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Forum Cinema em Cena

Cineclube Light


Mr. Scofield
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Sei lá' date=' eu já tomei vários Tag Teams aqui no fórum (Juno, alguém06). Eu sei que o Rike o Cremildo são mais simpáticos e tals, mas eles tem que se virar. E acho que o Rike mandou bem ao explicar seu ponto de vista, que não é o mesmo do Cremildo.[/quote']

 

É, até que levou bem. Mas ele tem o que eu costumo chamar de "ingenuidade intelectual" dos que passam a ter o cinema como objeto de estudo (leia: faculdade). E com esse termo em si não quero dizer que ele precisa amadurecer intelectualmente (é que não consegui pensar em algo melhor! Haha), mas que ele aplica na coisa toda uma visão muito acadêmica, digamos. Intelectualizando uma coisa muito pessoal, que fala do sensível. E, assim, tudo fica muito sistematizado demais, mecânico demais. É um negócio que, pra mim, pode transformar o prazer numa coisa aborrecida, se bobear.

 

Mas deve ter gente que pensa como ele, provavelmente alguns professores e colegas de classe, sei lá. O Pablo também - e a ele me refiro mais ao modo formulaico de encarar o cinema. Deve haver um prazer estranho nisso. Mas é segundo os meus parâmetros mesmo. Comigo não rola.

 

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Mas ninguém disse que ele se acha por causa disso. E nem é essa a questão. A questão é que eu acho que nenhum ser humano consegue dedicar tantas horas de seu tempo livre (veja' date=' ele não faz isso por obrigação) a uma atividade que não lhe proporcione prazer. Além disso, é complicado acreditar que alguém que coloque Transformers (que eu adoro) entre os 20 melhores filmes da década o tenha feito pela bagagem cultural que o filme lhe proporcionou. Aliás, acho que seria pior se ele genuinamente achasse que este filme lhe proporcionou algum aumento de bagagem cultural.06[/quote']

Na realidade, disseram sim. Mas tudo bem se essa não é a questão.

Eu também não sou adepto disso, de forma alguma. Mas é possível que o prazer dele esteja no ato de adquirir a tal da bagagem cultural em si. Assim como a diversão que um Planeta terror me proporciona: não tem função prática nenhuma, a não ser o quanto foi prazeroso experimentá-la. Eu francamente não sei, é coisa dele, e, de todo modo, eu não consigo ver o porquê disso virar a nova piada do fórum, entende? Enfim, continuo com o "sei lá", haha.

 

Ele teria dito isso. A nao ser que agora reapareça aqui e diga "ah, finalmente me entenderam..". Ai podem trancar o topico.

 

Giallo (Dario Argento, 2009) - 3/4

 

*spoiler no 3º paragrafo


É preciso cuidado. Desde os 5 minutos de filme, quando o primeiro clímax é um rapto ao invés de um assassinato, qualquer fã de cinema fantástico vai notar que Giallo NÃO É um giallo, e principalmente que precisará reorganizar suas expectativas ao longo da sessão. Isso por que, antes de mais nada, não se trata de um trabalho explícito, daqueles onde se sente a mão de Argento como fogos de artifício na tela. Câmera subjetiva, travellings, cores, uma atmosfera qualquer meticulosamente preparada, etc… Nada disso. Os assassinatos pontuando a trama – sempre pretextos para que os italianos exercessem cada qual o seu estilo – são coisa de um ‘gênero’ que ficou para trás, cristalizado entre anos 70 e 80, e cuja última menção honrosa é o já distante Sleepless.

 

Giallo é um thriller policial cuja estrutura se molda a dos filmes de serial killer contemporâneos (e que de todo modo não deixaram de beber da fonte inaugurada por Mario Bava). A ação principal é a do detetive em busca da solução do caso, enquanto que os momentos de corte do ritmo são exatamente os do assassino no esconderijo torturando sua vítima (ao invés de sair à noite em vielas soturnas em busca de outras). A tensão principal então seria simplesmente através do resgate da vítima, de o detetive chegar a tempo, etc… Mas é quando ameaça decepcionar, quando você pensa que mataram Argento, esconderam o corpo e puseram a câmera na mão do sobrinho do produtor, que Giallo se mostra narrativamente brilhante.

 

Desde o primeiro momento, Argento estabelece uma conexão entre o detetive e o assassino, fazendo-nos crer que se tratam da mesma pessoa assim que Adrien Broody surge com lentes de contato no retrovisor do táxi. Em seguida são as memórias do detetive que colocam em jogo todos aqueles elementos-base do universo argenteano pra construção de uma mente psicótica. Logo depois, Argento tira o “Yellow” das sombras, e o que temos é um Broody coberto de maquiagem. Não existem outros personagens dividindo a atenção, não existem suspeitos possíveis, não existem dúvidas. Mesmo com as ações transcorrendo em aparente simultaneidade, o espectador não desconfia, ele SABE a solução para o whodonit. E toma no cu bonito.

