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Forum Cinema em Cena

Bastardos Inglórios


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Eu gostei. Apenas achei que as referências ao cinema foram exageradas e claras demais.

 

Mesmo que as fizesse em mesmo número, poderia fazer de forma mais, digamos, sutil.

 

Mas discordo quanto à expressão "esterelidade emocional". Pois vejo que o Tarantino supre qualquer exagero em narrativa (o que na minha opnião constribuiu muito para desenvolver a personalidade dos personagens) com um recurso muito mal utilizado (e pouco explorado) hoje em dia: Trilha sonora.

 

Ele a combina de uma forma espetacular com as cenas, fazendo com que uma simples cena em slowmotion te dê toda a tensão necessária para a sensação que o personagem deva estar sentindo entrar em sua mente; graças à música (que Tarantino sempre soube usar de forma excepcional - e inovadora).

 

Um exemplo? A cena onde o alemão  heróico se dirige ao Tenente Aldo. Não precisou de nenhum diálogo para você se sentir na pele do personagem. Puramente estético? Entendo sua visão, mas será que aí não pesou o olhar do crítico?

 

Olha, eu acho que acho que a estética bem usada contribui tanto quanto diálogos bem fundamentos. Gerry, por exemplo (extremo, mas exemplo).

 

E uma coisa sobre a qual você não comentou e achei interessante. A forma pela qual foi dissecada a personalidade dos Bastardos Inglórios. A impressão que se tem no começo é que são aqueles matadores arrasta-quarteirões, legendários, imbatíveis... mas depois se mostram apenas pessoas fracas com uma vontade. Uma raiva no coração. Não são imbatíveis; muito pelo contrário, são uns bobões (palavra horrível, mas adequada; Aldo falando italiano, por exemplo, hahaha).

 

E quando você acha que a bobagem tomou conta do personagem interpretado por Brad Pitt, na última cena ele mostra o porquê da má fama. E você se sente empolgado de novo, por estar vendo o personagem cruel que você esperava. Eu cheguei a ficar preocupado, pensando "Poxa, e os escalpos? Vai dar só nisso?"

 

Gostei da forma que Tarantino usou para explorar a "fragilidade" de absolutamente todos os personagens (desde os nazistas - passando pelo herói do filme estrelado por si mesmo - aos matadores de nazistas).

 

Na minha opnião, senti que ele quis passar uma mensagem de que, mesmo sendo mostrados de forma elegante, ninguém ali é imortal ou perfeito (o que se costuma fazer ao construir a personalidade de um protagonista, por exemplo).

 

Não achei o filme vazio, nem tão pouco puramente estético. Mas concordo que é um filme um tanto (e bota tanto nisso) quanto pretensioso e até, sei lá, megalomaníaco?

 

E acho que, enquanto os personagens foram muito bem desenvolvidos, a história acabou sobrando. Não que seja ruim, pelo contrário, mas a dedicação exagerada ao lado Tarantino (nesse ponto concordo com você, a estética não justifica deixar a história de lado) acabou deixando a trama com alguns furos. Confesso que fiquei perdido algumas vezes, tentando encaixar peças.

 

Mas nada disso não prejudicou a minha admiração pelo filme. Eu avalio um filme pela experiência que ele me faz passar. Pelo que me fez sentir. É complicado sentar e analisar. Até parar de verdade pra pensar (o que só tive coragem de fazer ao ler sua resenha - muito boa, por sinal) eu tinha achado o filme perfeito. Acho que é isso que vale, né?

andreimachado2009-10-09 23:33:29

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Concordo com quase tudo, e endosso sobre Pitt; péssimo, discordo do Pablo em relação a sua graçã, não vi nenhuma, e sim, completamente não verdadeiro, forçado, uma caricatura pessimamente construída, irritante é a palavra. Discordo também sobre a Laurent; junta com o Waltz, a melhor coisa do filme. E sim, algumas cenas demasiadamente extensas, como a citada no bar, mas com um dos melhores diálogos do filme.

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Parabéns pela crítica, Pablo, mas discordo da nota dada ao filme.

 

 

 

Concordo com você que Christoph Waltz foi o ator-destaque desta projeção, mais ainda que Brad Pitt que, mesmo sendo muito preciso com sua atuação, não tem muito espaço para atuação criativa, além de ser um personagem divertidíssimo e imponente ao mesmo tempo. Isso para um ator como ele é fácil. Já Waltz teve muito mais liberdade e usou isso muito bem, como por exemplo quando diz "bingo" como os americanos, mas demostrando felicidade quase infantil o fazer. Como um exímio professor gramatical dissesse uma gíria, para comunicar-se com jovens.

 

 

 

O diretor também merece palmas por conduzir um personagem tão interessante. A própria cena do início do filme já nos apresenta como um personagem agradável, educado e gentil, pode nos deixar extremamente tensos, apenas pelo uniforme e pela expressão apreensiva do personagem que o contracena.

