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Forum Cinema em Cena

Poesias


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O mais que perfeito...

 

 

 

AH!!quem me dera ir-me

contigo agora

Para um horizonte firme

(Comum embora)

AH!!quem me dera ir-me!

florroxa.gif

AH!!quem me dera amar-te

Sem mais ciúmes

De alguém  em algum lugar

Que não presumes...

AH!!quem me dera amar-te

florroxa.gif

AH!!quem me dera ver-te

Sempre ao meu lado

Sem precisar dizer-te

Jamais: cuidado

AH!! quem me dera ver-te

florroxa.gif

AH!! quem me dera ter-te

Como um lugar

Plantado num chão verde

Para eu morar-te

Morar-te até morrer-te

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Sozinha...

 

São tão triste as horas

que passo sozinha

Que solidão,os minutos sem você

Os segundos são pesadelos

Não sei o que fazer

Minha cama esta fria

Minha alma esta chorando

E vão se passando os dias

E meu amor vai aumentando...

E assim vou sofrendo

Mas não sei como dizer

Que no fundo da minha alma

Meu amor quer te esquecer...

Se não me deixasse 'sozinha

Nada podia acontecer

Nem meu coração choraria

Minha cama não ficaria fria

Meu amor,nunca iria te perder!!

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Soneto


Encontrei-te. Era o mês... Que importa o mês? Agosto,
Setembro, outubro, maio, abril, janeiro ou março,
Brilhasse o luar que importa? ou fosse o sol já posto,
No teu olhar todo o meu sonho andava esparso.

Que saudades de amor na aurora do teu rosto!
Que horizonte de fé, no olhar tranqüilo e garço!
Nunca mais me lembrei se era no mês de agosto,
Setembro, outubro, abril, maio, janeiro, ou março.

Encontrei-te. Depois... depois tudo se some
Desfaz-se o teu olhar em nuvens de ouro e poeira.
Era o dia... Que importa o dia, um simples nome?

Ou sábado sem luz, domingo sem conforto,
Segunda, terça ou quarta, ou quinta ou sexta-feira,
Brilhasse o sol que importa? ou fosse o luar já morto?

 

 

 

 

Alphonsus de Guimaraens
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Soneto


Encontrei-te. Era o mês... Que importa o mês? Agosto' date='
Setembro, outubro, maio, abril, janeiro ou março,
Brilhasse o luar que importa? ou fosse o sol já posto,
No teu olhar todo o meu sonho andava esparso.

Que saudades de amor na aurora do teu rosto!
Que horizonte de fé, no olhar tranqüilo e garço!
Nunca mais me lembrei se era no mês de agosto,
Setembro, outubro, abril, maio, janeiro, ou março.

Encontrei-te. Depois... depois tudo se some
Desfaz-se o teu olhar em nuvens de ouro e poeira.
Era o dia... Que importa o dia, um simples nome?

Ou sábado sem luz, domingo sem conforto,
Segunda, terça ou quarta, ou quinta ou sexta-feira,
Brilhasse o sol que importa? ou fosse o luar já morto?

 

 

 

 

Alphonsus de Guimaraens
[/quote']

 

 

AAAaaaaaamei0805
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Enquanto a chuva cai


A chuva cai. O ar fica mole...
Indistinto... ambarino... gris...
E no monótono matiz
Da névoa enovelada bole
A folhagem como o bailar.


Torvelinhai, torrentes do ar!


Cantai, ó bátega chorosa,
As velhas árias funerais.
Minh'alma sofre e sonha e goza
À cantilena dos beirais.


Meu coração está sedento
De tão ardido pelo pranto.
Dai um brando acompanhamento
À canção do meu desencanto.


Volúpia dos abandonados...
Dos sós... — ouvir a água escorrer,
Lavando o tédio dos telhados
Que se sentem envelhecer...


Ó caro ruído embalador,
Terno como a canção das amas!
Canta as baladas que mais amas,
Para embalar a minha dor!


A chuva cai. A chuva aumenta.
Cai, benfazeja, a bom cair!
Contenta as árvores! Contenta
As sementes que vão abrir!


Eu te bendigo, água que inundas!
Ó água amiga das raízes,
Que na mudez das terras fundas
Às vezes são tão infelizes!


E eu te amo! Quer quando fustigas
Ao sopro mau dos vendavais
As grandes árvores antigas,
Quer quando mansamente cais.