 

O “giallo” do título está subvertido. Subvertem-se as expectativas, subverte-se o estilo do seu autor, subvertem-se os elementos que o compõem. O whodonit está do avesso, a câmera está presa, aquela velha lâmina reluzindo no ar é agora substituída por seringas, martelos e alicates. Mas o giallo está subvertido pelo próprio cinema, não por Argento, e Giallo nada mais é que uma representação do contemporâneo em relação ao passado, não em tom nostálgico ou de réquiem, mas de passagem. De alguém que reconhece que o fôlego acabou, que o cinema e tampouco o público são o que costumavam ser.

 

Argento então faz dos flashbacks a sua fuga. É através das lembranças do detetive que ele acessa esse mundo perdido pelos amantes do velho giallo ao pintar a tela de laranja e trazer de volta a câmera ao status de personagem, movimentando-a como se boiasse à deriva na água. Se dispostos um ao lado do outro e linearmente, os flashbacks montam um giallo fechado, independente do resto do filme; com início, meio e fim próprios. Com apresentação de personagens, testemunho do crime e vingança, tudo concebido a facadas. Em Giallo, é apenas na memória que as coisas continuam belas. O tempo presente é apenas seco (compare os finais de Giallo e Profondo Rosso).

 

E o filme permite esse respiro. Te convida a fugir dessa opressão do convencional para viajar trinta anos no tempo e voltar pra um mundo que parece desconhecer o fato de simplesmente não existir mais. Desde Terror na Ópera.

 

Giallo é o filme mais lúcido de todo o cinema fantástico italiano.
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De como existem merdas e baboseiras em Hollywood. Filmes ruins também acrescentam alguma coisa. Transformers é o digno exemplo de como não se escrever um roteiro. 06

 

Não foi nesse contexto que vc colocou a afirmação "mas é indiscutível que qualquer produção fornece bagagem."...
Dr. Calvin2009-09-28 09:23:49
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Então aquele tópico "Clássicos que não me servem" é um absurdo. Li usuários afirmando que não gostam de Janela Indiscreta. Ou seja' date=' se eles não gostam, a direção do Hitchcock é uma merda? Reflita.
[/quote']

 

Os que não gostam de Janela certamente devem achar - se estão em pleno exercício de suas faculdades mentais - que a direção do Hitchcock é uma merda... Do contrário, teriam gostado do filme.

 

É só pegar outro exemplo daquele mesmo tópico: 2001. Em uníssono, todos que não gostam do filme ali disseram, de forma direta ou indireta, que Kubrick pisou na bola... Teve até um lá que disse que as tomadas são "arrogantes e prepotentes" (WTF!!??)
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Malditos, esperaram o dia que eu não tava pra postar um monte, hahaha.

 

Brigado, Carioca, pelo elogio. O Bat me perguntou naquele dia o que eu queria com minha participação, eu respondi que queria entrar no debate mas não fazia parte de nenhum dos grupos que se formaram, e é isso. Se eu disse coisas óbvias, que bom, não se deve desmerecer o valor do óbvio, hehehe.

 

E eu concordo contigo, na questão do achincalhar. Basta lembrar das fases das pessoas que estão por aqui. O Foras já foi o flooder mais flooder do CeC. O Bat era o alívio cômico da organização do Cinéfilo. O Tensor era um abobado que só ficava de papinho na CMJ.

 

Mas aí eu tb penso por outro lado: o quanto alguns dos trancos que todo mundo levou ao longo do tempo colaboraram pra cada um desenvolver uma visão mais ampla, argumentação mais bem elaborada, etc. Em outras palavras, concordo com o Peruca, tem que haver a crítica sim, e às vezes de forma até mais contundente. Acho que ela só não deve assumir esse tom que mistura condescendência e agressividade, do tipo "é tão idiota que nem comento".

 

Agora, ninguém percebeu as tentativas do Foras de parar com essa discussão ciclíca e voltar a falar de filmes, hahaha?

 

P.S.: Eu adorei Cloverfield, Peruca.

