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Forum Cinema em Cena

A Fita Branca, de Michael Haneke.


Beckin
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Ainda não vi o filme' date=' mas como sou fã de Haneke, busquei mais informações sobre o filme aqui e... Nada!!?? 09

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 Poxa, gente! Colocar o nome do tópico em alemão é foda, né? rsrs  Foi mal Beckin. 08

 

 Abaixo, link com entrevista do cara à Folha de São Paulo. Observações imperdíveis e que fala muito sobre o artista que é. Destaque para o conceito do que é Cinema pra ele...

 

 

 

Sensacional essa entrevista do Haneke. Um artista seguro e de personalidade e que respeita a opinião dos espectadores. Mas por mais que ele diga que não é sobre o nazismo, não há também como disassociar. Até concordo que não seja o ponto principal, mas a questão da educação, como ele mesmo comentou é algo que também nos define. E o que vemos em "A Fita Branca" pode (ênfase no "pode") ter sido o primeiro passo pra tudo o que ocorreu dali em diante... pq não?
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Um grande filme. Senti um pouco o ritmo mais lento, pesado, mas nada que incomodasse. Me caiu melhor aqui o "não-final" do Haneke do que em Caché.

 

As expressões das crianças são capturadas de forma singular e a riqueza da fotografia serve perfeitamente à frieza brutal do filme.

 

 

 

P.S: Agora que li o comentário do Thiago, acho que é bem isso que ele falou.

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pra variar, é cabuloso. pivetada demoníaca o suficiente pra ser indiferente ao que estava por vir. nesse sentido o filme tem os olhos fixos no futuro (como no country for old man, irmão por parte de pessimismo). e isso explica o WTF da maioria das pessoas da minha sessão quando acabou. reação bem parecida com o do final da minha sessão do filme dos coen, não muito tempo atrás.

agora, não achei OP não. muito em função de ter a impressão de que (quase) nada foi acrescentado na filmografia dele.Jonny Greenwood2010-02-18 22:27:54
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8.5/10 - Eu assisti e gostei. O que mais me impressionou foi que o Haneke assina o filme de uma maneira, digamos assim, mais artística, mas não deixa de ser o Haneke de sempre. E não quero pregar aqui uma aversão ao explícito, afinal tudo depende da forma e do contexto, mas gostei da maneira sutil e até elegante com a qual ele monta as sequências, ou seja, tudo fica muito mais no poder da sugestão do que na exposição, seja nas sequências de choque ou naquelas com maior carga dramática. Com relação a abordagem das raízes do nazismo, embora tenha um caráter investigativo, a narrativa não funciona para descobrir quem é o culpado, mas sim mostrar como aquelas histórias influenciaram esta geração anterior à Primeira Guerra e ao nazismo. Faltou uma mãe a esta geração já que as mulheres eram submissas e humilhadas e os pais eram autoritários, opressores e donos de um falso moralismo. Para o Holocausto parece muito longe (ou não, dependendo do ponto de vista), mas digamos que este é um passo. Fotografia maravilhosa, por si só já é opressora pela ausência de cores, iluminação natural, trilha apenas quando um instrumento é utilizado em cena. Só não acho que é genial pq acho que Haneke poderia ter sacrificado a postura artística do filme e/ou até de algumas histórias ao longo de seus longos e, às vezes, irregulares 145 minutos.

 

PS: Não estou usando o tempo como "desculpa", antes que venham dizer...
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não entendi o que é essa postura artística exatamente?
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Eu vejo diferenças nos trabalhos vistos em "A Professora de Piano", "Caché", "Violência Gratuita" e "A Fita Branca", sendo que neste último ele está com um estilo de direção mais clássico, mais formal, digamos assim, porém ele não deixa de ser ele mesmo com relação a maneira como explora os temas.  Thiago Lucio2010-02-19 21:16:14
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Eu concordo com o Thiago. Haneke não irá abandonar seu pessimismo com a humanidade, ele apenas a trata de formas diversas. Em La Pianiste, era nosso fascínio pelo sexo; em Funny Games, pela violência; e agora a hierarquização do mal fruto de uma educação deturpada proveniente dos pais.

Eu realmente não entendi o que o Jonny queria de novo. Cada filme apresenta uma idéia nova, sobre um mesmo tema.
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Eu concordo com o Thiago. Haneke não irá abandonar seu pessimismo com a humanidade' date=' ele apenas a trata de formas diversas. Em La Pianiste, era nosso fascínio pelo sexo; em Funny Games, pela violência; e agora a hierarquização do mal fruto de uma educação deturpada proveniente dos pais.

