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Capitu - Minissérie Globo


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Machado de Assis

Minissérie 'Capitu' estréia dia 9 na Globo de olho nos jovens com trilha sonora de rock

No videoclipe de seis minutos com um aperitivo do que poderá ser visto a partir do dia 9 de dezembro na minissérie "Capitu", apresentada nesta quarta-feira à imprensa, o rock embala o amor entre Bentinho e a personagem-título na produção baseada no romance "Dom Casmurro", de Machado de Assis. A trilha sonora com o indie rock do Beirut e o heavy metal do Black Sabbath, entre outros, pretende atrair a audiência jovem para o clássico da literatura brasileira.

Há o desejo de quebrar o preconceito juvenil de que Machado de Assis é obtuso, de difícil compreensão que se tem quando se lê o autor aos 14, 15 anos. Vamos lutar contra esse preconceito. A literatura dele não é de época. É moderna, na forma e no conteúdo. Usei rock porque eu gosto de rock e no desejo de fazer com que o Machado pudesse ser entendido não como um velhinho da Academia Brasileira de Letras, mas como um criador da alma humana - filosofa Luiz Fernando Carvalho, diretor da minissérie.

Apesar de estar de olho na audiência juvenil e na dos "incultos", Luiz Fernando admitiu que não fez nenhum tipo de "suavização" no texto de "Dom Casmurro".

Acho que o nível do povo tem sido rebaixado há décadas no que se convenciou a se chamar de "indústrial cultural", da consagração imediata. Sou contra esse modelo e proponho o meu trabalho. Não fiz nada com o Machado no sentido de amortizar, de fazer concessões. Tudo o que se vê no livro são palavras dele e elas estão na minissérie.

A maior parte do elenco de "Capitu" é também jovem e inexperiente em TV . As exceções são Maria Fernanda Cândido (que por estar amamentando seu filho de um mês não compareceu ao lançamento da produção), a Capitu da segunda fase, e Eliane Giardini, a Dona Glória, mãe de Bentinho. O personagem é vivido pelos atores César Cardadeiro (na fase de seminarista) e Michel Melamed (adulto e narrador Dom Casmurro). O diretor Luiz Fernando gosta de revelar talentos.

É um conceito que marca o projeto "Quadrante" (que inclui "A pedra do reino" e mais outras duas histórias da literatura brasileira de diferentes regiões). Gosto de trabalhar com atores excluídos da grande mídia. Não acredito que o Brasil só tenha esse grupo de atores conhecidos - opinou o diretor.

Ex-apresentador de TV, Melamed exagera e chama Carvalho de "cupido".

Nunca tinha feito teledramaturgia antes. Foi uma experiência apaixonante. Eu acho que desmascarei o Luiz Fernando. Na verdade ele é um cupido: deixa todo mundo que trabalha com ele apaixonado - elogiou Michel, que já tem longa estrada no teatro.

As lantejoulas sobre Luiz Fernando recaem também sobre o processo laboral adotado por ele. Durante dois meses, num galpão alugado no Centro do Rio - local da entrevista coletiva - o diretor reuniu os atores para um processo de imersão no universo machadiano. Foram ensaios, leituras, pesquisas, oficinas, das 8 às 19h, de segunda a sexta.

Durante os ensaios, acabamos fazendo uma peça, um filme e uma minissérie. Pensamos até em abrir para o público. Tínhamos todas as falas de todos na ponta da língua. Depois, no prédio do Automóvel Club do Brasil (onde se passam 99,9% da minissérie), tínhamos apenas uma câmera, o que aparecia um filme, e agora estamos lançando a minissérie. Foi bastante intenso. E precisava ser assim. Não dá para encenar Machado de Assis sem essa entrega - explicou Eliane Giardini, que volta a trabalhar com o diretor que a revelou na TV, na novela "Helena" (1987), também de Machado, na extinta TV Manchete.

A eterna discussão se Capitu traiu ou não Bentinho com Escobar (interpretado também pelo novato Pierre Baitelli) está presente sem nenhum juízo de valor.

