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Nacka
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Sangue de Pantera (Cat People)

 

 

 

Uma estreia surpreendente é tudo que um diretor quer ter. Tourneur foi além. Mesmo não tendo o reconhecimento que outros nomes da época tiveram' date=' Jacques Tourneur foi um grande expoente do gênero, inovando e esbanjando talento em cada produção. Sua preocupação com cada quesito, principalmente os estéticos, e a destreza supreendente na direção, fazem com que seu nome jamais seja esquecido, pelo menos para os amantes do bom e velho cinema.

 

Nota: 8

[/quote']

 

 

 

Esse eu acho obra-prima. Essa atmosfera de suspense claustrofóbica e sugerida pelas sombras é simplesmente uma abordagem ousada e genial. Não lembro de ter visto algum filme que aborde tão elegantemente o tema central da estória.silva2010-12-01 11:12:34

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Snatch é quase obra-prima pra mim. O considero genial. Sei lá' date=' eu considero vários filmes que não são profundos ou cult geniais.

[/quote']

 

Hmm, acho essa visão um pouco equivocada, já que vc afirma nas entrelinhas que eu não considero Snatch genial por ele não ser cult ou profundo, quando a verdade é que o considero um filme divertido, mas pouco me lembro dele. O que já é uma grande vantagem em relação a filmes que não lembro de nada, ou não quero lembrar.

 

 

 
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Sangue de Pantera (Cat People)

Certos fatos são injustificáveis. Por mais que diversos aspectos sejam levantados, é difícil encontrar uma resposta aceitável para determinada situação. Como o foco é o cinema, levanto uma questão: por que Jacques Tourneur, diretor francês de filmes B, tem uma carreira tão subestimada? Não podemos aceitar o argumento que se refere aos filmes de baixo orçamento, afinal de contas, William Castle e Roger Corman são dois grandes nomes que ganharam notoriedade, justamente por esse motivo. Sempre caminhando atrás desses dois profissionais, Tourneur dirigiu obras incríveis, com poucos recursos, mas, que, mesmo assim, demonstravam uma superioridade surpreendente, para a época.[/quote']

Na verdade o Tourneur é pouco conhecido apenas. Quem conhece, adora.
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Hmm' date=' acho essa visão um pouco equivocada, já que vc afirma nas entrelinhas que eu não considero Snatch genial por ele não ser cult ou profundo, quando a verdade é que o considero um filme divertido, mas pouco me lembro dele. O que já é uma grande vantagem em relação a filmes que não lembro de nada, ou não quero lembrar.

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Não era minha intenção estas entrelinhas. De verdade.

 

 

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Encantada (Encharted' date=' Dir.: Kevin Lima, 2007) 2/4

 
A Disney brincando com seus próprios clichês não deixa de ser interessante. Só o final ficou meio sem efeito (A aparição da Susan - humana - é breve, e a cena do Dragão se conclui muito fácil). [/quote']

Melhor comédia romântica que Hollywood já fez (o que não significa muito). Amy Adams imita de forma cômica perfeitamente o jeito da Branca de Neve, que é o epítome da heroína meiga e ingênua. As situações são realmente engraçadas, eu consegui me importar com o romance e tenho dificuldade pra parar de ver o número musical da arrumação.

 

Concordo sobre o Dragão (parece que não souberam como resolver aquela situação), mas não sobre Susan. Não senti necessidade de que ela aparecesse mais. Além dela não ser uma personagem importante, bastou uma cena rápida pra mostrar o resultado da troca de casais.

 

As referências aos filmes da Disney são um presente pra quem os conhece bem. O vestido de casamento de Giselle, ela indo embora com Edward no cavalo, ela desmaiada no elevador... den

 

 

Eu não sei onde eu li, mas tinha gente comparando a Amy Adams com a Julie Andrews em Mary Poppins na época do lançamento de Encantada. Eu acho que Adams supera Andrews, fácil (e olha que eu já acho a Mary Poppins encantadora).