Eu realmente não entendi o que o Jonny queria de novo. Cada filme apresenta uma idéia nova, sobre um mesmo tema.
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mas isso se restringe a idéias. em matéria de cinema esse novo foi mais do mesmo.
Jonny Greenwood2010-02-19 21:12:58
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mais clássico em que exatamente? pra mim só muda a fotografia mais trabalhada e o fato de ser "filme de época".

 

Eu vejo um estilo de direção mais tradicional, clássico, seguro, formal. Ele faz um filme com uma "cara" mais uniforme, mas "quadrado" tanto esteticamente como em termos de narrativa, ele se mostra mais "contido", "controlador", muito mais como um artesão da sétima da arte. Ele foi um diretor-professor. O tema, a narrativa, a fotografia, o cenário, a câmera de Haneke, tudo conspira para uma abordagem mais clássica, porém abordando os temas que gosta com a mesma sagacidade que lhe é característica.

 

E vou defender "A Fita Branca" como defendi "Avatar": nenhum filme precisa reinventar a roda, mas precisa fazer ela girar... 03 ... e ambos a fazem girar muito bem!!!!!
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Eu, honestamente, vejo a filmografia do Haneke como algo bastante peculiar, seja na estética, na abordagem... não é o meu diretor preferido... até acho que o Lars Von Trier consegue ser mais completo ao cutucar (pressionar, arrancar sangue) a ferida, mas gosto da sua ousadia, embora não goste de tudo o que ele fez.

 

Aliás, não é o tópico, mas eu assisti "A Professora de Piano" e detestei do fundo da minha alma. Gostaria de ver a defesa de algum apreciador desse filme, pois sinceramente considero-o um filme repulsivo e ofensivo. Ah tá, essa era a intenção... sei.... mas enfim.... até acho uma puta atuação lá da francesa, da Hupert, mas de resto... consigo aproveitar pouco e desprezo boa parte dele. E por favor, não estou sendo púdico...
Thiago Lucio2010-02-19 21:34:25
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mais clássico em que exatamente? pra mim só muda a fotografia mais trabalhada e o fato de ser "filme de época".

 

Eu vejo um estilo de direção mais tradicional, clássico, seguro, formal. Ele faz um filme com uma "cara" mais uniforme, mas "quadrado" tanto esteticamente como em termos de narrativa, ele se mostra mais "contido", "controlador", muito mais como um artesão da sétima da arte. Ele foi um diretor-professor. O tema, a narrativa, a fotografia, o cenário, a câmera de Haneke, tudo conspira para uma abordagem mais clássica, porém abordando os temas que gosta com a mesma sagacidade que lhe é característica.

 

E vou defender "A Fita Branca" como defendi "Avatar": nenhum filme precisa reinventar a roda, mas precisa fazer ela girar... 03 ... e ambos a fazem girar muito bem!!!!!
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mas o haneke é um cineasta contido, contolador. "até demais!" [/detratores]06

 

sobre o resto, considero a fita branca e avatar duas obras completamente opostas: um é um filme autoral, forte, que faze as pessoas saírem do cinema com cara de wtf?!, o outro é um produto enchedor de multiplexes. de avatar não dá pra cobrar um algo a mais pq um blockbuster nunca é feito para isso, mas de um autor brilhante e corajoso como o haneke, particularmente saio decepcionado da sessão se o cara se restringe a fazer a roda girar.
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Eu não vi em A Fita Branca nada capaz de me impressionar. Que o Haneke é um diretor talentoso eu já sabia, e nesse aspecto fica o ponto alto deste aqui, o enquadramento e o uso dos rostos em particular. O filme possui uma atmosfera instigante, mas muito mais tênue, muito mais "pop" do que Caché. E Caché, a meu ver, é o termo de comparação apropriado, uma vez que as estruturas dos dois se assemelham muito. No geral, eu diria que A Fita Branca é muito bom em termos estéticos, bom em todo o resto, mas não é ousado, não é, mais uma vez, suficientemente instigante, ainda mais para um diretor que se pretende tão profundo e tão observador da natureza humana.