Se ela traiu ou não é o que menos importa. O romance tem esse buraco que só traz a voz dele. O que faz a dúvida persistir é justamente isso - pondera Eliane Giardini.

"Capitu" terá cinco capítulos e estréia dia 9 de dezembro, na faixa das 23h. Cada episódio com menos de uma hora de duração custou R$ 1 milhão, bem mais do que os R$ 300 mil de uma novela das oito e digno de orçamento de um longa-metragem de 35 mm. Mesmo assim, Luiz Fernando achou o valor "apertado".

O orçamento apertado é uma faca de dois gumes. Tinha que resolver essa equação. Trabalhamos com materiais reciclados e com uma única locação, criando no Automóvel Club do Brasil o espaço operístico símbolo da obra de Machado de Assis, que veio a calhar com a redução de orçamento - explicou Luiz Fernando, que utilizou desenhos de giz de cera no chão para simular até um jardim que serve de cenário para o romance entre Capitu e Bentinho.

A baixa audiência conquistada com as produções do projeto "Quadrante" ("A Pedra do Reino" teve média de 10 pontos, perdendo para a rival Record) não preocupa Luiz Fernando.

Minha expectativa é de comunicar, de passar uma verdade. Não quero números altos com um monte de gente anestesiada e apática assistindo. Busco uma comunicação direta, uma reação. Isso é outro departamento. Se eu me deixar levar pelo Ibope estarei mudando meu ponto de vista. Se cair nessa, não faço nada. É uma guerra santa - finaliza o diretor.

26_MHG_retv_capitu90.jpg

Minissérie 'Capitu': cena de amor entre Bento (Michel Melamed) e Capitu (Maria Fernanda Cândido).

 

26_MHG_retv_giardini5.jpg

Atriz Eliane Giardini em 'Capitu'.

 

26_MHG_retv_capitu91.jpg

Cena da minissérie 'Capitu' com o ator Pierre Baitelli, que faz o Escobar.
KSYVICKIS2008-12-10 03:38:09
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"Capitu luta para ser feliz", diz Maria Fernanda Cândido

 

Em "Capitu", minissérie que a Globo exibe em cinco capítulos a partir do próximo dia 9, Maria Fernanda Cândido interpreta a personagem título na fase adulta. Dividindo o papel com a estreante Letícia Persiles, a atriz conta que continuar um personagem que uma colega já começou foi um grande desafio.

Em entrevista à Folha Online, Maria Fernanda fala sobre sua participação no especial, a preparação de sua personagem e sua relação com a obra de Machado de Assis.

Leia abaixo a entrevista.

Folha Online - Seu trabalho em "Capitu" vai ser dividido com a atriz Letícia Persiles. Como é interpretar uma outra versão de um personagem? Você prestou mais atenção na interpretação dela ou mesmo combinou algumas coisas para não fugir de um padrão?

Maria Fernanda Cândido - Fazer a Capitu adulta foi um grande desafio. Porque uma coisa é você começar a fazer uma personagem, a outra é continuar o que uma colega já começou. Mas eu acompanhei muito de perto o trabalho da Letícia, fizemos exercícios juntas.

Para a composição da Capitu menina a Letícia montou uma caixinha com antigas cartinhas da adolescência dela, eu participei com ela dessa caixinha, a gente abriu essa caixinha juntas. Estive do lado assistindo às cenas dela com Bentinho.

Fizemos juntas as aulas de dança, de movimentação, nos espelhávamos uma na outra, mas não com o compromisso de fazer igual e dar continuidade aos gestos dela. Isso não foi uma exigência: "ah, ela faz a mãozinha assim, então tenho que fazer também". Porém, a gente precisava estar afinada na questão dessa alma feminina. O trabalho teve esse direcionamento.

A gente não tinha que se "imitar", não era a proposta e não tinha nenhuma técnica específica. Mas a caixinha da Letícia era minha também. A lembrança toda da adolescência de Capitu estava ali, então, ela era importante para a Capitu adulta também.

Folha Online - Você já interpretou uma versão da Capitu nos cinemas, no filme "Dom". A receita para fazer o personagem é a mesma ou dessa vez sua concepção é outra?