 

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Encantada (Encharted' date=' Dir.: Kevin Lima, 2007) 2/4

 
A Disney brincando com seus próprios clichês não deixa de ser interessante. Só o final ficou meio sem efeito (A aparição da Susan - humana - é breve, e a cena do Dragão se conclui muito fácil). [/quote']

Melhor comédia romântica que Hollywood já fez (o que não significa muito). Amy Adams imita de forma cômica perfeitamente o jeito da Branca de Neve, que é o epítome da heroína meiga e ingênua. As situações são realmente engraçadas, eu consegui me importar com o romance e tenho dificuldade pra parar de ver o número musical da arrumação.

 

Concordo sobre o Dragão (parece que não souberam como resolver aquela situação), mas não sobre Susan. Não senti necessidade de que ela aparecesse mais. Além dela não ser uma personagem importante, bastou uma cena rápida pra mostrar o resultado da troca de casais.

 

As referências aos filmes da Disney são um presente pra quem os conhece bem. O vestido de casamento de Giselle, ela indo embora com Edward no cavalo, ela desmaiada no elevador... den

 

Eu não sei onde eu li, mas tinha gente comparando a Amy Adams com a Julie Andrews em Mary Poppins na época do lançamento de Encantada. Eu acho que Adams supera Andrews, fácil (e olha que eu já acho a Mary Poppins encantadora).

Eu não posso comparar, porque não lembro de Mary Poppins (lembro que adorava assistir na Sessão da Tarde). Só posso dizer que o desempenho de Adams é excepcional. Ela virou uma heroína da primeira era de ouro, só que de um jeito avacalhado, já que o filme é uma paródia. Não é muito comum a oportunidade pra uma atuação tão boa em filmes comerciais. Ninguém ali se destaca tanto quanto Adams, mas eu também gosto de James Marsden. Foi a primeira vez que ele me pareceu minimamente interessante.

Lucy in the Sky2010-12-01 13:32:15

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Não era minha intenção estas entrelinhas. De verdade.

 

Normal, sou uma pessoa melindrada...06

 

 

Mais Mostra:

 

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Fora da Lei (Hors la Loi, Rachid Bouchareb, 2010) - Seleção Palma de Ouro 2010 #1

 

Depois do ótimo London River, o Bouchareb vem com este aqui, um retrato de como a Argélia conseguiu sua independência da França. O curioso é como ele veste a velha história de ascensão política com roupas de gângsters, aproximando seu filme de todos os medalhões famosos de máfia que há por aí. Tem o carro que explode com alguém dentro, a família com opiniões divergentes, os chapéus Fedora com sobretudo, e por aí vai.

É eficiente e bem dirigido, mas não traz novidades no passado vermelho da Argélia e nem no gênero de máfia (fica inclusive a impressão de homenagem, como se já não houvesse o suficiente).

 
Stradivarius2010-12-01 14:06:58
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Minha Rainha Karo

Bela pérola holandesa q trata a efêmera utopia hippie sob o olhar de uma criança, ou “A Culpa é do Fidel” encontra “ Aconteceu em Woodstock . No filme, o titulo do filme vive com os pais numa comunidade riponga nos anos 70, em Amsterdã. Cheia de liberdade, isenta de cuidados nesta utopia feita apenas pra adultos onde td deve ser compartilhado, perceberá da pior forma q alguns sentimentos (ciume, principalmente) não combinam com ideais de “amor livre” e q princípios não enche barriga. As cenas da menina acordando no meio de uma suruba e do porco-espinho no freezer da geladeira são emblemáticas de tão surreais. 9/10


 

My-Queen-Karo.jpg

 
Jorge Soto2010-12-01 14:25:08
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Hmm' date=' acho essa visão um pouco equivocada, já que vc afirma nas entrelinhas que eu não considero Snatch genial por ele não ser cult ou profundo, quando a verdade é que o considero um filme divertido, mas pouco me lembro dele. O que já é uma grande vantagem em relação a filmes que não lembro de nada, ou não quero lembrar.
[/quote']Não era minha intenção estas entrelinhas. De verdade.

 

 

 

Que coisa mais fufi isso. E não estou sendo irônico.

