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Forum Cinema em Cena

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Boa crítica Pablo, concordo quando vc reclama a falta de humanidade dos personagens, mas essa ausência me fez falta justamente na relação entre Paul e Juno, algo que impede que reconheçamos que ela começou a se apaixonar por ele e de que ele é um garoto de verdade. Problemas das caricaturas criadas pela roteirista. Ademais, gostei do primeiro ato que vc reclama, exceto alguma coisa aqui e acolá, especialmente e maneira como a protagonista faz comentários sobre a cultura em geral e parece deslocado, não parece algo natural (e se parece é algo graças a Page). Ou seja, gostei mais do que vc, por isso acho que vc foi bonzinho com as 4 estrelas ...03

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Juno freqüentemente faz referências a elementos que não são de sua época (Diana Ross' date=' Thundercats), mas sim contemporâneos da roteirista, o que a impede de se transformar numa pessoa real e a mantém apenas como a personagem de um filme...[/quote']

 

Ou seja, se em meu cotidiano eu empregar referências de Era Uma Vez no Oeste, 2001 - Uma Odisséia no Espaço ou até mesmo Pica Pau, eu não estarei "condizente" com a realidade?
Dr. Calvin2008-02-23 16:07:33
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Pablo, boa crítica, com ótimos argumentos, mas tenho que concordar com Dr. Calvin. O fato dela gostar de elementos que não são de sua época não faz de Juno um veículo para os gostos pessoais de Diablo Cody. Eu achei Juno e os personagens deste filme satisfatoriamente humanos, apesar do (ótimo) diálogo não ser típico do dia-a-dia. Nos filmes de Quentin Tarantino, todos falam da mesma forma afiada e "artificial", sendo diferenciados uns dos outros pelas suas personalidades. O mesmo ocorre em Juno. Você também mencionou a "reação calma" de Juno e dos seus pais diante da gravidez dela. Bem, Juno fez três testes de gravidez pra ter certeza de que estava mesmo grávida, isso não é "calmo". E cada pessoa é uma pessoa: se, por exemplo, você reagiria de forma histérica à gravidez precoce de sua filha (não estou falando da sua segunda criança, é claro. De novo, meus parabéns 01.gif), isso não significa que todos reagiriam. No mundo de hoje, gravidez não é mais um beco-sem-saída. Eu já reagi de forma surpreendentemente calma e já vi outras pessoas reagirem da mesma forma a situações aparentemente horríveis, como um parente próximo meu caindo de moto, quebrando três costelas e uma delas perfurando seu pulmão (ele sobreviveu sem danos permanentes, felizmente).

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Sabe uma coisa que eu acabo de imaginar aqui? É MUITO complicado fazer filmes.

 

O mesmo depois de encantar ou assustar platéias tem que passar pelo filtro dos críticos. E é uma tarefa super difícil.

 

Sobre Juno, realmente, depois de ler a crítica senti que os diálogos estavam sofisticados, como disse o Pablo, e à todo momento Juno fala dos tais elementos que não são de sua época, mas isso não impede como os amigos acima também já falaram Juno de se tornar uma pessoa de verdade.

 

No meu cotidiano eu costumo falar muito de Robert de Niro, Janis Joplin, John Lennon, Michael Jordan e muitos outros. Isso é incorreto? Correto seria eu falar de Ivete Sangalo, Lenny Kravtz e Ronaldinho Gaúcho?

 

Os críticos deveriam mesmo era fazer o filtro antes dos filmes serem filmados. Só assim para o roteiro ser agradável para todos. 'O Roteiro Perfeito'.

 

Pablo, não é uma crítica pessoal, é mais 'geral' mesmo, tá difícil encontrar um filme que seja bem aceito mesmo hoje em dia, a internet não permite isso.

 

 

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Boa crítica Pablo' date=' concordo quando vc reclama a falta de humanidade dos personagens, mas essa ausência me fez falta justamente na relação entre Paul e Juno, algo que impede que reconheçamos que ela começou a se apaixonar por ele e de que ele é um garoto de verdade. [/quote']


Esse é o principal ponto fraco do filme para mim. O filme terminou e não sabia quem realmente era Paulie Bleeker.

