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Você se considera um cinéfilo?  

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  1. 1. Você se considera um cinéfilo?

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Uai... e o que o senhor tem a ver com os anônimos?? 09

 

É que ele participa do "Cinegame", Dook.

 

A propósito, será que teremos ou não o Scofa na bancada de jurados, agora que a situação de estabilizou e o padrinho voltou ao seu trono?

 

Vamos fazer uma campanha:

 

VOLTA SCOFA! 16

 

06
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Já temos 3 textos concorrentes, do mês de junho:

 

1. "Encurralado" - Por Usuário 01 >> bullet

2. "O Massacre da Serra Elétrica" - Por Enxak >> bullet

3. "Esfera" - Por Usuário 02 >> bullet

4. "Fonte da Vida" - Por Usuário 03 >> bullet

 

 

Não fique de fora! Participe você também. Essa é a sua chance de brilhar... No fórum.

 

Prazo para participação: Até o dia 24/06.
Enxak2008-06-11 07:46:43
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Vou fazer o pedido aqui mesmo então: peço que respeitem minha decisão de permanecer fora do Cinéfilos. Agradeço as palavras do Enxak e do pessoal, mas ver dois dos melhores usuários do fórum discutindo por tantas coisas bobas acabaram por me causar um desgaste também. Além do que, pretendo participar mais ativamente de um outro projeto com amigos (você sabe qual, Xak), estou na dívida com eles.

By the way, tenho certeza que o tópico continuará bombando com o carisma do Xaka (além de engraçadíssimo com as avaliações do Bauerrrr, as inteligentes avaliações do Dook e as sarcásticas do Bat, além do toque feminino e especial da Veras). 03

Mais uma vez, boa sorte aos participantes. 16

 

Mr. Scofield2008-06-07 13:19:01

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Que pena... Das avaliações que li foi o jurado que mais me agradou... Queria muito ter tido uma minha analisada por você... Fui deixar pra depois, perdi a chance!!

Coisas que a gente não espera, não acha que vai acontecer...

Mas, se assim deseja, sorte e sucesso!!
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Apresentador também participa do "Cinéfilos"... 06

 

Minha singela contribuição:

 

-------------------------------------------------------

 

 

O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA, DE TOBE HOOPER

 

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<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

 

Para o público de filmes de horror de hoje em dia, já acostumado a muito sangue, vísceras à mostra e todo o tipo de atrocidade sendo escancarada em closes de mesas de cirurgia, “O Massacre da Serra Elétrica”, de 1974, produzido com um orçamento baixíssimo e um elenco desconhecido e inexpressivo, pode até ser taxado como um filme de horror “light”, sem grande apelo. Mas essa impressão só seria sentida por aqueles que buscam nesse tipo de filme uma sensação barata de pavor, aquele pavor provocado por sustos gratuitos e gosto pelo repúdio da exposição desnecessária de carnificina. Já os que preferem embarcar em uma experiência sádica para uma ambientalização intimidadora marcada por uma sucessão de cenas de teor absolutamente grotescos, fazendo-nos ranger os dentes de apreensão, esse filme dirigido por Tobe Hooper pode ser facilmente considerado um dos mais perturbadores já realizados, sendo um dos responsáveis pela criação de um sub-gênero, o slasher, altamente difundido na década seguinte, em diversos filmes, entre eles o mais célebre, “Sexta Feira <?:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" />13”.

 

 

Assim como muitos outros filmes o fizeram (“Psicose”, “O Silêncio dos Inocentes”, entre outros), “O Massacre...” tem como inspiração principal a figura do psicopata Ed Gein, que aterrorizou uma cidade chamada Plainfield, nos EUA, durante os anos 50. O enredo do filme trata da história de um grupo de jovens, entre eles os irmãos Sally e Franklin (esse paraplégico) que viajam até a casa onde viveram na infância, agora abandonada, numa pequena cidade do interior do Texas, impulsionados pelos rumores envolvendo violação dos túmulos no cemitério local, onde foram verificar se não haviam mexido nos ossos de seus ancestrais. Acabam, porém, como todo bom grupo de adolescentes xeretas de filmes do gênero, invadindo uma outra casa, aparentemente também abandonada, e apartir daí se deparam com um nível de terror que jamais imaginariam poder passar um dia, nem nós, que embarcamos junto a eles, nessa inserção sem volta àquela atmosfera macabra. O filme te envolve de tal maneira que mesmo que o natural asco ao presenciar cenas de morte grotesca como a de um garoto levando uma marretada na cabeça e caindo, mexendo as pernas em espasmos nervosos, ou a contemplação da imagem de uma mulher sendo dependurada em um gancho pelas costas, como um animal prestes a ser abatido num matadouro te faça rejeitar o que vê, algo de podre dentro da gente parece nos impelir a assistir a tudo, até o fim, confortáveis pela sensação de proteção, de estar apenas espiando a desgraça alheia.

