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Cinema Atual: Medíocre ou Questão de Novos Tempos?


Deadman
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 Poderia ter postado lá no Cinenews, mas decidi criar um tópico específico aqui porque o assunto dá pano pra manga pro Cinema em geral...

 

Li, completamente por acaso a matéria abaixo e achei interessantíssimo o relato do Barcinski sobre a entrevista com o Steiger.

 

 Daí, me veio um questionamento: será que a "Era de Ouro de Hollywood" foi realmente a produtora de feras em todos os níveis do Cinema mainstream? Terá sido os primórdios do Cinema justamente seu ápice? Essa leva de continuações e de refilmagens seria a confirmação da mediocridade do cinema americano ou são apenas "novos tempos" (novas mídias, formatos, abordagens, público etc)? O que acham desses "astros" que ganham milhões pra atuarem meia boca em filmes mais meia boca ainda? O Cinema tá fálido como Arte e como meio de expressão de mestres como o Steiger?   

 

 Leiam a o relato abaixo e tirem suas conclusões. Mais que isso: comentem!!

 

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10/09/2010

Frente a frente com Rod Steiger

steiger.jpg

 

  O ano: 1994. O evento: o lançamento de “O Especialista”, mais um abacaxi protagonizado por Sylvester Stallone.

O luxuoso hotel art déco em Miami amanheceu lotado de jornalistas. Além de Stallone, estavam lá Sharon Stone, James Woods e Eric Roberts.

A imprensa só queria saber de Sharon Stone. Esta, sempre buscando uma entrada triunfal, apareceu para a entrevista de maiô, coberta por um robe, como se tivesse acabado de sair da piscina (e ainda maquiada, Miss Stone?).

Mas quem eu realmente queria entrevistar era um dos meus grandes heróis do cinema e que fazia um pequeno papel no filme: Rod Steiger.

Steiger era um dos poucos remanescentes da época de ouro de Hollywood. Um gigante que contracenou com Bogart e Brando e trabalhou com Elia Kazan (“Sindicato de Ladrões”, 1954), Norman Jewison (“No Calor da Noite”, 1967), Sidney Lumet (“O Homem do Prego”, 1964), David Lean (“Doutor Jivago”, 1965), Francesco Rosi (“Lucky Luciano”, 1973) e tantos outros. Uma lenda.

Quando o ator apareceu para a entrevista, a maioria dos jornalistas que estava em minha mesa já tinha sumido. Sobraram só dois. Melhor assim.

Steiger tinha 69 anos e estava se recuperando de uma fase braba. Havia passado por uma crise de depressão profunda. Nem parecia o mesmo gordinho explosivo que eu conhecia das telas. De aparência frágil, usava uma bengala e falava devagar e baixinho.

Mas a boca continuava feroz. Conhecido por seu temperamento ácido e pouca paciência com a mediocridade, Steiger soltou os bichos.

Ele sabia que “O Especialista” era uma bomba. “Não é nenhuma obra-prima”, disse, irônico. “Eu faço um gângster cubano, meio Don Corleone. Foi um papel muito fácil e que não exigiu nada. Mas fiquei feliz pelo convite. Quando se esteve tão por baixo quanto eu, qualquer convite é bem-vindo”.

Quando perguntei sua opinião sobre a Hollywood dos anos 90, o coroa ficou vermelho: “Os produtores hoje são todos uns ignorantes. Outro dia um desses yuppies me ligou, queria me convidar para um filme. Ele perguntou: ‘você sabe fazer sotaque sulista?’ Eu disse: ‘Seu cretino, eu ganhei um Oscar fazendo sotaque sulista!’” (por “No Calor da Noite”, em que interpretou um policial racista).

Steiger falou sem rodeios sobre sua depressão: “Várias vezes cheguei bem perto de me matar. Eu ficava sonhando em pegar um bote, ir para o meio de um lago e dar um tiro na cabeça. É uma doença poderosa, que te engole pouco a pouco.”

De Elia Kazan, com quem filmou o grande “Sindicato de Ladrões”, Steiger não guardava boas lembranças. Em 1952, Kazan dedurou supostos comunistas de Hollywood, incluindo o ator John Garfield, às comissões do Senador Joseph McCarthy. Garfield foi boicotado pelos estúdios, nunca mais filmou e morreu poucos meses depois, aos 39 anos.

