Tree of Life, de Terrence Malick

[Nightingale]

De Sábado passado até hoje, vi o filme 3 vezes no cinema... E cada vez estou mais certo de que se trata de uma obra-prima.

 

Incrível isso, eu e o Malick devemos ter algum tipo de conexão. Não que eu esteja me comparando a esse gênio... Mas é incrível como cenas abstratas dizem tanto.

PS: O Jack jovem parece mesmo o Caviezel... E parece ainda mais a criança do meu avatar (que está inalterado desde 26 de Janeiro de 2008).

 

O filme todo é genial, mas destaque pra sequência que se segue quando o pai delimita uma linha pro filho não atravessar, a leitura da história infantil pela mãe e a passagem do tempo com aquela maravilhosa sequência musical.

 

PS2: Esse 'You saw the line' (também de 2008) da minha assinatura é uma referência a 'Além da Linha Vermelha', mas não deixa de ser curioso notar que essa frase também se relaciona com 'A Árvore da Vida'.

 

 

[Richard]

Achei que o filme defende uma posição naturalista, meio Rousseauniana, defendida pela figura da mãe, "o lado certo" do filme. Ensinou o amor, a compaixão, o respeito pela natureza e pelos animais. O filme mostra o homem essencialmente bom, que é corrompido pela sociedade.

 

A figura do pai representa a sociedade, com seu excesso de regras. Religião, Estado e o meio social exigem que o homem desenvolva uma série de virtudes para conseguir o sucesso. Isso acaba por corrompê-lo. Afasta-o da natureza e da convivência entre as pessoas. Os bens materiais não compensariam esse trade off.

 

O filme procura mostrar que todos os melhores momentos da vida do protegonista-mirim passaram com os irmãos e amigos, comungando da natureza, no bucólico subúrbio. Ao passo que os piores momentos foram com o severo pai, o qual almejava que o filho aprendesse desde cedo ser devoto a Deus, forte fisicamente, viril (não muito bonzinho), com dotes musicais. Tudo para impressionar os outros e garantir que seus filhos se desenvolvam um bom padrão de vida e se tornem homens com sucesso, fama e dinheiro.

 

O protagonista adulto mostra que apesar de ter conseguido se tornar um homem rico e respeitado, do jeito que o seu pai desejava, estava infeliz. O cenário frio e futurusta demonstra a desumanização do personagem, algo que o dinheiro não teria compensado. Também estava sorendo coma as lembranças   do irmão falecido na guerra. Guerra é a antítese do naturalismo. A obediência ao exército é fruto do respeito demasiado com seus deveres cívicos, com a sociedade e seus valores.

 

No final do filme, até o Brad percebera que todos os seus valores estavam errados, pois tinha falhado na sua luta para conseguir ser alguém de sucesso. E a sua obsessão somente causou sofrimento aos seus filhos, dada sua rigidez e ausências frequentes. 

 

O modorrenta epílogo "a la Discovery Channel" serviria para salientar a magia espetacular da criação da vida, enfatizando como esta é especial. E que neste processo não havia Deus com suas regras a serem seguidas.

 

O final brega "a la ultimo episódio de Lost" mostrou o reencontro  do herói com sua família numa espécie de Caminho de Santiago, demonstrando que o melhor da vida, não é onde você consegue alcançar, mas com que você faz essa viagem.

 

 

 

 

 

[Thiago Lucio]

"Árvore da Vida" é um filme esteticamente lindo, lindo, lindo. Uma experiência sensitiva, sensorial, profunda, complexa, lúdica. Estabelece uma bonita relação entre Deus, o mundo e o universo; pai, mãe, filhos, família. Senti como se o Malick estivesse comandando uma ópera da vida, onde a figura da mãe é responsável pelas notas mais suaves, e o pai pelas notas mais duras e firmes. Como uma espécie de preparação para que a vida reserva. Mas por isso e apesar disso, o filme não rolou comigo. Me fez reconsiderar "Além da Linha Vermelha" e "Um Novo Mundo" como duas obras-primas. Não vejo a hora do Malick dirigindo um comercial de sucrilhos, pois seria o melhor comercial de sucrilhos do mundo todo. 7/10 Thiago Lucio2011-09-25 11:03:25