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Forum Cinema em Cena

Batman - The Dark Knight (# 4)


Big One
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Em relação ao que o SAPO vem falando:

 

Não acho que funcionou. Aliás, nem ferrando. O Harvey Dent foi muito bem mas o Duas Caras foi muito, muito besta. Agiu como um vilãozinho de quinta. Mesma coisa sobre o espantalho, que já era ruim no primeiro e continuou aqui. Foram vilões que não marcaram, que apenas passaram...

 

Será que não funcionou? O ponto forte do filme, o final, assim se faz graças ao personagem Duas Caras.

 

Reduzir o Duas Caras proposto neste filme a um simples vilãozinho, é reduzir a visão de Nolan sobre o personagem.  Duas Caras, antes de tudo, representa todo o desespero de Dent ante sua tragédia. Ele simplesmente não aceita seu destino, posto que não foi justo. E se tudo na vida é uma questão de sorte, acaso, se nada é certo e justo, por que a justiça dos homens não deveria ser dessa forma? Essa é sua "filosofia" que o guia na sua loucura. A morte, no caso, foi um alívio para ele, como foi para o personagem de Al Pacino em Insônia por exemplo. Por isso de sua passagem pelo filme ser curta. O sofrimento do personagem tinha de terminar ali.

 

Então, mas nada ameaçador ou elaborado. Quando precisou pegou um revolvinho mesmo. Fora que achei corrido. Tipo, o cara leva 2 horas pra virar vilão e morre em 1/2 hora.

 

Se você acha que um personagem que decide qualquer vida, aliás, até o próprio suicídio (como quase acontece no fim do filme)  jogando uma moeda,  não é algo marcante, ameaçador ou elaborado.... infelizmente, não tenho mais argumentos para você.

 

Quanta transformação que você considera repentina, que tal um pouco de vida real?  http://www.tudonahora.com.br/noticia.php?noticia=16535 Certas coisa são da noite para o dia mesmo...  

        

São os mistérios da alma humana, de todo o jeito, voltemos para o filme: Fica bem claro desde o começo a personalidade vingativa e justiceira (que atrai a admiração de Bruce Wayne) bem como o comportamento impulsivo de Dent. Que promotor reagiria como ele em um tribunal? (Cena do soco) Que promotor arrastaria um bandido por conta própria e faria tortura psicológica apontando uma arma na cabeça de um bandido? São sugestões que Nolan deixa de seu temperamento.

 

Aliás, quanto a isso, o Coringa é o "psicólogo" do filme, como bom conhecedor da alma humana só erra uma vez em sua leitura dos comportamentos, que é  no caso dos barcos. Fora isso, só tiros certeiros: antecipa a traição de Lau, os medos e ambições dos bandidos de Gotham, alerta Batman sobre a hipocrisia da população que pode julgá-lo como herói ou vilão de acordo com as conveniências, e no final, quando Batman faz questão de salvá-lo da queda (numa atitude contraditória a que tomou em realção ao Ra's al Ghul, no Batman Begins) classifica aquela atitude como falso-moralismo.  Por fim profetiza sobre Dent, quando diz que a loucura, assim como a gravidade, só precisa de um "empurrãozinho"....

 Revolvinho? O que você queria? Uma metralhadora? Métodos cruéis? O Coringa mesmo por vezes usava uma "faquinha"... heheheh Tudo bem, a tortura que você queria não era física, mas psicológica, entendo. Entretanto, existe um diferença entre os personagens: o Coringa, por trás de todo o caos que propõe, é um jogador, age racionalmente. Enquanto que o Duas Caras agia por puro sentimento de vingança e revolta perante a vida, ou seja, agia de maneira extremamente emocional,  e portanto simples.

 

Não teria sentido ele ter muito tempo para pensar nisso e ser tão caprichoso como o Coringa que, no próprio filme, diz gostar de “experimentar todas as sensações” de sua vítima. Aliás esse será o problema de se fazer uma sequência sem o Coringa. O personagem é tão carismátio que todos vilões paracem ter a obrigação de ser um coringa... é só ver o que Joel Schumacher tentou fazer o Charada.

