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Inés de Minha Alma, de Isabel Allende


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A narrativa do livro é feita a partir das memórias da própria heroína

do romance, que no momento presente, está com sessenta anos de idade e

sente que a morte esta a espreita para lavá-la para junto dos seus.

Através das memórias que vai escrevendo (ou ditando para a filha) vamos

conhecendo Inés Soaréz (1507-1580) que foi assim descrita nos livros de

história: “Espanhola, nascida em Plasencia, que viajou para o Novo

Mundo em 1537 e participou da conquista do Chile e da fundação de

Santiago. Teve grande influência política e poder econômico”.

Por algum tempo Inés Soaréz carregou nas costas a fama de ser “Viúva

das Índias” uma vez que seu marido Juan de Málaga a abandonou e seguiu

viagem para novas terras em busca de ouro e riqueza. Mas esta mulher não

poderia ficar em casa costurando e assando empadas a vida inteira

esperando por seu amante aventureiro. Resolveu então mudar seu destino e

juntou suas traças e uma sobrinha de quinze anos e, após meses de

espera, conseguiu autorização do governo e da igreja para ir atrás de

Juan. Claro que isso era só uma desculpa para conseguir a tal

autorização porque o que ela buscava mesmo era sua liberdade e, acima de

tudo, ser dona de seu nariz e construir seu futuro. Em uma viagem

conturbada de três meses em um navio onde só havia homens, Inés

conseguiu chegar ao seu destino mantendo-se íntegra e forte. Desembarca

na Venezuela com a sobrinha e já em terra firme tem que mostrar sua

coragem porque não era fácil ser mulher na Espanha, muito mais difícil

ainda seria em terras estrangeiras repleta de conquistadores a procura

do novo “Eldorado”.  Assim, enfrenta seu primeiro desafio para defender

sua honra na luta com um marinheiro muito atrevido que encontra a morte

na ponta da sua faca ao tentar estuprá-la na sua cabana improvisada de

casa. Precisa então fugir para outras terras e embarca para o Peru

deixando para trás a sobrinha que se apaixonara por outro viajante.

Para sobreviver no Novo Mundo faz o que sempre fez na Espanha:

Costurar e cozinhar empadas. Não encontra Juan em parte alguma, mas

encontra alguém que mudaria sua vida para sempre: o guerreiro Pedro de

Valdívia. Para provar sua coragem e ousadia já na segunda noite de amor

com este herói diz: “De agora em diante você tem as costas cobertas

por mim, Pedro, de modo que pode se concentrar em suas batalhas de

frente”. Promessa cumprida com a determinação que só as mulheres

fortes sabem cumprir. Mas não pense que ela foi sombra deste fundador de

cidades, porque ela lutou lado a lado com ele na caravana que seguiu do

Peru para o Chile e teve importância vital na travessia do decerto do

Atacama já que foi a responsável por encontrar água no deserto. Não

fosse isso e não teríamos esta história para ler e o Chile não seria o

que é hoje. Após instalarem-se no vale fundaram a cidade de Nova

Extremadura (que posteriormente ficou conhecida como Santiago). A vida

no início do povoado não foi nada fácil porque a fome era grande, a

miséria maior ainda e a guerra com os índios, principalmente com a tribo

dos Mapuches, decepava muitas vidas e a força de trabalho só diminuía

aumentando ainda mais o sofrimento.  Foram lutas árduas e sangrentas e

muita gente morreu de ambos os lados. Enquanto Pedro de Valdívia

explorava e fundava outras cidades pelo Chile era Inés quem ficava no

povoado para ajudar a construir as casas para aquela gente toda; erguer o

hospital para cuidar dos enfermos; costurar e cozinhar para todos. Era

também a responsável pela plantação e a colheita nos campos; de criar e

alimentar os animais além é claro de administrar a todos com afeto e mão

de ferro. Como se vê, esta mulher não só acompanhou Pedro de Valdívia,

mas construiu, com as próprias mãos, os destinos daquela gente. O título

que ostentava de “governadora” não era mera retórica e tinha o respeito

e admiração de todos. Em uma das muitas batalhas sangrentas que

participou, decepou a cabeça de sete caciques que estavam presos sob sua

responsabilidade e as jogou para cima de seus agressores para evitar

que milhares de índios da tribo Mapuches exterminassem o povoado. Ao

vislumbrar tamanha valentia os índios puseram-se a correr com medo

daquela “bruxa” sanguinária e louca e assim, mais uma vez, salvou sua

cidade e seu povo do extermínio completo.

Espanhola de sangue quente aprendeu e viveu intensamente os três

amores que conheceu na vida: Com Juan de Málaga (seu primeiro marido)

conheceu os prazeres do sexo e da sedução, com o amante Pedro de

Valdívia sentiu aflorar uma paixão avassaladora e aprendeu o valor do

 companheirismo na luta pela sobrevivência e com Rodrigo de Córdoba

(segundo marido) experimentou um amor mais sereno e definitivo num

relacionamento que durou mais de trinta anos.

Ler Inés de Minha Alma foi gratificante por duas razões: A primeira

foi conhecer a história da colonização do Chile e da fundação de

Santiago. Em segundo lugar por ter aprendido a respeitar e a valorizar o

trabalho fantástico de uma grande mulher que viveu por seus ideais e

pela valorização da força criadora feminina.

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