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Forum Cinema em Cena

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Os meus argumentos favoráveis ao filme são os mesmos usados pelo Pablo para desfavorecê-lo, logicamente que sob uma ótica positiva. Talvez um ou outro devaneio de Boyle atrapalhe um pouco a experiência, mas nada que se assemelhe ao aborrecimento da crítica. Pelo menos concordamos com a excelente atuação de James Franco. Thiago Lucio2011-02-20 06:09:04
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James Franco realmente está muito bem e é um grande mérito do filme encontrá-lo como protagonista.

 

Vejo como vantagem do filme de Danny Boyle em relação a outros do gênero a não subestimação da inteligência de seu protagonista. Ao atingirmos os créditos finais chegamos à conclusão de que realmente a situação era mesmo muito desesperadora e a pedra era irremovível pela força de um ser humano único e nas circunstâncias em que o homem se encontrava. O esforço do rapaz, que alterna entre uma racionalidade que revela um prévio conhecimento de possíveis situações catastróficas, uma enorme capacidade de se livrar de situações perigosas e de grande segurança real de sobreviver à possibilidade de acidentes de menor porte versus o conflito interno que reduz sua esperança gradativamente e aprofunda sua degradação psicológica tornam o filme mais sério, complexo e mais próximo da realidade. Ralston é precavido (basta ver o aparato de coisas que ele leva), confiante, conhece os caminhos e, se não fosse a tal fatalidade, teria saído do local sem absolutamente nenhum problema. Ele poderia ser qualquer um, mesmo os que planejaram por meses a aventura.

 

No entanto, o filme para por aí em relação aos aspectos positivos. As alucinações e crises de "sanidade" que sustentam a narrativa são fracas, tem correlações óbvias, pouco criativas e um certo humor debochado que se justifica pelo fato de ser um personagem bastante alegre, mas que cai muito mal na criação de tensão e sua manutenção. E mesmo excessivo como a tentativa de masturbação do protagonista, que para mim não faz o menor sentido pelo tempo que ele fica preso (que de um referencial externo é pouco significativo).

 

Um exemplo muito mais impressionante são os planos intensos de Gerry, de Van Sant, obra que apresenta muitas similaridades com o plot do filme de Boyle. Em uma das cenas, impressionante, onde os personagens, esgotados, caminham atravessando um cenário imenso e sem vida diante das implacáveis intempéries do tempo e das diversas fases do dia refletidos pela iluminação e o  tempo longo de duração, enquanto gradativamente o desgaste físico brutal se imprime no semblante dos rapazes transmite tédio, desespero, horror e desesperança de uma forma muito mais efetiva que qualquer uma das cenas de 127 horas. Van Sant consegue trabalhar toda a ambientação e os recursos cinematográficos para construir um filme denso e triste. Muito melhor que o filme de Boyle (por inúmeros motivos adicionais, aliás).

 

Claro que os objetivos aqui são outros, mas não há nada que destaque em 127 horas que já não tenha sido feito ou que justifique uma indicação para o Oscar de melhor filme. Nem mesmo a reunião de estratégias construídas em outros filmes (e uma obra não precisa necessariamente trazer nada de novo, mas é fundamental que a junção das construções por ele realizada seja eficiente) é tão positiva assim.

Vi 7 dos 10 filmes até agora e esse é de longe o mais fraco deles. Uma indicação aí para Shutter Island caberia muito melhor.

 

 

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Ainda não vi o filme' date=' mas é possível fazer um paralelo ao Enterrado Vivo? Me parece ter a mesma situação de se focar em um protagonista confinado por várias horas, que no caso do Enterrado Vivo foi uma boa experiência.[/quote']

Sim, há muitas coisas em comum entre os dois filmes. Mas os enfoques, creio, são diferentes.

 

Buried é claustrofóbico, limitado, confinado a um espaço minúsculo cujos atrativos são o lugar escuro, sombrio, pequenos lampejos de esperança e é vendida a imagem de "como um cara vai se safar com um celular e um isqueiro".

 

127 Horas usa como artifícios vários atrativos opostos. O cara é inteligente, preparado, cheio de conhecimento e artifícios, tem lampejos de DESesperança, é forte e o espaço, ao contrário, não é sombrio e ressalta a pequenez do local em relação ao todo amplo e bem iluminado (de onde vem o sentimento de desespero). Aqui não importa se o lugar é lindo, quente, frio, aberto, fechado. A pedra é o alicerce. Você simplesmente pode estar no melhor lugar do mundo. Mas está preso por causa dela. E só.

 

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O filme é legal, mas não entendo por que tanta propagação assim. Provavelmente tinha filmes melhores de 2010 que poderiam estar no lugar dele e não entraram na premiação.

 

Vale a pena pela atuação do Franco, que até me surpreendeu, depois do mala vivido em Homem Aranha.

 

Ele segura o filme do começo ao fim.

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127 HORAS

 

Não tão brilhante para ganhar um Oscar, mas um bom filme que traz força e novidade a uma história humana de sobrevivência, transportando o espectador para dentro da angústia do protagonista.

 

O título do novo filme de Danny Boyle, controverso vencedor do Oscar por "Quem Quer Ser um Milionário", surge na tela depois de decorridos vários minutos da filme. Ele aparece como um cronômetro que nos informa o início e a duração do inferno que aguarda o protagonista vivido por James Franco (de Homem Aranha).