 

Você concorda em se usar um vilão desses como "de ocasião"?

 

Vilão, como já disse, seria uma palavra muito pobre para o que Nolan propôs. A proposta foi maior que isso, foi de alguém dividido. Vilão sugere alguém convicto para o mal. Vilão de ocasião, como sugerido pelo colega, seria mais apropriado mesmo, posto que no fim do filme fica claro o conflito de personalidade do personagem.  Há um pouco de arrependimento, ainda que sutil, tanto que Dent, em um gesto auto-destrutivo, tenta o suicídio. A moeda é quem o salva. Sua duração naquele estado teria que ser curta mesmo, pois todas as suas ações estavam sendo condicionadas pela raiva e pela dor da recente perda da namorada. Não faria sentido ele ficar daquele jeito até o fim da vida (pelo menos não na proposta de Nolan para o personagem) Dent não era aquilo que estava fazendo como Duas Caras. Ficou tudo muito coerente dentro desta visão. Ele é um pouco vítima da violência da cidade, só que não aguentou, e entrou em desespero.

 

Mas sei lá, vocês estão meio cegos, como aconteceu com Begins. É só deixar a poeira baixar que vocês perceberão defeitos

 

Esse filme é superior ao Begins, mais maduro e profundo, mantém o mesmo conceito e ainda consegue suprir suas carências. Tudo isso sem contar com a força do personagem Coringa. Esse filme pode ser considerado "perfeito" sim, pois não há lacunas dentro do que se propôs. Todos os personagens foram abordados de maneira intensa e coerente, dentro de cada universo particular. Em suma, no que Nolan propôs, tudo ficou coerente e "amarrado". Agora sempre vai haver quem diga: eu faria assim, eu faria assado etc... Isso não interessa, é pura vaidade pessoal! Quem vai decidir o que deve ou não deve ser abordado para certos detalhes? Existem milhares de possibilidades para se construir o roteiro e debater isso soa muito infantil. A pergunta que pode ser feita é: o que faltou para o filme que o tornou incoerente? E a resposta é uma só: nada. Foi alcançado o que se propôs e isso é que deve ser objeto de avaliação. Se alguém quer criticar este filme tem que desconstruir de antemão toda visão proposta por Nolan e recriar tudo de novo. Nesse caso, o problema não estaria no filme em si mesmo.

 

 

leoJoker2008-07-23 21:15:49

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Sö sobre a ultima frase: não precisa de nada disso pra criticar o filme. Precisa ter visto, não ter gostado e ter argumentos pra isso. Eu venho fazendo isso exaustivamente.

 

Você pode discordar, mas no fim das contas ninguém está certo. Aliás, o dia em que cinema for ciência exata, eu paro de ver filmes...

 

 

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Não achei Batman nada apagado em TDK, ele pode até ter menos tempo de tela ou presença que Dent e Coringa, mas ele é a espinha dorsal do filme. O que está sendo tratado no filme é a consequência das ações de todos os personagens nele, ele nunca deixa de ser o centro tematico e isso é bem reforçado no final, que é como uma justificativa para tudo que aconteceu.

 

E mesmo nos do Burton, nunca vi ele como coadjuvante. A própria natureza misteriosa e sombria dele davam uma força imensa a ele. Se em TDK eu esperava pela presença do Coringa, nos do Burton eu esperava pela presença do Batman.

 

 

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sapo mas as vezes tenho a impressão de que voce quer porque quer enfiar a sua idéia na cabeça dos fãzóides, olha todo mundo aceita que voce não gostou, mas já tá parecendo disco arranhado, eu por exemplo não vou perder meu tempo tentando convencer o dook de que indiana jones é uma bosta, é subjetivo, voce mesmo usa isso na sua assinatura, é sua opinião, não é nenhuma verdade universal. 03.gif

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Nada de novo também em quem achou o Bátima apagado.

 

Esses filmes são feitos sob medida para que o vilão roube a cena.

 

Minha irmã confessou que estava torcendo para o Coringa e no final ela estava mais interessada em ver o dois barcos explodindo do que o Bátima salvando o dia06

 

 

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Bom, aqui vai minha crítica ao filme (repleta de spoilers, obviamente).

