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Forum Cinema em Cena

Você Gosta de Filmes "Ruins"? Por quê?


Perucatorta
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E outra: eu não sei se vc falou isso de "objetivos do diretor" pelo "leva-se a sério" que eu coloquei' date=' mas eu disse isso porque dita o tom de cada filme, o que (ao menos para mim) é importante na hora em que eu me adentro neles. DreamCatcher, por exemplo, foi filmado ao pé-da-letra como um genuíno filme de gênero, portanto não conseguiria encará-lo como algo camp ou B. Seria forçá-lo a ser algo que ele terminantemente não é nem pretende ser.
[/quote']

 

Mas Luiz, Plano 9 também foi filmado como um filme de gênero e não consigo considerar ele pior do que esse Halloween II do Zombie, que é tão sério quanto ruim. Plano 9 é composto por diversos elementos ruins que desembocaram em algo engraçado, divertido e, ao meu ver, bom.

 

 

 

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E outra: eu não sei se vc falou isso de "objetivos do diretor" pelo "leva-se a sério" que eu coloquei' date=' mas eu disse isso porque dita o tom de cada filme, o que (ao menos para mim) é importante na hora em que eu me adentro neles. DreamCatcher, por exemplo, foi filmado ao pé-da-letra como um genuíno filme de gênero, portanto não conseguiria encará-lo como algo camp ou B. Seria forçá-lo a ser algo que ele terminantemente não é nem pretende ser.
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Mas Luiz, Plano 9 também foi filmado como um filme de gênero e não consigo considerar ele pior do que esse Halloween II do Zombie, que é tão sério quanto ruim. Plano 9 é composto por diversos elementos ruins que desembocaram em algo engraçado, divertido e, ao meu ver, bom.


 

E aí ta toda a diferença pra achar um bom e outro ruim. Podem ter exatamente os mesmos defeitos, só que um diverte, o outro não. 

 

Mas é um negócio estranho, o cara vai lá assistir um filme que dizem ser terror, daí o negócio começa a ficar engraçado, tu começa a rir com ele, se divertir, e depois sai dizendo que ele é um filme ruim pq te trouxe diversão através do riso, e não do susto? Se alguém me perguntasse o que achei, posso dizer que é um bom filme pra mim, mas se tu quer um terror que te deixe tenso e etc, não é o momento, esse aqui me pegou pela parte cômica. E beleza, é isso.

 

existem filmes de terror (por exemplo de novo) que eu possa ter dado uma ou outra risada e mesmo assim não tenha gostado, que a tosquice dele (e nesse caso no mau sentido) tenha sido tanta que ri um pouquinho, mas não necessariamente me divertido. e aí sim, no final considero um filme ruim. Mas se isso venha aliado com a diversão, que eu dê risada e me divirta enquanto isso, que tenha uma sensação agradável durante, seja essa o que for (riso, medo, choro, etc)... Daí podem escrever milhões de palavras aí, nunca vou conseguir entender como depois disso a pessoa ainda pode considerar o filme ruim.
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<font face="Times New Roman' date=' Times, serif" size="3">O terror misturado com humor para mim é, de praxe, horrível, as únicas exceções são alguns RAROS casos em que o filme já era uma comédia com horror e mesmo sabendo disso eu me aventurei a assistir e gostei (como Shaun of the Dead). Um filme que se leva a sério me fazer rir é muito, muito difícil. Mas se isso acontece, eu definitivamente não vou achá-lo bom. A minha associação é simples: quando assisto a um filme de terror que é mais sério eu não quero rir. Eu ODEIO quebra de clímax ou tensão. Pode ser uma padronização, reduzir as emoções, whatever, eu não me importo. Simplesmente não gosto.