Percebam que não é um problema dentro da história: temos que ele era muito amigo da Juno, e eles fizeram sexo uma vez. Veio a gravidez e ele simplesmente se omitiu/foi deixado de lado pela garota. Sem problemas de coerência.

 

Mas como um espectador que não sabe o grau de envolvimento da vida pré-gravidez da Juno vai mensurar a importância que um tem na vida do outro se eles passam 80% do filme separados?

Juno pode ter n motivos para ficar com ele, mas eu daqui de fora senti um relacionamento vazio e omisso de ambas as partes.
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Se todas as suas referências forem "anacrônicas"... bom' date=' eu aconselharia uma visita ao psiquiatra.[/quote']

 

Desenvolva... Como você estabelece se as referências são "anacrônicas" ou não? A forma ou o motivo como são empregadas ou o mero emprego delas?
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Para mim "Juno" não serve como um retrato realista da vida de uma adolescente em crise por causa de uma gravidez indesejada, pra mim é uma fábula criativa e inspirada, já que os personagens são muito caricaturais. O que me incomodou é que a todo momento a roteirista brinca com essa caricatura (os pais reagem "friamente", por exemplo), mas tb quer inserí-la dentro de um contexto real (ela se descobre apaixonada por Paulie e Cody quer que nos identifiquemos). Pra mim faz parte da caricatura de Juno que ela seja "desbocada", mas estas citações são desconectadas não necessariamente pela linha do tempo. O que eu mais questiono é: pq devemos considerar facilmente que Juno tinha todo aquele repertório de informações? Apenas porque ela é uma jovem e integra uma banda de rock? O que sabemos sobre ela e/ou sobre o passado dela para entendermos a sua tamanha familiaridade com os assuntos? Se o roteiro tivesse oferecido pistas sobre tais assuntos, a aceitação desse seu conhecimento seria melhor aceito lá na frente. Mas de qquer forma fica claro que a roteirista só incorporou no universo daqueles personagens tais citações para promover diálogos "transados". Ok, o Tarantino faz isso em todos os seus filmes, mas essa condição faz parte do cinema do Tarantino. Ou será que temos que considerar isso apenas pq é a Juno e ela pode?
Thiago Lucio2008-02-25 11:33:33
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Acho que o mero emprego de referências de outra época não configura anacronismo. Porém, o modo de se fazer referência a elas, sim, pois pode soar, dependendo da habilidade do roteirista (neste exemplo), como simples artificialismo. À primeira vista, "Juno" me pareceu esse último caso: citações anacrônicas que iluminam menos a personagem do que a sua criadora.

 

 

 

Por outro lado, pode ser apenas birra minha porque, na véspera de ter assistido ao filme, se falava mais na Diablo Cody do que em qualquer outra coisa do filme, ou seja, ela estava presente na minha cabeça o tempo todo enquanto via o filme. Parece que o Pablo também achou a moça meio arrogante; é o mesmo caso que o meu, talvez seja apenas projeção; enxergava a Diablo Cody quando não era mais do que a Juno. Preciso rever.

 

 

 

 

 

 

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Para mim "Juno" não serve como um retrato realista da vida de uma adolescente em crise por causa de uma gravidez indesejada' date=' pra mim é uma fábula criativa e inspirada, já que os personagens são muito caricaturais. [/quote']

 

Perfeito aqui. O filme é uma COMÉDIA. Filmes não tem necessidade de refletirem ípsis líteris a realidade. Comédias então nem se fala...

 

O que me incomodou é que a todo momento a roteirista brinca com essa caricatura (os pais reagem "friamente"' date=' por exemplo), mas tb quer inserí-la dentro de um contexto real (ela se descobre apaixonada por Paulie e Cody quer que nos identifiquemos). [/quote']

 

Sinto muito... Cody não quer que eu me identifique com nada... Afinal, quantas garotas de 16 anos que adoram Dario Argento engravidam de seus melhores amigos bananas?

