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Forum Cinema em Cena

Andrei Tarkovski


Dook
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Não achei o tópico do cara.

Filmografia:

Hoje não haverá saída livre (1959)
O Rolo Compressor e o Violinista (1960)
A Infância de Ivan (1962)
Andrei Rublev (1966)
Solyaris (1972)
O Espelho (1974)
Stalker (1979)
Nostalgia (1983)
Tempo de Viagem (Documentário para a RAI) (1983)
O Sacrifício (1986)

 

 

Stalker



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"Quando o homem nasce, é fraco e flexível; quando morre é impassível e duro. Quando uma árvore nasce, é tenra e flexível; quando se torna seca e dura, ela morre. A dureza e a força são atributos da morte; a flexibilidade e a fraqueza são a frescura do ser. Por isso, quem endurece, nunca vencerá..."

Esta é talvez a maior desconstrução de um lugar comum para revelar o que pode ser uma verdade absoluta. É um diálogo que sai da boca de um dos protagonistas, o único "crente" que, diante de uma força que ele não compreende totalmente, embora acredite nela, leva-o a respeitar a autoridade, a imponência desta força, a famosa "Zona", acompanhado de um escritor e um cientista, ambos incrédulos, mas admitidos de suas encucações existenciais, buscando o verdadeiro sentido de suas existências.

Tarkovski dirige como nunca vi ninguém dirigir um filme antes. Aqueles que acham que Kubrick é "lento demais" em seus filmes, irão vê-lo como um Michael Bay após assistir um Tarkovski. Stalker tem 163 minutos de duração onde ocorrem poucos acontecimentos, mas nesses poucos acontecimentos, Tarkovski desnuda a forma como o ser humano enxerga o mundo e seus mistérios, sejam eles físicos ou espirituais não deixando pedra sobre pedra. Para o diretor, só é possível o ser humano compreender a sua existência quando ele assume a sua impotência diante do mundo e de tudo o que ele significa e acredita que há algo mais do que os olhos podem ver. Neste sentido, Tarkovski é especialmente cruel com os "incrédulos", aqueles que não conseguem compreender que há mais coisas entre o céu e a terra do que imagina nossa vã filosofia. Tarkovski trabalha com a infelicidade tanto de crentes como com a de descrentes. Mas é direto: mesmo num quadro geral de infelicidade e miséria, os descrentes são mais infelizes do que os crentes. Num mundo cada vez mais cético, Stalker poderia representar um "despertamento" não para o misticismo, não para o sobrenatural irracional, mas para a espiritualidade intrínseca a todo ser humano, que, se estimulada corretamente, o ensina a negar-se a si mesmo em prol do outro, contribuindo para uma harmonização do indivíduo não só para com o seu próximo, mas para com o mundo que o cerca, onde para Tarkovski (e para o cristianismo, a fé do diretor) está a verdadeira felicidade, o sentido da vida, mesmo em um mundo sépia, desolado, com uma sociedade desesperançosa e cética.

5/5 (nota simplista, Stalker consegue a façanha de me fazer dar 1000/1000)



Dr. Calvin2008-11-27 23:41:14
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O Espelho, Stalker, Solaris e Andrei Rublev são OPs. A Infância de Ivan também é considerado por muitos, mas eu acredito estar um pouco abaixo dos quatro, assim como Nostalgia.

 

Pena que aqui no Brasil os filmes ganharam aquelas edições porquíssimas da Continental. Triste.

 

Schonfelder2009-04-25 17:03:35

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Legal' date=' só que se os outros voce escreveu o nome em portugues o correto seria o Solaris tbm estar escrito em Portugues neh?
voce é que sabe.
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E você acha que Solyaris é o nome do filme em russo? 06

 

Tanto Solyaris como Solaris está certo. É como Seven e Se7en; ambas as formas estão corretas.
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Legal' date=' só que se os outros voce escreveu o nome em portugues o correto seria o Solaris tbm estar escrito em Portugues neh?

voce é que sabe.

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E você acha que Solyaris é o nome do filme em russo? 06

 

Tanto Solyaris como Solaris está certo. É como Seven e Se7en; ambas as formas estão corretas.

 

Não o nome do filme em Russo é: Солярис

 

Sim está certo.

Porem em portugues o correto é Solaris.

Solyaris é o nome original do filme.