 

 

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Sei lá' date=' eu já tomei vários Tag Teams aqui no fórum (Juno, alguém06). Eu sei que o Rike o Cremildo são mais simpáticos e tals, mas eles tem que se virar. E acho que o Rike mandou bem ao explicar seu ponto de vista, que não é o mesmo do Cremildo.[/quote']

 

É, até que levou bem. Mas ele tem o que eu costumo chamar de "ingenuidade intelectual" dos que passam a ter o cinema como objeto de estudo (leia: faculdade). E com esse termo em si não quero dizer que ele precisa amadurecer intelectualmente (é que não consegui pensar em algo melhor! Haha), mas que ele aplica na coisa toda uma visão muito acadêmica, digamos. Intelectualizando uma coisa muito pessoal, que fala do sensível. E, assim, tudo fica muito sistematizado demais, mecânico demais. É um negócio que, pra mim, pode transformar o prazer numa coisa aborrecida, se bobear.

 

Mas deve ter gente que pensa como ele, provavelmente alguns professores e colegas de classe, sei lá. O Pablo também - e a ele me refiro mais ao modo formulaico de encarar o cinema. Deve haver um prazer estranho nisso. Mas é segundo os meus parâmetros mesmo. Comigo não rola.

 

Tu mandou bem nessa aí, acho que é bem por esse caminho mesmo. Eu não consigo me identificar com essa avaliação fria, criteriosa da arte, mas cada um acha prazer do seu jeito. Tem gente que gosta de apanhar...

 

Edit:

 

Em tempo, não tenho nada pessoal contra o Pablo, mas detesto a forma dele de pensar.

Jack Ryan2009-09-28 11:32:40

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Vou dar uma esquartejada nessa mensagem do Jack. É um troço que detesto fazer, mas enfim:

 

Mas aí eu tb penso por outro lado: o quanto alguns dos trancos que todo mundo levou ao longo do tempo colaboraram pra cada um desenvolver uma visão mais ampla' date=' argumentação mais bem elaborada, etc. Em outras palavras, concordo com o Peruca, tem que haver a crítica sim, e às vezes de forma até mais contundente. Acho que ela só não deve assumir esse tom que mistura condescendência e agressividade, do tipo "é tão idiota que nem comento".[/quote']

 

Justamente o que eu venho tentando dizer desde aquele meu primeiro post, na outra página. É óbvio que devemos conversar, debater e discutir. Afinal de contas, esse é o propósito de um espaço como esse. Só não acho legal quando a interação começa a enveredar pelo caminho do chiste, da piada ou da agressividade. Pelo menos de um modo arbitrário. Eu francamente não vejo um porquê.

 

[A não ser caras tipo o Henrique Felipe, mas esse é um outro caso  - sujeito que faz o cadastro para avacalhar e ser zoado]

 

 

Brigado' date=' Carioca, pelo elogio. O Bat me perguntou

naquele dia o que eu queria com minha participação, eu respondi que

queria entrar no debate mas não fazia parte de nenhum dos grupos que se

formaram, e é isso. Se eu disse coisas óbvias, que bom, não se deve

desmerecer o valor do óbvio, hehehe.[/quote']

 

 

 

Esse é, pra mim, o ponto mais interessante nisso tudo. É a herança que

recebemos, depois de tanto tempo. Já não é costume entre a gente postar

puramente idéias ou raciocínios a respeito de algo. O negócio, hoje,

não é postar impressões sobre um assunto, mas apresentar argumentos.

Você necessariamente tem que tomar partido de alguma coisa. Ficar de um

lado, senão o que você diz não tem sentido e/ou valor. É tudo muito preto ou branco,

certo ou errado, bom ou ruim, eu ou você. Um lugar no qual deveríamos

trocar experiências virou uma arena. Eu acho tosco.

 

 

Agora' date=' ninguém percebeu as tentativas do Foras de parar com essa discussão ciclíca e voltar a falar de filmes, hahaha?[/quote']

 

Já notou quantas discussões têm rolado sobre filmes propriamente ditos? Será que encontramos duas ou três entre dez das que ocorreram nos últimos meses? Acho difícil. É tudo girando ao redor de métodos, processos, objetivos, estratégias. Se alguém aparece querendo conversar sobre um filme do Godard, a primeira coisa posta na mesa, em vez do que ele tem a oferecer, é se aquela pessoa está sendo sincera ou se está fazendo pose a fim de ser aceita num grupinho intelectual e blablablá. ZzZzZzZz.

 

E certo está o Foras mesmo. E eu dando corda aqui (que bosta haha), mas porque eu acho que alguns conceitos deveriam ser revisados. Pro bem do fórum. Sinceramente.

Gago2009-09-28 12:03:14

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O Nonô ofereceu nessa mesma conversa no msn um insight interessante.