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Sangue de Pantera (Cat People)



Uma estreia surpreendente é tudo que um diretor quer ter. Tourneur foi além. Mesmo não tendo o reconhecimento que outros nomes da época tiveram' date=' Jacques Tourneur foi um grande expoente do gênero, inovando e esbanjando talento em cada produção. Sua preocupação com cada quesito, principalmente os estéticos, e a destreza supreendente na direção, fazem com que seu nome jamais seja esquecido, pelo menos para os amantes do bom e velho cinema.

Nota: 8

[/quote']

Esse eu acho obra-prima. Essa atmosfera de suspense claustrofóbica e sugerida pelas sombras é simplesmente uma abordagem ousada e genial. Não lembro de ter visto algum filme que aborde tão elegantemente o tema central da estória.
 

 

E é incrível como ele consegue manter um nível agradável, do começo ao fim. Claro que ele passou por outras experiências cinematográficas, anteriormente, mas "Sangue de Pantera" foi sua primeira produção maior. Talentoso ao extremo. Filmaço. Fui rever, quando lembrei do seu post, mes passado.
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Sangue de Pantera (Cat People)

Certos fatos são injustificáveis. Por mais que diversos aspectos sejam levantados, é difícil encontrar uma resposta aceitável para determinada situação. Como o foco é o cinema, levanto uma questão: por que Jacques Tourneur, diretor francês de filmes B, tem uma carreira tão subestimada? Não podemos aceitar o argumento que se refere aos filmes de baixo orçamento, afinal de contas, William Castle e Roger Corman são dois grandes nomes que ganharam notoriedade, justamente por esse motivo. Sempre caminhando atrás desses dois profissionais, Tourneur dirigiu obras incríveis, com poucos recursos, mas, que, mesmo assim, demonstravam uma superioridade surpreendente, para a época.[/quote']

Na verdade o Tourneur é pouco conhecido apenas. Quem conhece, adora.

 

Não acho que se restringe apenas à isso, de forma alguma.

No entanto, não dá pra negar que isso é fato.
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Shutter Island é bem superior a um monte de filmes que existem por aí. É diversão muito bem feita. Se fosse de outro diretor, eu não pensaria nele como um filme menor. Mas não consigo deixar de pensar nele assim, porque Scorsese fez Taxi Driver, Depois das Horas, Os Bons Companheiros, Cassino e The Departed.

 

Não estou reclamando de Shutter Island.

 

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Shaun of the Dead 2004

 

shaunofthedead.jpg

 

Depois que assisti Hot Fuzz, comédia inglesa, esperava mais deste filme quando fui assistir esta semana visando o ator Simon Pegg, o filme não é ruim, até que é bom e engraçado, aquela caça aos mortos vivos de uma forma engraçada, uma comédia ridicula no bom sentido, mas não tem jeito, fico com Hot Fuzz da lista do ator, Hott Fuzz é uma das melhores comédias que já vi nos ultimos anos.
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Airplane! (ZAZ) - **

The Naked Gun (David Zucker) - ***

 

Aproveitei a vibe desta semana para pagar esses dois pecados. O primeiro é um pouco mais irregular que o segundo (vai ver porque o Nielsen é apenas coadjuvante aqui), mas dá pra dar boas risadas também.

 

Destaque para o blowjob no piloto automático em Airplane! e ao videoclipe de I'm Into Something Good em The Naked Gun.

 

 

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As Férias do Senhor Hulot

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No início a agilidade das tomadas e do próprio filme impressionam. Com o passar do tempo, entretanto, a "novidade" vira rotina e começa a cansar.

Acho que o filme envelheceu, e duvido muito que consiga ser assistido por alguém com menos de 30 anos, o que saliento, não é o meu caso. 09

Vale como curiosidade e pela excelente atuação do Tati no papel principal.

 

 
Rolex2010-12-05 11:15:56
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Acabei de ver Deixe ela entrar no Max HBO. 8,5/10. O roteiro do filme não é tão original. Mas o forte é a sua narrativa e a coragem do diretor. Há poucas explicações nos diálogos, sendo tudo mostrado na tela, de forma, às vezes, sutil até demais. É daqueles filmes que instiga a discussão. Além disso, o filme é protagonizado por crianças, sem aquela inocência própria do cinemão americano. 