“Kazan era um grande diretor, e fico muito feliz por ter trabalhado com ele (Steiger foi indicado a um Oscar pelo filme). Mas o que ele fez com companheiros de profissão foi uma baixeza. Kazan era um homem rico, poderia ter se recusado a dedurar os companheiros, mas ele fez isso porque quis.”

Steiger era um sujeito de convicção. Quando Martin Luther King foi assassinado, em abril de 1968, ele foi o único branco membro da Academia de Hollywood a ameaçar boicotar a cerimônia do Oscar se o evento não fosse adiado para depois do enterro de King.

Rod Steiger morreu em 2002 e “O Especialista” tornou-se um filme inesquecível para mim. Por causa dele, tive a chance de conhecer Rod Steiger.

Deadman2010-09-10 11:01:00
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Eu poderia concordar com ele em dizer que os produtores são idiotas, porque pensam tanto nos lucros que esquecem que um filme só vende porque se tiver qualidade, mas depois do sucesso de Crepusculo e outras coisas que fazem sucesso por ai, acho mesm que são coisas dos novos tempos como diz no titulo do tópico.02

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É, uma dúzia de vezes foi colocado um ponto final nesta discussão exatamente com esse argumento, e eu concordo. Curto mais a old hollywood mas por uma preferência pessoal (noir e western coexistindo, é imbatível), o que não me impede de achar uma série de filmes atuais muito superiores a alguns daquela época.

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 Kako, você é bem mais inteligente que isso. Tenho certeza. Assim como tenho certeza de que em 54 não foi feito apenas 1 filme "bom" e 200 bostas...

 Ou você inclui nesse saco de porcaria filmes do naipe de "Janela Indiscreta"?

 Em tempo: se a questão que leventei já foi abordada antes, aqui ou em outro tópico perdido do fórum e já foram colocadas 1 dúzia de pontos finais na questão, esqueçam...       
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 Kako' date=' você é bem mais inteligente que isso. Tenho certeza. Assim como tenho certeza de que em 54 não foi feito apenas 1 filme "bom" e 200 bostas...

 [/quote']

 

Eu poderia dizer que você é bem mais inteligente que isso, mas depois de não entender que usei uma hipérbole, prefiro não dizer.06

 

 

 

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 Kako' date=' você é bem mais inteligente que isso. Tenho certeza. Assim como tenho certeza de que em 54 não foi feito apenas 1 filme "bom" e 200 bostas...

 [/quote']


Eu poderia dizer que você é bem mais inteligente que isso' date=' mas depois de não entender que usei uma hipérbole, prefiro não dizer.06

[/quote'] 

 E eu aqui achando que você entenderia a ironia...  3d56

 Depois dessa, retiro o que disse. 

 

 
Deadman2010-09-10 14:00:18
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Mais uma vez vejo esse assunto aparecendo por aqui.

 

 

 

O que o Kako quis dizer (e eu concordo com ele) é que é bastante complicado tentar fazer uma comparação entre a chamada "Era de Ouro" e os filmes atuais por dois motivos principais:

 

 

 

- Para aqueles que viveram ambas as épocas (o que não deve ser o caso de ninguém por aqui, mas o argumento é válido), há o efeito do saudosismo que é difícil desvincilhar dele.

 

- Apenas aqueles filmes realmente notórios, os chamados "clássicos" da época são lembrados, e todos aqueles considerados ruins não são nem mencionados. Como os filmes atuais (especialmente os filmes ruins... 06.gif ) estão muito mais latentes na nossa memória, fica a impressão de que a época de ouro de Hollywood é infinitamente melhor do que a atual...

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Considero que o cinema atual está longe de ser medíocre, muito pelo contrário. Ele apenas possui em alguns pontos, características distintas do de outrora.

 

A grande quantidade de refilmagens e continuações é realmente um fator marcante e caracteristico de agora (não que antes não existissem, mas com o volume atual, é digno de nota). Acho que há um ponto positivo e outro negativo: o positivo é que além de se ver a mesma estória com um ângulo diferente, há um reavivamento da visibilidade do original, que considero legal. O ponto negativo é que esse excesso reflete para mim, MENOS criatividade (e não uma completa falta de criatividade) por parte dos roteiristas e possibilidade do uso da tecnologia para fazer filmes altamente comerciais e que, muitas vezes perdem a essência de seus originais.