 

[/quote']

 

Isso pode realmente ser uma "padronização, reduzir emoções, whatever". Sobre a quebra de clímax. É que eu acho que vocês complicam demais as coisas... Não importa se de terror ou de comédia ou pornô ou francês, filmes são entretenimento, e a mim não interessa que caminhos tomem para me entreter. Vou dar um exemplo. Em Inferno, do Argento, em certo momento um personagem começa a ser devorado por ratos em um lago. Terror, gritos, tensão, etc. Ele chama por socorro, e um vendedor de cachorro quente, que estava do oooutro lado do lago, sai em disparada pra salvar o homem. Ele corre, corre, demora, e os ratos comendo o cara vivo. Até que finalmente ele chega, o cara sendo devorado consegue esboçar uma expressão de alívio por saber que será salvo. Aí ele olha pra cima, o vendedor de cachorro quente puxa um facão gigantesco, termina de acabar com a raça do desgraçado, e volta tranquilo pra barraquinha de cachorro quente.

 

 

 

Inferno é um filme de terror genuíno, sem subtextos de humor nem flerte com a comédia nem nada, mas poucos filmes me fizeram rir tanto quanto nessa cena.Forasteiro2010-01-16 13:31:02

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E outra: eu não sei se vc falou isso de "objetivos do diretor" pelo "leva-se a sério" que eu coloquei' date=' mas eu disse isso porque dita o tom de cada filme, o que (ao menos para mim) é importante na hora em que eu me adentro neles. DreamCatcher, por exemplo, foi filmado ao pé-da-letra como um genuíno filme de gênero, portanto não conseguiria encará-lo como algo camp ou B. Seria forçá-lo a ser algo que ele terminantemente não é nem pretende ser[/quote']

 

Ok, a princípio nada disso interessa diante do saldo final do filme, se ele te agradou ou não, independente de gêneros e tons. Só me responde uma coisa, esse Dream Catcher, você quer dizer que até consideraria ele um bom filme se ele tivesse um tom camp, mas como ele se leva a sério, não importa se você gostou de assisti-lo, ele é um filme ruim?Forasteiro2010-01-16 13:27:07

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O terror misturado com humor para mim é, de praxe, horrível, as únicas exceções são alguns RAROS casos em que o filme já era uma comédia com horror e mesmo sabendo disso eu me aventurei a assistir e gostei (como Shaun of the Dead). Um filme que se leva a sério me fazer rir é muito, muito difícil. Mas se isso acontece, eu definitivamente não vou achá-lo bom. A minha associação é simples: quando assisto a um filme de terror que é mais sério eu não quero rir. Eu ODEIO quebra de clímax ou tensão. Pode ser uma padronização, reduzir as emoções, whatever, eu não me importo. Simplesmente não gosto. [/quote']

 

Pois então, é exatamente o que eu penso. 

 



Mas Luiz' date=' Plano 9 também foi filmado como um filme de gênero e não consigo considerar ele pior do que esse Halloween II do Zombie, que é tão sério quanto ruim. Plano 9 é composto por diversos elementos ruins que desembocaram em algo engraçado, divertido e, ao meu ver, bom.


[/quote']

 

Mas Plan 9 se transformou em uma comédia com o passar do tempo, de tão "ruim" que era, querendo o Ed Wood ou não. Esses filmes recentes não chegam a tanto.

 

 

E aí ta toda a diferença pra achar um bom e outro ruim. Podem ter exatamente os mesmos defeitos' date=' só que um diverte, o outro não. 

 

Mas é um negócio estranho, o cara vai lá assistir um filme que dizem ser terror, daí o negócio começa a ficar engraçado, tu começa a rir com ele, se divertir, e depois sai dizendo que ele é um filme ruim pq te trouxe diversão através do riso, e não do susto? Se alguém me perguntasse o que achei, posso dizer que é um bom filme pra mim, mas se tu quer um terror que te deixe tenso e etc, não é o momento, esse aqui me pegou pela parte cômica. E beleza, é isso.

 

existem filmes de terror (por exemplo de novo) que eu possa ter dado uma ou outra risada e mesmo assim não tenha gostado, que a tosquice dele (e nesse caso no mau sentido) tenha sido tanta que ri um pouquinho, mas não necessariamente me divertido. e aí sim, no final considero um filme ruim. Mas se isso venha aliado com a diversão, que eu dê risada e me divirta enquanto isso, que tenha uma sensação agradável durante, seja essa o que for (riso, medo, choro, etc)... Daí podem escrever milhões de palavras aí, nunca vou conseguir entender como depois disso a pessoa ainda pode considerar o filme ruim.
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Oh, God...