 

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Eu, honestamente, vejo a filmografia do Haneke como algo bastante peculiar, seja na estética, na abordagem... não é o meu diretor preferido... até acho que o Lars Von Trier consegue ser mais completo ao cutucar (pressionar, arrancar sangue) a ferida, mas gosto da sua ousadia, embora não goste de tudo o que ele fez.

 

Aliás, não é o tópico, mas eu assisti "A Professora de Piano" e detestei do fundo da minha alma. Gostaria de ver a defesa de algum apreciador desse filme, pois sinceramente considero-o um filme repulsivo e ofensivo. Ah tá, essa era a intenção... sei.... mas enfim.... até acho uma puta atuação lá da francesa, da Hupert, mas de resto... consigo aproveitar pouco e desprezo boa parte dele. E por favor, não estou sendo púdico...
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pq vc odiou exatamente? a fita branca tb é repulsivo e ofensivo.
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Entendi perfeitamente o que o Thiago falou e acho que nem o Haneke tem essa obrigação de inventar a roda. Ele pode falar do tema mais trivial possível desde que o faça de maneira interessante.

 

 

 

E não gosto de Caché. Creio que de certa forma seja muito confortável para um cineasta jogar uma série de acontecimentos intrigantes na tela sem desenvolvê-los de maneira eficiente e interessante. Em A Fita Branca há uma discussão muito mais profunda, com cenas muito mais autônomas que em Caché. Em Das Weisse... eu não senti que ele precisasse ir além do que foi mostrado. Em Caché, fiquei um pouco frustrada.

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E não gosto de Caché. Creio que de certa forma seja muito confortável para um cineasta jogar uma série de acontecimentos intrigantes na tela sem desenvolvê-los de maneira eficiente e interessante.

 

 

mas um dos objetivo de caché é justamente esse, refletir sobre as regras, convenções de narrativa. é uma provocação genial e o haneke se esbalda ali. se o filme fosse resolvido-entre-aspas perderia totalmente relevância.
Jonny Greenwood2010-02-19 23:19:14
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Essa é uma explicação. A outra é a que dei. Conhecemos o Haneke de outros filmes e imaginamos que ele tenha encarado esse filme dessa maneira, mas o fato é que me incomoda, pois Caché não é nem narrativa nem esteticamente tão interessante quanto A Fita Branca. Neste último o convite à reflexão é muito mais aceitável.

 

Quem quer que tenha sido responsável pelos acontecimentos mostrados no filme foi ardiloso o suficiente para não deixar mais do que desconfianças no ar. Nenhum embasamento seria suficiente para condená-los e gosto do fato de que o professor não segue nenhum indício que não tenha passado pelo espectador.

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Uma outra coisa que me surpreendeu com esse Haneke em relação ao resto da filmografia dele é a ausência daquele momento extremo, explicito, que ilustra de forma contundente as consequências do que estava se encaminhando até ali. Esse não tem isso, não existe muitas mudanças de caracteristicas em ninguém e em nada, todos começam praticamente da mesma forma que terminam. O filme não tenta te causar um efeito crescente de angustia ou coisas do tipo, ele praticamente segue uma linha de "horror" e não ultrapassa ela. É uma cidade morta de emoções, e a forma que ele usa pra te atacar com ela é passeando, fazendo com que tu conheça pouquinho mais a rotina do local, do intimo daquelas pessoas, e isso não é menos doentio do que os crimes que tão as cercando. Aliás, tudo é justificável por isso. Não interessa se são as crianças ou qualquer outra pessoa, o que interessa é que um lugar com aqueles costumes só poderia criar monstruosidades, não tem como se esperar nada diferente. E só o fato das suspeitas sobre as crianças parecer coerente já evidencia o terror que ele criou ali. 

 

Tem dois personagens que destoam em relação a todos os outros, que é o professor e a menina que ele gosta. Ali é o momento mais otimista do Haneke durante a carreira toda, são duas pessoas puras que conseguiram crescer no meio da podridão. Com medo, claro, arranhadas de uma forma que não teria como reparar, como quando a menina fica com medo de passar a tarde com ele em um local isolado. Ninguém culparia ela, nós mesmos desconfiamos que o professor poderia revelar um caráter mais de acordo com o resto da cidade. Aquela cidade corrompe. O Haneke normalmente não costuma te dar um personagem a qual seguir, aqui ele faz isso. E no final acontece com ele o mesmo que acontece com nós, simplesmente deixa o lugar, repugnado já. Enquanto a cidade continua seguindo o próprio rumo. Melhor forma de terminar.
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Essa é uma explicação. A outra é a que dei. Conhecemos o Haneke de outros filmes e imaginamos que ele tenha encarado esse filme dessa maneira' date=' mas o fato é que me incomoda, pois Caché não é nem narrativa nem esteticamente tão interessante quanto A Fita Branca. Neste último o convite à reflexão é muito mais aceitável.
Quem quer que tenha sido responsável pelos acontecimentos mostrados no filme foi ardiloso o suficiente para não deixar mais do que desconfianças no ar. Nenhum embasamento seria suficiente para condená-los e gosto do fato de que o professor não segue nenhum indício que não tenha passado pelo espectador.[/quote']

