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Forum Cinema em Cena

Onde os Fracos Não Têm Vez


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Infelizmente o tom da crítica se ateve ao pessimismo frente “What’s comin’?” (questão que perpassa o filme como um todo e talvez a obra dos Coen como um todo). Se é verdade que existe a escuridão, o frio e, principalmente, a incerteza (tema principal e recorrente em toda a obra dos Coen), o filme deixa claro que também existe o Pai na noite escura e fria, carregando a tocha, e que passa à nossa frente para termos certeza de que haverá uma fogueira pra onde quer que a gente vá.

 

Ver o final de forma tão pessimista me parece guardar a moeda que acabou de salvar sua vida no bolso, junto de todas as outras, de forma que ela se misture e se reduza a uma simples moeda, o que de fato ela é.

 

Como diz Tom Bell, há sempre um sentido nos sonhos de quem é a parte interessada. Desprezar o sonho é como negar que Deus tenha aparecido na vida de Ed Tom Bell, ao invés de limitarmo-nos à humildade da ignorância de Ellis de não sabermos o que Ele está pensando. E isso logo depois de termos tido a sorte(?) de entre duas portas escolhermos justamente aquela atrás da qual não está o assassino. É perder também o dinheiro (os talentos na parábola bíblica?) que o Pai nos deu. É nos considerarmos extremamente orgulhosos para afirmarmos que estamos com tudo sob controle como o policial no início do filme logo antes de ser brutalmente assassinado.

 

Se tem algo que salva e sempre salvou os personagens dos Coen é sua inocência, é não saber o que está acontecendo de uma forma completa, desde Francês McDorman em Blood Simple até Irmã Hall em Ladykillers e agora TL Jones, que teme colocar a alma em risco, e perceba que a palavra utilizada é a pouco conhecida “Hazard” ao invés de “risk” justamente para dar idéia da probabilidade de ocorrência de eventos em um jogo.

 

E se a estrada que vc vem seguindo te trouxe até aqui, foi de alguma serventia? Acho que não!

 

Limitar a natureza da pessoa de Chighur ao mal encarnado, como limitar a natureza da pessoa de Charlie Meadows de Barton Fink ao mal encarnado, é negar que até mesmo Deus, e aqui vale a pena lembrar (sem nenhum anti-semitismo) a origem judaica dos Coen, pode se zangar e ser vingativo e chegar a uma hora que o máximo que pode propor é poupar a esposa caso se entregue o dinheiro imediatamente, já que ele não pode mais ser poupado.

 

É verdade que Moss é o personagem mais humano de toda história e é humano justamente por seu erro, e por pensar que pode se safar desse erro de forma impune.

 

E se Ed Tom Bell é a voz da razão, é a voz de uma razão imperfeita, limitada e com informação incompleta, como na realidade é nossa razão!

 

O que me fica no semblante de Ed Tom Bell ao final do filme é tranqüilidade, com um pouco de frustração e noção de ter desperdiçado seus dons, com certeza (não é à toa que Ellis; talvez o melhor personagem do filme questione sobre sua decisão de se aposentar), mas enfim, encarando com tranqüilidade what’s comin’.

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Achei a crítica boa, confirmou muito das impressões que eu mesmo tirei sobre o filme. Apenas discordo do parágrafo dos "fracos", pelo simples motivo que originalmente o termo ali é "velhos" e eu não acho que uma coisa é sinônima da outra.

 

Sobre o comentário acima, do Tatu, sou obrigado a discordar da parte do Anton - acho que foi a única que eu entendi rs. Tem uma passagem que entrega simplesmente tudo que o cara é no filme. É quando Bell chega pro seu colega e diz "não acho que ele seja um lunático. acho que é um fantasma. (mas ele é bem real, não?) sim.".

 

 

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Achei a crítica boa' date=' confirmou muito das impressões que eu mesmo tirei sobre o filme. Apenas discordo do parágrafo dos "fracos", pelo simples motivo que originalmente o termo ali é "velhos" e eu não acho que uma coisa é sinônima da outra.
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Troy, o significado da frase é absolutamente o mesmo: não ser uma terra para "velhos" (como Ed Tom Bell, saudosista de tempos mais simples) ou "fracos" traz o mesmo sentido.
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Achei a crítica boa' date=' confirmou muito das impressões que eu mesmo tirei sobre o filme. Apenas discordo do parágrafo dos "fracos", pelo simples motivo que originalmente o termo ali é "velhos" e eu não acho que uma coisa é sinônima da outra.