 

A diferença entre rir e gostar e rir e não gostar é que as risadas nesses filmes são fruto de cenas ridículas e constrangedoras. O constrangimento é que provoca esse efeito cômico. E constrangimento, para mim, não é algo positivo.

 

Ok' date=' a princípio nada disso interessa diante do saldo final do filme, se ele te agradou ou não, independente de gêneros e tons. Só me responde uma coisa, esse Dream Catcher, você quer dizer que até consideraria ele um bom filme se ele tivesse um tom camp, mas como ele se leva a sério, não importa se você gostou de assisti-lo, ele é um filme ruim?[/quote']

 

Como eu saberia? Se fosse comandado com tom camp, o filme seria totalmente diferente.

 

Lógico que se eu tivesse gostado, teria admitido. Não tem pra que mentir (pra vc e pra mim mesmo)...
Lumière2010-01-16 14:23:08
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 Mas dai a conversa envereda pra outro caminho. Diversão é um fator essencial em certos tipos d filme, mas não pode ser o unico.

 

Voltando ao exemplo do filme da Carla Perez. Ok, rí muito d todas as tosquices do filme, achei divertido, mas não necessariamente bom, não é a mesma coisa. O simples fato d vc se divertir com o filme, não vai torna-lo bom, pelo menos não pra mim. Duvido q se visse o filme d novo, a "piada" funcionaria d novo, pois perdeu o elemento surpresa.

 

 Resumindo, divertido não é necessariamente igual a bom filme, pelo menos pra mim.
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Como eu saberia? Se fosse comandado com tom camp' date=' o filme seria totalmente diferente.

 

 

 

Lógico que se eu tivesse gostado, teria admitido. Não tem pra que mentir (pra vc e pra mim mesmo)...[/quote']

 

Seria diferente, claro, mas não é a ênfase do post. O trecho chave é "não importa se você gostou de assisti-lo". Se gostou, mas vem aqui no fórum e diz que é ruim (ou seja, não importando se te agradou), então temos um problema. Senão, não, e é só isso que eu quero saber do pessoal.

 

 

 

Se você tivesse gostado, teria admitido. Ok. Ele seria então um bom filme, certo?Forasteiro2010-01-16 14:38:29

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 Mas dai a conversa envereda pra outro caminho. Diversão é um fator essencial em certos tipos d filme' date=' mas não pode ser o unico.

 

 

 

Voltando ao exemplo do filme da Carla Perez. Ok, rí muito d todas as tosquices do filme, achei divertido, mas não necessariamente bom, não é a mesma coisa. O simples fato d vc se divertir com o filme, não vai torna-lo bom, pelo menos não pra mim. Duvido q se visse o filme d novo, a "piada" funcionaria d novo, pois perdeu o elemento surpresa.

 

 

 

 Resumindo, divertido não é necessariamente igual a bom filme, pelo menos pra mim.
[/quote']

 

Esse post vai acabar gerando uma discussão igual àquela outra com o Cremildo e com o Rike, então pra encurtar, sim, diversão = bom filme.

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 Mas dai a conversa envereda pra outro caminho. Diversão é um fator essencial em certos tipos d filme' date=' mas não pode ser o unico.

 

Voltando ao exemplo do filme da Carla Perez. Ok, rí muito d todas as tosquices do filme, achei divertido, mas não necessariamente bom, não é a mesma coisa. O simples fato d vc se divertir com o filme, não vai torna-lo bom, pelo menos não pra mim. Duvido q se visse o filme d novo, a "piada" funcionaria d novo, pois perdeu o elemento surpresa.

 

 Resumindo, divertido não é necessariamente igual a bom filme, pelo menos pra mim.
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Pois é. E não se trata de analisá-lo objetivamente (nem tenho cacife para isso). É como disseram, uma piada que perde a graça depois.
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 Mas dai a conversa envereda pra outro caminho. Diversão é um fator essencial em certos tipos d filme' date=' mas não pode ser o unico.