 

pra mim esse argumento do pq a reflexão em caché é menos aceitável não fez sentido algum..

 

particularmente não ligo pra estética em si, até onde posso perceber o haneke muito menos, já que a fita branca só foge do padrão dele pq existe um objetivo bem claro. narrativamente pra mim não existe comparação, caché é muito mais complexo e sofisticado. a todo momento o haneke põe em xeque o entendimento do espectador sobre a imagem que está sendo mostrada. ele fez daquele filme uma queda-de-braço brilhante sobre quem tem o domínio da obra: o autor, os personagens ou o público. a fita branca gira ao redor de idéias menos ambiciosas e sem o mesmo brilhantismo.
Jonny Greenwood2010-02-19 23:42:41
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Acho que Caché não tem cenas isoladas que valeriam o filme como as que se vê em A Fita Branca.

 

Eu não disse que a reflexão em Caché é menos aceitável, só acredito que ele abra uma menor possibilidade de interpretações do que A Fita Branca. Em outras palavras, consigo ver Caché sendo "terminado". A Fita Branca jamais. Seria a destruição do cerne do filme, já que a cidade, como o Te falou, era aquilo que de fato Haneke queria que conhecêssemos. Ela é, intimamente, muito mais monstruosa e hedionda do que aquela sucessão de atos simbólicos.

 

O Tê falou um negócio perfeito que acho que resume a grande sacada do filme:

 

 

 

É uma cidade morta de emoções, e a forma que ele usa pra te atacar com ela é passeando, fazendo com que tu conheça pouquinho mais a rotina do local, do intimo daquelas pessoas, e isso não é menos doentio do que os crimes que tão as cercando. Aliás, tudo é justificável por isso. Não interessa se são as crianças ou qualquer outra pessoa, o que interessa é que um lugar com aqueles costumes só poderia criar monstruosidades, não tem como se esperar nada diferente. E só o fato das suspeitas sobre as crianças parecer coerente já evidencia o terror que ele criou ali.

 

 

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Acho que Caché não tem cenas isoladas que valeriam o filme como as que se vê em A Fita Branca.
Eu não disse que a reflexão em Caché é menos aceitável' date=' só acredito que ele abra uma menor possibilidade de interpretações do que A Fita Branca. Em outras palavras, consigo ver Caché sendo "terminado". A Fita Branca jamais. Seria a destruição do cerne do filme, já que a cidade, como o Te falou, era aquilo que de fato Haneke queria que conhecêssemos. Ela é, intimamente, muito mais monstruosa e hedionda do que aquela sucessão de atos simbólicos.
O Tê falou um negócio perfeito que acho que resume a grande sacada do filme:

É uma cidade morta de emoções, e a forma que ele usa pra te atacar com ela é passeando, fazendo com que tu conheça pouquinho mais a rotina do local, do intimo daquelas pessoas, e isso não é menos doentio do que os crimes que tão as cercando. Aliás, tudo é justificável por isso. Não interessa se são as crianças ou qualquer outra pessoa, o que interessa é que um lugar com aqueles costumes só poderia criar monstruosidades, não tem como se esperar nada diferente. E só o fato das suspeitas sobre as crianças parecer coerente já evidencia o terror que ele criou ali.
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a cena do elevador de caché pra mim valeria 5 sessões de a fita branca. a da morte, a do sujeito contando a estória do cachorro tb.

 

acho que você está se apegando demais aos finais e na possibilidade de saber quem fez o que. digo, não acredito que o Haneke esteja minimamente interessado em quem matou Odete Roitman. haha

 

tá mais interessado em perguntar pq nós temos a necessidade de saber. e a força de caché tá toda aí.
Jonny Greenwood2010-02-20 00:03:50
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