 

127 Horas conta a história real de Aron Ralston, um jovem aventureiro americano apaixonado por esportes radicais que ficou preso sozinho a uma pedra em um canion nos EUA durante mais de cinco dias em 2003. Sua experiência em si, por mais dramática que tenha sido, parece se resumir a um enredo bem simples, que à primeira vista parece difícil de sustentar em um longa metragem de ficção. Talvez uma escolha mais óbvia teria sido fazer um curta, ou um documentário com entrevistas, estudo do ambiente e das condições de segurança e reconstituições do que ocorreu.

 

Mas é aí que se sobressaem os trabalhos do ator James Franco, do diretor Boyle, e de seu co-roteirista Simon Beaufoy, que fazem do filme de pouco mais de 90 minutos uma experiência angustiante e claustrofóbica que dá uma pequena noção do que foi para Ralston o passar das 127 horas do título.

 

O roteiro, baseado em livro autobiográfico, passa rapidamente pelos momentos que antecedem a aventura de Aron, desde seu despertar naquele dia até o início da jornada, para nos dar a exata noção do jeito improvisado como ele se lança  a uma empreitada tão perigosa sem ao menos reunir todo o equipamento necessário ou avisar quem quer que seja. Sua autoconfiança é pontuada pela trilha alegre de rock que parece vir direto de seu MP3 player.

 

Os momentos de descontração que Aron passa com duas aventureiras perdidas no canion serve para informar o espectador que ele, apesar de inconsequente, conhece bem o que está fazendo e o lugar para onde está indo, além de oferecer contraponto à angústia que terá início nas próximas horas.

 

Com o personagem já preso ao que pode vir a se tornar sua sepultura, cresce na tela a força da atuação de James Franco, oscilando com perfeição entre a razão e o desespero até começar a flertar com a loucura. A trilha às vezes se perde um pouco e parece deslocada. Talvez o silêncio total dissesse mais do que qualquer trilha a partir deste momento.

 

Mas o que faz de 127 Horas um filme diferente do comum é a inventividade do diretor, que desde o primeiro quadro do filme decide posicionar sua câmera em ângulos interessantíssimos de forma a transformar o espectador em algoz do protagonista.

 

Percebendo que a história que está sendo contada é essencialmente a de um homem só em uma luta contra o meio, a natureza, é exatamente aí que o diretor demonstra extrema inteligência ao inverter o movimento. Neste filme, não é o homem que se move em meio à natureza, é ela que se move ao redor dele, e os enquadramentos da câmera deixam isso muito claro. Ele transforma a todos nós, espectadores, na água que está acabando no cantil, na formiga que passa, no corvo que aguarda a morte para se alimentar, na própria pedra. Em 127 horas, somos a pedra que quer matar Aron Ralston. E como estamos assistindo do outro lado da tela, isso acentua a sua incapacidade de fazer qualquer coisa para mudar a situação.

 

A sensação de prisão que toma conta do filme é pontuada gradualmente pelas memórias e alucinações do protagonista, à medida em que ele vai ficando mais fraco e delirante, e vai se percebendo cada vez mais perto da morte. Esses pensamentos servem como escape para que saiamos por alguns momentos do buraco e conheçamos um pouco mais o jovem Aron e tudo o que ele está deixando para trás. Mas a cada vez que voltamos do sonho e acordamos de novo presos junto com ele, a sensação de desespero é ainda mais urgente.

 

Com a duração e o clima ideais para prender a atenção do início ao fim, 127 Horas consegue fazer de uma história forte e difícil, até pela simplicidade, um bom filme onde somos convidados a ser a natureza implacável e seca do deserto, mas acreditamos até o fim no ser humano e sua capacidade de sobreviver.

 

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"É curioso notar, por exemplo, como Boyle opta por abrir e encerrar a narrativa com múltiplas imagens que trazem verdadeiras multidões, mas sem jamais investir no conceito com clareza a fim de justificar sua inclusão: estará o cineasta querendo apenas contrapor a presença reconfortante daquelas pessoas ao isolamento eventual de Ralston (seguido por seu retorno à “civilização”)? Ou isto seria um comentário sobre a natureza individualista, aventureira, do rapaz – o que acabaria resultando, por contraposição, numa crítica velada (e lamentável) a esta postura? Sem estabelecer suas intenções ou mesmo sem incluir indícios que apontem em alguma direção, Boyle parece apenas querer poluir o filme para torná-lo dinâmico sem pensar muito nas conseqüências desta estratégia."

Este parágrafo reflete como um crítico pode às vezes, não prestar muita atenção no filme que acabou de assistir. Pelo menos no quis diz respeito a este parágrafo, creio que o Pablo tenha sido infeliz na crítica.

Como não perceber que no início e final do filme, todas as pessoas que aparecem, estão de alguma maneira utilizando os braços (que todos os espectadores sabem que o protagonista irá perder durante a história) para ou comemorar um gol, bater palmas, rezar, comprar ou vender ações, nadar, fazer uma "ola" no estádio ou mesmo dar um "tchau"? O protagonista é pelos menos em um ponto exatamente igual a qualquer um dos que aparecem na multidão: possui ambos os braços.

Porém, a perda de um braço, não impede que o protagonista siga sua vida, tenha uma família, seja feliz e possa até mesmo, nadar.

Uma mensagem de esperança, garra e superação para pessoas que se encontram por exemplo sem perspectiva por estarem em uma cadeira de rodas.

"o diretor não parece ter muita certeza da mensagem contida na trajetória do protagonista – ou mesmo se há alguma mensagem além de "sempre avise alguém acerca de seu paradeiro".

O Pablo subestima a mensagem do filme e o trabalho do diretor que com certeza, se envolveu com o personagem real para desenvolver o projeto.

Malone2011-03-01 08:28:48
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