 

 

A última meia hora, onde a tensão chega a níveis insuportáveis, com a família de necrófilos (incluindo aí um avô meio zumbi) torturando a mocinha física e psicologicamente, é o ponto alto do filme. É nessa reta final que fica claro o poder hipnótico que ele consegue, nos deixando fisicamente fadigados, afoitos por um desfecho, seja ele qual for, para que possamos enfim sair de dentro daquele universo de sangue, corpos sendo esquartejados por um maluco portando uma moto serra, e ossos de animais ornamentando a decoração de uma casa que de acolhedora não tem nada. “O Massacre da Serra Elétrica” (que ganhou até um remake em 2003, muito mais parecido com os filmes que se derivaram dele do que com o original) é um registro cru e cruel de até onde pode ir a insanidade humana, e merece ser visto não somente a título de curiosidade, pela aura “cult” que o filme carrega, mas como contemplação de um dos melhores registros de filme de horror, no sentido mais literal possível da palavra, em todos os tempos.

 

 

 
Enxak2008-06-08 16:43:41
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Mais um texto enviado, por um dos participantes do "Cinegame":

 

 

THX:

 

Esfera

(Sphere/Barry Levinson/1998)

 

Após o estrondoso sucesso de '2001 - Uma Odisséia no Espaço', seria natural uma nova safra de filmes sobre o espaço e teorias sobre a vida na terra cada vez mais elaborados. Filmes mais sofisticados sobre o espaço com recursos de efeitos especiais também passariam a ganhar um tom mais sério, dentro de toda a gama que constitui os filmes de ficção-científica. Porém, após o divisor de águas que foi '2001 - Uma Odisséia no Espaço', foi apenas em 1998 que conseguimos alcançar o auge da qualidade cinematográfica de uma obra impecável do gênero com 'Esfera'.

 

Assim como aconteceu com '2001' ao atrair os holofotes da crítica no mundo todo, 'Esfera' resolveu seguir os passos da narrativa original concebida por Kubrick 30 anos antes e levantar hipóteses em torno de uma premissa de origem desconhecida. No entanto, agora temos uma narrativa mais inovadora e melhor elaborada que a obra de Kubrick. É difícil não fazer uma analogia da esfera alienígena com o monolito de '2001'. Que embora emanem forças distintas, em 'Esfera' temos uma caracterização mais perturbadora, explorando o lado psicológico dos personagens, em especial de seus maiores temores. Temores esses despertados por uma força desconhecida.

 

Toda a trama em torno dessa narrativa inicial, começa quando o governo norte americano descobre uma espaçonave de origem alienígena a 300 metros de profundidade no Oceano Pacífico. Logo, um grupo formado por quatro especialistas em diversas áreas como matemática, bioquímica, psicologia e astrofísica, são designados para explorar e fazer contanto com possíveis seres alienígenas que ainda pudessem estar na espaçonave.

 

Se em '2001' toda a trama se passava no espaço, em 'Esfera' se desenvolve numa estação no fundo do mar. Construída próxima à espaçonave. A forma como a narrativa se desenvolve, explorando o lado psicológico dos personagens é um dos pontos mais fortes do filme. O que nos levará a conhecer em especial, os maiores temores de cada um, manifestados após o primeiro contato com uma esfera misteriosa. E para piorar as coisas, torná-los realidade.