Maria Fernanda Cândido - O filme e a minissérie são obras com concepções diferentes. O filme foi uma livre inspiração, os diálogos são outros, não é fiel ao livro, conta uma história contemporânea. A minissérie tem uma outra abordagem, outra leitura. Nesse trabalho do Luiz [Fernando Carvalho, diretor da minissérie] a gente tem uma adaptação muito fiel ao livro. Machado de Assis está realmente presente, as falas são de diálogos que estão de fato no livro.

Fizemos um laboratório de quase três meses que foi bastante denso, profundo. Ficávamos o dia inteiro mergulhados, estudando, tivemos uma boa aproximação com a obra. Estudamos realmente todas essas relações familiares, as questões políticas da época, as críticas aos costumes e à elite branca da época, um pouco dessa relação entre mãe e filho, Dona Glória e Bentinho, e como tudo isso possivelmente poderia ter afetado na formação da personalidade desse homem.

Tivemos várias palestras incríveis com profissionais de diferentes áreas, psicanalistas, historiadores. Tudo amplia muito sua visão, você consegue abordar a obra por vários ângulos. Minha composição foi um mosaico. Esse trabalho não é realista. Capitu é uma personagem mítica. Quais são os mitos dessa mulher? O que ela representa? Qual é seu arquétipo? Tudo isso foi utilizado para a composição da personagem.

Também acho que o trabalho físico teve uma importância fundamental. Gravamos em um grande espaço em ruínas, os cenários não eram realistas, a gente tinha apenas alguns elementos das casas dos personagens. Então, a tradução desses personagens tinha muito que estar no nosso corpo, no nosso movimento. O trabalho físico foi mesmo de extrema importância nessa composição.

Folha Online - Como é viver uma personagem de Machado de Assis?

Maria Fernanda Cândido - A obra de Machado de Assis que é uma preciosidade da literatura brasileira e, para mim, uma fonte de estudo inesgotável. O Machado tem muita sensibilidade.

Folha Online - Como leitora, você já se interessava pela personagem antes mesmo de ser cotada para interpretá-la?

Maria Fernanda Cândido - Recebi o convite para fazer Capitu com muita alegria, muito prazer. Eu fiquei realmente lisonjeada, porque Capitu é mesmo a grande personagem da literatura brasileira. Capitu é uma mulher muito cheia de vida, uma pessoa que luta para ser feliz, muito otimista, muito positiva em relação à vida. É uma mulher que cria saídas para as dificuldades, não é uma pessoa que se acomoda em um momento difícil ou diante de um obstáculo que aparece na frente dela. É criativa, inventiva.

Folha Online - Qual a diferença entre fazer um papel em uma novela e em uma minissérie?

Maria Fernanda Cândido - Capitu é um trabalho muito mais artesanal, manual, muito diferente de se fazer uma novela.

Folha Online - Pra você, Capitu traiu ou não Bentinho?

Maria Fernanda Cândido - Esse foi o terceiro momento que tive contato com "Dom Casmurro", especificamente. O primeiro foi aos 18 anos, depois aos 27 e agora aos 33. Tive impressões muito diferentes em cada uma dessas fases, e foram muito interessantes todas elas.

Nesta fase da minha vida, em que me aproximei novamente dessa obra, percebi que a traição não é a questão essencial do livro, e sim a dúvida. A dúvida é o tema central de "Dom Casmurro". Então, acho que é uma questão aberta, que não tem resposta e deve continuar assim. E a série respeita o Machado de Assis no sentido de que Luiz Fernando fez realmente um grande tratado sobre a dúvida.

KSYVICKIS2008-12-03 04:12:28
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Minissérie 'Capitu' vai apresentar 'Angelina Jolie brasileira'

Letícia Persiles faz protagonista sob direção de Luiz Fernando Carvalho
Adaptação de Machado de Assis estréia dia 9 de dezembro na TV Globo.

O diretor Luiz Fernando Carvalho apresentou nesta quarta-feira (26) o elenco da minissérie "Capitu", que estréia dia 9 de dezembro na TV Globo. Para levar a adaptação da obra de Machado de Assis à tela, o diretor optou por investir em atores e atrizes desconhecidos do público e, em sua pesquisa, acabou descobrindo Letícia Persiles, uma espécie de versão brasileira de Angelina Jolie.