 

Cody simplesmente CRIA um universo próprio, com personagens únicas pertencentes SOMENTE àquele universo. Criticar Juno por essa "artificialidade" é o mesmo que criticar Star Wars pq as naves têm som no espaço o que é simplesmente RIDÍCULO.

 

Se o filme se levasse a sério ou traísse o coerência do microcosmo que criou sem problema.  

 

O que eu mais questiono é: pq devemos considerar facilmente que Juno tinha todo aquele repertório de informações? Apenas porque ela é uma jovem e integra uma banda de rock? O que sabemos sobre ela e/ou sobre o passado dela para entendermos a sua tamanha familiaridade com os assuntos? Se o roteiro tivesse oferecido pistas sobre tais assuntos' date=' a aceitação desse seu conhecimento seria melhor aceito lá na frente.[/quote']

 

As referências da garota são meros elementos que estabelecem a personalidade da personagem, ponto. O que vc quer (e ao que parece o Pablo também) é uma justificação narrativa que acomode o porquê são essas as referências e não outras e isso é outro absurdo de análise cinematográfica. Vc quer um desenvolvimento narrativo de como a personagem chegou onde está no tocante a sua personalidade. Isso é estúpido, IMO. Não se justifica personalidade, se justifica motivação.

 

Mas de qquer forma fica claro que a roteirista só incorporou no universo daqueles personagens tais citações para promover diálogos "transados". Ok' date=' o Tarantino faz isso em todos os seus filmes, mas essa condição faz parte do cinema do Tarantino. Ou será que temos que considerar isso apenas pq é a Juno e ela pode?[/quote']

 

Errado. Essa condição é legítima a todo e qualquer cinema que se atreve a empregá-lo, DESDE QUE observados os princípios daquele microcosmo criado pelo roteirista/diretor.


Do contrário, vc terá que criticar o Tarantino pela mesma razão, uma vez que seus diálogos "transados" são aplicados da mesma forma que aqui e seus personagens são tão "irreais" e cartunescos quanto os de Juno. Questão de coerência.

 

 
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Dook, eu acho que a Cody quer que nos identifiquemos sim, tanto que no final da jornada de amadurecimento de Juno, ela se descobriu apaixonada por Paulie, sabe-se lá pq ... ele não fez (ou não vemos) absolutamente nada pra merecer esse carinho dela assim como fica a dúvida do pq uma garota como ela se interessaria por alguém tão diferente ... eu não diria que o filme se leva a sério, mas o filme ora ou outra quer colocar os pés no chão e isso ao meu ver invalida parte do universo de fábula do filme, que naturalmente, e por si só, permitiria que eu relevasse essa suposta aura "cool" da protagonista.

 

Não se justifica a personalidade da garota, mas as referências estabelecem a personalidade ... elas, logo, não estariam, de uma certa, a justificando? Eu não busco outras referências, o que busco é justamente o que faz Juno ser o que ela é. Ou ela é assim, pronto e acabou? Acho que isso não é estupidez se essas características a tornam tão especial, mesmo que dessa forma por vontade da roteirista, e não dela "própria".

 

Eu citei Tarantino, porque o seu cinema habita esse "microcosmo" que vc menciona, agora eu acho que a Cody ora ou outra busca a humanidade e a veracidade daqueles personagens, tentando equilibrar como um garçom na corda bamba, essas duas vontades, algo que ela consegue com o casal interpretado por Bateman e Garner, algo que ela não consegue com o casal Juno e Paulie. Eu adoro "Juno" como fábula, mas realismo não é seu forte e é nesse aspecto que o filme perde pontos comigo.
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Dook' date=' eu acho que a Cody quer que nos identifiquemos sim, tanto que no final da jornada de amadurecimento de Juno, ela se descobriu apaixonada por Paulie, sabe-se lá pq ... ele não fez (ou não vemos) absolutamente nada pra merecer esse carinho dela assim como fica a dúvida do pq uma garota como ela se interessaria por alguém tão diferente ... eu não diria que o filme se leva a sério, mas o filme ora ou outra quer colocar os pés no chão e isso ao meu ver invalida parte do universo de fábula do filme, que naturalmente, e por si só, permitiria que eu relevasse essa suposta aura "cool" da protagonista.
[/quote']