 

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O Refugio

Belo drama frances q trata em suma de maternidade e amadurecimento de forma bem intimista. A historia narra a estoria de Mousse (Isabelle Carre, linda de barriga!) gravida do ex q morreu de overdose, q vai pro titulo do filme se desintoxicar pra decidir se de fato quer ou nao ter a crianca q espera, na cia do cunhado biba q demonstra mais itneresse pela crianca q ela mesma.  9/10

 

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Jorge Soto2010-12-06 11:43:49
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Minhas Mães e Meu Pai, de Lisa Cholodenko.

 

Bem fraquinho esse hein ? Não só pela questão de seguir praticamente todas as fórmlas de filmes indie americanos que apelam pro público Sundance da vida mas principalmente por ser bem mecânico, com uns personagens que mais parecem blocos de madeira as vezes do que qualquer coisa. Em certos momentos ainda parece que vão seguir por um caminho interessante, mas logo surge a storyline do Ruffalo com a Moore pra levar tudo por água abaixo. Os comentários sociais e as relações familiares são tão interessantes quanto aqueles que a gente assiste nas comédias da Nancy Meyers. Não chega a ser tão ruim, mas de qualquer forma é um desperdício de um bom elenco. Os momentos que me agradaram mais foram os que envolvem o elenco jovem, de alguma maneira acho que ainda tinha algo genuíno nas partes focadas na Mia Wasikowska e no Josh Hutcherson, mesmo que fosse algo bem bobo.
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O Iluminado (The Shining)

Stanley Kubrick, figura rara dentro da história do cinema, teve a carreira marcada pela sua postura cética a respeito do ser humano, e por ser dono de uma estilística incomparável, que sempre buscava a perfeição em cada take. Visto pela crítica como um diretor extremamente intelectual, Kubrick costumava abordar um tema recorrente em suas produções: a guerra. Com o passar dos anos, a fórmula pesada que o diretor utilizava em suas produções, começou a criar um certo desgosto por parte do público, fazendo com que o diretor deixasse os EUA, e caminhasse para a Inglaterra, onde trabalhou até seus últimos anos de vida.

 

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Depois de realizar alguns trabalhos na fase britânica, dentre eles: "2001 - Uma Odisseia no Espaço" e "Laranja Mecânica", obras que consagraram a filmografia do diretor, Kubrick parte para uma temática que, até então, era incompatível com o seu perfil intelectual. Como já era de se esperar, a crítica apedrejou "O Iluminado". O diretor chegou a ser criticado pelo próprio Stephen King, autor do livro no qual o filme foi baseado, que considerava Kubrick como um homem muito frio, incapaz de trazer uma abordagem agradável, para um tema tão impactante. Anos depois, após toda essa resistência, "O Iluminado" começava a ganhar seu verdadeiro reconhecimento, provando que Kubrick era dono de uma versatilidade invejável, e que estava pronto para deixar o espectador boquiaberto, a cada filme que fosse produzido.

Início do rigoroso inverno americano. Jack Torrance (Jack Nicholson) é contratado para passar alguns meses, dentro de um hotel, juntamente com a sua esposa (Shelley Duvall) e seu filho (Danny Lloyd), para cuidar das dependências do local, durante essa estação do ano. O que parecia ser uma boa experiência para o pai de família, que buscava mais tranquilidade para escrever o seu livro, acaba virando um pesadelo terrível, quando a solidão acaba afetando o convívio dos três. Cercados de neve por todos os cantos, o hotel vira palco de acontecimentos inexplicáveis, onde a loucura perambula pelos longos corredores. Deslumbrante em cada take. Uma atmosfera tão pesada, que o espectador fica tenso, vendo apenas uma tela preta, com as seguintes palavras: Terça-Feira. Belíssima observação de Janet Maslin, crítica do New York Times, que defendia o trabalho do diretor americano, e, principalmente, sua mudança de estilo.