É que na tua voz selvagem,
Voz de cortante, álgida mágoa,
Aprendi na cidade a ouvir
Como um eco que vem na aragem
A estrugir, rugir e mugir,
O lamento das quedas-d'água!

 

 

 

Manuel Bandeira
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Soneto da intimidade

 

 

 

 

 

Nas tardes de fazenda há muito azul demais.

 

Eu saio as vezes, sigo pelo pasto, agora

 

Mastigando um capim, o peito nu de fora

 

No pijama irreal de há três anos atrás.

 

 

 

 

 

Desço o rio no vau dos pequenos canais

 

Para ir beber na fonte a água fria e sonora

 

E se encontro no mato o rubro de uma amora

 

Vou cuspindo-lhe o sangue em torno dos currais.

 

 

 

 

 

Fico ali respirando o cheiro bom do estrume

 

Entre as vacas e os bois que me olham sem ciúme

 

E quando por acaso uma mijada ferve

 

 

 

 

 

Seguida de um olhar não sem malícia e verve

 

Nós todos, animais, sem comoção nenhuma

 

Mijamos em comum numa festa de espuma.

 

 

 

Vinicius de Moraes

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Samba de Orly 1970

 

 

 

Vai meu irmão

 

Pega esse avião

 

Você tem razão

 

De correr assim

 

Desse frio

 

Mas beija

 

O meu Rio de Janeiro

 

Antes que um aventureiro

 

Lance mão

 

 

 

 

 

 

 

Pede perdão

 

Pela duração Dessa temporada

 

Mas não diga nada

 

Que me viu chorando

 

E pros da pesada

 

Diz que eu vou levando

 

Vê com é que anda

 

Aquela vida à toa

 

E se puder me manda

 

Uma notícia boa

 

 

 

Vinicius de Moraes

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Os versos que te dou


os fiz hoje que sinto o coração contente

enquanto teu amor for meu somente,

eu farei versos...e serei feliz...


versos de sonho e de amor, e hei depois

relembrar o passado de nós dois...

esse passado que começa agora...


versos meus, mas que são teus, também...

Sozinha, hás de escuta-los sem ninguém que

possa perturbar vossa ventura...


hás de um dia mais tarde, revive-los nas

lembranças que a vida não desfez...

 JG de Araújo Jorge
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Os versos que te dou

os fiz hoje que sinto o coração contente

enquanto teu amor for meu somente,

eu farei versos...e serei feliz...

versos de sonho e de amor, e hei depois

relembrar o passado de nós dois...

esse passado que começa agora...

versos meus, mas que são teus, também...

Sozinha, hás de escuta-los sem ninguém que

possa perturbar vossa ventura...

hás de um dia mais tarde, revive-los nas

lembranças que a vida não desfez...

 JG de Araújo Jorge
[/quote']

 

 

 

A Shy tá xonada06
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As sem-razões do amor


Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.


Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.


Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.


Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

 

 

 

Carlos Drummond de Andrade
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CONTO ERÓTICO

 

 

 

-Assim ?

 

-É. Assim.

 

-Mais depressa ?

 

-Não. Assim está bem. Um pouco mais para...

 

-Assim ?

 

-Não, espere.

 

-Você disse que...

 

-Eu sei. Vamos recomeçar. Diga quando estiver bem.

 

-Estava perfeito e você...

 

-Desculpe.

 

-Você se descontrolou e perdeu o...

 

-Eu já pedi desculpa !

 

-Está bem. Vamos tentar outra vez. Agora.

 

-Assim ?

 

-Um pouco mais pra cima.

 

-Aqui ?

 

-Quase. Está quase !

 

-Me diga como você quer. Oh, querido...

 

-Um pouco mais para baixo.

 

-Sim.

 

-Agora para o lado. Rápido !

 

-Amor, eu...

 

-Para cima ! Um pouquinho...

 

-Assim ?

 

-Aí ! Aí !

 

-Está bom ?

 

-Sim. Oh, sim.

 

-Pronto.

 

-Não ! Continue.

 

-Puxa, mas você..

 

-Olha aí... Agora você...

 

-Deixa ver...

 

-Não, não. Mais para cima.

 

-Aqui ?

 

-Mais para o lado.

 

-Assim ?

 

-Para a esquerda !! O lado esquerdo !

 

-Aqui ?

 

-Isso ! Agora coça.