 

Voltando ao exemplo do filme da Carla Perez. Ok, rí muito d todas as tosquices do filme, achei divertido, mas não necessariamente bom, não é a mesma coisa. O simples fato d vc se divertir com o filme, não vai torna-lo bom, pelo menos não pra mim. Duvido q se visse o filme d novo, a "piada" funcionaria d novo, pois perdeu o elemento surpresa.

 

 Resumindo, divertido não é necessariamente igual a bom filme, pelo menos pra mim.
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Esse post vai acabar gerando uma discussão igual àquela outra com o Cremildo e com o Rike, então pra encurtar, sim, diversão = bom filme.
Não, aquilo são outros quinhentos. Se o objetivo do filme não era divertir, lembrando q diversão é uma coisa q atinge varios ambitos, diversão não é igual a bom filme. Repetindo, pelo menos PRA MIM.
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Como eu saberia? Se fosse comandado com tom camp' date=' o filme seria totalmente diferente.

Lógico que se eu tivesse gostado, teria admitido. Não tem pra que mentir (pra vc e pra mim mesmo)...[/quote']
Seria diferente, claro, mas não é a ênfase do post. O trecho chave é "não importa se você gostou de assisti-lo". Se gostou, mas vem aqui no fórum e diz que é ruim (ou seja, não importando se te agradou), então temos um problema. Senão, não, e é só isso que eu quero saber do pessoal.

Se você tivesse gostado, teria admitido. Ok. Ele seria então um bom filme, certo?

 

Sim, seria. Eu gostei = filme bom. Como disse, não analiso filmes objetivamente. Não tenho conhecimento nem disposição para isso.
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 Mas dai a conversa envereda pra outro caminho. Diversão é um fator essencial em certos tipos d filme' date=' mas não pode ser o unico.

 

Voltando ao exemplo do filme da Carla Perez. Ok, rí muito d todas as tosquices do filme, achei divertido, mas não necessariamente bom, não é a mesma coisa. O simples fato d vc se divertir com o filme, não vai torna-lo bom, pelo menos não pra mim. Duvido q se visse o filme d novo, a "piada" funcionaria d novo, pois perdeu o elemento surpresa.

 

 Resumindo, divertido não é necessariamente igual a bom filme, pelo menos pra mim.
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Esse post vai acabar gerando uma discussão igual àquela outra com o Cremildo e com o Rike, então pra encurtar, sim, diversão = bom filme.

 

Não. Depende do tipo de diversão. Se a diversão for do tipo "filme ruim involuntariamente engraçado", a diversão surge do meu próprio choque/surpresa/espanto com a tosquice do que estou vendo. Nesse caso, como dito, o filme não funcionaria quando revisto, pois o elemento surpresa não estaria mais presente.
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Sei' date=' então você avalia um filme com base na hipótese de que efeito ele poderá ter em uma possível futura revisão?

 

E Questão, todo o filme objetiva algum tipo de diversão (desde que superemos aquela idéia simplista de que se divertir é igual a dar risada e comer pipoca). [/quote']

 

Errrr... Não. É só uma forma de dizer que eu só achei divertido naquela ocasião e por um único fator.

 

Aliás, isso que vc colocou em parentêses é JUSTAMENTE a minha experiência com esses filmes: dar risadas e comer pipoca. Nada mais.
Lumière2010-01-16 15:59:23
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Isso pode realmente ser uma "padronização' date=' reduzir emoções, whatever". Sobre a quebra de clímax. É que eu acho que vocês complicam demais as coisas... Não importa se de terror ou de comédia ou pornô ou francês, filmes são entretenimento, e a mim não interessa que caminhos tomem para me entreter. Vou dar um exemplo. Em Inferno, do Argento, em certo momento um personagem começa a ser devorado por ratos em um lago. Terror, gritos, tensão, etc. Ele chama por socorro, e um vendedor de cachorro quente, que estava do oooutro lado do lago, sai em disparada pra salvar o homem. Ele corre, corre, demora, e os ratos comendo o cara vivo. Até que finalmente ele chega, o cara sendo devorado consegue esboçar uma expressão de alívio por saber que será salvo. Aí ele olha pra cima, o vendedor de cachorro quente puxa um facão gigantesco, termina de acabar com a raça do desgraçado, e volta tranquilo pra barraquinha de cachorro quente.