Com um roteiro sólido, e com certas modificações, em relação ao material que deu origem ao filme, Kubrick consegue conduzir o filme da maneira mais correta possível, acertando em cheio, ao utilizar certa ambiguidade no desenvolvimento da estória. Até um determinado ponto crucial do filme, o espectador não consegue saber se tudo aquilo que acontece pode ser justificado pela insanidade do personagem de Jack Nicholson, ou se o hotel é palco de atividades sobrenaturais. Essa dúvida é solucionada, entretanto, no belo desfecho, o diretor dá espaço para outras abordagens possíveis. Kubrick termina o seu filme, mas deixa o espectador pensando por horas. Para uma pessoa tão fria, como Stephen King comentou, o americano conseguiu criar um universo de proporções indescritíveis. 

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O trabalho de câmera é fundamental para aprimorar a atmosfera soturna. Com o uso predominante da steadicam, que proporciona uma filmagem sem os trancos gerados pelos movimentos do corpo, além de facilitar o movimento entre os cenários, sem a utilização de cortes, o diretor opta por uma filmagem com planos abertos, para aumentar o sentimento de solidão, dentro de cada cena. As proporções dos cenários e dos personagens, colaboram para esse vazio aterrorizante. Outra técnica utilizada, é a de filmar os personagens de costas, como se os mesmos estivessem sendo perseguidos. O espectador, devido ao clima criado, encara a filmagem de forma subjetiva, sempre esperando alguém aparecer, mas não, Kubrick apenas vai preparando o espectador para os próximos minutos.

Costumam dizer que o papel de Jack Nicholson, em "O Iluminado", marcou a sua carreira. Quem diz isso, está coberto de razão. Kubrick se preocupava muito com os atores que escalava para os seus filmes, e quando escolheu Jack Nicholson para viver o personagem Jack Torrance, o diretor disse que encontrou a pessoa mais apropriada, afinal de contas, sua aparência já trazia um diferencial assustador. Por mais que um ator tente trabalhar suas feições, jamais vai superar algo que é natural. O profissionalismo do ator acabou encantando o diretor, durante o período das gravações. Nicholson foi além do que o roteiro dizia, improvisando em certos takes, e trazendo um charme a mais, para a produção. Na antológica cena em que o seu personagem quebra a porta com um machado, e Jack aproxima o rosto do vão, dizendo: "Here's Johnny!", notamos uma ligação com a abertura do programa de Johnny Carson, que era bem famoso, na TV americana. Em outro momento que Jack extravasa os limites do roteiro, é a cena em que ele joga a bola de tênis contra as paredes do saguão. Neste caso, o roteiro apenas anunciava: Jack não está trabalhando. Uma atuação brilhante. É impossível imaginar outro profissional na pele de Jack Torrance.

A escolha de Shelley Duvall também seguiu o padrão supracitado. O diretor dizia que sua aparência era a mais pura representação da impotência, e ele precisava de uma atriz que demonstrasse uma degradação psicológica extremamente verossímil. Por causa do seu perfeccionismo, e da sua intenção de buscar a espontaneidade do seu elenco, Kubrick fazia questão de gravar os mesmo takes, por mais de 30 vezes. Essa atitude do diretor, acabava frustrando os atores. Em certa cena em que Scatman Crothers - interpretando o personagem Dick Hallorann - participa, o americano fez com que ela fosse rodada mais de 40 vezes, fazendo com que o ator veterano começasse a chorar, devido ao imenso desgaste. Outro grande atrativo do elenco era o jovem Danny Lloyd. Como a estória de "O Iluminado" tinha um forte tom macabro, o diretor organizou as cenas em que ele aparecia, para serem gravadas de forma rápida, e sempre com a presença dos pais. Como o garoto tinha apenas 7 anos, Kubrick fazia questão de protegê-lo contra qualquer choque que ele pudesse ter, por perceber a verdadeira temática de sua produção. Essa ligação dos dois, acabou gerando um grande companheirismo entre eles.