 

Por outro lado, existem ótimos filmes produzidos nesses últimos anos, assim como sempre existiram. Os estilos mudam conforme a época, há avanços que afetam rotineiramente nossa realidade (cujas informações rápidas ampliaram o processo e revolucionaram os tempos), a forma de expressão muda constantemente (pois as pessoas também são reflexos das transformações sociais) e quanto mais o tempo passa, maior o número de produções e maior a probabilidade de explorar uma temática anteriormente explorada.

Nada disso inviabiliza produções espetaculares atuais porque a arte é inesgotável, viva.

 

Assim, creio que seja questão de preferência mesmo e o que o Foras disse faz todo o sentido. Só não vejo sentido nenhum em condenar quem gosta dos filmes antigos. E também não vejo o adjetivo "saudosista" como plausível na maioria dos casos, pois acho extremista (estúpido até, porque parece refletir a ânsia dos que gostam do novo em se afirmarem como moderninhos) - e quero dizer aqui que não me refiro ao contexto na frase do PT, mas no uso comum que vejo por aí. Gostar MAIS de uma coisa não é gostar UNICAMENTE de alguma coisa.

 

Mr. Scofield2010-09-10 14:48:04

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Mais uma vez vejo esse assunto aparecendo por aqui.

 

 

 

O que o Kako quis dizer (e eu concordo com ele) é que é bastante complicado tentar fazer uma comparação entre a chamada "Era de Ouro" e os filmes atuais por dois motivos principais:

 

 

 

- Para aqueles que viveram ambas as épocas (o que não deve ser o caso de ninguém por aqui' date=' mas o argumento é válido), há o efeito do saudosismo que é difícil desvincilhar dele.

 

- Apenas aqueles filmes realmente notórios, os chamados "clássicos" da época são lembrados, e todos aqueles considerados ruins não são nem mencionados. Como os filmes atuais (especialmente os filmes ruins... 06.gif ) estão muito mais latentes na nossa memória, fica a impressão de que a época de ouro de Hollywood é infinitamente melhor do que a atual...[/quote']

O efeito do chamado saudosismo (que considero preferência) pode ser considerado em qualquer época. A geração a qual pertenço valoriza muito os anos 80 (eu também, pois foi a época de formação de minha personalidade e que estava mais receptivo e atento a uma diversão de perspectiva e vivência diferentes, peculiares àquela fase).

 

A segunda questão é mais interessante. Levar em conta esse fator (que é praticamente irrefutável) não nos leva a deixar de questionar a hipótese, muito, digamos, facilmente? Será que não podemos considerar esse fato como importante, correlacionado fortemente, mas não como único e não esgotarmos as possibilidades de discussão? Tipo assim, mesmo levando em conta que na maior parte das vezes só os clássicos são lembrados, etc naquela época não eram produzidos MAIS filmes melhores que agora? Temos necessariamente que ter a mesma quantidade de filmes bons em épocas diferentes?

Mr. Scofield2010-09-10 14:58:50

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A comparação de cinema atual seria a década atual, ou a partir de qual? E filme medíocre não é necessariamente ruim, muitos filmes medíocres podem divertir. Alguns filmes sem conteúdo, pode ser comédia ou geralmente com a trama alucinada em meio a explosões perseguições, etc. podem ser medíocres e divertir. Não vejo problema nisso.
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Mais uma vez vejo esse assunto aparecendo por aqui.

 

 

 

O que o Kako quis dizer (e eu concordo com ele) é que é bastante complicado tentar fazer uma comparação entre a chamada "Era de Ouro" e os filmes atuais por dois motivos principais:

 

 

 

- Para aqueles que viveram ambas as épocas (o que não deve ser o caso de ninguém por aqui' date=' mas o argumento é válido), há o efeito do saudosismo que é difícil desvincilhar dele.