 

 

 

Inferno é um filme de terror genuíno, sem subtextos de humor nem flerte com a comédia nem nada, mas poucos filmes me fizeram rir tanto quanto nessa cena.[/quote']

Não, isso não é uma complicação das coisas. Muito pelo contrário, é extremamente simples: não gosto quando vejo terror misturado com humor, especialmente em filmes sérios. Exceto quando escolho um filme que há algo que me agrada mesmo sabendo que haverá essa mistura, como Shaun ou Fome Animal. Tem gente que não gosta de comédia melosa, não gosta do exagero em drama, etc, eu evito filmes como esse. Isso não me prejudica em absolutamente nada. Vou ver coisas que não gosto pra quê, ficar posando de eclético? 06

E a cena que você viu pode ter sido cômica para você, talvez não fosse para mim, isso depende do meu grau de envolvimento e do meu limite entre o terror e o humor, que de tão tênue, possui limites diferentes para pessoas diferentes.

Mr. Scofield2010-01-16 16:57:33

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Na realidade' date=' ninguém disse que precisa de dias para gostar ou desgostar de um filme. Isso é algo que eu consigo dizer no fim da sessão (como no exemplo que eu dei, quando deu certo de assistirmos a Senhores do crime na Mostra de São Paulo, em 2007). O tempo, que às vezes engloba dias, é para dizer precisamente os porquês, ou seja, para compreendê-lo melhor, absorvendo com mais calma o impacto do filme. É um processo muito gostoso, do qual não abro mão e que eu penso estar intimamente conectado com o Cinema. Claro que acontece de não se aplicar a alguns filmes, mas é raro, no geral é assim mesmo que funciona. E ainda tem obras como Amantes, Kairo e Onde os fracos não têm vez, que eu faço questão de carregar para fora da sala de cinema. Se estou próximo a amigos, digo na boa o grau da minha satisfação, mas realmente não me julgo capaz de expressar o quanto eu fui realmente atingido pelo filme. Por isso que eu dificilmente encaro maratonas. Evito assisti-los seguidamente.[/quote']

 

Ocorre comigo o mesmo. Para os quem tem o raciocínio lento, preguiçoso e distraído, como é o meu, é necessário deixar os pensamentos não de molho, mas fermentando os fragmentos que fixamos daquela obra que nos arrebatou, até que possamos, ao menos, nos aproximar de conceber uma idéia geral e íntima. Quando se consegue chegar a tanto... Se parece com montar um quebra-cabeças que não se completa porque algumas peças simplesmente se perdem com o tempo e no empurra-empurra das idéias.

 

Realmente é muito difícil nos expressarmos de maneira que nos

satisfaça a respeito de filmes - ou de qualquer coisa - quando é

importante para nós. Estou vivenciando agora com Fale Com Ela, meu primeiro Almodóvar. Entre tantas imagens em vermelho e recortes de idéias, que de dentro de mim, instante a instante, emergem e submergem, não consigo externar outra coisa senão a de que fui invadido. Invadido pelo seu mundo - e não menos pela sua empatia com os seres que pôs para viver nele - com a mesma submissão e prazer com que também foi invadida a cientista do filme-mudo nas memórias de Benigno.

Rodion2010-01-16 17:07:24

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Estou acompanhando a conversa, que está muito boa, mas às vezes tenho a impressão que a gente termina caindo nuns redemoinhos. De todo modo, na outra página os colegas começaram a enveredar por aquele que talvez seja o ponto principal do assunto desse tópico, que é a idéia de que o objetivo principal do cinema é a diversão.

 

No caso, o Foras redimensou o termo de um jeito que na minha opinião melhorou as coisas, ao menos num plano mais abstrato, pois na prática ainda fiquei com a pulga atrás da orelha. Não é um confronto de idéias (pelo menos por enquanto), apenas quero compreender o raciocínio, porque ele ainda me parece, como o Kako diria, limitado.