"Eu vi a imagem dela numa foto de jornal e fiquei impressionado com a força dos seus olhos. Tive certeza de que ali estava a minha Capitu", conta Luiz Fernando Carvalho, que quis dar uma roupagem jovem, "inspirada no rock", para a história da misteriosa personagem do clássico "Dom Casmurro".

"A Capitu precisava ser vivida por uma atriz com atitude, que visse o mundo de uma maneira desglamourizada, e a Letícia traz isso tudo: ela canta numa banda de rock independente e participa de um grupo de teatro de rua", diz o diretor.

Letícia, que é fã declarada de Angelina Jolie, diz que costuma ser confundida com a estrela americana. "Eu adoro, é uma honra", afirma a atriz de 25 anos, que canta e toca percussão na banda Manacá. 

Mesmo com a estréia na TV, em "Capitu", e um barrigão de sete meses de gravidez, ela diz que não tem planos de abandonar os shows do grupo de rock. "Acredito que vou fazer outros trabalhos na TV, mas estou bem voltada para a banda, é minha vida."

Elenco

Na minissérie de cinco capítulos, a atriz novata faz a protagonista Capitu jovem, enquanto Maria Fernanda Cândido interpreta a versão mais velha da protagonista. Maria Fernanda, que não compareceu ao evento desta quarta por ter dado à luz há cerca de um mês, é um dos poucos nomes famosos do elenco de "Capitu", ao lado da veterana Eliana Giardini.

"Gosto de trabalho com atores que são excluídos da grande mídia. A gente está acostumado a ver sempre as mesmas caras, e eu caminho na contramão. A verdade é que existe uma enorme quantidade de talentos desperdiçados por aí."

Inspirado no livro de Machado de Assis, "Capitu" dá continuidade ao projeto "Quadrante", de Carvalho, que leva clássicos da literatura brasileira para a TV. No ano passado, o diretor lançou a minissérie "Pedra do reino", baseada na obra de Ariano Suassuna.

0,,15996660-EX,00.jpg 0,,15996646-EX,00.jpg A estreante Letícia Persiles será Capitu; Luiz Fernando Carvalho e a atriz.
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Eu odeio esse conceito "hoje é dia de maria". Odeio mesmo. Não gosto.

 

Verei essa mini série por causa da Letícia,a  jovem Capitu. Ela é vocalista da banda Manacá... é "famosinha" no meio underground.

 

Ah, ela está grávida de sete meses...descobriu que estava grávida durante as gravações... como ela não diz quem é o pai, as más línguas já apontam para o diretor Luis Fernando Carvalho... teste do sofá??06

 

 

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Eu odeio esse conceito "hoje é dia de maria". Odeio mesmo. Não gosto.

 

 

 

É o conceito ideal para aplicar em uma obra clássica como Machado de Assis, figurinos e cenários tendendo a “caricaturas” é uma visão que foi bem explorada em "hoje é dia de Maria" e que pode dar certo nessa mini-série.

 

 

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Eu odeio esse conceito "hoje é dia de maria". Odeio mesmo. Não gosto.

 

 

 

É o conceito ideal para aplicar em uma obra clássica como Machado de Assis' date=' figurinos e cenários tendendo a “caricaturas” é uma visão que foi bem explorada em "hoje é dia de Maria" e que pode dar certo nessa mini-série.

 

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Tudo bem, mas eu não gosto05

 

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Ah' date=' esse ai que você citou nem vi também, achei muito diferente demais pro meu gosto... Mas esse ai é a adaptação de um livro né, e bacana... Eu acho que será bom!!![/quote']

 

Um livro não. A melhor obra do maior escritor brasileiro de todos os tempos, o clássico "Dom Casmurro" de Machado de Assis!

 

Pôxa Bárbara, você não quer fazer Letras? Como ignora assim o Machado? Pode até não gostar dele, mas ignorá-lo, jamais.