[/quote']

 

Troy, o significado da frase é absolutamente o mesmo: não ser uma terra para "velhos" (como Ed Tom Bell, saudosista de tempos mais simples) ou "fracos" traz o mesmo sentido.

 

 Eu vi que você achou isso, mas ah, eu não concordo. Velho pra mim está no título no sentido literal, de idade mesmo e o termo não se aplica, no contexto da história, somente ao Bell, mas também ao Chigurh, por exemplo.

 

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Em primeiro lugar não sei se fui mal entendido aqui, mas eu tb achei a crítica boa (e não só a crítica como a nota da mostra de cinema de SP tb). Apenas discordei do tom assumido no final. Acho difícil ver o final de um filme dos Coen com tom pessimista. Mesmo no final de “The man who wasn’t there” o tom não é pessimista. E, particularmente, o final de NCFOM me recorda mto o final de “Raising Arizona”.

 

Como de costume, acho que os tanto símbolos quanto os pontos técnicos estão mto bem analisados. Qto à utilização de sons, acho tb digno de nota a ausência completa e total de música que não seja do ambiente (e a única música que me lembro do filme é a dos mariachi mexicanos, confere?). Pelo que me lembre, o único filme digno de nota a utilizar a mesma estratégia foi “The Birds”, confere? E em birds Bernard Herrmann é citado na música, da mesma forma que Burwell é citado em NCFOM.

 

Concordo que, embora não seja muito comprometedor, “old men” é um título mais preciso para o filme do que “fraco”. Vale lembrar que o narrador do filme, e que se sente sem lugar é Ed Tom Bell. No entanto, aqui a estrutura do filme fica de certa forma dúbia, na medida em que o narrador em off não é o ser onisciente, porque, como no livro, se intercala o foco da narração entre o personagem e o narrador onisciente ausente da história (Se não me engano essa forma de narração tb estava presente em “The man who wasn’t there”).

 

Mas entendo o título mais do ponto de vista do narrador Ed Tom Bell, principalmente pelo monólogo inicial, qdo fala dos xerifes antigos que não carregavam armas. Se não me engano, inclusive, no livro ele chegava a se questionar se Chigurh não seria de uma nova espécie, de ser sem alma. Acho que isso não foi reproduzido no filme. O título tb se aplica à decisão final de Ed Tom Bell em se aposentar por não encontrar mais lugar, ao que, no meu ponto de vista, os sonhos no final dão uma resposta reconfortante.

 

Qto à natureza de Chigurh, o pôster do filme ainda me incomoda mto. Mesmo podendo assumir que o rosto de Chigurh no céu dê uma imagem de sua “grandeza” em relação a Moss correndo a terra, ainda me incomoda mto Moss saindo da “boca” de um Chigurh no céu que coincide com o sol nascente. Deixo para alguém mais esperto que eu dar a opinião final.

 

 

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  • 2 weeks later...
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Como assim, 08 oscars para este filme? Um filme não mais que razoável. Li bonitinho as críticas, tudo muito explicadinho e tal, mas nada mudou, o filme é interessante e ponto, nada demais. Tudo bem que esta expectativa de Oscar na verdade é uma ilusão, grandes diretores nunca foram indicados...(Hitchcock e Chaplin blá blá blá), mas expectativa criada,frustração inevitável. Foi até engraçado ver a expressão de "fui enganado" no rosto das pessoas quando o filme terminou, rs ("Hã"?). Oscar de melhor ator para Javier Bardem, com seu cabelinho de Beiçola da Grande Família? Realmente ele sabe arregalar olhos como ninguém...(nem parecia o mesmo ator de Mar Adentro). É um circo este Oscar. Até! Toto2008-02-17 10:32:26

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Onde os Fracos Não Têm Vez é mais uma prova de

criatividade e habilidade dos irmãos Coen. Crítica muito construtiva e bem

elaborada, Pablo. Concordei com cada sentença, principalmente com um último parágrafo,

que reflete bem o que a dupla queria passar ao público. Mas creio que o filme

tenha sido um pouco superestimado, pois em minha opinião, não passa de

"mais um filme pra ver", como O Ilusionista e longas do tipo.