A cenografia de "O Iluminado" é mais um dos grandes atrativos da obra. Para decidir os melhores ambientes possíveis, o desenhista de produção, Roy Walker, entrou em cena, pedindo para que diversos fotógrafos tirassem fotos dos mais diversos hotéis que conheciam. Com base nessas fotos, começaram a montar os cenários do filme. Elogiar esse quesito, é fundamental. O clima não seria o mesmo, sem a combinação da direção de arte, com a fotografia. A caracterização de cada ambiente é minuciosa, e conquista o público pelo trabalho apurado. Da cena do luxuoso baile, às tomadas exteriores. O perfeccionismo de Kubrick é uma grande qualidade, sem dúvida alguma. Sobre a fotografia, ressalto o incrível jogo de luzes. Adotam uma tonalidade que remete ao fantasmagórico, dando destaque para as cenas do labirinto. Tudo é friamente calculado para causar um verdadeiro efeito pertubador, no espectador. Por mais que os ambientes sejam espaçosos, acabamos presenciando algo de caráter claustrofóbico, mediante ao produto de imagem e som, trabalhando juntos. Formada por composições de vários músicos, como por exemplo: Krzysztof Penderecki, que também contribuiu para "O Exorcista", de William Friedkin, a trilha sonora acompanha o ritmo do filme, com suas notas que alternam entre o depressivo e o lúgubre.

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Uma experiência cinematográfica divina. Um passeio marcante entre a insanidade e o sobrenatural, protagonizado por personagens que beiram a loucura, amedrontando e fascinando o espectador, ao mesmo tempo. A resistência da crítica não passava de um mero protesto contra a mudança repentina do diretor, entretanto, quando estamos falando de uma obra-prima, nada consegue ofuscar os seus lampejos. O americano, começando pelos quesitos básicos, consegue levantar mais uma das produções que marcaram sua carreira. Por mais que o seu perfeccionismo, por vezes, fosse encarado de forma negativa, não dá pra negar que outro diretor dificilmente teria o mesmo apreço, seja com a filmagem, com a estética, ou até mesmo, com a escolha a dedo, do seu elenco. Pela frente das câmeras, brilhou Jack Nicholson, por trás das câmeras, brilhou um gênio chamado: Stanley Kubrick.

Nota: 9

luccasf2010-12-06 12:23:39
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As Férias do Senhor Hulot

 dvd_3961.jpg

 

No início a agilidade das tomadas e do próprio filme impressionam. Com o passar do tempo' date=' entretanto, a "novidade" vira rotina e começa a cansar.

Acho que o filme envelheceu, e duvido muito que consiga ser assistido por alguém com menos de 30 anos, o que saliento, não é o meu caso. 09

Vale como curiosidade e pela excelente atuação do Tati no papel principal.

 

 
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De todos que vi do Tati é o que menos me impressionou, apesar de ter gostado sim. Agora Mon Oncle e Playtime são sensacionais, pela dose absurda de humanismo que o Tati sempre coloca em meio às transformações do desenvolvimento e uma técnica muito particular de filmar.
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Enter the Void (Gaspar Noé, 2009)

 

Isso vai ser maior que de

costume. Este aqui, assim como irreversível, é um filme dificílimo para

que eu avalie. De certa forma, eles são muito semelhantes. Ambos são um

espancamento absurdo de forma sobre conteúdo. O Noé deve ser

tecnicamente o melhor cineasta dos últimos tempos, coisa de vanguarda

mesmo. O que ele faz aqui é estupidez, é uma obra hipnótica, de estética

transgressora e uma combinação maravilhosa de áudio e vídeo, ambos

inovadores cena à cena. É definitivamente obra-prima neste aspecto e

felizmente este é o aspecto que mais valorizo. Por outro lado, em ambos

os casos, o conteúdo dramático é ambicioso demais para o que entrega,

que é quase nada. Isso apequena um pouco a experiência em parte da

seção, além de desembocar em um final pra lá de óbvio. No final, entre

mortos e feridos temos algo que, ao meu ver, é necessário que se veja,

nem que seja para que se odeie.

 

 

 

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