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Bad Education é daqueles filmes de denuncia típico de Oscar, tipo Escadalo ou Spotlight, mas este aqui além do lance jornalistico vale a bizoiada pelo humor satírico que destila. E é bom. Não bastasse é um ensaio psicológico bacana de vida dupla pela vaidade. As atuações são bacanas e é legal ver o eterno Wolverine dando uma de vilão, mas quem rouba a cena é mesmo a Allison Janney - que ja tinha brilhado em I Tonya - como a deliciosamente corrupta administradora escolar. 8,5-10

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She Never Died é um divertido filme B que serve de remake/sequencia pro original, He Never Died, embora esteja mais pra complemento. Misturando Highlander com Desejo de Matar a negrinha manda bem no papel principal da canibal imortal justiceira (!?), com uma pegada assumidamente grindhouse. Divertido, violento e engraçado o ponto alto é que ele não se leva a sério e é justamente por isso que vale a bizoiada pela sua duração enxuta. Que venha o terceiro - eu chuto o título It Never Died ?-  pela rica mitologia da natureza da personagem! 8,5-10

Unseen Films: She Never Died (2019) Blood in the Snow 2019

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Adorei esse "Pendular" da Júlia Murat, que, seguindo os passos da mãe, a cineasta Lúcia Murat, constrói aos poucos uma carreira muito legal. Dá pra ver que é gente de cinema, e não de televisão. A linguagem está saneada dos padrões estéticos brasileiros, e respira integridade artística.

Uma reflexão muito bacana sobre espaço, sobre território. Há a denúncia de um machismo sutil na história. Mesmo um artista plástico, um cara sensível, pode incorrer nessa tradição histórica, sem perceber, como, por exemplo, ao precisar de mais espaço "para o trabalho", vai corroendo aos poucos o espaço da esposa bailarina; bem como avança sobre o corpo dela em sua tentativa de "dar um filho" (uma expressão muito machista falada à beça ainda hoje). Nunca é dito, mas é como se o trabalho dele valesse mais.

Achei inteligentíssimo o tratamento do sexo, principalmente o que acontece com a personagem da bailarina quando ela se torna - digamos assim - "ativa" na relação. 

Os atores estão fabulosos. Raquel Karro, eu não conhecia, e gostei muito da sua interpretação. Já o Rodrigo Bolzan... Há alguns bons anos, foi meu amigo de Orkut e Msn! Altos papos-cabeça de madrugada, indicações culturais, e por aí vai... De resto, um dos melhores atores do Brasil! Tanto no teatro como no cinema. Arrasa desde novinho, quando chamou a atenção pela primeira vez, em "Cama de Gato". Parabéns, Rodrigo! Me manda seu ZAP! (Risos)

Gostei muito.

Pendular (2017)

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Provavelmente o melhor filme lançado nesta temporada. Vai ganhar todos os prêmios relacionados a Filme de Televisão. Não tem o que falar da atuação da Allison Janney e do Hugh Jackman. Estão excepcionais.

O roteiro tem um ritmo excelente, que vai aos poucos apresentando facetas novas dos personagens, enquanto pontua tudo com humor de primeira qualidade. Além de tudo, a história de "Bad Education" é deliciosa e, tematicamente, importante. A corrupção é apresentada não apenas na sua modalidade mais clássica, de peculato, de apropriação ilícita de recursos públicos, mas sob outos rostos. O Nepotismo, por exemplo, quando descobrimos que uma das funcionárias do colégio é parente da personagem de Allisson Janey, e nitidamente pouco qualificada. Ou então, a corrupção que é feita "das escolhas reprováveis", no filme, como se construir uma ponte de vidro, para puro amorfoseamento, enquanto há goteiras pelo teto da escola. Aqui, no Brasil, nós aceitamos essa forma de corrupção, do tipo construir estádios na selva amazônica e no Pantanal para ninguém usar, como se fosse algo normal. Há ainda a corrupção das relações, como a mentira, e as traições. Olha...um roteiro muito rico. Eu adorei!