 

03
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Série transporta Machado de Assis para século 21

O diretor Luiz Fernando Carvalho dá seguimento ao projeto que vem comandando de microsséries televisivas permeadas pela linguagem do teatro, com influência de cinema, dando um tom mais lúdico a romances. O escolhido da vez foi Dom Casmurro, de Machado de Assis. A obra ganhou a versão Capitu, que estréia nesta terça, às 22h55, na Globo, como parte da celebração do centenário da morte de Machado de Assis, este ano.

A volta do suposto triângulo amoroso formado por Bentinho, Capitu e Escobar ganha moldes mais joviais, embalada ao som de rock, um pouco de jazz e em um ambiente de ópera. "Capitu é uma oferta de reconciliação entre Machado de Assis e os jovens", explica Luiz Fernando Carvalho.

Sutilezas

Carvalho não enfatizou o sugerido adultério de Capitu, tema mais que batido nas aulas do ensino médio sobre o romance de Machado. As aparências na sociedade, a desconfiança e a fixação em idéias imaginárias dão o tom da microssérie, abordando temas mais sutis do livro.

Talvez a maior das sutilezas, já apontada por críticos como Millôr Fernandes, seja a relação um tom acima dos padrões normais entre Bentinho e Escobar. A afetividade presente nos gestos e nas conversas de ambos, os olhares e os ciúmes foram captados para o projeto, deixando nas entrelinhas um desejo homossexual enrustido. Carvalho credita o carinho entre Bentinho e Escobar como fruto de uma elite branca falsa, volátil e indefinida do século 21.

Literatura

A microssérie Capitu é composta de cinco capítulos divididos em crônicas que se completaram por colagens. Referências ao cinema e às artes plásticas, como o francês Jacques Villeglé, dão os parâmetros para a narrativa de Carvalho.

Capitu faz parte do projeto Quadrante, voltado para a interação com a literatura brasileira. O primeiro programa do projeto, A Pedra do Reino, também dirigido por Luiz Fernando Carvalho, dividiu a crítica e não foi aceito pela audiência. Agora, por meio do apelo à juventude e a proximidade com a cultura contemporânea, Carvalho espera maior diálogo com o público, deixando de lado o Machado presidente da Academia Brasileira de Letras.

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Só não entendo por que não chamar a série de "Dom Casmurro"' date=' o nome original, já que se define tão fiel ao livro e se não vai enfocar o sugerido adultério...[/quote']  URSA, a explicação do diretor é essa:

Do título
A opção pelo título ‘Capitu’ e não ‘Dom Casmurro’, como no livro de Machado de Assis, veio da idéia de aproximação da obra. Não se trata, portanto, de uma simples transposição de um suporte para outro. De acordo com Carvalho, além dessa busca por dialogar com a obra original, há também uma outra tentativa: o diálogo com a personagem Capitu, que no texto de Machado é tão misteriosa e enigmática.
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Obra-prima de Machado de Assis volta modernizada na microssérie 'Capitu'

 

Embalada ao som de Jimi Hendrix; pelos acordes metálicos de "Iron man", de Ozzy Osbourne; e por uma canjinha de "Cheek to Cheek", adocicada pelo gogó de Fred Astaire, "Capitu", a nova microssérie de Luiz Fernando Carvalho, estréia nesta terça-feira na Globo, às 22h55m, dando à literatura de Machado de Assis (1839-1908) um ar de ópera-rock. A trama vem de "Dom Casmurro" (1899), um marco do romance nacional. Mas vai ter gente achando que é "Maria Antonieta", de Sofia Coppola. Só que a atração é bem mais lúdica do que o filme de Sofia, trazendo um tom da mais pura brasilidade. Nunca se viu século XIX mais pop, com flertes entre o jovem Bento Santiago (César Cardadeiro) e Capitu (Letícia Persiles, vocalista do grupo Manacá) na levada de "Elephant gun", da banda Beirut.

"Capitu" é uma oferta de reconciliação entre Machado de Assis e os jovens - explica o cineasta e diretor de TV Luiz Fernando Carvalho.