 

 

 

Pela primeira vez em minha vida, assisti um filme do Batman.

 

 

 

Não me entendam mal, eu vi os outros filmes que carregam o nome do personagem, mas é a primeira vez que um filme traz a essência do morcegão (e por ironia, é justamente o filme que não carrega a nomenclatura “Batman” em seu título...). E por “essência” nesse caso, devemos entender todo um conjunto de fatores que foi perfeitamente traduzido dos quadrinhos para as telas de cinema.

 

 

 

Ao contrário de Begins, onde víamos Bruce Wayne vestindo uma fantasia e atuando como Batman, nesse filme ele finalmente começa a se tornar Batman; sua ação pelas ruas da cidade já o transformou numa lenda, amedrontando a bandidagem e inspirando os cidadãos (nem sempre da maneira correta); o playboy também está se tornando mais obsessivo, o que é bem demonstrado na cena em que vemos seus ferimentos e sua figura paterna, Alfred, lhe dá uma bronca. No entanto, Bruce ainda não está 100% comprometido com essa identidade, e sente suas convicções se abalarem quando conhece Harvey Dent, o promotor aparentemente incorruptível que pode ser uma nova esperança para Gothan. Após uma ação conjunta, Bruce Wayne julga que talvez seja hora de abandonar a figura de justiceiro mascarado e passar a coroa para um herói mais humano (sem contar que a possibilidade de juntar-se com seu grande amor torna tal decisão ainda mais fácil).

 

 

 

No entanto, a força incontrolável e anárquica representada pelo Coringa aos poucos vai colocando tudo a perder. De origem desconhecida (provavelmente nem ele lembra mais), o palhaço é um buraco negro que puxa todas as atenções para si, é o oposto completo do morcegão: um é sisudo, o outro é expansivo; um é colorido (o que normalmente representaria o bem), enquanto um veste-se de negro (o que normalmente representaria o mal); um luta pela ordem, o outro facilmente alcança o caos; eles são Yin e Yang, os dois lados de uma mesma moeda; Harvey Dent é a borda dessa moeda, algo ainda indefinido pois, embora aos olhos de todos seja “um santo”, ele também possui o potencial para a maldade (assim como todos nós).

 

 

 

Batman vai agindo, e aos poucos vemos reminiscências dos quadrinhos: além do obsessivo já mencionado, vemos um pouco do Batman detetive (“quero dez minutos na cena do crime, antes que seus homens contaminem tudo...” Ahhhh, a velha arrogância do personagem, tão típica e bem vinda), um tanto de sua inteligência (ele percebe o potencial do “sonar via celular” e utiliza o conceito em algo maior, e por iniciativa própria, ao invés de esperar que Lucius Fox entregue tudo pronto... mesmo porque este não concordaria), uma boa dose de sua brutalidade (quando joga um bandido de uma altura suficiente para quebrar suas pernas) e também o Batman mestre em artes marciais (que, se não consegue empolgar nas lutas, ao menos permite que a gente VEJA essas lutas).

 

 

 

Após um embate clássico na sala do interrogatório, o ingênuo morcegão é enganado pelo Coringa e corre para salvar sua amada (por favor né gente, não há dúvidas quanto a quem ele queria salvar!); Harvey é salvo, porém fica deformado. Ao contrário dos quadrinhos, onde a deformidade facial acarretou no trauma que o leva ao “lado negro”, aqui ela serviu para ilustrar o local onde a transfiguração foi mais forte: em sua sanidade. A realidade abre um pouco de espaço para a fantasia, e vemos um ferimento no rosto que jamais seria provocado por simples chamas (mesmo com gasolina). Mas tudo bem, são detalhes como esses que nos fazem ver que estamos assistindo uma fantasia calcada na realidade (assim como Batman fazendo uma “viradinha com a moto” ou escapando de um prédio “içado por um avião”). Lembrem-se, é um filme baseado em quadrinhos, e se ancorar totalmente na realidade é um demérito, não uma vantagem. De fato, esse comprometimento exagerado com a realidade foi uma das coisas que estragaram Begins para mim, mas continuando...