 

O que de fato poderemos constatar ao assistir 'Esfera', num primeiro momento, é que a trama em alguns momentos talvez não faça sentido. Mas isso é normal, afinal estamos diante de um uma Obra Prima, onde o que o diretor realmente quer é nos convidar a refletir e nos colocar "dentro" da esfera misteriosa. Perceba na cena em que Norman descobre que o livro que Harry lê, não tem conteúdo algum após um certo número de páginas. Isso sem dúvida foi um dos grandes fatores que contribuíram para adicionar mais complexidade à cena, e nos desafiar a refletir diversas hipóteses. Que porém acaba sofrendo uma grande reviravolta para explicar esse evento, de forma brilhante. Em se tratando do ritmo empregado durante o filme, pode parecer lento em alguns momentos, mas isso é proposital para nos fazer refletir e questionar cada evento e momento das manifestações que ocorrem.

 

'Esfera' pode perder um pouco na parte de direção em relação a "2001 - Uma Odisséia no Espaço' no sentido de desenvolver melhor os personagens e suas manifestações. Mas mesmo assim 'Esfera' consegue ser brilhante, emocionante e genial. Por isso merece ser chamado de Obra Prima e figurar no top dos melhores filmes de todos os tempos.
Enxak2008-06-25 13:54:47
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"agora temos uma narrativa mais inovadora e melhor elaborada que a obra de Kubrick"

 

 

ouch....12

 

 

OK, nem sei se devia postar isso aqui, ainda mais com textos participando do Cinéfilos ( não vou enviar esse mês ) e escrevendo sobre eles abertamente, mas esse insulto ao Kubrick me colocou uma dúvida na cabeça, mais para os jurados da brincadeira.

O que está sendo avaliado?

 

- qualidade do texto, construção da crítica e argumentos, no sentido literário?

 

- a opinião do(a) invidíuo(a) pertence a ele, se ele acha que é obra-prima, fazer o que, ele está defendendo a idéia. Que peso isso tem na avaliação da crítica? Eu, por exemplo, discordaria terrivelmente do insulto, e tenderia a levar isso em conta na hora de analisar, mas ficaria com uma pulga atrás da orelha: estou analisando a opinião dele ou a capacidade de escrever sobre o assunto?

 

- mas... apesar de ser a opinião dele(a), não vejo sentido nas afirmações, principalmente nas comparações com o Kubrick. Para mi estão erradas... mas, para mim. Como se analise e se dá nota a uma crítica sem levar em conta o gosto pessoal ou por discordar da opinião de quem escreve ela???

 

Complicado isso...

PS: Até parece provocação
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Dreyer... eu vou ser "jurada" nesse rodada, então posso falar algo por mim...

 

Eu analiso a qualidade do texto, os argumentos, a fidelidade e o ritmo. Não importa o que se eu concordar ou não com o que a pessoa diz, desde que hajam argumentos fortes por parte do autor do texto.

 

Mas, pelas avaliações passadas, ficou muito claro que cada "jurado" tem o seu jeito de ver as coisas... Teve "jurado" que, na etapa passada, tirou ponto de um cara pq não concordou com ele...

 

Vai saber, né?

 

 
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4º texto concorrente :

 

 

 

 

Renato:

 

Fonte da Vida

Direção: Darren Aronofsky, 2006.



Uma jornada sobre a luta de um homem para salvar a mulher amada. A história se passa em trê momentos distintos: Na espanha do século XVI o conquistador Tomas inicia uma perigosa busca pela Árvore da Juventude. Nos dias atuais, o cientista Tommy busca desesperadamente uma cura para o câncer que está matando sua esposa. No século XXVI, o astronauta Tom faz uma longa viagem em direção a uma estrela.

Definitivamente, "Fonte da Vida" não é um filme fácil e muito menos do agrado do grande público. Ao contrário, a grande maioria acabará de ver o filme e desejará atirar pedras contra os realizadores desse projeto. No entanto, um olhar mais sensível constatará facilmente que está vendo um verdadeira jóia cinematográfica, lapidada de forma maestral por
Darren Aronofsky.

Com uma estrutura não linear que enriquece a narrativa, o filme chega a confundir a cabeça do expectador, mas aos poucos tudo vai fazendo sentido e as pontas soltas deixadas pelo roteiro vão se juntando, uma a uma, de forma quase poética, graças ao olhar talentoso de Aronofsky e à excelente montagem, delicada, fluida e inspirada.

Hugh Jackman mostra de vez a que veio e se solidifica como um grande ator de sua geração (e não apenas o intérprete do Wolverine) ao dar vida
a três personagens inicialmente distintos na forma, mas que se mostram intimamente ligados pela busca desesperada pela vida. E é essa busca
pela vida que os levará à compreensão, em três etapas diferentes, que a morte nada mais é que o cumprimento de um ciclo.
Rachel Weiz, igualmente magnífica nas suas caracterizações, representa a figura que inspira Hugh Jackman na sua incessante busca.

