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Deixe Ela Entrar (Let the right one in)


ferreple
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Ninguém sabe também qual era a relação dela com o homem que a ajudava, se foi um possível amante, ou apenas amigo, ou sei lá. E o bom é justamente isso, pois pelo filme não existe uma resposta clara.

A cena da tia lá atacada por gatos é bem assustadora; e toda a cena em que ela acorda e se apavora por ver o sol a queimando e outras coisas, muito boa.
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Na primeira vez que eu vi também não enxerguei dessa forma. Me parece a teoria mais provável até porque o próprio diretor vê as coisas assim.

 

E o filme mesmo parece indicar isso em algumas passagens: O bastão que o garoto usa para bater no valentão da escola é o mesmo utilizado pelo  ajudante da Eli quando ele vai jogar o corpo na água depois que ela mata um cara na frente do prédio. O fascínio que o garoto tem pelos assassinatos (a ponto de colecionar tiras de jornal) também pode ser um flerte com essa idéia. Entre outros momentos.

 

No universo do livro - eu tava lendo no imdb - o ajudante era um professor pedófilo que encontrou a Eli quando já tinha 45 anos.
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  • 3 weeks later...
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Uma estranha relação

No sueco Deixa Ela Entrar, a história de uma afinidade
profunda e intensa entre um menino e uma menina que
vivem um pesadelo – ele, o de ser atormentado pelos
colegas e ela, o de ser uma vampira

Isabela Boscov

 

Oskar tem 12 anos, é terrivelmente infeliz e solitário e, sem que ninguém se dê conta, vive o terror diário de ser atormentado por colegas de escola. Eli também é terrivelmente infeliz e solitária e vive o seu próprio tipo de tormento: como diz a Oskar, ao conhecê-lo em um parquinho coberto de neve, numa noite qualquer na Estocolmo dos anos 80, ela tem "mais ou menos" 12 anos. O que quer dizer que tem 12 anos há muito tempo; é uma vampira, algo que o menino demorará um tempo ainda a descobrir. Nesse intervalo, Oskar e Eli se aproximarão com uma intensidade propiciada não apenas por seu respectivo isolamento, mas por algo tão intangível quanto definitivo: uma afinidade real, mais profunda do que o habitual em sua idade e mais larga do que suas circunstâncias peculiares. Talvez se trate, enfim, de amor – seja de que tipo for. A descrição silenciosa e minuciosa do aflorar desse sentimento é uma das grandes belezas de Deixa Ela Entrar (L¹t den Rätte Komma In, Suécia, 2008), que estreia na próxima sexta-feira no país. Dizer que se trata de um filme de horror não é errado, mas não é tudo. A singularidade do trabalho do diretor sueco Tomas Alfredson, em adaptação do romance do escritor e roteirista John Ajvide Lindqvist, é a maneira como ele se vale dos recursos do gênero para, entre muitas outras coisas, traçar um paralelo entre a compreensão que Oskar pouco a pouco adquire do que Eli é e a aceitação irrestrita de uma condição do amor – aquela em que se quer o outro não apesar de suas monstruosidades, mas com elas.

Assim, aqui há sangue e pavor, mas não com o mero intuito de pregar sustos. Eli, por exemplo, se recusa a alimentar-se sozinha. É assistida por um homem que talvez seja seu pai. Ele aborda transeuntes em locais ermos e os pendura de cabeça para baixo para, com uma navalhada na jugular, recolher seu sangue. O homem, porém, é idoso e está física e espiritualmente exausto. Quando ele falha, Eli tem de sair à caça. Os movimentos estranhos e horríveis com que ela pula sobre um bêbado, e os ruídos animalescos que produz, contrastam de maneira violenta com o que se viu dela até ali – um semblante triste, mas vivo, com olhos líquidos de curiosidade, e uma fragilidade física acentuada pelos cabelos sujos e pelas roupas insuficientes para o frio, que ela não sente. Não só para o espectador o contraste é ruim; depois de sorver o sangue de sua primeira vítima, Eli esconde o rosto nas mãos e chora. Tanta ferocidade, e também tanta vergonha e remorso: admitir o que se verdadeiramente é pode ser um fardo. Como bem o sabe Oskar, incapaz de reagir à tortura dos colegas e que carrega seu medo como um segredo indecente.