Uma coisa que eu amei foi ser um filme de escola, portanto, "de dia". É difícil de se ver um filme sobre corrupção passado com esse tipo de luz, como se fosse uma rotina normal, como se nada estivesse acontecendo. E deve ser exatamente assim que elas são feitas. Bem na nossa cara. 

Excelente.

Allison Janney and Hugh Jackman in Bad Education (2019)

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The Assistant é mais um filme pós-Weinstein  que fala da rotina diária do titulo do filme num grande estúdio, mas fora isso é um bom thriller em tempo real que pelo menos consegue ser tenso na imersão do que é ser assediado ou estar em risco de. É quase um filme em primeira pessoa, sem música, poucos diálogos e quase sempre focando o rosto da ótima Julia Gardner onde cada gesto sinaliza alguma coisa. Sendo assim em seus enxutos 90min é quase um filme de horror pois gera desconforto, embora nos finalmentes perca um pouco de força. 8,5-10

mulhernocinema on Twitter: "Vejam aí o pôster nacional de "A ...

 

 

Infección é um curioso filme de zumbis venezuelano que impressiona por ser muito bem feito, embora repita todos os clichês do gênero adaptando-os á terra do Maduro num formato road movie. Sim, as atuações deixam a desejar mas o legal é a denuncia/metáfora pontual da situação política do país, algo que sempre pontuou este subgênero Z, a alienação. Resumindo, não chega aos pés do cubano Juan de los Muertos mas tem tudo que este tipo de filme oferece e vale mesmo pela procedência e ás alfinetadas ao regime chavista. 8-10

Ver película Infección (2019) HD 1080p Latino online - VerPelisToday

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"Pixote: A lei do Mais Fraco", de 1981. A ideia era só ver os últimos trinta minutos, pois é quando Marília Pêra, em estado de graça, em uma performance abissal, devastadora, aparece. Mas aí aquele início em forma de documentário me fisgou, e depois me lembrei que vi recentemente "Vítimas da Tormenta" de de Sica, de 1946, que também se passa em um reformatório, e quis comparar os dois longas....Acabei que o revi todo.

Que grande filme do Babenco! Coloquei o cartaz internacional do filme, com algumas das premiações...Ganhou Nova York, Los Angeles, Boston; foi indicado ao Globo de Ouro mas perdeu sua categoria para o bobíssimo "Carruagens de Fogo", que concorreu pela Grã-Bretanha (e ainda tinha "O Barco: Inferno no Mar").

O reformatório do filme italiano neorrealista é quase o paraíso perto do nosso brazuca. A deliquencia juvenil aqui perdeu todo o ar de inocência, pulou a infância, e abraçou a sexualidade modo hard, e também a violência mais gravosa. Homossexualidade situacional, maus-tratos, abandono social, depressão enlouquecida...É muito forte. Sem contar que a nossa vida real se encarregou tragicamente de tornar a atuação de Fernando Ramos da Silva ainda mais comovente. O 7x1 vem de muito tempo.

A cena mais marcante pode ser a da amamamentação, ou a cena do pós-aborto, ou a dança iluminada pelo farol do carro - todas excelentes, você escolhe -  mas uma das que mais me chamaram a atenção me ganhou por um detalhe: foi descobrir que o detento que imita Roberto Carlos tem esse nome, na verdade, por causa da prótese de perna, que o impede de fugir do reformatório. E ele precisa ficar atrás dos muros. Que ironia dramática fodida!

Maravilhoso e cruel!

Pixote: A Lei do Mais Fraco (1981)

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Escrevi sobre "A Assassina", recentemente, e disse não ter gostado, mas esse "Millenium Mambo", de 2001, me pegou. O cinema de Hsiao-Hsien Hou, vulgo HHH, é, em regra, um ataque à história. Temos o Realismo, mas não temos o Realismo do teatro, como aquele encadeamento lógico de motivos, razões, falas, circunstâncias. No cinema dele, o realismo é pura e simplesmente "momentos", reflexos. Às vezes - talvez dependendo do meu humor - funciona, às vezes não. Hoje funcionou.