 

Ou talvez seja pura falta de sincronia com termos, de um lado falar A e o outro B, quando na verdade ambos estão querendo dizer a mesma coisa. Mas o fato é que essa definição agora padrão do CeC pode gerar umas coisas bizarras que eu ainda não assimilo adequadamente.

 

Porque se a função principal é conduzida pelo carro-chefe que é a diversão, então qualquer filme que capaz de provocar risadas é bom, já que riso é uma das consequências mais imediatas da diversão. Logo, se um filme é ruim, mas de tão ruim chega a ser constrangedor, e de tão constrangedor te faz rir, logo ele é bom, já que te divertiu e essa é o objetivo da sétima arte.

 

E isso, meus amigos, não faz o menor sentido pra mim. Mas, é claro, me corrijam se eu estiver errado.

 

Gago2010-01-16 19:08:57

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Na realidade' date=' ninguém disse que precisa de dias para gostar ou desgostar de um filme. Isso é algo que eu consigo dizer no fim da sessão (como no exemplo que eu dei, quando deu certo de assistirmos a Senhores do crime na Mostra de São Paulo, em 2007). O tempo, que às vezes engloba dias, é para dizer precisamente os porquês, ou seja, para compreendê-lo melhor, absorvendo com mais calma o impacto do filme. É um processo muito gostoso, do qual não abro mão e que eu penso estar intimamente conectado com o Cinema. Claro que acontece de não se aplicar a alguns filmes, mas é raro, no geral é assim mesmo que funciona. E ainda tem obras como Amantes, Kairo e Onde os fracos não têm vez, que eu faço questão de carregar para fora da sala de cinema. Se estou próximo a amigos, digo na boa o grau da minha satisfação, mas realmente não me julgo capaz de expressar o quanto eu fui realmente atingido pelo filme. Por isso que eu dificilmente encaro maratonas. Evito assisti-los seguidamente.[/quote']

 

Ocorre comigo o mesmo. Para os quem tem o raciocínio lento, preguiçoso e distraído, como é o meu, é necessário deixar os pensamentos não de molho, mas fermentando os fragmentos que fixamos daquela obra que nos arrebatou, até que possamos, ao menos, nos aproximar de conceber uma idéia geral e íntima. Quando se consegue chegar a tanto... Se parece com montar um quebra-cabeças que não se completa porque algumas peças simplesmente se perdem com o tempo e no empurra-empurra das idéias.

 

Realmente é muito difícil nos expressarmos de maneira que nos

satisfaça a respeito de filmes - ou de qualquer coisa - quando é

importante para nós. Estou vivenciando agora com Fale Com Ela, meu primeiro Almodóvar. Entre tantas imagens em vermelho e recortes de idéias, que de dentro de mim, instante a instante, emergem e submergem, não consigo externar outra coisa senão a de que fui invadido. Invadido pelo seu mundo - e não menos pela sua empatia com os seres que pôs para viver nele - com a mesma submissão e prazer com que também foi invadida a cientista do filme-mudo nas memórias de Benigno.

 

Uau. Gostei muito disso, especialmente das palavras sobre Fale com ela. Seja benvindo, começou bem por aqui.

 

Eu além de precisar de tempo pra digerir adequadamente muitos filmes, também sou atingido pela falta de capacidade de expressar exatamente tudo o que eu senti. Hoje em dia eu converso de cinema muito mais na vida real, em mesas de bar com meus amigos, do que no fórum, e às vezes me faltam palavras pra descrever meus sentimentos. Um caso foi quando estávamos conversando sobre Memórias de um assassino, que eu acho simplesmente maravilhoso. Tenho plena consciência de tudo o que gosto e que me fascina nesse filme, mas a sensação de assisti-lo, que é com toda certeza o que mais me atrai, eu fiquei devendo. Até comecei a falar algumas coisas, mas acabei recorrendo a certas descrições de cenas com a esperança de que eles talvez lembrassem de algo remotamente parecido com o que me fisgou. Ele tiveram uma noção, mas essa minha tática patética foi inútil, é claro.