 

 

 

Na verdade, a parte de abertura, me arrisco a dizer ser a melhor parte do filme, se não uma das melhores cenas de todos os seus filmes. Não só ela o resume, como mostra todo o talento do cineasta. O diálogo retórico de Landa justificando o assassinato dos judeus ao mesmo tempo que os reduz à pragas já nos diz que o nazista já sabia que os refugiados se escondiam sob o chão, e a tomada que mostra, Shoshanna correndo sob o solo, mostrando apenas seu vulto entre as gretas do chão demonstra a caça de gato e rato.

 

 

 

A cena no pub subterrâneo foi longa, mas não me senti em momento algum impaciente ou distraído da narrativa. A cena em si pode ser dividida em partes. A parte da confraternização com os nazistas bêbados (achei muito interessante, por sinal, Tarantino ter trazido um nível de humanismo aos nazistas de menor escalão); o ato de desenvolvimento em que a atriz (não me lembro o nome) está compilando as informações com os outros; a briga do grupo com o bêbado e o tenso ato da discussão com o com o oficial que se mostra eximamente inteligente de forma inteligente; e por fim, o ato do duelo, juntamente com a negociação de Aldo com o nazista sobrevivente. Todas muito interessantes.

 

 

 

O filme tem sim, diálogos demasiadamente longos (os diálogos de Tarantino nunca foram curtos, na verdade, apesar de se alongarem um pouco a cada filme), e uma ou duas cenas desnecessárias, mas o diretor novamente se mostra tão talentoso que consegue conduzir um ótimo filme dessa forma.Digger2009-10-12 00:19:00

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A cena inicial é a melhor mesmo, e depois ele nos apresenta momentos bem constrangedores e desnecessários; a questão do tempo de certas cenas tem sido bastante recorrente entre os comentários sobre o filme e não é por acaso: realmente Tarantino exagerou em vários momentos, estéticos até, repetindo vários enquadramentos iguais aos de Kill Bill, e de forma gratuita e rápida, como se vê na cena do cinema, depois da música do Bowie, quando ele tenta fazer um plano-sequência de cima, que é abadonado segundos depois. É repetição pura. O que espanta é o roteiro ter sido retrabalhado por anos, para se chegar ao resultado visto. Imagine então a qualidade original da coisa. Até "Prova de Morte" tem seus momentos melhores e mais dignos de um respeitável Tarantino que este aqui.

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Pablo, não concordei com o seu texto. Acho que você anda tendo visões limitadas e exageradamente técnicas sobre os filmes. Abra a sua cabeça, deixe de ser "crítico" e volte a ser "cinéfilo". Alguns comentários aqui nesse fórum mostram que algumas pessoas conseguiram compreender mais profundamente o que Tarantino quis com diversas passagens do filme. Há coisas bem simples que se você parar um pouco mais pra pensar, vai vê-las da maneira correta. Por exemplo: a cena rápida onde Hitler aparece dizendo a Goebbels que vai estar na pré-estreia se justifica pelo simples fato de que ele está justificando a sua presença. Se nos baseássemos apenas na informação dada por Diane Kruger, ficaria faltando o motivo pelo qual Hitler estaria lá. Portanto, a inserção da cena com Hitler dá mas consistência pra coisa toda. Mas esse é só um exemplo. Deixe de lado as informações sobre plongée e contre-plongée que você coloca em todos os seus textos (a gente já entendeu que você sabe o que é isso) e procure ir mais a fundo na construção dramática das obras. Abraço.

 

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Quer dizer que o Tarantino vai voltar a trabalhar num balcão de locadora... Que comentário infeliz!

As citações foram óbvias? Também achei... Mas nem todos tem grande conhecimento de cinema. A imensa maioria do público não viu nem 50% dos filmes citados.

Não é vergonha fazer filmes de massa. Inclusive acho que o que ele fez pode estimular as pessoas a conhecer os filmes citados. É um filme de entretenimento, e qual o problema nisso?

Sinceramente, achei essa crítica lamentável, se baseia apenas em aspectos técnicos e em crenças pessoais.

 

 

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O que eu posso dizer sobre a crítica do Pablo? Não concordo, é claro.

Dizer que os filmes do Tarantino não tem isso ou não tem aquilo é o mesmo que dizer que não tem como se envolver emocionalmente com os filmes do Tim Burton. Se esse é o estilo de filmes dos seus realizadores, nunca haverá como gostar dele (embora nunca seja uma palavra muito forte).

 

Reclamar das referências cinematográficas? Peço desculpas, mas sou um ignorante quanto a elas, posso até identificar uma ou outra, mas a minha bagagem cinematográfica não me deixou aborrecer pelo "excesso" de referências.

 

Duas linhas pra falar da atuação do Christopher Waltz. O cara merecia um texto só pra ele de tão extraordinário que é o seu trabalho.