 

 

 

Sempre na base do improviso, o Coringa enxerga em Harvey um ás na manga, um trunfo para o caso de seu grande plano falhar. No último embate com Batman (esse sim o grande clímax do filme), o morcegão salva sua vida ao invés de deixá-lo cair (finalmente alguém entendeu que Batman NÃO MATA!!! Não mata por ação nem por omissão, ponto final!). O herói pensa que o palhaço perdeu, já que nenhuma das balsas explodiu. Ledo engano, e em uma cena que na verdade funciona como um epílogo (e totalmente baseado no final da H.Q. “Batman Ano Um”), o herói (?) precisa encarar a pessoa em quem depositava a esperança de sair das sombras. Harvey Dent foi do céu ao inferno em sua jornada sem volta, foi um mero instrumento que serviu a um propósito maior na narrativa. Sim, de certa forma o Coringa venceu, provou seu ponto (coisa que não conseguiu fazer quando tentou a mesma experiência em A Piada Mortal), e a única maneira de contornar as conseqüências dessa vitória é com o morcegão fazendo um grande sacrifício: assumindo todos os crimes do Duas-Caras (outra coisa que ficou perfeitamente clara) e preservando assim a imagem de fé e esperança trazida por Harvey Dent. Ele vira o rosto de Harvey de forma a esconder sua face deformada, já que está assumindo toda a monstruosidade para si.

 

 

 

Batman sempre andou numa linha iluminada por uma luz tênue, o que ocasionava em alguns desvios, seja espancando suspeitos, seja invadindo a privacidade das pessoas no uso do “sonar”... em resumo, praticando ações moralmente questionáveis em prol do que julgava ser um bem maior. No final do filme ele mesmo apaga essa luz, e o Cavaleiro das Trevas finalmente aparece, agora sim 100% comprometido com seu papel. Uma vez que será obrigado a trabalhar na completa escuridão, suas ações provavelmente serão ainda mais questionáveis. Como dizia o personagem na clássica H.Q. de Frank Miller: “Se o mundo não faz mais sentido, é preciso obrigá-lo a fazer”..

 

 

 

Por essas e outras que eu digo: finalmente, eu vi um filme do Batman. Não um filme perfeito, mas um filme do Batman.

 

 

 

Nota 9,5/10 (não vou dar 10 porque alguns detalhes poderiam ter sido melhores, mas em outro momento vou comentar sobre isso).RAZIEL2008-07-23 21:49:34

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Sou mais os 2 juntos hehehe

 

edit: sem vislumbramento Brokeback Mountain heim? por favor...

 

06

 

 

edit 2 :

 

Putz...96 páginas já!!!

 

Quantas páginas desde a estréia?

umas 40 por aí num é?

 

 

Será mais um record pro filme? 06
Scud2008-07-23 22:01:21
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16esse filme e o melhor que eu ja vi na minha vida vi hoje pela terceira vez   e gostei ainda mais 11 tinha uma mulher escandalosa do meu lado que dava crises de riso altissima de tudo que o coringa fazia ta ele e engraçado mais ela não precisava fazer isso 07as crianças não gostaram falaram que o final foi fraco 11queriam um final feliz para o batman se o ja pensou se nolan tivesse feito isso graças a deus ele não o fez duas
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Minha crítica...

A BOA, A MÁ E A FEIA GOTHAM CITY

Alexandre Linck

 

 darknight.jpg

 

 

 

Se você viu no título desta

resenha uma referência ao clássico western de Sergio Leone, Três Homens em

Conflito, saiba que não foi mero acaso... mas isso você leitor perceberá

melhor ao decorrer do texto. Antes de tudo, quero apenas explicitar o que não

farei aqui: não darei notas estúpidas para um filme, como se ele tivesse alguma

excelência a alcançar - cinema é arte, não ensino médio; não procurarei

sustentar o tolo mito da imparcialidade, até porque não sou jornalista; e, por

fim, esta crítica é livre e não me sinto nem um pouco constrangido em delirar,

comparar absurdos ou falar da minha trajetória pessoal com o morcego amoral de

Gotham City.