 

 

 

Luís Fernando Veríssimo

 

 

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06

 

 

Tristeza do Infinito

                                                     

                            

Anda em mim, soturnamente, 
uma tristeza ociosa, 
sem objetivo, latente, 
vaga, indecisa, medrosa.

Como ave torva e sem rumo, 
ondula, vagueia, oscila 
e sobe em nuvens de fumo 
e na minh'alma se asila.

Uma tristeza que eu, mudo, 
fico nela meditando 
e meditando, por tudo 
e em toda a parte sonhando.

Tristeza de não sei donde,
de não sei quando nem como... 
flor mortal, que dentro esconde 
sementes de um mago pomo.

Dessas tristezas incertas, 
esparsas, indefinidas... 
como almas vagas, desertas 
no rumo eterno das vidas.

Tristeza sem causa forte, 
diversa de outras tristezas, 
nem da vida nem da morte 
gerada nas correntezas...

Tristeza de outros espaços,
de outros céus, de outras esferas,
de outros límpidos abraços, 
de outras castas primaveras.

Dessas tristezas que vagam 
com volúpias tão sombrias 
que as nossas almas alagam 
de estranhas melancolias.

Dessas tristezas sem fundo, 
sem origens prolongadas, 
sem saudades deste mundo, 
sem noites, sem alvoradas.

Que principiam no sonho 
e acabam na Realidade, 
através do mar tristonho 
desta absurda Imensidade.

Certa tristeza indizível, 
abstrata, como se fosse 
a grande alma do Sensível 
magoada, mística, doce.

Ah! tristeza imponderável,
abismo, mistério, aflito, 
torturante, formidável... 
ah! tristeza do Infinito!

 

 

Cruz e Sousa
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Nunca esquecerei você ...

cada movimento que faz em minha direção

deliro ... vibro com muita emoção

Uma nuvem densa em minha mente

encobre todas as passagens doloridas

rebeldes amargas sofridas

fazendo crescer o brilho de minha estrela guia

enaltecendo a irradiação positiva

lançada em nossas almas

provinda de uma fonte divina

Recebo esses raios por merecimento

é uma forte vibração

de onde jamais foram detectadas sombras

... nem luzes trêmulas

Meu coração valente ... firmemente persevera

e a vida reverencia ... esta enorme afeição

afinal ... nossas almas nunca foram separadas

eu em você ... você em mim ......

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Gosto de gente ... que tem conteúdo ... e sabe ser gente !...

Que tem muito amor dentro de si

Que erra e reconhece seus erros

Que apanha e assimila os golpes

Que cai e se levanta

Que tira lições de seu sofrimento

Que chora um choro sentido

Que faz com que suas lágrimas lavem sua dor mais doída

Que não perde o seu humor e sabe demonstrar alegria

... em seus piores momentos

Que consegue fazer alguem feliz mesmo quando o seu coração

... se encontra em pedaços

Que sabe calar quando o ideal seria gritar sua angústia

Que consola quando precisaria ser consolado

Que elogia quando poderia maldizer

Que mantém sua fé

Que perdoa mesmo sabendo que jamais poderá esquecer a mágoa

Que manteve a calma em seu momento de pior desespero

Que vibra mesmo tendo lágrimas no canto de seus olhos

Que mesmo doido consegue irradiar tranquilidade

Que guarda e espelha a felicidade que trás dentro de si

... ultrapassando o que parece ser impossivel

Que tem orgulho de suas atitudes leais

Que não finge ... que não trai ... que não mente

Que não dissimula a dor que sente

Que demonstra e trata de sua ferida ... sincera e honestamente

Que olha nos meus olhos quando falo

Que sabe ouvir com paciência

... mesmo não compreendendo o que esta ocorrendo

... sabe respeitar o sentimento alheio

Que briga por um amigo sem saber ao menos o que ocorreu

Que diz as verdades ... que nem sempre as pessoas querem ouvir

Que crê numa amizade

Que nunca virou as costas ... que nunca desistiu

Que estende sua mão permanentemente leal

Que fica junto da gente nas alegrias

... e bem a nosso lado ... no meio das tempestades

Que se empenha em buscar ... sem medo de revelar

a verdadeira realidade ... que mora em sua alma

Que soube ultrapassar todos os obstáculos com dignidade

Que tem satisfação em viver feliz com o seu proceder

Gosto de gente ... que tem conteúdo ... e sabe ser gente !...

Por isso ... amo você !...

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SONETO DO MAIOR AMOR

Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.