 

Eu consigo entender perfeitamente o que o Pablo não gostou, afinal ele escreve de maneira muito clara as suas idéias, mas definitivamente não concordo com a sua visão neste seu comentário.
Thiago Lucio2009-10-15 21:06:14
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  • 2 weeks later...
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Pablo, me desculpe mas acho que você foi muito infeliz nessa crítica, ao criticar você deve entender as características e as intenções do autor. Os filmes do Tarantino tem suas marcas registradas: diálogos extensos e brilhantes sobre assuntos que muitas vezes nem tem a ver com o que acontece no filme (lembra da Madona em Reservoir Dogs?), a violência e o sangue, roteiros "malucos", trilha sonora extraordinária e outras. Não quero dizer que o filme seja perfeito, mas as intenções foram obtidas, o filme não foi feito para emocionar, nem para que se apeguem aos personanges. Acredito que ao invés de perder tanto tempo nos pontos negativos, devia ter reservado maior espaço aos pontos positivos como atuação de Waltz, memorável, o típico caso do vilão que consegue encantar, merecedor de Oscar. E aquele comentário sobre o Tarantino voltar a ser balconista? Acho que você perdeu uma grande oportunidade de ficar "quieto".

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O cinema do Tarantino é' date=' de uma forma geral, caricatural; mas por opção dele, não por falta de talento..[/quote']

Concordo. Se Tarantino quisesse seguir uma linha mais clássica, ele se saíra muito bem, tendo em vista o seu domínio da câmera e da linguagem cinematográfica.

 

No entanto, ele prefere a linha caricatural. Faz tão bem que outros diretores que tentam seguir a mesma linha, não são igualmente bem-sucedidos.

 

Até na questão das referências, Tarantino sai-se melhor do que a maioria.

 

O mais bacana é que ele não faz por pura exibição : é o seu indisfarçável amor pelo cinema escapulindo pela tela. É o filme de guerra, é o western spaghetti, é o noir, é a comédia, tudo em um pacote que é uma declaração óbvia de amor ao cinema. Poucos diretores conseguem fazer isso tão bem. Caricato sim, mas competente e talentoso. 

 

Também não concordo sobre a Mélanie Laurent... Talentosa, ela e Waltz têm os melhores desempenhos do ano, bem como as melhores atuações saídas de um filme do diretor.  
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Eu não consigo entender essa defesa dos "intelectuais" pelo Tarantino.

 

Eu posso entender porque nós, apreciadores de um bom blockbuster, gostávamos. Seus filmes são violentos a ponto de serem caricaturais, com diálogos transbordando referências à cultura pop ( quadrinhos, programas de TV, músicas, etc) e acima de tudo, Tarantino é um

cinéfilo como nós, uma verdadeira enciclopédia de filmes B e trash.

Quem conhece sua biografia, sabe que antes da fama Quentin era

balconista de uma locadora com um acervo gigantesco e, portanto, teve a

oportunidade de ver todo e qualquer tipo de filme. No entanto, os que o

influenciaram são justamente os que os ditos intelectuais denominam

como lixo cultural.

 

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Mas aí é que tá... de forma nenhuma podemos deixar de colocar que o que Tarantino faz é cinema. E cinema de 1ª grandeza. Sei que faltam 2 meses para acabar o ano, mas é difícil que alguém consiga superar a qualidade de "Bastardos Inglórios" em todos os sentidos em 2009. Reduzir seu cinema apenas à diversão pra mim é de um reducionismo sem tamanho. 

 

E também não podemos romantizar e/ou endeusar o Tarantino apenas pq ele era cinéfilo como nós e trabalhava numa locadora e blá-blá-blá... Tarantino é um baita cineasta, um baita roteirista. Thiago Lucio2009-11-08 08:04:13
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Incapaz de envolver o espectador em sua narrativa? <?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

“Já se emocionou em um filme de Tarantino”?

 

Bastardos é muito mais do que eu pensei que pudesse ser. Querer buscar emoção em um conto de fadas às avessas sobre vingança filmado por Tarantino é buscar pêlo em ovo. E dizer que não envolve o espectador em sua narrativa é atestar que simplesmente não se ligou ao filme. E se não se ligou ao filme, significa que ninguém mais se ligará? Fiquei grudado na cadeira justamente nas duas cenas com os maiores diálogos. Antecipação e criação de clima, paciência para explodir tudo de uma vez, a queda da infalibilidade dos protagonistas para deixar o público realmente apreensivo. Tarantino mata a pau.

 

Queria ver a correção técnica do Pablo ao fazer a crítica dos filmes do Fulcci, por exemplo... o italiano e vários dos seus contemporâneos do cinema fantástico italiano seriam banidos do cinema como os maiores dos picaretasse dependesse do nosso editor

Patético... mas cada um tem sua opinião!
Dreyer2009-11-10 09:08:47
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Eu já me emocionei em um filme de Tarantino. Em Kill Bill, mais precisamente.

 

 

 

Acho que a palavra "verossimilhança" é utilizada de maneira gratuita; eu gosto de verossimilhança sempre, e de acordo com a proposta caricatural do filme (nunca vi um filme do Tarantino com tanto tom de farsa), acho que foi totalmente verossímil.

 

 

 

Concordo que é uma obra menor de Tarantino. Mas mesmo uma obra menor do Tarantino ainda é melhor que a esmagadora maioria dos filmes que fazem a crítica babar.

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