É um filme sobre relação amorosa tóxica, narrada pela personagem Vicky 10 anos depois. Mais consciente, enxergando aquela relação melhor, mais serena, se perdoando. Uma relação amorosa desajeitada, espelhando a falta de perspectiva profissional dela e do namorado ( e achei maravilhoso que o final do filme, profissionalmente falando, seja na Rua do Cinema), mas muita ambição dos dois, muito amor ao dinheiro, e sua consequente desilusão. Filmado quase o tempo todo com lentes de curta distância, colocando a protagonista e seu namorado em destaque, belamente iluminados, seja pelas luzes da boate onde ela trabalha, ou pelas luzes de Taipei, na maravilhosa cena inicial. Taipei, para onde a família do diretor e ele fugiram, deixando a China continental.

Para fazer cinema. Havia uma Rua do Cinema lá também.

Qi Shu in Qianxi mànbo (2001)

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Não li o livro de Jane Austen, então não tenho como atestar a fidelidade, mas em minha memória, da série da BBC, e do filme de 1996, a personagem Emma não era tão desagradável assim, segundo a interpretação de Anya Taylor-Joy.  

Gostei muito do Figurino, pois é de Alexandre Byrne, e ela é uma craque nisso. Não gostei nada da trilha sonora, achei-a muito rebarbativa da comédia do texto, reforçando muito aquilo que já estamos vendo. Entendo que a trilha não deve sublinhar demais as situações, muito menos a comédia, do contrário só faltariam risadas embutidas. E de pensar que o Emma de 1996 ganhou o Oscar justamente de Trilha (de comédia, para Rachel Portman, quando havia divisão comédia-drama). Hildur Guonadóttir, por "Joker,  tornou-se a primeira mulher a ganhar a categoria sozinha.

Não sei se gostei desse "Emma". A adaptação do texto é da escritora Eleanor Catton, autora de um calhamaço sobre a busca de ouro na Nova Zelândia, usando o mapa astral dos personagens; chamado "Os Luminares". Esperava mais.

O que eu acho curioso nas história de Jane Austen é que o amor é mostrado como um jogo racional (afinal, envolvia posses, heranças, decidia-se pobreza ou fortuna), mas que quando é encarado assim pelos mais inteligentes, são eles que se frustram e sofrem, durante a maior parte da jornada de leitura. Já os que menos se gabam do seu cérebro, e confiam mais em seu coração, é que se saem melhor.

Johnny Flynn, Callum Turner, and Anya Taylor-Joy in Emma. (2020)

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An Officer an a Spy é um bom thriller dramático de época que alterna outros subgêneros com muita segurança e elegância, mantendo bem a atenção do que ocorre na telaa pesar de suas mais de duas horas de duração. A fotografia, ambientação e caracterização impressionam, parece que se está vendo um retrato antigo dos personagens envolvidos. E é bem atuado, claro. Não é dos melhores cráááássicos do Polanski, mas ainda assim continua bem bão e deixa-se ver de boas. 8-10

O Oficial e o Espião poster - Poster 1 - AdoroCinema


 

Cuerdas é um bacanudo thriller de sobrevivência que mesmo bebendo da fonte de 3 obras de Stephen King - Louca Obsessão, Jogo Perigoso e principalmente, Cujo - consegue ter identidade própria e manter o espectador preso na tela. As claustrofóbicas desventuras da tetraplégica confinada com um cão assassino (outro bom ator) te afligem facilmente graças á ótima Paula del Rio, que segura todo peso dramático do filme. É um pequeno grande filme espanhol com proposta mais que eficiente, feito Monkey Shines, do Romero. 9-10

Netflix tiene planteadas al menos siete temporadas para The Witcher

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As pessoas em geral amam "Lámen Shop", filme de 2018. Por isso tinha certa curiosidade de ver. Achei-o artisticamente banal, comum. Mas é bem feito e com uma linguagem terna, que não desagrada ninguém. Consegue também ser um filme promocional de Cingapura, terra natal de seu diretor, Eric Khoo; mostrar a cada vez mais apreciada gastronomia de seu país; e ainda tocar no ponto mais delicado, as sequelas da invasão japonesa durante a Segunda Guerra Mundial.