Ele enumerou três tópicos sobre os quais recarrem todos os debates no

CeC:

 

direção x roteiro, diversão x bagagem, vontade de ver x vontade de se mostrar no fórum

 

E o pior é que é por aí mesmo. E, na minha opinião, o motivo é o receio de sair da zona de conforto. Chega nesse ponto, cada um pega uma muleta que já conhece e fica tudo por isso mesmo. Tá mais que na hora de isso acabar.

 

Em tempo, tb acho que o Foras tá certo. Só não comentei nenhum dos filmes que ele postou pq não vi nenhum, hehehe.

 

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É, também conversei com o Nonô a respeito dessas coisas, e quando um não concordava com o outro, as opiniões se complementavam.

 

 

 

E é isso, concordo. A impressão que eu tenho é a de que as prioridades

por aqui (fóruns em geral, não apenas CeC) sofreram uma espécie de

subversão: os donos dos posts é que são a verdadeira atração, em vez do

que eles têm a dizer a respeito do conteúdo do filme (ou da experiência

que lhe foi proporcionada).

 

 

 

Se fulano diz que não curte Cidadão kane, a conversa passa longe

dos porquês e de como isso afetou a sessão em si. O foco é

redirecionado para esses tópicos elencados pelo Nonô, geralmente

funcionando como um manual de como Fulano deve começar a encarar e

absorver o cinema. E o filme propriamente dito é posto de lado.

 

PS: também não vi os filmes comentados pelo Foras. Mas já estou providenciando.

 

 

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Esse é' date=' pra mim, o ponto mais interessante nisso tudo. É a herança que

recebemos, depois de tanto tempo. Já não é costume entre a gente postar

puramente idéias ou raciocínios a respeito de algo. O negócio, hoje,

não é postar impressões sobre um assunto, mas apresentar argumentos.

Você necessariamente tem que tomar partido de alguma coisa. Ficar de um

lado, senão o que você diz não tem sentido e/ou valor. É tudo muito preto ou branco,

certo ou errado, bom ou ruim, eu ou você. Um lugar no qual deveríamos

trocar experiências virou uma arena. Eu acho tosco.

[/quote']

 

Aqui eu discordo frontalmente. Eu acho que temos que ter conflitos, até para tornar o local interessante. Para mim, é chato um forum como era o CcC, onde um postava um textão, aí o outro vinha e elogiava o texto e pronto, morreu. Não havia discussão alguma. Lembrando que é apenas minha opinião, acho extremamente chato que o fórum seja um blog. Até por isso votei nesse tópico como um dos piores. Aqui se tornou o local ideal para a galera colocar textões e NINGUÉM comentar, execto pra fazer um elogio.

 

Pra mim fóruns são diferentes de tópicos de TOP's e textos elaborados. Lugares assim tem sua serventia, pois serve para colher indicações, mas no fim do dia ninguém discute nada.

 

E quanto ao lance da arena, a acho extremamente proveitoso assim. Eu aproveitei a discussão sobre Juno, a achei interessante, talvez por sempre buscar o limite mesmo. E nesta discussão de agora, os pontos do Grack, embora um pouco ingênuos, não são dessprezíveis. Bem melhor do quer ler um texto de 30 linhas sobre um filme.

 

E sinceramente, se fosse para seguir esse esquema que vocês e o Noonan acha o ideal, porque não continuar postanto apenas no CcC? Não encare isso de maneira agressiva. É que não vejo sentido em postar os mesmos textos aqui e lá sendo que as únicas pessoas que interagem com eles são os mesmos.

 

 

Perucatorta2009-09-28 12:45:00

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Eu não posto mais no cCc, faz um tempo já, Peruca. Mas não acho que a coisa precise estar em um dos extremos. Ou o pau come e todo mundo tem que ser A ou B, ou todo mundo só se elogia.

 

E no cCc havia muita agressividade latente, acho que deves ter percebido. Não à toa ele está virtualmente morto.

 

 

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Claro que deve-se dar espaço para que uma discussão ocorra. Pegando esse exemplo do Grack, embora gracinhas existiram e tals, acho que ambos os lados se esforçaram para demonstrar seus pontos de vista e tudo fluiu aceitavelmente.

 

E sobre os textões, acho que eles dão uma inibida nas discussões, até porque enche o saco (falo de mim, claro) ler 20 linhas de divagações existenciais.

 

Além do que, parece que a galera faz questão de escrever estes textos sobre filmes que mais ninguém viu, numa tentativa meio infantil de parecer pioneiro. Aliás, isso fica claríssimo pra mim. É raro ver algum texto desse falando de algum filme recente, que esteja na boca do povo.