 

Algumas observações aqui:

 

1) Eu não acho que a Cody quer que nos identifiquemos com nada... Vc acha que sim. Chegamos num impasse. Não haverão argumentos que dirão que um está mais certo que o outro... Let's proceed.

 

2) Não vi nenhum amadurecimento substancial, vi somente uma menina de 16 anos que lida com determinadas circunstâncias de sua vida de um jeito singular, apenas isso...

 

3) E precisa de motivo para ela se interessar por alguém "diferente"? Já tentou explicar pq vc se apaixonou pela garota "x" e não pela "y" (considerando que vc já se apaixonou, claro)? Notei um preconceito tremendo nesse comentário. Já que o Bleeker é bananão, o roteiro precisa explicar mastigadinho o quê a Juno viu nele, já que é IMPOSSÍVEL as pessoas se apaixonarem por motivos que cabem somente à elas. Tenha dó!

 

4) Não acho que o filme quer colocar os pés no chão em nenhum momento... Ele desenvolve todos os seus pontos de forma fantástica (no sentido de oposto à forma realista). Pare de pensar o filme e sinta-o!! A única coisa que o coloca em direto contato com a nossa realidade é a premissa: garota de 16 anos fica grávida de um cara que nem é seu namorado. Até a razão que a faz desistir do aborto é por demais pitoresca estando longe do "realismo" que você insiste em dizer que o filme busca.

 

Não se justifica a personalidade da garota' date=' mas as referências estabelecem a personalidade ... elas, logo, não estariam, de uma certa, a justificando?[/quote'] 

 

Hein? Como? Vou repetir: as referências ESTABELECEM a personalidade da garota. Não tem nada de justificativa aí. A garota não é cool pq gosta de Dario Argento ou Thundercats... Ela gostar deles é um REFLEXO de sua personalidade e não a causa.

 

Eu não busco outras referências' date=' o que busco é justamente o que faz Juno ser o que ela é. Ou ela é assim, pronto e acabou?[/quote']

 

Vou perguntar uma coisinha: você buscou a mesma coisa com o personagem de Day-Lewis em Sangue Negro ou o psicopata de Bardem em No Country?

 

Eu citei Tarantino' date=' porque o seu cinema habita esse "microcosmo" que vc menciona, agora eu acho que a Cody ora ou outra busca a humanidade e a veracidade daqueles personagens, tentando equilibrar como um garçom na corda bamba, essas duas vontades, algo que ela consegue com o casal interpretado por Bateman e Garner, algo que ela não consegue com o casal Juno e Paulie.[/quote']

 

Discordo totalmente... a partir do momento que tenho uma garota de 16 anos grávida que deixa de fazer o aborto depois que descobre que fetos "tem unhas" já manda a "busca pela humanidade dos personagens" para o ralo... O problema é que o tema, que como dito anteriormente guarda relação com a nossa realidade acabou servindo de isca para você começar a xafurdar no filme aspectos que evidenciem o "realismo" da coisa toda...

 

Ah, sim, Tarantino também busca a humanidade de seus personagens. Basta pensar que sua última protagonista estava grávida... Isso em nenhum momento tirou de seu filme a aura de fantasia caricatural que ele tem...
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Bom, pelo jeito o impasse não é apenas com relação a um único ponto. Eu senti que o filme toca os pés na realidade em alguns momento (não é algo que o filme busca, mas é algo que o acompanha) e senti um amadurecimento da protagonista. Pô, Dook, eu tenho coração, eu sinto as coisas ... eu chorei com "Minha Vida Sem Mim", sou apaixonado por "Diário de Uma Paixão", não sou um cara insensível ... se a minha namorada estivesse aqui ela diria isso tb. ;-)