 

Quando fiz minha dissertação de

mestrado onde procurei identificar elementos da morte conceitual do homem da

segunda metade do século XIX em Batman, eu não sabia que talvez apenas

estivesse com meu sonar conectado em muitos outros pensamentos semelhantes,

entre eles, o da equipe de Batman – O Cavaleiro das Trevas. Os irmãos

Christopher e Jonathan Nolan trouxeram ao universo do morcego negro reflexões

típicas da crise de valores, ideais e vontades do homem moderno. Desnorteado

nas escuras selvas de aço e concreto, o filho moderno reage ao único sentimento

que lhe resta: medo – e desta reação, iniciam-se as maiores aberrações... como

Batman.

 

 

 

“O BOM”

 

 

 

Como inicialmente desenvolvido em

Batman Begins – e até mesmo, nos quadrinhos ou na primeira cinessérie de

Burton e Schumacher –, Batman nasce da tentativa de controle do caos que

assolou o jovem Bruce Wayne. No morcego, a criança que nunca cresceu enxerga um

outro fantástico e terrível ideal. É com as conseqüências desta sombria

escolha, sua transição de vontade individual para inspiração social que Batman

(Christian Bale) deve arcar no começo de O Cavaleiro das Trevas. Novas

aberrações estão brotando da reprimida Gotham: Espantalho, Coringa, Duas-Caras

ou a gangue de Batmen são apenas a ponta de uma pedra difícil de ser lapidada.

Bruce Wayne não sabe lidar com os monstros que brotam da fria cidade, e como

Alfred (Michael Caine) sabiamente o lembra, se tais crias cruzam a linha, é

porque o homem-morcego a cruzou primeiro. Batman é um resgate do possível, a

lembrança de que todos nós temos o poder para fazer algo, para reagir – seja da

forma que for. Será na consciência madura desse poder, e de suas reais

implicações, que o “Bom” fará sua decisiva escolha ao final do filme,

distanciando-se dos meros reflexos que são os insanos gothamitas à procura de

uma nova luz de verdade. Mas isso retomarei mais adiante...

 

 

 

“O MAU”

 

 

 

O Coringa (Heath Ledger)

incorpora o único ideal capaz de abalar Batman: o niilismo. Se o morcego

procura alguma razão para continuar de pé e lutar, Coringa gargalha de tudo e

derruba valores um a um. Seu grande plano é fazer Batman quebrar sua única

regra – não matarás – e para isso o príncipe palhaço do crime, que se

auto-intitula um agente do caos, não medirá esforços para a conversão do

morcego. Humor negro, sadismo, mentiras, manipulação são cartas do baralho do

vilão... Com muito pouco Coringa consegue colocar uns contra os outros, e

provar por meio do promotor Harvey Dent (Aaron Eckhart) que todos nós se

levados ao limite, simplesmente podemos quebrar – esse discurso é a linha

mestra da história em quadrinhos “A Piada Mortal”. A discussão de valores entre

Coringa e Batman, dividido em duas partes – a cena do interrogatório, e no

confronto final – mostra que se um Cavaleiro das Trevas existe, um palhaço

assassino também deve se fazer presente. Um complementa o outro: se Batman nos

lembra que ainda podemos resistir, o Coringa igualmente nos avisa que talvez

nem valha tanto a pena assim continuarmos firmes.

 

Justamente pela necessidade de

coexistência de uma contra-parte, Batman e Coringa estarão fadados ao eterno

confronto: o morcego não mata o palhaço porque isso o faria deixar de ser

aquilo que ele escolheu ser, e o contrário não ocorre porque o que um niilista

como o Coringa faria sem um Batman para persuadir? Se Batman é a insistência de

um sonho infantil, o Coringa é a decepção de valores de um adulto. “Essa cidade

merece uma classe melhor de criminosos”, diz o estilizado vilão. Dinheiro,

respeito, liberdade pouco importam para o criminoso do futuro. Sua guerra

estará na perdição da alma humana, no assistir o mundo pegar fogo... e pensando

de forma extra-moral, ao ouvir o convite do caos do “Mau”, nos questionamos: e

por quê não?  