 

É o que acontece de vez em quando. E não vou negar: há qualquer coisa de muito interessante nisso, de particularidades entre nós e os filmes que simplesmente não dá para compartilhar. É bacana demais.

 

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Estou acompanhando a conversa' date=' que está muito boa, mas às vezes tenho a impressão que a gente termina caindo nuns redemoinhos. De todo modo, na outra página os colegas começaram a enveredar por aquele que talvez seja o ponto principal do assunto desse tópico, que é a idéia de que o objetivo principal do cinema é a diversão.

No caso, o Foras redimensou o termo de um jeito que na minha opinião melhorou as coisas, ao menos num plano mais abstrato, pois na prática ainda fiquei com a pulga atrás da orelha. Não é um confronto de idéias (pelo menos por enquanto), apenas quero compreender o raciocínio, porque ele ainda me parece, como o Kako diria, limitado.

Ou talvez seja pura falta de sincronia com termos, de um lado falar A e o outro B, quando na verdade ambos estão querendo dizer a mesma coisa. Mas o fato é que essa definição agora padrão do CeC pode gerar umas coisas bizarras que eu ainda não assimilo adequadamente.

Porque se a função principal é conduzida pelo carro-chefe que é a diversão, então qualquer filme que capaz de provocar risadas é bom, já que riso é uma das consequências mais imediatas da diversão. Logo, se um filme é ruim, mas de tão ruim chega a ser constrangedor, e de tão constrangedor te faz rir, logo ele é bom, já que te divertiu e essa é o objetivo da sétima arte.

E isso, meus amigos, não faz o menor sentido pra mim. Mas, é claro, me corrijam se eu estiver errado.
[/quote']

 

Eu não sei se entendi exatamente o que vc quis dizer. Vc não entendeu o que eu disse, é isso?
Lumière2010-01-17 00:21:07
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Na realidade' date=' ninguém disse que precisa de dias para gostar ou desgostar de um filme. Isso é algo que eu consigo dizer no fim da sessão (como no exemplo que eu dei, quando deu certo de assistirmos a Senhores do crime na Mostra de São Paulo, em 2007). O tempo, que às vezes engloba dias, é para dizer precisamente os porquês, ou seja, para compreendê-lo melhor, absorvendo com mais calma o impacto do filme. É um processo muito gostoso, do qual não abro mão e que eu penso estar intimamente conectado com o Cinema. Claro que acontece de não se aplicar a alguns filmes, mas é raro, no geral é assim mesmo que funciona. E ainda tem obras como Amantes, Kairo e Onde os fracos não têm vez, que eu faço questão de carregar para fora da sala de cinema. Se estou próximo a amigos, digo na boa o grau da minha satisfação, mas realmente não me julgo capaz de expressar o quanto eu fui realmente atingido pelo filme. Por isso que eu dificilmente encaro maratonas. Evito assisti-los seguidamente.[/quote']

Ocorre comigo o mesmo. Para os quem tem o raciocínio lento, preguiçoso e distraído, como é o meu, é necessário deixar os pensamentos não de molho, mas fermentando os fragmentos que fixamos daquela obra que nos arrebatou, até que possamos, ao menos, nos aproximar de conceber uma idéia geral e íntima. Quando se consegue chegar a tanto... Se parece com montar um quebra-cabeças que não se completa porque algumas peças simplesmente se perdem com o tempo e no empurra-empurra das idéias.

Realmente é muito difícil nos expressarmos de maneira que nos satisfaça a respeito de filmes - ou de qualquer coisa - quando é importante para nós. Estou vivenciando agora com Fale Com Ela, meu primeiro Almodóvar. Entre tantas imagens em vermelho e recortes de idéias, que de dentro de mim, instante a instante, emergem e submergem, não consigo externar outra coisa senão a de que fui invadido. Invadido pelo seu mundo - e não menos pela sua empatia com os seres que pôs para viver nele - com a mesma submissão e prazer com que também foi invadida a cientista do filme-mudo nas memórias de Benigno.


Uau. Gostei muito disso, especialmente das palavras sobre Fale com ela. Seja benvindo, começou bem por aqui.