 

Logicamente que nos apaixonamos por pessoas diferentes (talvez seja o mais comum até, pode ser), mas partindo do princípio que ela se declarou pra Paulie e se mostrou apaixonada por ele no final (aspectos que vc pode discordar de mim, vale registrar), eu, como espectador, preciso entender qual é a base daquele sentimento, daquela relação. Ou será que ela, depois de tudo o que passou, estava apenas carente e foi buscar o apoio do seu amigo "bananão"? Não sei. Pode ser como pode não ser. Quais são os motivos de Juno?

 

O seu gosto por Kubrick e Carpenter reflete a sua personalidade ??? Ou é a sua personalidade que reflete o seu gosto por ambos ???

 

Bom, no caso do personagem de Daniel Day-Lewis, o diretor PTA já abre o filme com uma passagem onde ele mesmo debilitado se arrasta no meio da imensidão do deserto para dar a devida dimensão da sua complexa personalidade, algo que para sim só solidifica o que vejo na tela dali pra frente. No caso do personagem de Bardem, os poucos diálogos que ele trava com personagens secundários (o dono da lojinha, Warrelson) gradualmente vão me dando pistas sobre a sua mentalidade fria e agressiva. A Juno sabe quem é Dario Argento, gosta de Thundercats e já leu 10.000 Léguas Submarinas (nem eu sei se é isso mesmo). Ah tá ... tá explicado.

 

Já comentei que, pra mim, a Cody tenta equilibrar a fabula com o universo real obtendo bons e maus resultados. O Tarantino não fala somente sobre "temas cinematográficos". A vingança, por exemplo, é um sentimento totalmente humano. Com relação ao exemplo que vc deu do "Kill Bill", esse sentimento acompanha a protagonista pelos 2 filmes e talvez seja por isso que a sua saga possui a carga dramática necessária até o final. Nós nunca a abandonamos e também queremos que Bill morra. Isso mostra que ele soube dosar esses dois aspectos dentro da narrativa. Em "Juno", em alguns momentos, uma coisa anula a outra. Por exemplo, como eu posso acreditar que Juno começou a se apaixonar por Paulie se esse amor não é algo palpável? Eu não acredito no amor dos dois por mais que o roteiro queira isso de mim.
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Logicamente que nos apaixonamos por pessoas diferentes (talvez seja o mais comum até' date=' pode ser), mas partindo do princípio que ela se declarou pra Paulie e se mostrou apaixonada por ele no final (aspectos que vc pode discordar de mim, vale registrar), eu, como espectador, preciso entender qual é a base daquele sentimento, daquela relação. Ou será que ela, depois de tudo o que passou, estava apenas carente e foi buscar o apoio do seu amigo "bananão"? Não sei. Pode ser como pode não ser. Quais são os motivos de Juno?
[/quote']

 

Mas não é um barato essa dúvida? Pq o filme tem que explicar tudinho? Kubrick já dizia que quando vc explica alguma coisa, aquilo perde todo o significado.

 

O seu gosto por Kubrick e Carpenter reflete a sua personalidade ??? Ou é a sua personalidade que reflete o seu gosto por ambos ???

 

Primeira hipótese.

 

Bom' date=' no caso do personagem de Daniel Day-Lewis, o diretor PTA já abre o filme com uma passagem onde ele mesmo debilitado se arrasta no meio da imensidão do deserto para dar a devida dimensão da sua complexa personalidade, algo que para sim só solidifica o que vejo na tela dali pra frente. No caso do personagem de Bardem, os poucos diálogos que ele trava com personagens secundários (o dono da lojinha, Warrelson) gradualmente vão me dando pistas sobre a sua mentalidade fria e agressiva. A Juno sabe quem é Dario Argento, gosta de Thundercats e já leu 10.000 Léguas Submarinas (nem eu sei se é isso mesmo). Ah tá ... tá explicado.
[/quote']

 