 

Exemplo. O Scofa falou que gostou daquele "The Ugly Truth", que está em cartaz. Vê se ele escreveu uma linha sobre ele? Agora, se fosse um filme recuperado do arquivo pessoal do Bergman, de 1910, teríamos 50 linhas. Isso pra mim é sintomático.

 

Perucatorta2009-09-28 13:14:57

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Isso vai ficar um pouquinho grande, beleza? Hehe.

 

Aqui eu discordo frontalmente. Eu acho que temos que ter conflitos, até para tornar o local interessante. Para mim, é chato um forum como era o CcC, onde um postava um textão, aí o outro vinha e elogiava o texto e pronto, morreu. Não havia discussão alguma. Lembrando que é apenas minha opinião, acho extremamente chato que o fórum seja um blog. Até por isso votei nesse tópico como um dos piores. Aqui se tornou o local ideal para a galera colocar textões e NINGUÉM comentar, execto pra fazer um elogio.

 

Pra mim fóruns são diferentes de tópicos de TOP's e textos elaborados. Lugares assim tem sua serventia, pois serve para colher indicações, mas no fim do dia ninguém discute nada.

 

E quanto ao lance da arena, a acho extremamente proveitoso assim. Eu aproveitei a discussão sobre Juno, a achei interessante, talvez por sempre buscar o limite mesmo. E nesta discussão de agora, os pontos do Grack, embora um pouco ingênuos, não são dessprezíveis. Bem melhor do quer ler um texto de 30 linhas sobre um filme.

 

Eu defendo parte das coisas que você disse, principalmente que nesse lugar deve sim existir conflitos. Eles são bons e, na realidade, um dos principais objetivos aqui (embora eu coloque com outras palavras). Mas atualmente, pra mim, eles seguem um caminho bobo. Olha só:

 

Fulano: Funny Games, do Haneke, é superestimado.

Beltrano: sério que não gosta? Por quê?

Fulano: eu até gosto, mas tenho um bocado de ressalvas.

Beltrano: hmm, quais?

Fulano: é um bom filme de suspense, mas ao mesmo tempo em que é fraco na tese que defende.

Beltrano: e quem disse que o cinema tem que defender alguma tese?

Fulano: ninguém. Mas, pra mim, o Haneke tenta nesse filme. E falha.

Beltrano: cinema é diversão. Ele não tem a obrigação de discutir teorias sociológicas, antropológicas ou filosóficas. Se está em busca desse tipo de coisa, entra numa faculdade, ou leia ensaios acadêmicos. Cinema foi feito para entreter.

 

Daí, surge mais uns dois ou três caras, concordando com Beltrano. E Fulano vira piada, só porque tem alguns conceitos diferentes. Não bastasse isso, ele é achincalhado em mais de um tópico, seguidamente.

 

Nesse exemplo hipotético que inventei agora, Beltrano não faz idéia dos motivos reais que levaram Fulano a desgostar levemente do filme. Em outras palavras, o filme em si não foi discutido. Você acha que essa é uma boa discussão? Eu não acho.

 

E isso é recorrente por aqui. Para um lugar em que as pessoas ficam alegando que cinema é experiência e entretenimento, é no mínimo curioso que 90% das conversas partam para a teoria cinematográfica, de como filmes devem se comportar, de como devem ser assistidos, de como devem ser absorvidos, etc. Eu não quero dizer que isso não possa ser discutido (é um assunto do qual gosto, de verdade), só acho um pouco chato que praticamente todas os debates terminem nisso. E em atitudes agressivas ou jocosas.

 

Por que tudo tem ser levado ao limite? Por que a gente não pode chegar e conversar tranquilamente sobre o filme, comigo colocando o que me agrada e você falando o que não rolou contigo? E daí a gente troca experiências e idéias e visões diferentes, sem que alguém precise estabelecer alguma coisa. Apenas uma troca, uma conversa. Eu não entendo esse extremo ao qual sempre chegam as coisas.

 

E não acho que seja questão de levar tudo como comadres ou pessoas de bom coração, pudicas e castas. Ou de levar a sério demais as coisas.

 

Sobre o fato desse tópico estar recheado de filmes que possuem cem por cento de aprovação, o que há de ser dito é que é a vida, oras. Alguns filmes a maior parte das pessoas gostam. O problema, a meu ver, não está nisso (até porque em algum momento surgirá algum filme que provocará alguma divergência de opiniões), mas no fato de que quando aparece alguém com opinião contrária, pouco seja debatido a respeito do filme. É tudo redirecionado para os assuntos que apontamos anteriormente. De novo. Mais uma vez. E vice-versa. E assim por diante.