Bonitinho, e nada mais. Faltou pimenta.

 

Ramen Teh (2018)

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O poder; ele se esvai. 

Os últimos acontecimentos nacionais têm me deixado perplexo. É muita loucura junto, renovada diariamente. Sério, não é incomum governantes enlouquecerem/ "adoecerem" no cargo. Entram em uma espiral de autocracia, de ira, e, terminam na solidão. É uma história conhecida e que não acaba bem.

Assim como "Macbeth". Fui ver a versão de Orson Welles, de 1948 (curiosamente, o mesmo ano de "Hamlet" do Olivier, e que competiriam juntas em Veneza, mas Welles a retirou a tempo, e seu irmão-shakespeariano venceu). Diz a história que os estúdios não suportavam mais o jeito perdulário de Orson Welles filmar, gastando aos tubos, em grande demora. Então o gênio decidiu provar que conseguiria fazer um grande filme com parcos recursos e com poucos dias de filmagem (23!). Conseguiu.

As pessoas acham "tosco" o visual, pobre, ou qualquer palavra parecida, mas, na verdade, a estilização dos elementos decorativos (como as coroas.) ficou muito legal. Nem toda versão da peça precisa ter a exuberância esplendorosa de "Trono Manchado de Sangue" de 1957, ou ser rebuscadíssima e vazia como "Macbeth: Ambição e Guerra", de 2015, do Justin Kurzel. 

Gostei muito do olhar econômico de Welles. O castelo ensombrecido é a própria alma enfeitiçada de Macbeth. O exterior começa dentro. 

No aguardo para ver o que o Joel Coen irá aprontar, em sua versão prevista para 2021.

O poder se esvai.

1 sheet, 27 x 41

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Vou nem falar nada...

Tudo bem que "O Homem Elefante" teve 8 idicações ao Oscar em 1981, mas como assim Anthony Hopkins não foi indicado em Ator Coadjuvante? Só a cena que ele vê pela primeira vez o Sr. Merick já valeria a indicação. E como Freddie Francis não foi indicado em Fotografia? Aquele ano realmente é dos mais esquisitos...

David Lynch apresenta um de seus filmes mais convencionais, enquanto linguagem, mas mesmo assim, penso que seu universo está contemplado. E das cenas mais tocantes de seu cinema, talvez a mais: a invasão do quarto do Sr. Merick por arruaceiros, e aquele beijo forçado...Dói. Minha única ressalva, que é exterior ao filme, é que os acontecimentos do roteiro na verdade se espelham em momentos diferentes da vida real. Não é um filme realmente acurado sobre a vida daquele pobre homem. Aliá, até o nome dele, da vida real, é diferente. Joseph e não John ( Ao mesmo tempo, que, curiosamente, o ator é John, John Hurt - talvez seja Lynch brincando com os signos, como pra dizer que só existiu um único Homem Elefante). Por isso encaro mais como um filme sobre a medicina, e sobre a Inglaterra, na era Vitoriana, do que como uma biografia.

Que trabalho de design do Stuart Craig! Brilhante!

Excelente.

OBS: Pra quem curte HQ: Em "Do Inferno", de Alan Moore, o Homem Elefante faz uma participação especial. 

The Elephant Man (1980)

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Não esperava que "Vagas Estrelas da Ursa"/ Sandra, de 1965, fosse um filme tão difícil de se interpretar. Tem semelhança com o Mito grego de Electra, mas, pelo viés psicanalítico. Como a tendência incestuosa da filha pelo pai, a que Jung chamava de "Complexo de Electra" (denominação que Freud não adotava). Só que no filme, o pai está morto, sacrificado em um campo de concentração. A questão do incesto, então, é deslocada para o irmão. 

A atuação de Claudia Cardinale é forte, cheia de angústia, e de rancor; assim como a atuação de Jean Sorel, fazendo seu irmão, um tormento ambulante, preso ao passado de criança, um escritor sem livro. Ambos os atores lindíssimos, e ainda vivos!, para o bem do Cinema Mundial, que precisa de estrelas na Terra.