Todavia, meus parabéns.

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Crítica perfeita, me cadastrei aqui porque esse filme tá dando o que falar, e muito. Incrível como as pessoas sempre querem um final 'decente'.

 

Acabei de assistir e o mais triste que esse filme nos revela é o quanto a sociedade está alienada e perdida.

 

Em qualquer lugar da internet ou mesmo no seu círculo de amigos, praticamente todas as pessoas ou não entenderam ou nos simplesmente acharam o filme uma porcaria:

 

Não

percam tempo indo assistir esse filme - Onde os Fracos não tem vez -

porque é simplesmente uma droga. Fiquei com vontade de pedir meu

dinheiro de volta. Como um filme desses pode estar concorrendo ao

Oscar? Fala sério!

 

Decepcionante! Massante e um final patético!

 

O

filme é ridículo, maçante, chato, com pouca ação... O cara que rouba a

mala irrita de tão amador que é e o final então nem se fala, horrível.

 

Péssimo com um final ainda pior... NÃO ASSISTA! PS: povo na sala de cinema começou a rir quando acabou.

 

Olha gente, é justo isso que o filme mostra, os tempos estão mudando e muito rapidamente, matar agora é profissão, psicopatas você encontra em qualquer esquina. E o que a sociedade quer? Que o mocinho vença no final? Que o xerife pegasse o cara? Quando na realidade nunca pega?

 

Que situação!

 

Essa turminha que só gosta de The Punisher, X-Men, Superman, Iron Man, e similares, estão nas nuvens mesmo.

 

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Qual a interpretação que você dá ao filme?

 

Confesso que, na primeira vez que assisti, me decepcionei com o final. Não o havia entendido... Mas antes de sair falando mal do filme ou inventando falhas para validar minha opinião, resolvi assistí-lo de novo para interpretá-lo melhor (Afinal, a maioria dos trabalhos dos Coen são muito bons). Ainda assim, o final ficou meio vago para mim. Resolvi procurar por resenhas, críticas e opiniões de várias pessoas.

 

Vou escrever como interpretei o filme (spoilers!). Por favor, me digam as suas opiniões e interpretações, pq creio que esse filme ainda guarda muitas idéias.

 

Uma possível interpretação que tive e também vi em outro fórum trata do acaso. O fato de nossas vidas estarem completamente submissas ao acaso (no jogar de uma moeda, na esquina de uma rua, no meio do deserto) é a grande síntese do filme. E não podemos fazer nada pra mudar isto ("you can't stop what's coming").

 

Já o sonho de Tom Bell é uma metáfora sobre o mundo cão em que vivemos (as chamas da esperança se apagam na escuridão). Não vemos o destino de Chigurgh nem da sra. Moss (o que causou frustração em muitos espectadores), mas as críticas que li dizem que o filme é visto sob a óptica do xerife, e justamente por isso o Chigurgh é uma figura misteriosa, sinistra e incompreensível. Tom Bell é um homem decepcionado por estar sempre um passo atrás das chacinas (o próprio Llewelyn é morto sem que vejamos), tornando-se um homem inábil diante do mal que assola a vida. Tom Bell é cada um de nós. Ele é um homem de bons valores na desgraça do mundo pós-moderno. Um mundo em que os fracos não tem vez.

 

O que ainda não ficou claro para mim é o personagem de Chigurgh. Creio que todo mistério desse personagem enigmático é proposital (afinal, como disse acima, o filme é visto sob a óptica do xerife). Ainda assim, dizem que seu personagem representa muitas coisas.  Não cheguei a identificar algo sobre ele... O que vocês acham?

 

 

 

 

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Eu acho que o Chigurh é o simbolismo da violência no mundo. Há uma parte do filme que ele diz algo como "essa moeda viajou 23 anos pra chegar aqui. e eu também", acho que essa frase expressa bem a característica mítica do personagem. Além do mais, têm vários diálogos no filme que sugerem isso, fora que a própria maneira como o Bardem interpreta o personagem, frio, misterioso, implacável evidencia essa vértice muito bem (não vou cansar nunca de repetir que a atuação do Bardem é mais do que genial e um pouco do crédito vai para os Coen também já que o Chigurh do livro não é nem metade daquilo que a gente vê no filme - sem querer comparar -rs).