O título Deixa Ela Entrar é uma referência a um ponto importante na mitologia acerca dos vampiros, segundo o qual eles não podem entrar em uma casa sem ser convidados. Trata, assim, de um momento decisivo do filme, aquele em que pela primeira vez Oskar diz a Eli que entre sabendo o que faz. Por alguma confluência insondável, esse convite tem se repetido com frequência no último ano ou dois, em que, dos vampiros românticos de Crepúsculo aos vampiros divididos entre a ruptura e a assimilação da série True Blood, esses seres metafóricos tanto da bestialidade humana quanto de suas aspirações mais transcendentes se tornaram onipresentes na cultura pop. No filme de Tomas Alfredson, porém, Eli e Oskar, maravilhosamente interpretados por Lina Leandersson e K¹re Hedebrant, dão a eles outros significados. São uma alegoria da solidão infinita com que se sai da infância, uma fantasia de poder e, no desfecho que se segue a uma cena de horror e mutilação, uma imagem poética do encontro entre um homem e uma mulher – ainda que eles não passem de um menino e uma menina.

http://veja.abril.com.br/300909/estranha-relacao-p-168.shtml

...

Gostei mas achei que ela deixou de incluir alguns aspectos mais interessantes do filme do que a idéia de como a solidão impulsiona o relacionamento dos 2. Essa é uma idéia mais óbvia, e eu gosto dos textos dela porque ela normalmente consegue abordar nuances mais "esondidas", como na crítica de Desejo e Reaparação e Inimigos Públicos, por exemplo.
Jonny Greenwood2009-09-28 15:27:00
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possíveis spoilers

 

vi agorinha. tô bem atordoado. me causou um incômodo terrível o porque de esses dois "optarem" por ficarem juntos. a hora que ela diz pro Oskar "revidar com toda força" é a chave, ao meu ver, pra tudo que ela "programava" pra ambos, era tipo um teste final. que isso... brilhante. pô, e o clímax? quase chorei de ver algo tão foda.

 

 

edit: é um drama muito forte, intenso mesmo. ao contrário do que tem gente achando que é terror e yada yada (se bem que, gêneros sucks, mas parece que tá rola uma criação de expectativa equivocada, algo que acontece muito com os filmes do Shyamalan, por exemplo). na realidade, o vampirismo é praticamente um acessório, bem como o homossexualismo em Brokeback Mountain - só pra citar um exemplo prático do que estou dizendo.

batgody2009-10-03 03:47:23

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Sim, pega a premissa e transcende completamente o genero. Curiosamente faz isso com toda a sutileza que esse tipo de fita geralmente não tem.

 

Sobre cenas-chave, existem outras muito intrigantes como a própria passagem em que eles se conhecem: ela aparece no playground justamente quando ele está treinando o revide aos colegas em uma árvore. Mas mesmo com muita coisa apontando para essa teoria, a ambiguidade é um dos grandes trunfos do filme.
Jonny Greenwood2009-10-03 16:55:10
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Sim' date=' pega a premissa e transcende completamente o genero. Curiosamente faz isso com toda a sutileza que esse tipo de fita geralmente não tem.

 

Sobre cenas-chave, existem outras muito intrigantes como a própria passagem em que eles se conhecem: ela aparece no playground justamente quando ele está treinando o revide aos colegas em uma árvore. Mas mesmo com muita coisa apontando para essa teoria, a ambiguidade é um dos grandes trunfos do filme.
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pois é, eu diria que ali, foi quando ele chamou a atenção dela, o primeiro contato afim de conhecê-lo. mas aí entra aquela cena que citei, no caso, seria a espécie de "um último teste". ali, ela, de certa forma, mede até onde ele consegue ir, de fato - já que antes, era mera especulação.

 

mas sim, o filme é cheio de "sinais", isso é bacana para revisões, a gente nota coisas diversas e tem uma nova experiência a cada assistida.

 

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Nah.. essa da Boscov é muito contida. Sou mais essa do Maurício Saldanha:

 

 

06

 

Estava até agora assistindo a essas doideras que, juro, não conhecia. Muito surtado esse cara!

 

Em boa parte do tempo ele não é nem um pouco interessante, mas em alguns momentos ele acerta, e é bacana. Sou muito mais inclinado a dar mais valor a esse tipo de pessoa do que o academicismo aborrecido de, por exemplo, uma Contracampo da vida. Mais até que um texto engessado como de um Villaça.

 

Mas estou fingindo que ele não disse aquelas coisas (nada contra a opinião em si, mas aquelas referências!) sobre Vicky cristina barcelona. Haha.

 

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