Um filme sobre taras hereditárias, que nunca são vistas exatamente, mas só pronunciadas, sob a ótica da decadência da aristocracia italiana. É dizer: O ponto de vista de um nobre culto, ele mesmo, Visconti.

Vaghe stelle dell'Orsa... (1965)

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Time Freak é uma aventurinha scy-fy teen bem água-com-açúcar estrelada pela Sansa e o Hugo Cabret. Como comédia romântica não agrega nada ao gênero mas seu frescor e simpatia te prendem á tela, pelo menos. O casal principal ta ok, com destaque disparado pra Jean Grey, e a produção parece de telefilme, mas entretêem. Passatempo bacaninhamente esquecível, com um desfecho coerente com sua proposta inicial, bebendo da fonte de De Volta pro Futuro. 8-10

Filmladder | Time Freak | Den Haag
 

 

The Alpha Test é um divertido filme B que é a versão terror de Ex-Machina. A produção até que é bem cuidada e a duração é enxuta, embora as atuações deixem a desejar. Tem alguma enrolação no início mas quando a robô bullyzada chuta o pau da barraca aí é um gore gostoso de ver, uma vez que não se leva a sério. Tem até uma reviravolta nos finalmentes que dá pro gasto mas, resumindo, é o que o reboot de Brinquedo Assassino quis ser e não foi. 8,5-10

Watch The Alpha Test 2020 Full Movie on pubfilm

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Não curti muito essa animação independente, adquirida pela Netflix. "Os Irmãos Willoughby" tem uma premissa muita boa, uma sátira sobre uma família disfuncional - família que é sempre vista como a "base", seja por religiosos patriotas, seja por estúdios de animação, seja por uma concepção individual pequena-burguesa da existência. Como diz Freud, "A salvação está fora da família", pois afinal, ela é a base da educação, da criação, bem como da origem de todos os traumas. O indivíduo, em certo momento, precisa ruir essa base, para existir.

Mas infelizmente essa premissa de crítica à família ideal é desperdiçada por um enredo mal desenvolvido. Do nada, o filme faz uma curva e vai parar em uma fábrica de doces, ficando às voltas com um bebê. Tipo, são 20 minutos perdidos. Parece uma cópia das peripécias do bebê de "Os Incríveis" num cenário de fábrica de chocolate. Para quê? Que não acrescentam em nada. Aí depois se retoma à narrativa. Mas esse desvio me retirou do filme. Embora a conclusão seja atinente com a premissa: família é quem te ama.

No visual, gostei bastante do uso das cores, vivas, exarcerbadas.

The Willoughbys (2020)

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Falando em famílias...

"Toda Nudez Será Castigada", de Arnaldo Jabor, adapta com sucesso a peça de Nelson Rodrigues. Um pouco de datas: a peça é de 1965, o filme de 1973, e, como a protagonista se chama Geni, me fez atinar que eis aí uma inspiração culta para a famosa Geni da canção de Chico Buarque, presente no musical "Ópera do Malandro", do ano de 1978.

A história nos ensina que o dramaturgo gostou muito do filme, pois Jabor não escondeu seu caráter de folhetim. E é justamente esse tom que faz tudo funcionar muito bem. Um quê de tragédia, alçando o sexo à um agente destruidor da moral, à agente do caos, e perturbador da ordem. O que viria bem a calhar no período de auge da Ditadura. 

Darlene Glória está excelente como a prostituta Geni. Ora criança crescida, ora mãe trágica, ora noiva desvirginada, ora madrasta sexy, sempre puta. Traz vida, simplicidade e calor à personagem. Gostei muito.

É digno do Urso de Prata que ganhou em Berlim. Mas imensamente prejudicado pela Mixagem de Som terrível da época. Quem passar pela técnica falha, porém, verá um grande filme do cinema nacional.