Consagrado por sucessos como a novela "Renascer" e a série "Hoje é dia de Maria", Carvalho encara "Dom Casmurro" como "um romance interativo", que mistura crônica e ópera:

A estrutura do livro é quase a de um conjunto de microcontos separados por entretítulos, como se fossem as cartelas de texto do cinema mudo. É uma literatura de colagens. Isso é algo que está na ordem do dia. Por isso, eu me preocupei em oferecer aos jovens, que estão acostumados a essa interatividade, o Machado que vem sendo mal administrado nas escolas, numa obrigatoriedade de ensino para adolescentes de 14 e 15 anos que não têm condições de absorver sua sutileza.

Na tela pequena, a leitura de Carvalho para "Dom Casmurro" se preocupa pouco com a hipótese de adultério de Capitu (vivida na idade adulta por Maria Fernanda Cândido). A série se concentra mais em dissecar o mundo de aparências em que ela desconcerta o coração e os dogmas de dândi do jovem Bento. Mais velho, o personagem é confiado ao poeta, ator e apresentador Michel Melamed.

Mais do que um poeta, Melamed é um falador. Ou melhor, um fala-dor, com hífen. É alguém que fala da dor - ressalta Carvalho.

Escobar, o amigo de infância de Bentinho que será o combustível de suas desconfianças, é encarnado por Pierre Baitelli. A relação dos dois é capaz de atiçar a malícia do público.

Há uma homo-afetividade explícita entre eles que é natural do mundo de dândis do século XIX. Bentinho é filho da elite branca que devia sua existência à escravatura. Aquela elite cínica, falsa e inconfiável, que nasceu no Brasil querendo ser francesa, gerava frutos como Bentinho. Frutos indefinidos - frisa o diretor.

Dividida em cinco capítulos, "Capitu" é o segundo programa do projeto "Quadrante", voltado para diálogos com obras literárias de diferentes regiões do Brasil. O primeiro foi o polêmico "A pedra do reino", ancorado na prosa de Ariano Suassuna, que foi ao ar em 2007, com baixos índices de audiência. Na ocasião, "A pedra..." rachou o gosto dos críticos com sua aridez narrativa. Hoje, às vésperas da estréia de seu novo trabalho, Carvalho refuta a idéia de que a descolada roupagem da nova série seja um esforço seu para atrair telespectadores.

Talvez eu tenha tido uma leitura hermética em "A pedra do reino", mas ela foi necessária naqueles dias. Como diz Ariano, aquela microssérie é para ser entendida daqui a dez anos. "Capitu" segue a estrutura que tem porque cada livro do projeto "Quadrante" exige um exercício de linguagem diferente. A cada um, eu sou forçado a rever meu olhar - afirma o diretor, que rodou o novo trabalho no prédio do Automóvel Clube do Brasil, no Passeio. - "Dom Casmurro", que foi escrito a partir das ruínas de um tempo, com ceticismo em relação ao futuro que viria, revela um Machado dadaísta, que trabalha a partir de restos. Por isso, a narrativa desta microssérie dialoga com um conjunto de restos de imagens de arquivo. Daí ter filmado no velho prédio Automóvel Clube. Filmei lá porque ali também havia ruínas de um tempo.

Filmes como "Drácula de Bram Stoker" (1992), de Coppola, e "As loucas aventuras de Rabbi Jaccob" (1973), de Gérard Oury, são evocados a cada plano de "Capitu". Mas Carvalho, aclamado como cineasta com "Lavoura arcaica" (2001), não foi à telona buscar parâmetros para narrar "Dom Casmurro". Ele se aproximou mais da obra de artistas plásticos afeitos a colagens, como o francês Jacques Villeglé e o georgiano Andro Wekua, e do teatro.

"Capitu" dialoga com "O doente imaginário", de Molière, uma vez que Bentinho se inflamou em suas imaginações, elegendo aparências como verdades absolutas. Esse embate entre aparência e verdade é uma crítica à própria televisão, que nos leva a crer que estamos na mais fina das repúblicas neste Brasil de coronéis e de milícias. Isso já estava em Machado, o que mostra o quanto esse escritor era moderno.