 

 

 

“O FEIO”

 

 

 

Harvey Duas-Caras é o resultado

da disputa pelas almas de Gotham – e não é a toa que ao final do filme, o antes

belo promotor público se torna a feia aberração dividida em dois, dependente de

uma moeda para escolher os arbitrários códigos do morcego ou as negações

valorais do palhaço. Ao perder a possibilidade de uma vida normal com Rachel

(Maggie Gyllenhaal) e a confiança na justiça na figura do Comissário Gordon

(Gary Oldman), Harvey Duas-Caras desvenda uma verdade talvez ainda mais sombria

que a do Coringa: valores, conceitos, homens... tudo isto não se trata de

afirmações ou negações, mas de mero acaso. Ser ou não ser, eis a dupla questão!

A cena final do vilão é o último estágio da caracterização da crise do homem

moderno – na consciência do dualismo em jogo, nossas escolhas tornam-se meras

aleatoriedades circunstanciais... como num lançar de uma moeda. E é essa a feia

constatação do “Feio” homem contemporâneo.

 

 

 

“O CONFLITO”

 

 

 

Será nesta guerra, nesses três

homens em conflito e o amadurecimento dos personagens periféricos – destaque a

Gordon e Lucius Fox (Morgan Freeman) –, num filme que vai de boas a

excepcionais atuações, bela fotografia, boas sacadas de roteiro, ritmo

envolvente e uma trilha sonora tensa e sombria, que Batman se transformará no

Cavaleiro das Trevas. Ao optar por assumir os crimes de Duas-Caras, afim de que

Gotham não perca a imagem do belo e heróico promotor Harvey Dent, o morcego

vislumbra a sua verdadeira sina. Batman constata a ausência de uma verdade, de

um valor supremo, e assim, o final torna-se poético: o herói se sacrifica, o

bat-sinal na torre da polícia é destruído, e cambaleando por becos, perseguido

por policiais e cães raivosos, o não-herói se torna um Cavaleiro das Trevas,

envolto na escuridão, desgraçado e maldito, resistindo como ninguém, e não

porque não resta mais nada a fazer, mas porque é o único quem pode.

 

Algumas críticas apontam que o

Batman de Christian Bale é apagado diante dos vilões que enfrenta durante o

filme. Não sei sinceramente se concordo, mas se for mesmo isso, acho ainda mais

interessante o filme. Lembro-me vagamente de uma entrevista com Tim Burton,

quando Batman Returns foi acusado da mesma questão, e Burton replicou

que o homem-morcego “gosta das trevas, seu lugar é ficar no meio do escuro, e

não aparecer muito”. Ao meu ver, em outras palavras, Batman é um falso

coadjuvante. Sua atuação sempre fica em segundo plano, na conseqüência, e não

na causa... mas Batman é a personificação de Gotham, e esta é a real

protagonista do filme: uma babilônia moderna de homens melancólicos e valores

perdidos.

 

...

 

 

 

LincK2008-07-23 22:32:42

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  • Administrators

 

Gostei da cena dele com o Gordon' date=' foi muito boa... A cena, curta, mas interessante, no bar tb... Pouca coisa, mas a forma, os detalhes... O jeito como ele engole a bebida por exemplo... A cena dele no carro, com Moroni... [/quote']

 

Então, mas nada ameaçador ou elaborado. Quando precisou pegou um revolvinho mesmo. Fora que achei corrido. Tipo, o cara leva 2 horas pra virar vilão e morre em 1/2 hora.

 

Mas sei lá, vocês estão meio cegos, como aconteceu com Begins. É só deixar a poeira baixar que vocês perceberão defeitos.

 

E eu, por outro lado, vou rever pra tentar achar coisas que me agradam mais...

 

Terei que concordar sobre o Duas-Caras. Tive a mesma impressao...foi pouco tempo em cena para uma sucessao de fatos senoidal (cara queimada, vira vilao, vira assassino, vira defunto). E nem eh culpa do Eckhart, mas do roteiro. As motivacoes do personagem para mostrar seu dark side tambem nao me convenceram...