Toda Nudez Será Castigada (1973)

 

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Dez anos depois do ótimo "O que Resta do Tempo", o palestino (nascido em Nazaré, hoje Israel, mas ai de quem o tratar por israelense) Elia Suleiman vem com esse formidável, cômico, e elegantíssimo "It Must Be Heaven", premiado com uma Menção Especial do Júri em Cannes 2019.

São vários esquetes entrelaçados, filmados na Palestina, em Paris, e em Nova York, que são observações sobre o cotidiano, e parecendo defender a tese de que todos somos mesmo muito parecidos, por mais que tenhamos nascidos seja onde for. Elia Suleiman, roteirista, diretor, e protagonista, age como um Buster Keaton, ou Jacques Tati, não falando nada, colhendo humor seja onde for, apenas testemunhando o comportamento às vezes nobre, às vezes bobo, às vezes egoísta das pessoas.

As diferenças se encurtam. O militarismo vaidoso dos policiais de Israel é confrontado mais à frente com os policiais sem muito o que fazer de Paris, que só têm que verificar as posturas dos bares, se as calçadas estão devidamente ocupadas, etc; ou ou agentes superequipados de Nova York correndo atrás de uma simples ativista pró-Palestina. Ou então as belas mulheres árabes que passam carregando água na cabeça são igualadas às chiques parisienses que andam maquiadas e em roupas de grife.

Tudo é muito bem filmado, de uma maneira muito bonita, calma, gentil, e afetuosa. Por afetuosa, a cena com o passarinho que invade o partamento de Paris e depois atrapalha o trabalho de Suleiman, até ser expulso pela janela...

Maravilhoso! Amei!

It Must Be Heaven (2019)

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As imagens das famílias atingidas pela Covid-19 que não podem sequer ver ou enterrar seus parentes me deixam mortificado. Toda a hora me lembro de "Antígona", peça escrita inacreditavelmente no ano de 442 a.C por Sófocles. Fui ver um dos inúmeros filmes. Este "Antígona" é um filme grego, de 1961, e conta com a maior atriz grega da história, Irene Papas, no papel-título desta história, que fecha o ciclo Tebano. Papas, que, sejamos sinceros, aparece relativamente pouco. Mas muito linda, compenetrada, e digna. Uma guerreira em prol da virtude, em prol do que é eticamente correto.

Mais do que a irmã lutando para enterrar o corpo do irmão, conforme a lei divina; o que podemos observar sobretudo é o nascimento de um autocrata, de um désposta orgulhoso, Creonte, que pretende ser maior do que a Lei vigente.

Será que há algo parecido ocorrendo por aqui, 2442 anos depois?

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The Lodge é um bom terror dramático que bebe da fonte de O Iluminado e Os Outros. O filme tem muita similaridade de roteiro com a produção anterior das diretoras, Good Night Mommy, mas eu curti mais este. É um filme gélido, com atmosfera opressiva e uma tensão dispensa susto fácil. Atuações do elenco mirim ok. Tem uma reviravolta na metade apenas ok, mas seu desfecho corajoso é mesmo a cereja do bolo deste indie. 8,5-10

The Lodge
 

 

Rudderless é daqueles "feel good movie" de superação por meio da música que seria mais um dramalhão barato não fosse o bom roteiro. Bem atuado, ele tem uma reviravolta na metade que muda tudo e é o grande trunfo deste indie, e na verdade são dois filme num. A música é outro personagem ativo do longa, trilha sonora que to buscando pra baixar. É um forte e simpático candidato pra futura Sessão da Tarde. 9-10

Rudderless [Region A] [Blu-ray] by Shock - Shop Online for Movies ...

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Ao final de "Bacurau" assiste-se a um enterro coletivo das vítimas (dos "americanos", da Operação Lava-Jato, da Elite Brasileira, do Capitalismo), cujos nomes cantados são de Marisa Letícia (evocando a ex-primeira-dama, que padeceu de um aneurisma, dizem, inoperável), da vereadora Marielle Franco, e o nome de um homem menos na boca do povo, João Pedro Teixeira, líder rural, assassinado em 1962, e que veio a ser o motivo primeiro do filme "Cabra Marcado para Morrer".