Você não entendeu o que eu disse... você não está discutindo qual é a personalidade você está discutindo o que levou a pessoa a ter aquela personalidade. Pq o personagem de Day-Lewis "só vê o pior das pessoas"? O que o levou a ter essa visão tão cruel da humanidade? Isso o filme não explica, estabelece direto que ele é anti-social, não gosta de ninguém. Diante desse quadro é questão de coerência você pixar Sangue Negro e também No Country, já que os Coen e o PTA em momento algum "desenvolvem" os comos e porquês de seus protagonistas serem quem SÃO. Eu não sei pq o Bardem é um psicopata, ainda mais assustador daquele jeito. Os Coen não desenvolveram isso, pau neles, No Country tem personagens unidimensionais já que eu não sei como eles chegaram naquele ponto onde os eventos do filme ocorrem... Bããããã...

 

Já comentei que' date=' pra mim, a Cody tenta equilibrar a fabula com o universo real obtendo bons e maus resultados.[/quote']

 

Já comentei que discordo. A existência de um romance no meio da trama não a torna mais "real"...

 

O Tarantino não fala somente sobre "temas cinematográficos". A vingança' date=' por exemplo, é um sentimento totalmente humano.[/quote']

 

Sentimento esse executado em Kill Bill de forma fantasiosa até o talo... Pau no Tarantino, afinal os elementos de humanidade que ele insere em seus filmes são "artificiais" e não correspondem à realidade...

 

Com relação ao exemplo que vc deu do "Kill Bill"' date=' esse sentimento acompanha a protagonista pelos 2 filmes e talvez seja por isso que a sua saga possui a carga dramática necessária até o final. Nós nunca a abandonamos e também queremos que Bill morra. Isso mostra que ele soube dosar esses dois aspectos dentro da narrativa. Em "Juno", em alguns momentos, uma coisa anula a outra. Por exemplo, como eu posso acreditar que Juno começou a se apaixonar por Paulie se esse amor não é algo palpável? Eu não acredito no amor dos dois por mais que o roteiro queira isso de mim.[/quote']

 

Baseado nesse seu comentário, sou levado a não acreditar que vc possa amar... Vc racionaliza demais, vc pensa demais tudo. Você se comporta de forma "artificial". Você diz que ama (tem namorada e tudo o mais), mas isso não me é palpável... Eu não acredito que vc ame por mais que você queira me mostrar que sim...

 

Que situação... 06
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Dook, já te aviso ... eu só vou parar essa argumentação qdo vc me disser que eu estou precisando de sexo. Aí eu paro na hora ... rs

 

Eu não estou pedindo pra explicar tudinho, eu apenas quero acreditar nas motivações dos personagens e com as "pistas" que Cody oferece, com relação às referências, ela não me convenceu. Eu adoro a fábula contida em "Juno", vale repetir.

 

Bom, no meu caso a minha personalidade reflete o meu gosto pelos filmes/diretores.

 

Nesses casos, "Sangue Negro" e "Onde os Fracos Não Têm Vez", as informações contidas nos filmes são suficientes para eu estruturar a personalidade e/ou comportamento destes personagens. As atitudes de Daniel e Bardem condizem com a sua personalidade, agora eu não sei no que se encaixa a paixonite de Juno por Paulie dentro daquilo que eu vejo como sendo ela.

 

Eu não acredito no amadurecimento do sentimento de Juno por Paulie, o universo sendo real ou não.

 

Eu não acho os sentimentos inseridos em "Kill Bill" artificiais, eu acredito no sentimento de vingança, no ódio da Uma Thurman, a essência do sentimento que ela nutre é real, mesmo o filme sendo caricatural e referencial ao extremo. Uma coisa não invalida a outra, neste caso.