É nessa visão de modernidade que "Capitu" melhor pode surpreender os professores do ensino médio, que lutam para fazer de "Dom Casmurro" uma leitura prazerosa.

Uma das formas de vencer a indiferença dos alunos ao livro é apelar para a questão do suposto adultério de Capitu. Mas essa polêmica é o que menos importa diante do ensaio existencial de Machado sobre como a dúvida impede um homem de viver - diz o professor de Literatura Diogo de Oliveira Mendes, que assistiu aos primeiros capítulos da microssérie a convite do GLOBO, e exclamou um "Dar aula agora será mais fácil!" ao fim da exibição.

Mestre em Literatura pela UFRJ e professor da rede Ponto de Ensino, Mendes diz que "Capitu" faz mídia e cultura comungarem sem hermetismos.

Ao ultrapassar a questão do adultério, Carvalho explora de forma poética como Bentinho é a alegoria de como uma idéia fixa pode auto-anular alguém. Esta é a atemporalidade do livro, tão importante de ser compartilhada em aula, para além de discursos oficialescos.

Para o diretor, o maior desafio de "Capitu" era o de tirar Machado dessa oficialidade:

Falar de "Dom Casmurro" é lidar com a juventude. Para isso, é preciso desvelar Machado, tirando a redoma de presidente da Academia Brasileira de Letras em volta dele e deixando o Bruxo solto.

05_MHG_capitu2.jpg 
KSYVICKIS2008-12-08 21:46:48
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Estréia amanhã a microssérie 'Capitu' na Globo

Capitu traiu ou não? Essa pergunta tem sido formulada toda hora em razão do centenário da morte de Machado de Assis. Mas a eventual traição de Capitu com Escobar, amigo do seu marido Bentinho, não estará no centro da microssérie de cinco capítulos dirigida por Luiz Fernando Carvalho e que começa a ser apresentada a partir de amanhã, na Globo. Produção é baseada em Dom Casmurro, o mais ambíguo dos romances de Machado, uma das obras-primas de sua fase de maturidade.

Escrito em 1889, o romance continua a produzir discussão até hoje. E não apenas por deixar em aberto a possibilidade de um adultério, mas porque fornece um retrato sutil, costurado nas entrelinhas, da hipócrita sociedade carioca durante o Império. O roteiro teve consultoria de Daniel Piza, biógrafo de Machado e editor-executivo do jornal O Estado de S. Paulo.

Dom Casmurro (Michel Melamed) vê a si mesmo como o Bentinho jovem (César Cardadeiro) tentando fugir à promessa religiosa da mãe, dona Glória (Eliane Giardini), e encantando-se progressivamente com sua vizinha Capitolina, a Capitu (Letícia Persiles) dos "olhos oblíquos, de cigana dissimulada", como a classifica outro dos personagens de Machado, o agregado José Dias (Antônio Karnewale). O núcleo familiar é completado pela histérica prima Justina (Rita Elmôr) e o debochado tio Cosme (Sandro Christopher), ambos viúvos como dona Glória. José Dias firma um pacto com Bentinho para tirá-lo do seminário, porque deseja acompanhar o rapaz numa futura e hipotética viagem de estudos à Europa.

O mais importante é que Carvalho não apenas preserva o "enredo" do livro, mas o reinventa em linguagem audiovisual sem perder a sua pegada literária. As roupas podem ser de época, mas os atores parecem decididamente modernos. Assim como contemporâneos são os procedimentos de misturar o personagem do "presente" (Dom Casmurro) com aquele que ele foi no passado (Bentinho), passar de uma seqüência temporal a outra, contemplar com segurança a vocação digressiva de Machado que não se afasta do ponto principal por indisciplina narrativa mas para olhá-lo por mais de uma perspectiva. Assim, a polifonia da prosa machadiana é transposta para esse espetáculo audiovisual encenado por Luiz Fernando. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Só não entendo por que não chamar a série de "Dom Casmurro"' date=' o nome original, já que se define tão fiel ao livro e se não vai enfocar o sugerido adultério...