Vi o documentário pela primeira vez na Universidade, mas sem muita cultura cinematográfica, não sabia apreciá-lo. Não tinha cultura cinematográfica, e não tinha cultura econômica. Então só podia repetir os clichês que os professores de esquerda nos obrigavam, começando pelo hoje abandonado "A necessidade da Reforma Agrária"... No entanto, queria revê-lo, já que muitos o reputam como o maior filme brasileiro de todos os tempos, a começar, salvo engano, pelo Pablo Villaça.

Eu amo a parte formal. Ser um documentário sobre uma ficção. E daí seus caminhos tortos: Ser um documentário sobre um homem e acabar sendo sobre uma mulher. Ser um documentário sobre a História política e acabar sendo uma história de vidas miúdas. Ser uma documentário sobre o sertão rural e acabar varando pelo país inteiro, indo parar até em Cuba. E já se disse melhor do que eu: este é um belo documentário de como a Ditadura mexeu não só com as vidas da classe média da época e com os artistas de então, mas também com os mais pobres dos pobres.  É dizer, o que houve em 1964 acabou com a vida dessa família, separou 8 irmãos, gerou brigas inconciliáveis, prisões arbitrárias, suicídio... Não dá pra passar o pano, nunca, jamais!

Agora, é lógico que estamos diante de uma obra marxista. Que defende muito claramente ideias que estão ERRADAS do ponto de vista econômico (gerando, na China, uma enorme Fome, que matou milhões de pessoas!), que geraram inclusive mais pobreza do que a retratada no sertão, em todos os lugares em que floresceu, bem como gerou mais repressão do que aquela que acabamos de asssistir. 

Cuidado com a manipulação ideológica, seja de que matiz for, seja de onde vier. Com arte ou sem arte.  Não passo pano pra ninguém.

Cabra Marcado Para Morrer (1984)

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"The Half of It"/ Você Nem Imagina é o filme mais assistido da Netflix Brasil nos últimos dias. 

O filme me surpreendeu no começo, ao fazer uma introdução baseando-se em "O Banquete" de Platão, e depois discutir a repressão do desejo no livro "Os Vestígios do Dia". Mas infelizmente as citações eram apenas "lustre". Porque o filme vira um repeteco de ideias banais, e, pior, comete um atentado contra si mesmo. Explico.

Fico perplexo em ver como os gays estão celebrando esse filme. São os gays que se contentam com o abraço apaixonado de dois personagens do mesmo sexo na cena final de um filme, ou no último capítulo da novela! Mostrar personagens gays que não se tocam é o derradeiro estágio do preconceito heteronormativo. Os produtores, diretores, etx, devem ficar aliviados: "Falamos do assunto, mas não precisamos mostrá-lo, para não agredir ninguém". Me revolta!

Neste filme, a personagem lésbica é intocável! Como pode? Eu até entendo que os gays na adolescência sofrem pra caralho de "amor mental",  de um sentimento represado, e acho louvável fazerem um filme disso, mostrar a angústia disso. Mas o caminho do filme não é exatamente esse. Faz-se uma comédia romântica dessa situação. Ok, até aí ok. Mas o final é inadimissível. O máximo que permitiram à adolescente lésbica é um beijo roubado de dois segundos de duração. Isso não é "representatividade" nem aqui, nem na China, nem para os chineses que moram nos Estados Unidos. 

Fora isso, a atriz Leah Lewis infelizmente não tem fotogenia, nem presença de cena, para carregar o filme.

Um desserviço embrulhado para presente.

Leah Lewis, Daniel Diemer, and Alexxis Lemire in The Half of It (2020)

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Ontem à noite, revi "Ilha do Medo", um filme que eu não gosto, aliás, não gosto nada, vi apenas pra conferir uma informação passada por um colega meu. Que o filme tem em seu soundtrack a mesma peça musical de "A Chegada", a música denominada "On the Nature of Daylight". É verdade. O tema é usado quando o personagem de Leonardo diCaprio lembra com saudade da esposa vivida por Michelle Williams, e é executada por duas vezes; enquanto em "A Chegada" é a música de Amy Adams "lembrando" de sua filha. Claro, que no filme de Villeneuve ficou muito mais bem colocada, com maior duração, mais emotiva.

