão e a vida exausta!Celeste emanação, gratos eflúvios Das roseiras do céu; bater macio Das asas auribrancas dalgum anjo, Que roça em noite amiga a nossa esfera, Centelha e luz do sol que nunca morre; És tudo, e mais qu'isto: — és luz e vida, Perfume, e vôo d'anjo mal sentido, Peregrinas essências trescalando!... Também passas veloz, — breve te apagas, Como duma ave a sombra fugitiva, Desgarrada voando à flor de um lago! Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members King Edward Posted September 25, 2007 Members Report Share Posted September 25, 2007 Estou lendo atualmente Alphonsus de Guimarães, da poesia simbolista. Uma das poesias que mais gostei até agora: Ismália Alphonsus de Guimaraens Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar... Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar. No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar... E, no desvario seu, Na torre pôs-se a cantar... Estava perto do céu, Estava longe do mar... E como um anjo pendeu As asas para voar... Queria a lua do céu, Queria a lua do mar... As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par... Sua alma subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar... Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
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