 

Gostaria de viajar um pouco sobre aquilo que eu falei ali em cima pro Pablo. Não acho que fraco equivele a velho, nesse contexto, nem fudendo. Se pegarmos esse lado simbólico do Anton, o gesto do cara entregando cem dólares pruma criança assume uma característica igualmente simbólica, como se aquele 'fantasma' estivesse deixando sua marca naquele lugar, naquela juventude que, de uma maneira ou outra vai acabar herdando suas habilidades de praticar a ultraviolência (n resisti ok), e, é aqui que eu começo a entrar no fator das gerações que está no filme. Não pode ser coincidência afinal que várias das pessoas mortas pelo Chigurh sejam velhos, da mesma forma que o cara do posto também é e, porra, aquela cena no posto não são alguns minutinhos qualquer. Todo o diálogo, toda a expressão fria do Bardem, toda embalagem no balcão detém uma carga de significados enorme e habilidade na escrita para narrá-las eu não tenho, mas vou ficar com a parte em que Anton diz "não coloque a moeda no seu bolso, é sua moeda da sorte. assim ela poderá virar uma moeda qualquer. o que ela é". Ou seja, um adulto, a 'geração da vez' destruindo psicologicamente a geração passada. O conflito entre os bons costumes com a rebeldia e irreverência de novos tempos, que se evidencia pela frase mais marcante do filme na minha opinião: "você não pode parar o que está vindo" e a mesma prepotência do velho do posto penetra o corpo do xerife naquela hora, assim como em tantas outras durante o filme, nas quais Bell sabia que estava diante de algo implacável e avassalador: a violência, o novo, o chugurh.

 

 

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achei o titulo brasileiro, mto ruim...pq fracos não se encaixa no sentido do filme e no que é discutido e filosofado pelo Tom Bell, velho, se encaixa muito melhor e gera uma reflexão mto mais interessante principalmente qd o tio do Tom Bell, o lembra que aquele tipo de violencia sempre existiu e que não vai esperar por ele. 

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Critica perfeita! Você é o Omi mesmo! Pena que não notei tanto os detalhes que enriquecem o filme como vc.

 

A sensação de desespero é enorme durante todo o filme, Aquele maldito matador nos mata de medo. E mais bem pensado ainda é que quando achamos que ele vai receber todo o mal de volta no acidente de carro ele ainda levanta e sai caminhando. Ou seja, o mundo é uma droga de injusto! Não existe castigo para os pecadores!
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  • 2 weeks later...
  • 2 months later...
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A crítica do Pablo foi boa mesmo, mas ele se esqueceu de mencionar esses pontos que o IMDB no FAQ, explicou. Eu tentei traduzir abaixo. 01

 

Por quê Chigurh (Javier Bardem) foi preso no começo do filme?

 

O filme não dá motivo pra isso.

 

No livro, Chigurh conta à Carlson Wells (Woody Harrelson) que ele se deixou ser preso pra ver se poderia escapar. Chigurh havia matado um homem em uma briga de bar na noite anterior; o homem havia insultado ele. De acordo com a descrição de Chigurh, ele ou havia estrangulado ou torcido o pescoço do sujeito.

 

Quem era os Mexicanos no primeiro quarto de motel?

 

Os três Mexicans no motel Del Rio foram contratados pelo homem (Stephen Root) que contratou Carlson Wells e Chigurh.

 

Quando Llewelyn está sendo levado de volta pelo táxi, ele pede ao motorista pra dar uma volta pra ver se "alguém está por ali". Ele avista um caminhão no estacionamento que se parece com os caminhões usados no massacre no deserto. Ele também nota que as cortinas estão um pouco abertas, mesmo ele tendo fechado antes de sair.

 

Llewelyn percebe que os mexicanos estão esperando ele no seu quarto pra matá-lo. Ele diz ao motorista pra levá-lo à outro motel, e de manhã ele compra uma espingarda. Ele aluga um quarto no motel adjacente àquele que os mexicanos estão espreitando. O duto de ventilação de ambos os motéis estão interligados. Quando ele volta pra coletar o dinheiro, Chigurh chega e mata os mexicanos. Enquanto isso, LLewelyn está no segundo quarto de motel pegando o dinheiro de volta, e consegue fugir dali.