Louco amor meu que quando toca, fere
E quando fere, vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.

 

Vinicius de Moraes
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SONETO DO MAIOR AMOR

Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.

Louco amor meu que quando toca, fere
E quando fere, vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.

 

Vinicius de Moraes
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Sou fã dos poemas que tú posta aqui1005
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valeu, moore 05

 

 

mais um dele...

 

 

 

Soneto do Amor Total

 

Amo-te tanto meu amor... não cante

O humano coração com mais verdade...

Amo-te como amigo e como amante

Numa sempre diversa realidade.

 

 

Amo-te enfim, de um calmo amor prestante

E te amo além, presente na saudade.

Amo-te, enfim, com grande liberdade

Dentro da eternidade e a cada instante.

 

 

Amo-te como um bicho, simplesmente

De um amor sem mistério e sem virtude

Com um desejo maciço e permanente.

 

 

E de te amar assim, muito e amiúde

É que um dia em teu corpo de repente

Hei de morrer de amar mais do que pude.

 

 

 

Vinícius de Moraes
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A INVENÇÃO DO "O"

 

 

 

Na era da pedra lascada

 

da língua falada

 

antes de inventarem a letra

 

que imitava a lua

 

as palavras diziam nada

 

e nada levava a nada

 

(aliás, nem precisava rua).

 

A frase ficava estática

 

de maneira majestática

 

a grandes falas presumíveis

 

permaneciam indizíveis

 

- imagens invisíveis

 

a distâncias invencíveis.

 

Vivia-se em cavernas mentais

 

numa inércia dramática.

 

Ir e vir, nem pensar

 

ninguém mudava de lugar

 

que dirá de sintática.

 

Aí inventaram o "O"

 

e foi algo portentoso.

 

Assombroso, maravilhoso.

 

Tudo começou a rolar

 

e a se movimentar.

 

O Homem ganhou "horizontes"

 

e palavras viraram pontes

 

e hoje existe a convicção

 

que sem a sua invenção

 

não haveria Civilização.

 

Um dia, como o raio inaugural

 

sobre aquela célula no pantanal

 

que deu vida a tudo,

 

veio o acento agudo.

 

E o homem pôde cantar vitória.

 

E começou a História.

 

(Depois ficamos retóricos

 

e até um pouco gongóricos).

 

 

 

Luis Fernando Veríssimo

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Carne

 

Que importa se a distância estende entre nós

léguas e léguas

Que importa se existe entre nós muitas montanhas?

O mesmo céu nos cobre

E a mesmas terra liga nossos pés.

No céu e na terra é a tua carne que palpita

Em tudo eu sinto o teu olhar se desdobrando

Na carícia violenta do teu beijo.

Que importa a distância e que importa a montanha

Se tu és a extensão da carne

Sempre presente?

 

Vinicius de Moraes
Kah*2007-09-22 23:20:59
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TU E EU

 

 

 

Somos diferentes, tu e eu.

 

Tens forma e graça

 

e a sabedoria de só saber crescer

 

até dar pé.

 

E não sei onde quero chegar

 

e só sirvo para uma coisa

 

- que não sei qual é!

 

És de outra pipa

 

e eu de um cripto.

 

Tu, lipa

 

Eu, calipto.

 

 

 

Gostas de um som tempestade

 

roque lenha

 

muito heavy

 

Prefiro o barroco italiano

 

e dos alemães

 

o mais leve.

 

És vidrada no Lobão

 

eu sou mais albônico.

 

Tu,fão.

 

Eu,fônico.

 

 

 

És suculenta

 

e selvagem

 

como uma fruta do trópico

 

Eu já sequei

 

e me resignei

 

como um socialista utópico.

 

Tu não tens nada de mim

 

eu não tenho nada teu.

 

Tu,piniquim.

 

Eu,ropeu.

 

 

 

Gostas daquelas festas

 

que começam mal e terminam pior.

 

Gosto de graves rituais

 

em que sou pertinente

 

e, ao mesmo tempo, o prior.

 

Tu és um corpo e eu um vulto,

 

és uma miss, eu um místico.

 

Tu,multo.

 

Eu,carístico.

 

 

 

És colorida,

 

um pouco aérea,

 

e só pensas em ti.

 

Sou meio cinzento,

 

algo rasteiro,

 

e só penso em Pi.

 

Somos cada um de um pano

 

uma sã e o outro insano.

 

Tu,cano.