"A morte é o caminho para o sublime".
Essa talvez seja a frase mais importante do filme. Ao mesmo tempo em que Aronofsky nos brinda com belíssimos planos, propõe questões altamente relevantes sobre o ciclo da vida e aceitação da morte. Vale mais a pena lutar contra a morte ou simplesmente aceitá-la como parte natural
da existência humana e passar o resto de seus dias ao lado da pessoa amada? É esse o dilema vivido por Jackman e ao fim do filme, sobrarão diferentes interpretações sobre o que de fato ocrreu, mas restará a única certeza que apenas o desprendimento pode levá-lo ao sublime, mesmo que se leve séculos para isso.

 
Enxak2008-06-25 13:55:25
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só li a critica da Fonte da Vida, por eu achar um filme sensacional, e gostei da critica viu, "Fonte da Vida" é daqueles filmes que valem não só pelo roteiro, e sim pela direção, fotografia, sequencias, trilha sonora etc.

 

 

 

Fonte da Vida é daqueles filmes que da gosto de ver.

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Sugestão para um novo jurado:

Poderia ser o ganhador dessa primeria etapa, no caso o Dreyer, ele parece conhecer da coisa. Seria um ótimo jurado, penso eu.

 

Alexei, se ainda estivesse (está?) entre nós tb 01.

 

 

 
[/quote']

 

Em se tratando do Cineclube eu sempre estou, Shy, mesmo que de maneira inconstante. Acabo arrumando um tempinho para vir aqui, ler os comentários do pessoal e fazer uma observação ou outra, como fiz antes. Só não tenho disponibilidade para fazer parte de banca de jurados.

 

De qualquer forma, fico grato pela lembrança! Leia sempre o Cineclube em Cena, vale a pena.
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Dreyer... eu vou ser "jurada" nesse rodada' date=' então posso falar algo por mim...

 

Eu analiso a qualidade do texto, os argumentos, a fidelidade e o ritmo. Não importa o que se eu concordar ou não com o que a pessoa diz, desde que hajam argumentos fortes por parte do autor do texto.

 

Mas, pelas avaliações passadas, ficou muito claro que cada "jurado" tem o seu jeito de ver as coisas... Teve "jurado" que, na etapa passada, tirou ponto de um cara pq não concordou com ele...

 

Vai saber, né?

 

 
[/quote']

 

obrigado pelo "jurado", Veras. 06

 

respondendo ao Dreyer... eu não acho certo julgar a opinião dos outros, até pq isso é algo necessariamente subjetivo, por mais fracos, porcos, ridículos que sejam os argumentos, não deixará nunca de ser uma opinião. mas isso eu digo de forma geral. agora, aqui, eu avalio a opinião mesmo, pq isso é uma brincadeira, a gente procura dar uns toques e tal, mas se o cara vir e dizer que o Kubrick era limitado, ele pode escrever um texto sensacional sobre isso, que eu, vou tirar ponto dele, COM CERTEZA.

batgody2008-06-11 22:36:55

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Já temos 5 textos concorrentes, para o mês de junho:

 

1. "Encurralado" - Por Angelo Voorhees>> bullet

2. "O Massacre da Serra Elétrica" - Por Enxak >> bullet

3. "Esfera" - Por -THX- >> bullet

4. "Fonte da Vida" - Por Renato >> bullet

5. "Cenas de Um Casamento" - Por Vicking >> bullet

 

 

Não fique de fora! Participe você também. Essa é a sua chance de brilhar... No fórum.

 

Prazo para participação: Até o dia 24/06.

 
Enxak2008-06-19 11:47:43
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Aproveitando o espaço, que é para incentivar a galera a escrever, recomendo o seguinte link para leitura:

 

Para quem curte ler sobre filmes, e já está cansado do mesmo blá blá blá, olha só o que a galera do Multiplot! está preparando para quem gosta/odeia aquele diretor cujo nome não deve ser mencionado, se não quiser ver briga...