 

"Pegou um revolvinho" foi foda..06...Era isso o que ia dizer, o Duas Caras não foi nem um pouco ameaçador, tirando talvez a cena final, não era como o Coringa que a simples presença gerava um "cagaço"06... era uma ameaça em potencial, qq um poderia morrer a qualquer momento...O Harvey foi ótimo, já o Duas Caras não...ele poderiam ter encerrado com ele no hospital detonado, mas aí o Batman não ia virar o maldito inimigo da polícia e toda aquela estrutura narrativa não teria um desfecho...

 

Mas é aí que tá, Alexandre ... nem todos os personagens dentro do universo imaginado pelo Nolan precisariam se tornar o "vilão do dia" ... da mesma forma que o Nolan imaginou o Coringa como um agente do caos e da anarquia, ele imaginou o Harvey Dent como um personagem idealista, "romântico", ou seja, a sua trajetória é trágica ... ele é uma pessoa comum que acabou de perder a mulher que amava e que se viu completamente desfigurado ... ruim seria se ele se transformasse em um cachorro louco e saisse espumando a partir do momento que ele se "transformasse" no "Duas Caras". Ele não precisava ser necessariamente ameaçador...

 

Concordo que ficou mais coerente assim, e não ele sendo o vilão "do dia", que seria o modo mais convencional, se deixasse ele pro 3° aí então seria bem clichêzão. Só acho que seria legal que se ele fosse mais ameaçador, mas entendi seu ponto de vista, ele era um homem comum que perdeu tudo. Além do mais a mudança veio gradualmente, não foi de uma hora pra outra...o ciclo dele encerrou-se alí, foi como o Pablo disse na sua critica, são 2 filmes em 1.

 

O importante é que ele funcionou no filme, claro que eh um bom personagem e que poderia render mais, mas seu papel foi fundamental na história. Não vejo TDK sem Harvey, o filme não seria tão bom sem ele, aliás perderia muito pois ele representava o que o Batman desejava pra cidade e por outro lado representou a vitória do Coringa que subverteu o Cavaleiro Branco.

 

 

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  • Administrators

Cara, esse final foi demais, e a sua descrição do show de bola Linck..acho que TDK terminou de modo perfeito, pq esse e O BATMAN, "envolto na escuridão, desgraçado e maldito" ele não quis salvar Harvey e sim Gothan.

 

Ao optar por assumir os crimes de Duas-Caras, afim de que

Gotham não perca a imagem do belo e heróico promotor Harvey Dent, o morcego

vislumbra a sua verdadeira sina. Batman constata a ausência de uma verdade, de

um valor supremo, e assim, o final torna-se poético: o herói se sacrifica, o

bat-sinal na torre da polícia é destruído, e cambaleando por becos, perseguido

por policiais e cães raivosos, o não-herói se torna um Cavaleiro das Trevas,

envolto na escuridão, desgraçado e maldito, resistindo como ninguém, e não

porque não resta mais nada a fazer, mas porque é o único quem pode.

 

 

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 Pessoalmente, eu achei o Duas caras muito bem desenvolvido, apesar do personagem de Harvey Dent ser mais marcante. O Duas caras não tinha q ser uma ameaça do nivel do Coringa, o roteiro nem exigia isso. Ele pegou um revolvinho e saiu matando, mas com esse revolvinho, ele fez oq o palhaço não conseguiu colocando bombas em barcas, e q só foi contornado com o sacrificio do Batman.

 O impacto do Duas caras não éra para ser visto, era para ser sentido. Acho q apesar do pouco tempo d cena, vimos o Duas caras q tinhamos q ver, não há nada d mediocre ali.

Valeu
Questão2008-07-23 22:56:12
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Cara' date=' esse final foi demais, e a sua descrição do show de bola Linck..acho que TDK terminou de modo perfeito, pq esse e O BATMAN, "envolto na escuridão, desgraçado e maldito" ele não quis salvar Harvey e sim Gothan.