 

Eu,clidiano.

 

 

 

Dizes na cara

 

o que te vem a cabeça

 

com coragem e ânimo.

 

Hesito entre duas palavras,

 

escolho uma terceira

 

e no fim digo o sinônimo.

 

Tu não temes o engano

 

enquanto eu cismo.

 

Tu,tano.

 

Eu,femismo.

 

 

 

Luis Fernando Veríssimo

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Verme

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Existe uma flor que encerra

Celeste orvalho e perfume.

Plantou-a em fecunda terra

Mão benéfica de um nume.

 

Um verme asqueroso e feio

Gerado em lodo mortal,

Busca esta flor virginal

E vai dormir-lhe no seio.

 

Morde, sangra, rasga e mina,

Suga-lhe a vida e o alento;

A flor o calix inclina;

As folhas, leva-as o vento,

 

Depois, nem resta o perfume

Nos ares da solidão...

Esta flor é o coração,

Aquele verme o ciúme.

 

 

Machado de Assis
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Poema que aconteceu

 

 

 

 

 

Nenhum desejo neste domingo

 

nenhum problema nesta vida

 

o mundo parou de repente

 

os homens ficaram calados

 

domingo sem fim nem começo.

 

 

 

 

 

A mão que escreve este poema

 

não sabe o que está escrevendo

 

mas é possível que se soubesse

 

nem ligasse.

 

 

 

Carlos Drummond de Andrade

 

 

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Canção

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

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Cecília Meireles

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O amor (Gonçalves Dias)

 

Amare amabam.
S. Agostinho


Amor! enlevo d'alma, arroubo, encanto
Desta existência mísera, onde existes?
Fino sentir ou mágico transporte,
(O quer que seja que nos leva a extremos,
Aos quais não basta a natureza humana;)
Simpática atração d'almas sinceras
Que unidas pelo amor, no amor se apuram,
Por quem suspiro, serás nome apenas?


A inútil chama ressecou meus lábios,
Mirrou-me o coração da vida em meio,
E à terra fez baixar a mente errada
Que entre nuvens, amor, por ti bradava!
Não te pude encontrar! — em vão meus anos
No louco intento esperdicei; gelados,
Uns após outros a cair precípites
Na urna do passado os vi; eu triste,
Amor, por ti clamava; — e o meu deserto
Aos meus acentos reboava embalde.


Em vão meu coração por ti se fina,
Em vão minha alma te compreende e busca,
Em vão meus lábios sôfregos cobiçam
Libar a taça que aos mortais of’reces!
Dizem-na funda, inesgotável, meiga;
Enquanto a vejo rasa, amarga e dura!
Dizem-na bálsamo, eu veneno a sorvo:
Prazer, doçura, — eu dor e fel encontro!


Dobrei-me às duras leis que me impuseste,
Curvei ao jugo teu meu colo humilde,
Feri-me aos teus ardentes passadores,
Prendi-me aos teus grilhões, rojei por terra...
E o lucro?... foram lágrimas perdidas,
Foi roxa cicatriz qu'inda conservo,
Desbotada a ilusão e a vida exausta!


Celeste emanação, gratos eflúvios
Das roseiras do céu; bater macio
Das asas auribrancas dalgum anjo,
Que roça em noite amiga a nossa esfera,
Centelha e luz do sol que nunca morre;
És tudo, e mais qu'isto: — és luz e vida,
Perfume, e vôo d'anjo mal sentido,
Peregrinas essências trescalando!...
Também passas veloz, — breve te apagas,
Como duma ave a sombra fugitiva,
Desgarrada voando à flor de um lago!

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Estou lendo atualmente Alphonsus de Guimarães, da poesia simbolista. Uma das poesias que mais gostei até agora:

 

Ismália

Alphonsus de Guimaraens


Quando Ismália enlouqueceu,

Pôs-se na torre a sonhar...

Viu uma lua no céu,

Viu outra lua no mar.


No sonho em que se perdeu,

Banhou-se toda em luar...

Queria subir ao céu,

Queria descer ao mar...


E, no desvario seu,

Na torre pôs-se a cantar...

Estava perto do céu,

Estava longe do mar...


E como um anjo pendeu

As asas para voar...

Queria a lua do céu,

Queria a lua do mar...


As asas que Deus lhe deu

Ruflaram de par em par...

Sua alma subiu ao céu,

Seu corpo desceu ao mar...
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