 

Opaaaa ... peraí ... rsrs ... é claro que eu amo a minha namorada. Se a minha história de amor virar um filme, eu só espero que o roteiro não seja escrito pela Cody ... rsrsrs ... Juno fica gravida, fala pro cara, o cara não reage, ela precisa enfrentar a gravidez sozinha, ele trata do assunto como se não existisse (ok, caricatura, caricatura, caricatura), e depois de tudo isso, ela ainda se descobre apaixonado por ele e até dormem abraçadinhos ... isso não é caricatura, é surrealismo ... qual é a parte do filme que ela se deu conta de que o sentia por ele era amor, paixão?
Thiago Lucio2008-02-25 17:08:57
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Dook' date=' já te aviso ... eu só vou parar essa argumentação qdo vc me disser que eu estou precisando de sexo. Aí eu paro na hora ... rs
[/quote']

 

Nem... falta de sexo não parece ser o seu problema... Vc só pensa demais mesmo, pra tudo. Precisa sentir um pouquinho, só isso...

 

Eu não estou pedindo pra explicar tudinho' date=' eu apenas quero acreditar nas motivações dos personagens e com as "pistas" que Cody oferece, com relação às referências, ela não me convenceu.[/quote']

 

Tá querendo demais. Juno não é uma tese sobre a finitude cósmica...

 

Nesses casos' date=' "Sangue Negro" e "Onde os Fracos Não Têm Vez", as informações contidas nos filmes são suficientes para eu estruturar a personalidade e/ou comportamento destes personagens. As atitudes de Daniel e Bardem condizem com a sua personalidade, agora eu não sei no que se encaixa a paixonite de Juno por Paulie dentro daquilo que eu vejo como sendo ela.
[/quote']

 

Eu acho isso uma tremenda conveniência. As atitudes de Juno condizem com suas preferências e gostos da mesma forma como ocorrem com Day-Lewis e Bardem... Uma garota de 16 anos que adora Dario Argento dificilmente choraria em prantos quando descobrisse que está grávida. Entretanto, ela possui as mesmas reações que um ser humano "normal" tem: ciúmes, amor, carinho... Ela só expressa essas reações de uma maneira peculiar.

 

O problema é que você não percebeu que a gravidez mudou a percepção dela sobre diversas coisas (isso não implica em amadurecimento). Repare nas expressões dela em determinadas cenas envolvendo a sua maternidade. O grande ponto é que vocês esperam uma reação previsível e "quadradona", "dentro dos padrões" de uma garota de 16 anos que está começando a descobrir a vida. Adolescentes são imprevisíveis, é esse caos que faz da adolescência um período tão turbulento e ao mesmo tempo delicioso. Me espanta um cara que foi adolescente não compreender isso...

 

Eu não acho os sentimentos inseridos em "Kill Bill" artificiais' date=' eu acredito no sentimento de vingança, no ódio da Uma Thurman, a essência do sentimento que ela nutre é real, mesmo o filme sendo caricatural e referencial ao extremo. Uma coisa não invalida a outra, neste caso.

[/quote']

 

Conveniência de novo... Sinto muito.  

 

Opaaaa ... peraí ... rsrs ... é claro que eu amo a minha namorada. Se a minha história de amor virar um filme' date=' eu só espero que o roteiro não seja escrito pela Cody ... rsrsrs ... Juno fica gravida, fala pro cara, o cara não reage, ela precisa enfrentar a gravidez sozinha, ele trata do assunto como se não existisse (ok, caricatura, caricatura, caricatura), e depois de tudo isso, ela ainda se descobre apaixonado por ele e até dormem abraçadinhos ... isso não é caricatura, é surrealismo ... qual é a parte do filme que ela se deu conta de que o sentia por ele era amor, paixão?
[/quote']

 

Eu pensei que vc tivesse assistido o filme. Ela se dá conta do que sente pelo Paulie depois da conversa que tem com o pai. E mais: a conversa nem de longe é enigmática, é mastigadinha e clichê ao extremo.
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Dook, se eu não tivesse sentido as virtudes de "Juno" certamente eu não estaria argumentando sobre o filme aqui contigo. Eu acho que vale a pena investir na minha relação com o filme, senão eu já teria o abandonado ...