 

Ao optar por assumir os crimes de Duas-Caras, afim de que

Gotham não perca a imagem do belo e heróico promotor Harvey Dent, o morcego

vislumbra a sua verdadeira sina. Batman constata a ausência de uma verdade, de

um valor supremo, e assim, o final torna-se poético: o herói se sacrifica, o

bat-sinal na torre da polícia é destruído, e cambaleando por becos, perseguido

por policiais e cães raivosos, o não-herói se torna um Cavaleiro das Trevas,

envolto na escuridão, desgraçado e maldito, resistindo como ninguém, e não

porque não resta mais nada a fazer, mas porque é o único quem pode.

 

 

 

Valeu! 06

 

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to loco pra ver esse filme de novo, ô mes que não termina, ô salário que não chega...

 

 

 

pra mim uma das passagens mais foda é justamente a do sequestro dos Gordon

 

 

 

aquele negócio de "dizer que tudo vai ficar bem mesmo sabendo que não

vai ficar", tudo que rola naqueles minutos é intenso demais

 

 

 

e falando sobre o Harvey, ontem lembrei de uns boatos antigos que

diziam, não lembro bem, que as cenas do Duas-Caras seriam filmadas DUAS

VEZES, uma com o cara intepretando o lado normal e outra o desfigurado,

pra ficar bem destacado as "duas caras" dele

 

 

 

algo meio Gollum/Smeagol, mais ou menos

 

 

 

alguem lembra disso? será que foi feito?

 

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eu tentei colocar minha resposta no blog do zeca camargo e não consegui.

 

mas vejam o que postei em sua reposta!

 

zeca.
Não vou acrescentar nada do que foi dito neste blog. vc despertou a ira de muita gente. Pior. De pessoas que não são ´fãs" do morcegão.
Isto foi grave.
sabe eu estou cansado deste mundinho.
Novelas que são sempre a mesma sequencia: casal-sofre-sofre-vilão atrapalha-mocinha bate na vilã-vilã morre ou é presa- casal feliz para sempre.
seriados que pssam as 23:00 com piadas de futebol, mulher pelada.
rio de janeiro. faustão. jornal nacional. ana maria braga e seu programa que leva o nada ao lugar algum.

eu tenho impressão que a TV apenas me ensina o suficiente para atravessar a rua, comer um hamburguer e votar no proximo BBB.

estou cansado.

me sinto desprezado( odeio enclise, alias), pois sou tratado todo dia como um idiota, como seu fosse um ponto do ibope, ou mais um CPF que financiara um sofa na casas bahia em 99 pagamentos.

não, eu estou cansado deste mundinho. acho os artistas globais futeis, burros, retrogrados. Odeio o silvio santos e seu bau da infelicidade. a record e seus programas sensacionalistas. a band e futebol. ivete/claudia leitte com suas musicas bobas e superficiais.

este mundinho que parece alegre, revela na verdade, uma manipulação sem fim. Uma idiotização constante.

eu tive sorte. li muitos livros. Assim como vc sei quem é vladimir e estragon. alias por que vc compara batman/coringa com este personagens? apenas para citar o quanto vc é culto?

quando temos oportunidade de ver coisas diferentes o que vc fala?
"um filme para o público de massa não pode se dar ao luxo de deixar coisas para o público concluir”

quem é esta massa que vc  diz? eu ? os brasileiros que assitem as novelas de alto nivel da globo?
somos todos uns imbecis então que não podemos concluir nada?

é um luxo concluir? pensar é luxo?

vou dizer apenas uma vez: as pessoas não são tão bobas como antes. as informações são mais acessiveis. temos a web. ebooks gratuitos. este luxo de concluir ja não é tanto luxo. e acessivel a todos.

quando aparece filmes diferentes, quando temos oportunidade de ver filmes mais densos, que saem deste mundinho global, o que vc fala?

somos muito serios.

então vamos rir bstante, deixar o lula roubar tudo. vamos ficar sem nada so assitindo TV. sem filmes inteligentes. afinal somos serios demais.

vc não foi feliz em seu comentario. leio de 30 a 100 livros por ano.  e me irrito com arrogantes como vc que ditam o que as pessoas devem pensar. 

 
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