 

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Nesse exemplo hipotético que inventei agora' date=' Beltrano não faz idéia dos motivos reais que levaram Fulano a desgostar levemente do filme. Em outras palavras, o filme em si não foi discutido. Você acha que essa é uma boa discussão? Eu não acho.

 

 

Por que tudo tem ser levado ao limite? Por que a gente não pode chegar e conversar tranquilamente sobre o filme, comigo colocando o que me agrada e você falando o que não rolou contigo? E daí a gente troca experiências e idéias e visões diferentes, sem que alguém precise estabelecer alguma coisa. Apenas uma troca, uma conversa. Eu não entendo esse extremo ao qual sempre chegam as coisas.

 

 

Sobre o fato desse tópico estar recheado de filmes que possuem cem por cento de aprovação, o que há de ser dito é que é a vida, oras. Alguns filmes a maior parte das pessoas gostam.

[/quote']

 

Sobre o primeiro parágrafo. Sei que você está se referindo à discussão deste tópico e neste caso nenhum filme em específico foi levantado. Talvez 2001, sei lá. A discussão nesse caso só poderia ser sobre a forma de encarar o cinema. Mas entendi seu ponto. Sabe porque as discussões não ficam focadas nos filmes? Eu acho que é porque filmes não são nada até que os vejamos. Então, no fundo o que cria as diferentes opiniões é a forma que se vê o mesmo. Eu vejo filmes para admirar as peitolas que eles mostram, o vizinho os vê esperando desconstrução de personagens, o outro por etc, etc, etc. E aí, não tem como ser impessoal, IMO.

 

Sobre o segundo parágrafo. Porque com a maioria das pessoas, se não se cria o conflito, não se cria a discussão. Infelizmente a maioria das pessoas precisa ser cutucada. Se nego diz que achou um filme bom (com ou sem argumentos) e tu polidamente posta algo diferente, a parada morre. Especialmente com desconhecidos.

 

Sobre o terceiro parágrafo. Não acho. Acho que as pessoas tem medinho de discordar justamente porque não guentam o tranco depois.

 

 

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Além do que' date=' parece que a galera faz questão de escrever estes textos sobre filmes que mais ninguém viu, numa tentativa meio infantil de parecer pioneiro. Aliás, isso fica claríssimo pra mim. É raro ver algum texto desse falando de algum filme recente, que esteja na boca do povo.

Exemplo. O Scofa falou que gostou daquele "The Ugly Truth", que está em cartaz. Vê se ele escreveu uma linha sobre ele? Agora, se fosse um filme recuperado do arquivo pessoal do Bergman, de 1910, teríamos 50 linhas. Isso pra mim é sintomático.
[/quote']

 

Disso eu discordo. Não vou dizer que isso não exista, até porque eu não conheço ninguém daqui e não faço idéia do que passe na cabeça de cada um, mas não vejo problema em textos sobre filmes menos conhecidos; pelo contrário, muitas vezes isso pode trazer a vontade de assistir ao filme comentado. Aqui, portanto, acho que tu tá negligenciando uma das funções do texto, que é a de despertar o interesse do coleguinha para o filme comentado. Se vai funcionar ou não (o texto), aí são outros quinhentos, mas o fato é que não é todo texto que vai necessariamente gerar uma discussão. E mesmo que não gere, isso não quer dizer que ele não tenha cumprido a sua função : pode até não funcionar contigo, mas me tomando como exemplo, já corri atrás de filmes após ler o texto de pessoas daqui.

Mais uma vez, pode até ser que alguém escreva apenas pra massagear o ego e dizer "bah, olha como sou fodão", mas acho que haveriam meios mais fáceis pra fazer isso. Acredito que uma pessoa que senta e escreve um texto, é porque está a fim de compartilhar essa experiência com outras pessoas. Eu, pelo menos, penso assim - apesar de ultimamente andar com uma preguiça da porra de escrever 06
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Aqui' date=' portanto, acho que tu tá negligenciando uma das funções do texto, que é a de despertar o interesse do coleguinha para o filme comentado. [/quote']

 

Pois é. Não estou negligenciando. Estou justamente questionando isso. E apresentando um semi-fato (hehe). Esses textões não geram discussões. E aí voltamos ao blog.

 

Tudo depende do motivo que nos traz aqui. Eu venho para trocar idéias. Não vejo troca de idéias aqui. Vejo apenas um painel onde idéias são expostas e ficam ali. Até porque, como eu disse, os caras fazem questão de fugir de filmes recentes e/ou conhecidos. Existem duas razões para isso. E nenhuma é boa.