Não nego, posso estar sendo vítima da conveniência. Não seria o único, bem é verdade, mas não posso negar esse fato. Embora isso não me deixe em uma situação muito confortável. Pra ser sincero acho que o fato dela gostar de Dario Argento e Thundercats torna obrigatório o fato dela não chorar ...

 

Aí é que tá, cara ... ela se dá conta, mas esse processo não é gradativo, não é palpável ... eu realmente gostaria de ter sentido que Juno realmente se apaixonou por Paulie, mas pelas pistas que o roteiro oferece eu só posso achar que é uma típica situação "Juno x Machina" ... "como eu vou convencer o espectador de que eles devem terminar juntos ????" Ah ... é a Juno ... ela gosta de Dario Argento, então ela dificilmente terminaria sozinha, ela é peculiar ... essa postura não convencional de Juno parece que lhe dá direito a uma serie de prerrogativas ...

 

E volto a informar ... eu não sou um insensível ... 0403
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Aí é que tá' date=' cara ... ela se dá conta, mas esse processo não é gradativo, não é palpável ... eu realmente gostaria de ter sentido que Juno realmente se apaixonou por Paulie, mas pelas pistas que o roteiro oferece eu só posso achar que é uma típica situação "Juno x Machina" ... "como eu vou convencer o espectador de que eles devem terminar juntos ????" Ah ... é a Juno ... ela gosta de Dario Argento, então ela dificilmente terminaria sozinha, ela é peculiar ... essa postura não convencional de Juno parece que lhe dá direito a uma serie de prerrogativas ...
[/quote']

 

Curioso que eu já achei o processo gradativo e extremamente palpável. Ela de início lida com a gravidez de forma "descolada" e até inconsequente, mostrando uma frieza absurda quando o assunto é o bebê... Porém conforme a gravidez avança ela vai mudando, mudando, mudando até culminar no clímax da sua situação quando ela chora compulsivamente sentindo que aquela criança que ela viu nascer, por causa da imaturidade dela e de seu próprio despreparo, não ficará nas mãos dela. E ela sente isso de forma tão profunda que eu quase chorei.

 

Aliás, a alteração da percepção dela a respeito de sua gravidez me pareceu tão latente e explícito que em determinado momento eu acreditei que o filme adotaria a solução fácil de qualquer novela global e faria ela ficar com a criança rompendo o acerto que fez com o casal. Felizmente o filme caminhou na direção que tinha que ser. Ela "perde" o filho, mas ganha um namorado e sofre as consequências de sua decisão.

 

Juno não é um filme pra ser pensado (aliás, 90% dos filmes não o são) e sim sentido. Pára de pensar os filmes que assiste. Vc vai aproveitá-los muito melhor.
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Dook, concordo com tudo o que vc relatou acima, concordo com tudo o que vc sentiu e compartilho desse sentimento. O ponto que pra mim não é palpável é a sua relação com Paulie, além daquilo que envolve as citações/referências.

 

E digo ... se vc realmente me conhecesse, saberia que eu sou muito mais sentimental do que vc imagina ... e esse elemento da minha personalidade muito me define assim como os filmes dos quais eu gosto. Eu acho "Juno" um filme adorável e encantador, mas que ainda assim possui os seus equívocos.

 

Eu acho que vc está com uma impressão equivocada do que a experiência cinematográfica significa e/ou representa pra mim. O cinema está em meu coração.

 

Encerro por aqui.

 

PS: Eu não estou precisando de sexo ... 06 ... nem estou "pensando" demais ... 06
Thiago Lucio2008-02-26 09:27:38
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E digo ... se vc realmente me conhecesse' date=' saberia que eu sou muito mais sentimental do que vc imagina ... [/quote']

 

Não é isso que eu vejo aqui... Esse seu sentimentalismo não é "palpável", não é "crível"...

 

06

 

Eu acho que vc está com uma impressão equivocada do que a experiência cinematográfica significa e/ou representa pra mim. O cinema está em meu coração.

 

Não parece. Pelos seus posts o cinema está na sua cabeça.
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