 

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O Espelho' date=' Stalker, Solaris e Andrei Rublev são OPs. A Infância de Ivan também é considerado por muitos, mas eu acredito estar um pouco abaixo dos quatro, assim como Nostalgia.

 

Pena que aqui no Brasil os filmes ganharam aquelas edições porquíssimas da Continental (acho que só Rublev está em widescreen, pra começar). Triste.

 

[/quote']

 

Eu gosto muito de Infancia de Ivan não sei se é sua obra-prima porque alem desse eu vi só o Rolo Compressor e o Violinista tambem muito bom.

Não posso nem dar uma nota pq ja faz tempo que vi. Mas seria otimas notas.

Infelizmente nao consegui terminao de ver o Espelho.

 

Triste mesmo sair só pela continental.

 

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Melhor diretor de todos os tempos' date=' o Kubrick russo.02

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Eu quando assisti os dois filmes do Tarkovski comecei a tentar compara-lo com o Kubrick por sua qualidade tecnica, acho os dois bem parecidos em sua presição de camera e planos. Mas como eu parei de ver os filmes dele não pude continuar a fazer essa comparação. E ela talvez seja exagerado, não acho mto legal ficar comparando diretor, talvez só as suas pequenas semelhanças se realmente existir.

Para mim Kubrick é o Maior, e o Tarkovski é um dos gigantes.

Jess Franco2008-11-30 21:20:34

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  • 4 months later...
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Solaris

 

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"Só me interessa a verdade. Não posso guiar-me por impulsos da alma. Não sou poeta."

Mais uma tour de force de quase 3 horas. E quando se fala de Tarkovski é a duração sentida na pele mesmo, cada minuto é de fato um minuto. E aqui o Tarkovski-way me deixou um pouco de saco cheio... Toda a primeira parte do filme, apesar de decorada com imagens saídas de sonho, diálogos fantásticos e exposição de plot que atiça a curiosidade do verdadeiro cinéfilo, é complicada de acompanhar, já que o Tark não está nem aí para a paciência do expectador e dá-lhe sequências inteiras de 5 minutos em que nada acontece, exceto o sono pesado por parte de quem se aventura a assistir.

Mesmo assim, nesta primeira parte Tark acaba sendo bem sucedido ao aprontar o mote do que virá. Chris Klein, o psiquiatra pragmático e cético terá a oportunidade de fazer o que qualquer ateu fundamentalista sonha mas não consegue levar a cabo: pôr fim à crença naquilo que transcende a compreensão (limitada) humana. Mal sabe ele que seu juízo será colocado à prova quando ele chegar na estação na órbita do planeta título e se deparar com sua própria consciência, intensificando sua crise existencial já profunda quando o filme tem início.

Solaris, da mesma forma como Stalker, discursa em favor da crença, da fé. O incrédulo (aqui protagonista) sofrerá o diabo a menos que reconheça a sua pequenez e assuma que a sua incredulidade responde dúvidas até a primeira esquina. Dali em diante, ou ele crê ou ele pira.

Tecnicamente falando o filme é aquele desbunde que se espera do Tarkovski e que ele entrega com a eficiência de sempre. O filme cresce assustadoramente quando Kelvin finalmente chega na Estação Solaris e o que se segue é quase um filme de terror com vultos passando, silêncio inquietante, um clima realmente assustador. Mas não pára aí. Os personagens da Estação representam as concepções de mundo de uma humanidade em crise. Uma crise da verdade, onde o relativismo dita as regras; uma crise do pragmatismo, onde a busca pelo conhecimento em todos os seus níveis é sacrificado pela demanda de um resultado concreto, palpável, crível. E, por fim, uma crise onde o homem se mostra totalmente incapaz de lidar com todas as camadas do universo que o cerca e que o forma.

Li em algum lugar que Solaris era um "ensaio" para o que viria a se tornar Stalker. Depois de vê-lo, concordo plenamente, para o bem e para o mal. Solaris vai pegando pelas bordas, como um gourmet que começa a apreciar sua refeição pelas beiradas; Stalker vai no ponto nevrálgico da questão. E esse "ensaio" poderia muito bem explicar a falta de ritmo da primeira parte do filme... Ou talvez tenha sido o meu sono mesmo que interrompeu o processo de total imersão no filme... Quem sabe o filme não cresce na revisada?

4/5
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