 

O que aconteceu no motel El Paso perto do final?

 

Llewelyn Moss vai ao motel e aguarda se encontrar com Carla Jean e Agnes (a mãe dela). Enquanto espera, uma mulher na piscina flerta com ele e oferece uma cerveja. Os mexicanos sabiam onde ele estava indo porque Agnes contou a eles na estação de ônibus.

 

Durante o tiroteio, a mulher da piscina foi morta e o corpo achado na água. Moss conseguiu atingir um dos mexicanos antes de ser atingido no peito e morrer dentro do quarto do motel. Os demais mexicanos fugiram antes do xerife Bell chegasse no estacionamento.

 

Que fim levou o dinheiro?

 

Embora aberto à interpretações, é implicado que Anton Chigurh teria acabado com ele. Já que ele não estava no tiroteio no motel El Paso, ele chegou lá tarde demais. Depois que as atividades da polícia na área cessaram, Chigurh se infiltrou no quarto de Moss e desparafusou o duto de ventilação pra recuperar o dinheiro. Ele sabia que estaria lá porque ele viu as marcas deixadas no duto no motel Del Rio, e portanto, sabia que Moss tinha guardado no duto de ventilação.

 

Quando o xerife Bell chega no motel El Paso, ele vê que o duto está desparafusado por uma moeda (que Chigurh usou no outro motel). Entretanto, uma tomada do duto no motel de El Paso mostraria que seria muito pequeno pra acomodar o case contendo o dinheiro. Mas, depois de Chigurh se envolver num acidente de carro no final, ele oferece ao garoto na bicicleta uma nota de cem dólares, o que denota que ele teria terminado com a grana.

 

(NOTA: No livro, Chigurh achou o dinheiro e retornou a terceiro(s). Como Carlson Wells disse, ele tem seus princípios!).

 

O que aconteceu com Agnes e Carla Jean?

 

Agnes morreu de câncer algum tempo depois de Moss ter sido assassinado.

 

Fica implicado que Chigurh matou Carla Jean. Depois que ela se recusa a apostar no cara ou coroa, Chigurh é visto saindo da casa dela e checando suas botas, presumindo-se que fez isso pra checar se não tem sangue nelas.

 

Numa cena do filme, Chigurh, depois de atirar em Carson Wells, vê o sangue se esvaindo no chão e coloca os pés pra cima da cama, pra evitar que o sangue alcance as botas.

 

Mais adiante, quando Chigurh está indo embora dirigindo, é no carro de Carla Jean, não no caminhão de galinhas que ele havia usado pra chegar lá - caminhão esse que Carla Jean havia reparado antes de encontrar Chigurh na casa de Agnes.

 

(NOTA: No livro, ele atirou nela.)

 

Onde estava Chigurh quando o xerife Bell voltou ao motel El Paso?

 

Chigurh estava no quarto do motel. Bell e Chigurh vêem seus reflexos (essa parte aqui do FAQ não consegui entender totalmente: "shot-out lock" (isso é explícito no roteiro).

 

A próxima cena é chave: quando o xerife Bell entra no quarto ele apenas vê sua própria sombra e o duto desparafusado. (Essa cena explica o porquê do contador na cena anterior ter tido uma função, afinal: de explicar que Chigurh não atira em pessoas que não "vêem" ele).

 

É implicado que Bell encontra Chigurh e toma o caminho covarde de concordar que nunca viu ele. (Ao contrário da corajosa mas morta garota que não aceitou apostar no cara-e-coroa). Essa interpretação explica vários aspectos do filme, incluindo seus sonhos (culpa sobre ter deixado Chigurh se safar com o dinheiro) e a cena onde ele diz que tenta não mentir, mas às vezes precisa.

 

Ele é o contador de histórias, como a narração deixa claro, e essa parte da história é uma mentira. Outra interpretação é que as tomadas de Chigurh esperando no quarto de motel vieram da imaginação do xerife Bell; após ver o vão aberto no quarto, Bell tinha medo de encontrar Chigurh e imaginou ele na espreita, o que explica porquê ele sacou a arma (presumidamente pela primeira vez na carreira).