Nada neste filme do Scorsese funciona a contento. A começar pelos péssimos Efeitos Visuais, que denunciam, de cara, o "segredo" da história. A Fotografia associada ao CGI já me desagradara em 2010, e, com o passar de 10 anos, ficou ainda pior. 

E, de fato, nem essa bela composição conseguiram usar.

Leonardo DiCaprio in Shutter Island (2010)

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Não vou nem falar nada...

Sempre bom ver uma atuação de verdade, gigantesca...Giulietta Masina em "La Strada", de 1954.

O que mais amo é ser Gelsomina, em essência, um palhaço. Não pela risadaria, mas pela expressão infantil, inocente, triste, e vulnerável, de um clown. Basta, para comprovar, aquela piscadela, com o rosto maquiado... Uma artista intrínseca, natural, e que não sabe disso; diferentemente do personagem de Anthony Quinn, dono de um número só. Aliás, artista não o é, pois é incapaz de se dar.

Vencedor do primeiro Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1957 (pois antes havia apenas prêmios de mérito). Fellini, ou a Itália, repetiriam a dose, no ano seguinte, por "Noites de Cabiria".

La strada (1954)

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The Kill Team é um thriller de guerra divertidinho e só, pois bebe muito da fonte (senão atualiza) o muito melhor Pecados de Guerra, do De Palma, e também do found footage Redacted, do mesmo diretor, que quiçá seja o pioneiro das narrativas em primeira pessoa. É filme pra macho que americano adora, estilo American Sniper ou Guerra ao Terror, e bem feitinho também. Só peca no maniqueísmo dos protagonistas embora seja baseado em "fato real". Atuações razoáveis, muita testosterona e pouca tensão ou denuncia (senão rasa). 8-10

Nominations 2014 - Cinema for Peace Foundation
 

 

The Painted Bird é daqueles dramas de guerra que são soco no estômago de tanta desgraceira e judiação com criança que é mostrada na tela. Visualmente é lindo pois a fotografia P&B emula A Fita Branca e O Sétimo Selo, mas o excesso (gratuito?) de violência se torna até banal diante do sermão que o diretor esfrega na tua cara. No geral as atuações são boas, principalmente do moleque, mas é daqueles filmes deprês que é bom não ter um trezoitão ou raticida do lado pois é tiro e queda. A excessiva duração não ajuda também, uma meia hora cairia bem nesta opção sadomasô. 8-10

Harrowing World War II drama The Painted Bird gets a UK trailer ...

 

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"Clemência - A História de Cyntoia Brown" é um documentário a respeito de uma jovem de 16 anos que foi presa e condenada à prisão perpétua por assassinato. É um acompanhamento da defesa jurídica dela ao longo de muitos e muitos anos, bem como uma análise sobre o passado tormentoso dela e de sua família. Para quem ama Direito, é uma grande oportunidade para pensar e repensar diversos temas, como Juiz Natural, Ressocialização, Prova, Revisão Criminal...

Se acompanhamos bem a doída vida de Cyntoia, e seu caso jurídico, há um grande ausente no documentário: a vítima! A família da vítima só é ouvida em menos de 30 segundos! Isso mesmo. Causa surpresa a vocês? A mim, nenhuma. O preso, o condenado, é um dos personagens da Sociedade de Coitados que estamos cultivando. Falam em liberar presos na pandemia, por questões de humanidade; apelam emocionalmente para as razões sociais do crime; discute-se preconceito racial ou sexual...Já a vítima é a grande personagem ausente do debate penal. Falar da dor da vítima é uma questão - parece - "de direita". 

Já dizia o ditado: Um liberal é um cara de esquerda que foi assaltado. Ou, acrescento, teve alguém da sua família assassinado.

Murder to Mercy: The Cyntoia Brown Story (2020)

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