 

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Sobre o primeiro parágrafo. Sei que você está se referindo à discussão deste tópico e neste caso nenhum filme em específico foi levantado. Talvez 2001' date=' sei lá. A discussão nesse caso só poderia ser sobre a forma de encarar o cinema. Mas entendi seu ponto. Sabe porque as discussões não ficam focadas nos filmes? Eu acho que é porque filmes não são nada até que os vejamos. Então, no fundo o que cria as diferentes opiniões é a forma que se vê o mesmo. Eu vejo filmes para admirar as peitolas que eles mostram, o vizinho os vê esperando desconstrução de personagens, o outro por etc, etc, etc. E aí, não tem como ser impessoal, IMO.

 

Sobre o segundo parágrafo. Porque com a maioria das pessoas, se não se cria o conflito, não se cria a discussão. Infelizmente a maioria das pessoas precisa ser cutucada. Se nego diz que achou um filme bom (com ou sem argumentos) e tu polidamente posta algo diferente, a parada morre. Especialmente com desconhecidos.

 

Sobre o terceiro parágrafo. Não acho. Acho que as pessoas tem medinho de discordar justamente porque não guentam o tranco depois.[/quote']

 

Pra te dizer a verdade, este tópico e a aula sobre cinema do Dook na conversa sobre 2001 me motivaram mesmo, mas eu estou com algo mais geral na cabeça. E você tem toda razão sobre o que cada busca no cinema. Mas muito do que estou abordando é sobre alguns conceitos e valores que parecem estar previamente estabelecidos no fórum. Quero dizer o seguinte, ó: quais são as chances de uma pessoa entrar no tópico de A Vila e falar mal do filme sem receber uma lição (independentemente dos argumentos)? Ou 2001 mesmo. São praticamente nulas, cara. E essa falta de espaço e posição soberana é muito nociva.

 

Sobre os conflitos, você está certo sobre o que acontece, não tenho dúvidas. O que eu questiono é o limite dessa cutucada. Não que todos tenhamos que ser uns amores com os outros sempre, e eu mesmo às vezes sou meio azedo. Mas é que eu não considero legal quando a discussão subsiste desse modo, saca?

 

Mas aqui, nesse terceiro parágrafo, eu fiquei meio confuso. Você está querendo dizer que tem gente que mente, dizendo que curtiu o filme só por causa do medo? Mas daí eu também sei lá, não posso afirmar por terceiros, haha. Só que é um troço possível - e bem tosco - mesmo, apesar de eu não achar que seja o caso desse tópico em específico. No caso, eu tenho uma outra teoria a respeito de um negócio parecido com isso (de certa maneira concordando), mas que serve pro fórum em geral, e que não cabe muito bem aqui, eu acho.

 

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pra sorte de vocês apertei backspace e perdi o meu tratado que táva escrevendo aqui. 06

 

em linhas gerais: esse discussão começou pelo próprio Rike, que insinuou que os textos aqui postados sobre Antichrist eram em resposta ao que ele disse. uma baita besteira.

 

e acho toda a discussão muito válida, pra algumas pessoas esse choque faz bem. eu mesmo gostei de muitos conceitos que foram expostos aqui. aprendi bastante. acho bem normal e saudável uma discussão que começa num filme e vai ramificando dessa forma, até porque um filme só aborda cinema e a gente gosta de falar de tudo que o envolve.

 

não vejo como problema movimentar o forum. inclusive quem tá discordando da forma que as coisas foram feitas, tão aí, dando continuidade. isso é bom.

-

e também não vi o novo do Demme, infelizmente.

 

batgody2009-09-28 14:14:25

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Forasteiro, qual é seu último texto sobre algum filme mais mainstream? E não estou falando de Transformers.

 

É claro que não vai existir discussões mesmo. Ninguém fala nada do que está "em pauta".

 

Dia 31 de outubro estréia aqui Distric 9. Que tal fazermos uma tentativa de debate sobre algo recente, que está sendo muito elogiado e que obviamente não vai agradar a todos?

 

Eu sinto falta de discussões aqui, e é especialmente frustrante porque sei que a galera tem capacidade.

 

 

 

 

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Sobre o primeiro parágrafo. Sei que você está se referindo à discussão deste tópico e neste caso nenhum filme em específico foi levantado. Talvez 2001' date=' sei lá. A discussão nesse caso só poderia ser sobre a forma de encarar o cinema. Mas entendi seu ponto. Sabe porque as discussões não ficam focadas nos filmes? Eu acho que é porque filmes não são nada até que os vejamos. Então, no fundo o que cria as diferentes opiniões é a forma que se vê o mesmo. Eu vejo filmes para admirar as peitolas que eles mostram, o vizinho os vê esperando desconstrução de personagens, o outro por etc, etc, etc. E aí, não tem como ser impessoal, IMO.