 

No livro, quando o xerife Bell sai do quarto de motel, ele pôde "sentir" alguém observando ele, e ele chamou a polícia local ao parque de estacionamento pra ajudar a capturar Chigurh, mas eles nunca acharam ninguém.

 

Qual o significado dos dois sonhos do xerife Bell no final?

 

O significado dos dois sonhos podem ser pintados como o receio/medo de Bell de um julgamento final. Os sonhos são simbólicos, então por quem ele seria julgado fica aberto à interpretações.

 

Bell explica o primeiro sonho à mulher brevemente, tentando não falar muito sobre. Mas o significado é que ele é bem significante. Ele diz que seu pai encontrou ele na cidade e deu a ele um dinheiro, mas ele (Bell) perdeu.

 

Isso pode ser visto como Bell sentindo que havia sido confiado algo de valor, mas falhou em proteger. Ver isso como sua responsabilidade como xerife, as vidas dos outros que estariam sob cuidados dele, a sabedoria do pai, e assim vai. É um reconhecimento dos sentimentos dele de fracasso. Na verdade, ele traiu seu dever como oficial da lei ao deixar Chigurh se safar. Como o contador (narrador) da história, ele mente quando diz que o quarto de motel estava vazio (embora ele não tenha o hábito de mentir).

 

Os sonhos são a forma inconsciente dele de dizer à audiência a verdade. Ele foi confiado como oficial da lei à conseguir o dinheiro de Chigurh, mas em vez disso, concorda que nunca "viu" ele.

 

O segundo sonho é conectado com o primeiro. No segundo, ele diz que, ele e seu pai estavam se dirigindo pelas montanhas nos velhos tempos. O seu pai foi na frente, e se encaminhou ao frio e escuro com um fogo. Bell disse que sabia que quando chegasse aonde o pai estava indo, ele estaria lá esperando por ele.

 

O seu pai indo adiante na fria, escura noite com fogo representa seu pai passando do mundo físico pra após a vida (ou o que quer que isso signifique). O fogo poderia representar a força de vida do pai dele, ou espírito.

 

Bell sabe que ele está indo aonde o pai foi, e à medida que as cortinas finais começam a se recolher na sua vida, ele está adivinhando sua própria existência. O que seu pai teria a dizer sobre isso? Em suma, seu pai estaria esperando por ele no "céu" após ele tê-lo desapontado?

 

Nos discursos ao final vemos que ele está realmente ponderando como ele pode ter sido largamente responsável pelas próprias falhas (o primeiro sonho). E, pra ele, seguir adiante na escuridão fria e eventualmente encontrar o pai significa o que você imagina: ele está indo direto ao fim e um possível julgamento final, ou pelo pai, ou por Deus, ou quem seja.

 

E Bell tem receio de que, se há um julgamento final, poderia ser um pra valer. Ele atendeu às expectativas dos velhos homens da lei? Ele fez o pai sentir orgulho? Ele falhou mais que os xerifes que vieram antes (o pai, avô, etc.) falharam? Afinal, ele fracassou em proteger LLewelyn e Carla Jean Moss, e deixou Chigurh escapar.

 

Ele está contemplando o que muitos ao envelhecer contemplam e as cortinas começam a se fechar nas suas vidas: Como eu deveria ser julgado pelo covarde que sou?

 

Uma outra leitura positiva sobre o segundo sonho é que o pai de Bell "acendendo uma chama em todo aquele escuro e frio" é Bell ultrapassando sua crise de fé. Seu diálogo com o tio começa com ele se sentindo vencido. Ele conta à ele como Deus não interveio na sua vida à medida que ficou velho como Bell achou que iria. Então eles discutem o frio e "banal" assassinato do seu ancestral vários anos antes.

 

O tio de Bell conta a ele que "não tinha visto nada de novo", significando o sentimento de Bell de fracasso no seu semblante do que ele achava que era um novo mundo que ele não conseguia entender. As coisas sempre foram assim pro seu pai e avô.

 

O pai de Bell pode ser visto não como um julgamento de seu fracasso, mas em vez disso, uma reafirmação que a vida de um xerife tem significado, apesar do "sombrio e gelado" que se encontra e que Deus (nenhuma denominação é implicada) está de fato na sua vida.

Maurílio-SE2008-05-25 04:31:29

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