 

 

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Confira amanhã, aqui neste link:

Enxak2008-06-15 15:40:50
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1)Não acho esse lance de anonimato interessante para o Cinéfilos, então vou postar de forma aberta, não acho que haverá parcialidade ou injustiças, e se houver não é algo que me incomoda, afinal participo aqui pra discutir de cinema acima de tudo. Além do mais, minha resenha vai ser de um filme do Altman, o que seria um indício óbvio de que seria minha.

 

2)Pro Bauer, dessa vez eu tentei fazer algo menos enfeitado, no entanto como não escrevi a resenha exclusivamente para o Cinéfilos, tem uma ou outra palavra mais difícil que eu fiz questão de usar. Se não souber o que é, www.google.com 03

 

3)Ao Dook e outros, desta vez não há spoilers significativos.

 

4)VOLTA SCOFA! [2]

 

 

 

Wedding-01804.jpg

 

Cerimônia de Casamento

Dir. Robert Altman, 1978

 

Uma das muitas facetas de Robert Altman era sua fascinação pela improvisação. Em Nashville e O Jogador, isto foi um diferencial que praticamente elevou tais filmes ao status de obras-primas, pois além da sinceridade expressa pelas cenas, o trabalho do diretor tornou-se muito mais natural, leve, fluído. E apesar desse perfil neo-dadaísta, ainda é impressionante constatar que Cerimônia de Casamento nasceu de uma piada. Quando perguntado por uma repórter qual seria seu próximo projeto, em tom irônico ele respondeu que filmaria um casamento, e refletindo na idéia, decidiu levá-la adiante.
Impressionante aliás é um adjetivo perfeito para o filme. O elenco conta com 48 atores (um recorde), a esmagadora maioria desconhecidos, e Altman magistralmente situa o expectador quanto a cada um deles, sempre através de suas relações e de forma não isolada.
As famílias Corelli e Brenner celebram sua união planejando um glorioso casamento, e como todo evento do tipo, nada sai exatamente como planejado. Depois da cerimônia, uma grande festa aguarda a todos os convidados na mansão dos Corelli, onde a matriarca os aguarda em seu leito - e não demora muito a constatar - de morte. Está armado o palco para uma verdadeira maratona de absurdos e humor ácido, amarrados de forma deliciosa em duas horas de filme.
Já na primeira cena, Altman dá o tom de sua comédia. É o casório, no qual o senil bispo mal lembra do protocolo para a ocasião. A noiva, Muffin (um nome original, sem dúvidas), é apresentada na triunfal entrada pro altar, mas o instante é arruinado com o sorriso metálico exibido pela moça. É um daqueles momentos em que surge o som de um disco riscado nas nossas cabeças. Os tipos presentes também chamam a atenção, sem sequer abrirem a boca: o afoito primo nerd, o entediado irmão da noiva e seus pais pomposos, a irmã incomodada com a falta de atenção (Mia Farrow, umas das únicas estrelas no cast), entre muitos outros integrantes de uma coleção curiosa de personagens.   
Mas é na mansão onde a história realmente se desenvolve. O diretor, de forma muito despretensiosa, perambula com sua câmera por entre todas as conversas, falsidades e rituais burgueses, pouco a pouco derrubando a máscara de cada pessoa, e o casamento em si revela-se o menos importante ali (aliás, os noivos têm pouquíssimo tempo em cena). Enquanto vemos as trocas de casais, escaladas sociais, flertes e narizes empinados, o cadáver da matriarca jaz em seu quarto, e o segredo não vaza para a festa não ser arruinada. E dando um show a parte, a ultra-zelosa equipe responsável pela segurança, a qual começa a desconfiar até mesmo dos convidados. "Senhor, não me faça ter que te neutralizar" diz a agente mais arrecatada a um estranho. 
O filme foi lançado em 1978, mas nada está datado, a história funciona perfeitamente para os dias de hoje (o que comprova o talento e criatividade de Altman também como roteirista). A invasão da contra-cultura é notada na periferia dos acontecimentos, e é perfeitamente compreensível que em um ambiente tão artificial, vários convidados fogem para a roda de maconha. Durante toda a projeção, percebe-se como o próprio diretor está se divertindo com tantos absurdos, criando um círculo vicioso de inspiração. Cerimônia de Casamento é irreverente, provocante, ácido e uma bela adição na genial filomografia de Altman.

 

 

 

Editado para corrigir erros de português.
Vicking2008-06-23 15:27:05
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