Sobre o segundo parágrafo. Porque com a maioria das pessoas, se não se cria o conflito, não se cria a discussão. Infelizmente a maioria das pessoas precisa ser cutucada. Se nego diz que achou um filme bom (com ou sem argumentos) e tu polidamente posta algo diferente, a parada morre. Especialmente com desconhecidos.

Sobre o terceiro parágrafo. Não acho. Acho que as pessoas tem medinho de discordar justamente porque não guentam o tranco depois.[/quote']

Pra te dizer a verdade, este tópico e a aula sobre cinema do Dook na conversa sobre 2001 me motivaram mesmo, mas eu estou com algo mais geral na cabeça. E você tem toda razão sobre o que cada busca no cinema. Mas muito do que estou abordando é sobre alguns conceitos e valores que parecem estar previamente estabelecidos no fórum. Quero dizer o seguinte, ó: quais são as chances de uma pessoa entrar no tópico de A Vila e falar mal do filme sem receber uma lição (independentemente dos argumentos)? Ou 2001 mesmo. São praticamente nulas, cara. E essa falta de espaço e posição soberana é muito nociva.

Sobre os conflitos, você está certo sobre o que acontece, não tenho dúvidas. O que eu questiono é o limite dessa cutucada. Não que todos tenhamos que ser uns amores com os outros sempre, e eu mesmo às vezes sou meio azedo. Mas é que eu não considero legal quando a discussão subsiste desse modo, saca?

Mas aqui, nesse terceiro parágrafo, eu fiquei meio confuso. Você está querendo dizer que tem gente que mente, dizendo que curtiu o filme só por causa do medo? Mas daí eu também sei lá, não posso afirmar por terceiros, haha. Só que é um troço possível - e bem tosco - mesmo, apesar de eu não achar que seja o caso desse tópico em específico. No caso, eu tenho uma outra teoria a respeito de um negócio parecido com isso (de certa maneira concordando), mas que serve pro fórum em geral, e que não cabe muito bem aqui, eu acho.

 

Eu falava com o Noonan e o Bat ontem sobre isso, o problema é que é dificil encontrar alguem que apareça criticando determinado filme sem recair sobre as mesmas velhas questoes, ai fica quase irresistivel de rebater demonstrando que os valores atraves dos quais ele detrata o tal filme sao absurdos. é preciso que se supere algumas coisas, que se parta de determinado ponto - quando se vai discutir a respeito de algo - onde todas aquelas conclusoes retiradas de roteiro x direçao / bagagem x entretenimento / etc, ja estejam devidamente implicitas.
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sobre o debate hipotético que o Gago postou ali. fico me pergutando como deveria ser o comportamento do cara que veio com os conceitos prontos pra cima do cara que não gostou, talvez algo mais compreensivo. ouve aquelas bobagens, discorda, diz os porques, dá um tapinha nas costas e mata a discussão? fiquei curioso mesmo. já que tão explicitamente criticando a forma que as coisas são conduzidas, gostaria de saber como devemos nos comportar daqui pra frente.

 

acho tão tosco quanto (ou mais) esse comportamento de ficar avaliando de cima a forma que as coisas foram conduzidas, ali, ao menos, estamos focando no cinema, que é o cerne aqui. se é tosco todas as ramificações que a discussão tomou sobre conceitos e bla bla, o que dizer de ficar avaliando comportamentos e posturas? além de ser meio arrogante, sequer entra na temática proposta.

batgody2009-09-28 14:34:54

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O casamento de rachel eu vi. Mas deixa eu procurar um texto que escrevi na época em que o assisti, no qual esmiuço o multiculturalismo apresentado sob focos diversos (Gramsci e Alain, para ficarmos nos mais conhecidos), e os desdobramentos que este causa nos movimentos de câmera pós-moderno adotados pelo Demme.

 

... pause ...

 

NOT! Hahaha.

 

Falando sério: achei o filme ótimo, provavelmente o melhor Altman não assinado por ele. Um dos maiores trunfos, pra mim, é a maneira despojada, leve, bem solta mesmo, com que o Demme captura toda a estória, que é impressionantemente repleta de vaivéns, ao mesmo tempo em iguais e opostas medidas. Tive a sensação de estar assistindo a um casamento de uma família de verdade, como se eu mesmo tivesse recebido um convite. E a própria cerimônia em si parece resumir o filme: apesar de um evento bonito, no qual o amor e a união é celebrada, ele parece ser o começo de uma nova família, ou melhor, a inclusão de novas pessoas nesse grupo capaz de espalhar o amor e machucar ao mesmo tempo.

 

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