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URSA, a explicação do diretor é essa:

Do título
A opção pelo título ‘Capitu’ e não ‘Dom Casmurro’, como no livro de Machado de Assis, veio da idéia de aproximação da obra. Não se trata, portanto, de uma simples transposição de um suporte para outro. De acordo com Carvalho, além dessa busca por dialogar com a obra original, há também uma outra tentativa: o diálogo com a personagem Capitu, que no texto de Machado é tão misteriosa e enigmática.

 

 

 

 

Fez um discurso cult, cool, conceitual, hermético, quase erudito...smiley23...só pra dizer que colocou Capitu pra focar nas duas atrizes lindas e chamar a atenção do povão pra assistir, depois diz que não liga para audiência...06

 

Só um p.s.: Estou ansiosa pra assistir pois amo esta obra do Machado, e acho muito válido estas experimentações na televisão, eles deveriam se tocar que uma obra dessas ou como "A Pedra do Reino", atingir 10 pontos de ibope é ótimo, pois não é pra qualquer um.
Ursa2008-12-09 12:13:03
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‘Capitu’ chega à televisão em versão pop

Minissérie em cinco capítulos estréia nesta terça-feira (9), na TV Globo.
'Machado de Assis é pop', diz diretor Luiz Fernando Carvalho.

A partir desta terça-feira (9), o público poderá conhecer o lado pop de Machado de Assis, com a estréia da minissérie “Capitu”, que vai ao ar na TV Globo. Com cinco capítulos, a minissérie é uma adaptação de “Dom Casmurro”, clássico da literatura brasileira.Para o diretor de “Capitu”, Luiz Fernando Carvalho, o desafio foi transformar a obra do escritor em um programa atraente para os jovens. “O texto é Machado de Assis vírgula por vírgula, mas queria acabar com o preconceito que os jovens têm em relação a esse autor, só porque ele costuma ser empurrado pela goela abaixo nas escolas. Quero mostrar que Machado está vivo e é pop”, diz o diretor. 

A estratégia de Carvalho foi investir em uma trilha sonora regada a rock e pop, com canções que vão da banda de rock clássico Black Sabbath à banda de folk rock Beirut, passando por Manacá, banda independente da atriz Letícia Persiles, que interpreta a jovem Capitu na trama. “Usei o rock com o desejo de atrair a garotada. O Machado ficaria muito feliz se pudesse ser entendido pelos jovens”, afirma o diretor.

Para o visual, Luiz Fernando Carvalho escolheu um universo de ópera rock, lembrando seqüências do filme “Moulin Rouge”, estrelado por Nicole Kidman. “Acredito na televisão feita com qualidade. Neste país, infelizmente, o nível educacional e cultural tem sido rebaixado barbaramente pela indústria cultural, que só se interessa pela consagração imediata e pelo consumo”, afirma. “Eu corro na contramão”, completa o diretor. 

Cenário e elenco

Com orçamento total de cerca de R$ 5 milhões, a minissérie foi gravada quase inteiramente no Automóvel Club do Brasil, um antigo palácio localizado no Centro do Rio, e faz parte do projeto Quadrante, iniciado por “A pedra do reino”.

“O velho palácio em ruínas passou a representar um pouco da alma da história de Dom Casmurro”, diz Carvalho, que escalou um elenco quase todo desconhecido do grande público. Apenas Maria Fernanda Cândido, que interpreta Capitu adulta, e a veterana Eliana Giardini, que vive a mãe do protagonista, aparecem como exceções numa lista de nomes que vêm em sua maioria do teatro.

É o caso de Michel Melamed, que protagoniza a minissérie na pele de Bentinho, também interpretado por César Cardadeiro, em versão jovem. Melamed conta que emagreceu cerca de 20 quilos para encarnar o narrador, um tipo definido pelo ator como um “velho atormentado por lembranças, quase um fantasma”. “Quando você está apaixonado por um trabalho faz qualquer coisa”, diz.

"Gosto de trabalhar com atores que são excluídos da grande mídia. A gente está acostumado a ver sempre as mesmas caras, mas a verdade é que existe uma enorme quantidade de talentos desperdiçados por aí", afirma o diretor.

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