 

- Apenas aqueles filmes realmente notórios, os chamados "clássicos" da época são lembrados, e todos aqueles considerados ruins não são nem mencionados. Como os filmes atuais (especialmente os filmes ruins... 06.gif ) estão muito mais latentes na nossa memória, fica a impressão de que a época de ouro de Hollywood é infinitamente melhor do que a atual...[/quote']<font size="3" face="Times New Roman, Times, serif">O efeito do chamado saudosismo (que considero preferência) pode ser considerado em qualquer época. A geração a qual pertenço valoriza muito os anos 80 (eu também, pois foi a época de formação de minha personalidade e que estava mais receptivo e atento a uma diversão de perspectiva e vivência diferentes, peculiares àquela fase).A segunda questão é mais interessante. Levar em conta esse fator (que é praticamente irrefutável) não nos leva a deixar de questionar a hipótese, muito, digamos, facilmente? Será que não podemos considerar esse fato como importante, correlacionado fortemente, mas não como único e não esgotarmos as possibilidades de discussão? Tipo assim, mesmo levando em conta que na maior parte das vezes só os clássicos são lembrados, etc naquela época não eram produzidos MAIS filmes melhores que agora? <font size="3" face="Times New Roman, Times, serif">Temos necessariamente que ter a mesma quantidade de filmes bons em épocas diferentes?

 

 

 

A última frase é exatamente a pergunta que eu faria. Volta e meia aparece gente tentando matar o cinema (seja com Star Wars, Indiana Jones, Transformers, Avatar). Não dá simplesmente pra aceitar que algumas coisas mudam? Acho que se estabelece um padrão, moldado do tipo de filme com o qual se tem uma ligação afetiva maior (às vezes é uma época específica, mas pode ser até um país, uma escola, um gênero), e acaba rejeitando tudo que não se encaixa nesse parâmetro burro. Só mais uma das diversas formas de limitar o próprio entretenimento.

 

 

 

Em relação à quantidade pura e simplesmente, acho que é impossível saber.

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Mais uma vez vejo esse assunto aparecendo por aqui.

 

 

 

O que o Kako quis dizer (e eu concordo com ele) é que é bastante complicado tentar fazer uma comparação entre a chamada "Era de Ouro" e os filmes atuais por dois motivos principais:

 

 

 

- Para aqueles que viveram ambas as épocas (o que não deve ser o caso de ninguém por aqui' date=' mas o argumento é válido), há o efeito do saudosismo que é difícil desvincilhar dele.

 

- Apenas aqueles filmes realmente notórios, os chamados "clássicos" da época são lembrados, e todos aqueles considerados ruins não são nem mencionados. Como os filmes atuais (especialmente os filmes ruins... 06.gif ) estão muito mais latentes na nossa memória, fica a impressão de que a época de ouro de Hollywood é infinitamente melhor do que a atual...[/quote']<font size="3" face="Times New Roman, Times, serif">O efeito do chamado saudosismo (que considero preferência) pode ser considerado em qualquer época. A geração a qual pertenço valoriza muito os anos 80 (eu também, pois foi a época de formação de minha personalidade e que estava mais receptivo e atento a uma diversão de perspectiva e vivência diferentes, peculiares àquela fase).A segunda questão é mais interessante. Levar em conta esse fator (que é praticamente irrefutável) não nos leva a deixar de questionar a hipótese, muito, digamos, facilmente? Será que não podemos considerar esse fato como importante, correlacionado fortemente, mas não como único e não esgotarmos as possibilidades de discussão? Tipo assim, mesmo levando em conta que na maior parte das vezes só os clássicos são lembrados, etc naquela época não eram produzidos MAIS filmes melhores que agora? <font size="3" face="Times New Roman, Times, serif">Temos necessariamente que ter a mesma quantidade de filmes bons em épocas diferentes?

 

 

 

Sim, claro que ainda cabe a discussão. Só que é necessário um pouco mais de tato ao se discutir, considerar esses dois fatores que eu coloquei no meu post.

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Então, vamos lá:

 

Claro que é válido que alguém prefira uma determinada época do cinema. Aliás, acho isso natural, quase compulsório até. E como o Foras disse, existem épocas que favorecem determinados gêneros e é inevitável que tenhamos nossos gêneros prediletos, mesmo não negando completamente os outros. A diferença é que ele entende que isso é uma particularidade dele e não tenta passar como verdade absoluta. Esse entendimento é fundamental.

 

E sobre a quantidade, novamente concordo com o Foras e com o Scofa. Sim, creio que a quantidade de filmes bons varie de época à época, mas é impossível determinar isso, mesmo se considerarmos a média de aceitação por filme. Do passado sempre existirão os "filmes ruins" esquecidos e no presente sempre existirão os "filmes ruins" vistos por falta do que fazer.

 

 

 

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