Eu além de precisar de tempo pra digerir adequadamente muitos filmes, também sou atingido pela falta de capacidade de expressar exatamente tudo o que eu senti. Hoje em dia eu converso de cinema muito mais na vida real, em mesas de bar com meus amigos, do que no fórum, e às vezes me faltam palavras pra descrever meus sentimentos. Um caso foi quando estávamos conversando sobre Memórias de um assassino, que eu acho simplesmente maravilhoso. Tenho plena consciência de tudo o que gosto e que me fascina nesse filme, mas a sensação de assisti-lo, que é com toda certeza o que mais me atrai, eu fiquei devendo. Até comecei a falar algumas coisas, mas acabei recorrendo a certas descrições de cenas com a esperança de que eles talvez lembrassem de algo remotamente parecido com o que me fisgou. Ele tiveram uma noção, mas essa minha tática patética foi inútil, é claro.

É o que acontece de vez em quando. E não vou negar: há qualquer coisa de muito interessante nisso, de particularidades entre nós e os filmes que simplesmente não dá para compartilhar. É bacana demais.

 

Alguns filmes na maioria das vezes podem gerar uma experiência única e intransferível e aí nos deparamos com a impossiblidade de explicar para outras pessoas e até para nós mesmos os motivos que nos levaram a gostar deles.

 

 

 
Nacka2010-01-16 22:18:18
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Porque se a função principal é conduzida pelo carro-chefe que é a diversão' date=' então qualquer filme que capaz de provocar risadas é bom, já que riso é uma das consequências mais imediatas da diversão. Logo, se um filme é ruim, mas de tão ruim chega a ser constrangedor, e de tão constrangedor te faz rir, logo ele é bom, já que te divertiu e essa é o objetivo da sétima arte.

 

E isso, meus amigos, não faz o menor sentido pra mim. Mas, é claro, me corrijam se eu estiver errado.

 

[/quote']

 

Ótimo post. Vou tentar expor mais ou menos o que eu penso.

 

Não acho que a diversão seja o único dos propósitos do cinema. Ou melhor, talvez tudo seja diversão, mas "diversões" diferentes. Se um filme inadvertidamente ou não transforma as duas horas em algo agradável, seja rindo, se assustando, se emocionando, causando admiração, etc, ele é para mim um bom filme. Agora, existem filmes que transcendem essas duas horas, que façam pensar ou até sentir por mais tempo, o que é fantástico. Creio que seja o tipo de filme que você e o Alexei prefiram. Para mim eles tem o mesmo nível de importância dos que me proporcionam apenas as duas horas intensas, mas aí é questão pura de preferência.

 

Existe um gap aí nesta tese, que é o tipo de filme que não te proporciona as duas horas intensas, mas que gera o efeito posterior. Pra mim seria um 2001 da vida, sei lá. Eu não consigo considerar 2001 bom, embora (e aí mora a contradição) entenda sua genialidade. Quando vejo um post ou texto falando maravilhas sobre ele, geralmente concordo, mas continuo o achando mega-chato.

 

Escrevi meio de sopetão aqui e posso ter deixado o post imcompleto ou até com erros, mas a idéia em geral que me ocorre é essa.

 

E acho que é isso (ou algo assim) que está gerando as divergências pois, sinceramente, quando vejo os posts de quase todos aqui, não vejo margem para idiotices ou bizarrices. Acho que é só questão de balisar os discursos e encontraremos a concordância.

 

 

 

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Eu não sei se entendi exatamente o que vc quis dizer. Vc não entendeu o que eu disse' date=' é isso?[/quote']

 

Você captou errado o que eu quis dizer. Ou eu que me expressei mal, vai saber.

 

O que eu quero é de algum modo entender essa idéia padronizada -- no sentido de que quase todo mundo concorda, de um jeito ou de outro -- de que a diversão é a função e o objetivo principal do cinema. É apenas um ponto de vista que eu gostaria de compreender melhor e analisar com mais calma, já que ele me parece, ao menos num primeiro momento (talvez por causa da noção que eu tenho do seu significado), um tanto divergente do que eu penso.

 

Além de ser algo que vai me ajudar a compreender o assunto inicial do tópico.
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